




Alguém em mente
As portas do elevador se abriram no nono andar, e Simon Salvatore saiu com uma carranca no rosto, o estresse evidente em seus passos fortes e apressados em direção ao seu escritório. Ele ignorou todos ao seu redor, especialmente sua secretária, Cherry Martins. Não que isso importasse; assim que ele passou pela porta do escritório, Cherry apareceu com sua agenda aberta em uma mão e uma caneta na outra.
"Eu pensei que você não viria hoje," ela comentou, empurrando uma mecha de cabelo cor de cobre para trás da orelha.
"Você pensou errado," ele respondeu, ainda sentindo os efeitos da dor de cabeça. Não que ele fosse gentil com a espiã de sua mãe.
"Você já contratou uma empregada doméstica?"
Ele olhou para sua secretária irritado.
"Você nem se deu ao trabalho de entrevistá-las antes de enviá-las para o meu apartamento, não é?"
"A agência que eu liguei disse que enviaria as melhores de acordo com o seu perfil," Cherry se defendeu, imaginando que o mau humor dele daquela vez tinha sido por causa das candidatas. Não que ele fosse gentil com ela.
"Que perfil?" Simon exigiu, olhando para ela como um lobo prestes a atacar um animal indefeso.
Cherry tentou se lembrar do que havia dito ao telefone.
"Solteiro; vinte e sete anos; empresário de sucesso, presidente da empresa de publicidade SaaTore, herdeiro das empresas Salvatore..."
"Você pensou em dizer a eles quanto dinheiro eu tenho no banco?" ele resmungou, imaginando que os funcionários da agência tinham se alinhado para conhecê-lo, sedentos pela oportunidade de colocar as mãos em sua fortuna.
"Isso teria ajudado?" ela perguntou com interesse.
"Claro que não!" ele quase gritou, olhando furiosamente nos olhos verdes de Martins. "Da próxima vez, fale sobre minha personalidade, não sobre minhas qualidades financeiras."
Mentalmente, Cherry se perguntou quantas pessoas concordariam em trabalhar para ele quando ela o descrevesse como: rude, mal-humorado e exigente ao extremo. Provavelmente nenhuma. Finalmente, ela ofereceu, "Posso ligar para a agência e refazer o perfil?"
"Não é necessário; minha mãe já escolheu uma empregada."
"Dona Mirela? Tem certeza de que não quer refazer o perfil?"
"Não é necessário," ele repetiu com irritação.
Cherry se perguntou qual era o interesse de Salvatore agora. Afinal, ela foi contratada por Mirela para relatar tudo o que Simon fazia dentro da empresa que ele havia montado com um amigo há cerca de dois anos. Será que agora ela queria uma espiã no apartamento?
"Martins, você ouviu alguma coisa do que eu acabei de dizer?" Simon perguntou, surpreso por ela ainda não ter saído. Ela piscou rapidamente, parecendo confusa. "Quero comprimidos para dor de cabeça," ele repetiu, o desagrado vibrando em sua voz.
"Ah, desculpe," ela se desculpou, tensa com a direção que seus pensamentos haviam tomado. "Volto em um segundo, senhor."
Cherry saiu apressada do escritório, quase colidindo com o sócio e diretor da empresa, Gabriel Saadi. Ela ofereceu um pedido de desculpas rápido ao homem alto e ruivo e continuou seu caminho.
"O que você fez com a garota agora?" Gabriel perguntou enquanto fechava a porta.
"Nada. E eu estava tentado," ele resmungou antes de se sentar em sua cadeira giratória de couro preto. "Você acredita que ela deixou enviarem várias ninfomaníacas para o meu apartamento?"
"Com seu histórico, você deveria estar feliz," Saadi brincou, sentando-se em frente a Salvatore.
"Meu histórico não é diferente do seu, então me diga, você estaria feliz?"
"Não," Gabriel fixou seus olhos verde-água no amigo. Simon parecia prestes a explodir. "Pelo som, foi realmente ruim."
"Pior. Se eu soubesse que seria assim, teria deixado nas mãos da minha mãe novamente."
"Mirela?! Você deixou ela contratar alguém para trabalhar para você de novo?" Gabriel olhou para ele com um pequeno sorriso incrédulo. "Você está sempre reclamando de ter que lidar com a Cherry, e está fazendo isso de novo?"
"Cherry é uma secretária eficiente, mesmo enquanto ajuda minha mãe a acompanhar cada movimento meu."
"E qual é o nome dela?"
"Não sei. Ela disse que conhecia a pessoa certa e saiu antes que eu pudesse perguntar os nomes."
"Pelo menos você sabe quando vai conhecer sua futura empregada."
"Hoje à noite."
"Se eu fosse você, ligaria e exigiria um nome. Você nunca sabe que tipo de pessoa é 'certa' na mente de Mirela Salvatore. Além disso, o que ela estava fazendo no seu apartamento hoje?"
"Cherry provavelmente a informou."
"Nesse caso, acho que Mirela já tinha alguém em mente para o trabalho."
"Sério?"
Simon sentiu um calafrio na espinha. Ele suspeitava que Mirela tinha planos mais ousados do que apenas fornecer-lhe uma empregada adequada, mas ouvir outra pessoa dizer isso tornava tudo pior. Não que sua mãe fizesse uma má escolha... ele esperava que não.