




A decisão desesperada!
No dia seguinte, Eveline acorda encolhida em seu próprio corpo na floresta. Seu pelo estava emaranhado, e ela ainda estava em sua forma lupina, sentindo-se inquieta. Ela corre de volta para casa, ciente de que o café da manhã estava prestes a começar. Enquanto entra furtivamente na casa, os gritos de seu pai ecoam pelos corredores. Os ouvidos sensíveis de Eveline captam fragmentos da conversa acalorada entre seu pai e um dos betas.
"Ela fugiu de casa porque não queria se casar com o Príncipe Cedric," a voz de seu pai ecoa com frustração.
Astrid, sua irmã mais velha, havia fugido de casa porque não queria se casar com um príncipe aleijado. Rumores corriam desenfreados por todo o reino. Todos sabiam que o rei desprezava o príncipe, mas o poupou porque ele não representava uma ameaça ao reino. O príncipe vivia em reclusão, invisível para qualquer um fora do castelo. A notícia que Eveline ouviu a atingiu em cheio. Ela ouve seu pai ordenando aos betas que procurem por Astrid, mas sabia que o tempo era curto. A noiva precisava ser levada ao castelo para ser apresentada.
Sentindo o peso da situação, Eveline corre para seu quarto, aliviada por não ter sido pega por seu pai. No entanto, sua mente está cheia de pensamentos tumultuados; ela precisa tomar uma decisão. Após um banho rápido para clarear a mente, ela desce as escadas e encontra seu pai na sala de estar, inquieto e segurando suas próprias mãos.
"Este será nosso fim, filha. Sem uma noiva para o príncipe, pereceremos," Aric lamenta enquanto seus olhos encontram os de Eveline.
Eveline se aproxima dele, segurando suas mãos com determinação. "O que você quer dizer, pai? Eu não entendo do que você está falando!"
Com um suspiro pesado, Aric explica a recusa de Astrid e as consequências para a família. Eveline sente seu coração apertar diante da situação. Ela sabe que não há outra opção. Ela não pode deixar sua única família sofrer assim. Com uma mistura de tristeza e coragem, ela toma uma decisão.
"Não se preocupe, eu irei no lugar de Astrid," Eveline diz com convicção.
Aric olha para Eveline surpreso. "Mas filha, é seu noivo? Você não pode..."
"Eu não tenho mais noivo, pai. Ele me rejeitou e seguiu com a vida dele. Agora é hora de eu seguir com a minha." Eveline abaixou os olhos, lutando com suas próprias emoções.
Sem tempo para explicações detalhadas, Aric também não tinha escolha. Ele segura as mãos da filha e vê a força e determinação em seus olhos. Sem perder tempo, ele enviou um mensageiro ao rei, informando-o da substituição. Não seria mais Astrid, sua filha mais velha, que se casaria com o Príncipe Cedric, mas sua irmã mais nova, Eveline, que seria a noiva substituta!
Eveline retorna ao seu quarto, tentando processar o turbilhão de eventos que aconteceram. Ela nunca poderia ter imaginado que sua vida tomaria uma reviravolta tão grande. Agora ela terá que aprender a viver em um mundo que a repele. A monarquia opressiva e tirânica se tornará sua realidade, e ela precisará sobreviver. Com o travesseiro cobrindo a cabeça, Eveline tenta abafar o protesto de seu lobo interior, que não concorda com a decisão que ela tomou, pensando que talvez tenha sido precipitada.
"Eu sei Arya, será difícil fingir indiferença para aqueles que precisam de nós, mas é minha família que está em jogo aqui."
O dia passou rapidamente, a mente de Eveline não parou por um segundo. Ela desceu para o jantar e encontrou seu pai sentado à cabeceira da mesa com a cabeça baixa. Eveline decidiu ficar em silêncio, mas seu pai quebrou o silêncio.
"Filha, você pode me dizer o que está acontecendo com você? Eu não entendi bem sua decisão."
"Pai, a decisão já foi tomada e, dadas as circunstâncias, não há como voltar atrás!" Ela abaixou a cabeça, deixando escapar uma lágrima.
"Mas e o Caleb? O que você vai fazer com ele?"
"Ele não é mais um problema, pai. Ele me rejeitou. Ficou claro que ele não se importava comigo."
"Mas Evi, ele era seu companheiro dado pela Lua!" Aric estava perplexo.
"Não se preocupe, eu terei uma segunda chance."
O resto do jantar passou em silêncio. Eveline olhou para a cadeira onde sua irmã deveria estar sentada e suspirou. Ela não entendia por que Astrid estava fazendo isso. Sempre foi o sonho dela ter um status elevado e ser a esposa do príncipe. Seria um privilégio para ela, mas para Eveline, seria um desastre. Ela não conseguiria testemunhar injustiças e ficar calada. Agora ela precisava de coragem e determinação.
Eveline caminhou com passos firmes pelos corredores de sua mansão. Seu coração batia rápido, misturando ansiedade e determinação que a impulsionavam a fazer o que mais amava: ajudar os necessitados. Ela sabia que estava prestes a embarcar em uma jornada cheia de desafios, mas seu objetivo era claro: salvar seu pai e sua irmã. Mas antes disso, ela precisava fechar um ciclo.
A hora estava avançada. Ela precisava sair e levar comida e cobertores. Os órfãos ficaram sem comida o dia todo e não sobreviveriam à noite. Eveline agora precisava descobrir como continuar ajudando-os. Embora não conseguisse encontrar uma solução, logo estaria na capital e não poderia enviar suprimentos de lá. Mas ela pensou esperançosa que, se conseguisse convencer uma das empregadas da casa a continuar seu trabalho, talvez fosse possível.
Como de costume, depois que seu pai se retirava para seus aposentos, Eveline aproveitava a oportunidade para sair. Ela correu o mais rápido que pôde pela floresta até chegar a uma clareira. Com um uivo característico, chamou a atenção dos filhotes de lobo escondidos nas sombras.
Ao ouvir o chamado de Eveline, eles se aproximaram. Apesar dos cuidados de Eveline, eles estavam magros e encolhidos, tremendo de frio e fome, desesperados por abrigo. Eles nunca podiam ficar no mesmo lugar para evitar serem descobertos. Na escuridão da noite, Eveline sentiu a chegada deles. Quando olhou para eles, seus olhos se encheram de lágrimas. Seus pelos desgrenhados e olhos assustados refletiam a dura realidade que enfrentavam, sozinhos no mundo, lutando pela sobrevivência desde muito jovens.
Mas em meio à escuridão, um vislumbre de esperança surgiu quando os olhos daqueles filhotes de lobo avistaram a figura solitária de Eveline. Ela, a mulher de coração generoso e olhar compassivo, se aproximou com cuidado, reconhecendo sua fragilidade e necessidade urgente. Sem hesitar, ela os envolveu em seus braços, acolhendo-os com amor e compaixão. Sabendo da fome latente deles, Eveline ofereceu comida e cobertores macios para que pudessem se aconchegar naquela noite fria.
Ela sabia que em breve seria enviada para longe e talvez nunca mais os visse. Precisava informá-los sobre isso, e seu coração doía, mas era necessário. Agora ela tinha que pensar em sua família, mesmo que sua irmã a colocasse em uma situação desconfortável. Ela era a única família que lhe restava, e Eveline faria tudo ao seu alcance para mantê-los seguros e sãos. Talvez encontrasse apoio para suas causas dentro do castelo e assim ajudasse os necessitados.
Eveline não conhecia o príncipe, mas o que ouvira sobre ele não era muito encorajador. Cedric tinha a reputação de ser um lobisomem frio e cruel, indiferente à dor dos outros. Ele raramente era visto nos corredores do castelo, e havia rumores de que seu tio o detestava, embora o motivo permanecesse desconhecido. Eveline estava prestes a descobrir todos os segredos guardados dentro das paredes daquele castelo. Com o coração partido, ela se despediu de seus pequenos lobos. Sua jornada estava apenas começando. Agora ela precisava aceitar suas escolhas e seguir para o castelo.