




CAPÍTULO 4
Xavier foi rudemente acordado pelo som intrusivo do seu despertador, um lembrete cruel de quão pouco ele havia dormido. Com um gemido, ele estendeu a mão para silenciar o barulho persistente.
Os olhos de Xavier se abriram, semicerrados contra os raios de sol da manhã que invadiam através das cortinas do quarto. À medida que a consciência lentamente se instalava, seu olhar percorreu o quarto, pousando na visão à sua frente que enviou um choque de confusão através de sua mente enevoada.
Duas mulheres estavam deitadas ao seu lado, suas formas parcialmente cobertas pelos lençóis emaranhados.
Um turbilhão de memórias fragmentadas puxava as bordas da lembrança de Xavier, provocando-o com vislumbres de risadas e bebidas girando. Havia uma sensação tentadora de liberdade pairando nos recessos nebulosos de sua mente, mas os detalhes permaneciam frustrantemente elusivos, perdidos na espessa névoa da intoxicação. Ele gemeu, uma dor de cabeça latejando em suas têmporas, enquanto tentava desesperadamente juntar as peças do quebra-cabeça de sua noite turva.
Seu coração batia forte, não apenas pelos resquícios de álcool correndo em suas veias, mas também pela realização de que a voz de seu pai ecoava além do limiar de seu quarto. O olhar de Xavier piscou pela porta entreaberta, onde seu pai estava sentado, com uma revista na mão, seu rosto uma máscara de decepção e desaprovação.
"Xavier, levante-se agora!" A voz de seu pai trovejou pelo apartamento novamente, despertando Xavier instantaneamente de seu estado preguiçoso. O volume puro do comando reverberou dolorosamente em sua cabeça latejante de ressaca, agindo como um despertador cruel que ele desejava poder ignorar. Essa visita matinal de seu pai era altamente incomum, despertando a curiosidade de Xavier. Tinha que ser algo significativo para arrastar seu pai para fora a essa hora.
Cuidadosamente se desvencilhando do abraço das duas mulheres, Xavier furtivamente vestiu seu pijama, certificando-se de fechar a porta ao sair.
Esfregando as têmporas, Xavier cambaleou até a sala de estar, seus olhos se encontrando com os de seu pai, que estava sentado no sofá com uma expressão de raiva gravada no rosto. A voz de Xavier caiu para um murmúrio, com um toque de inquietação.
"Hmm. Parece que estou encrencado por alguma coisa."
Xavier examinou seu pai, seu silêncio espelhando sua curiosidade em relação à visita inesperada. Enquanto tentava desvendar o motivo da presença de seu pai, William manteve um olhar firme em Xavier antes de finalmente se levantar.
"Bom dia, filho," William cumprimentou, sua voz carregada com um pesado subtexto de decepção. "Ou talvez eu deva dizer, sua noite provavelmente foi melhor do que boa," William comentou em um tom composto.
A testa de Xavier se franziu de confusão, perplexo com os comentários enigmáticos de seu pai, mas ele manteve uma aparência de indiferença.
"O que... O que você está fazendo aqui, pai?" Xavier gaguejou, tentando manter uma aparência de compostura. Ele olhou de volta para a porta do quarto, certificando-se de que estava fechada.
"Por quanto tempo isso vai continuar?" William perguntou, olhando fixamente para o filho, seu tom carregado com um toque de irritação. "Preciso saber para poder anotar no meu calendário," ele acrescentou com um tom sarcástico.
A testa de Xavier se franziu enquanto seu pai continuava com esses comentários enigmáticos.
"Isso é algum tipo de pergunta capciosa, pai? A que você está se referindo? Estou meio perdido aqui."
"Não espero que você entenda, e você nunca vai entender. De qualquer forma, devo dizer que seu comportamento na noite passada foi longe de ser admirável," William declarou, seu tom cortando o ar como uma lâmina. "Essa festa incessante e mulherengo é indigno de um Knight." Ele praticamente gritou, jogando a revista na mesa de centro onde Xavier estampava a capa.
O coração de Xavier afundou ao ver os olhos de seu pai se estreitarem, fixados nas fotos escandalosas nas páginas abertas da revista. Era evidente que seu pai havia descoberto as escapadas imprudentes de Xavier na noite anterior. Xavier suspirou e passou a mão pelo rosto, reconhecendo a iminente bronca.
"Você se importa em explicar isso, Xavier?" A voz de William ressoou com decepção enquanto ele apontava para a evidência incriminadora. A mente de Xavier correu, desesperadamente procurando uma desculpa, uma justificativa que pudesse salvar ao menos um pouco de dignidade. Mas, no fundo, ele sabia que não havia como esconder a verdade. A evidência falava por si, pintando um quadro vívido de seu estilo de vida indulgente. Alguns momentos de silêncio se passaram enquanto Xavier olhava para as fotos e deu de ombros.
"Eu não posso deixar de desejar que tivessem capturado meu lado melhor, sabe, o direito," ele riu.
"Xavier!"
"Ah, vamos, pai. Não é como se eu nunca tivesse feito algo assim antes," Xavier finalmente admitiu arrogantemente.
"No entanto, eu não pretendia que as coisas se tornassem tão públicas. Tenho que admitir, pai, não foi meu melhor momento, foi?" ele riu.
William suspirou, seu olhar cheio de uma mistura de decepção e preocupação genuína. O peso da reputação da família repousava pesadamente sobre seus ombros, e o comportamento imprudente de Xavier havia levado isso ao limite. Ele olhou profundamente nos olhos do filho, esperando acender uma faísca de compreensão dentro dele.
"Xavier, você se importa com nossa reputação?" William perguntou, sua voz tingida com um toque de tristeza. "As escolhas que você faz refletem não apenas em você, mas também em nosso negócio. Esse tipo de comportamento é imprudente, e é hora de você começar a considerar as consequências de suas ações."
"Pai," Xavier retrucou, sua voz tingida com um toque de desafio. "Eu sou um indivíduo vibrante e apaixonado. Trabalho diligentemente durante o dia, nunca misturando negócios com prazer. Claro, gosto de me soltar à noite. Mas as complexidades da minha vida pessoal são minhas para navegar. Então, por favor, apenas relaxe um pouco, pai. Vou me esforçar para ser mais discreto da próxima vez." Ele piscou, tentando aliviar a atmosfera tensa.
As sobrancelhas de William se franziram de frustração enquanto ele olhava para Xavier, sua decepção evidente em seus olhos. Ele suspirou profundamente antes de responder, sua voz carregada com uma mistura de preocupação e severidade.
"Xavier, eu entendo que você é jovem e cheio de energia, mas precisa perceber que suas ações têm consequências. A reputação da nossa família está em jogo, e seu comportamento imprudente reflete mal em todos nós. É hora de você começar a assumir a responsabilidade por suas escolhas e considerar o impacto que elas têm sobre nosso nome."
"Pai, por favor, poupe-me da palestra," Xavier respondeu cansado. Uma expressão severa se instalou no rosto de William.
"Você não entendeu, Xavier. Eu não vim aqui para dar uma palestra. Tomei uma decisão que vai moldar seu futuro." Xavier arqueou uma sobrancelha, sua curiosidade despertada.
"E que decisão é essa?"
"Uma decisão sobre Aurora," William declarou com autoridade. Xavier respondeu com uma sobrancelha levantada. "Aurora, Aurora? Já nos conhecemos antes?" ele brincou. "Ah, espera, meu pai tem uma namorada?" Xavier acrescentou, provocando.
William soltou um suspiro, não achando graça na brincadeira do filho.
"Você pode ser sério por um momento, Xavier? Isso é importante."
"Tá bom. Então..." ele gesticulou para que seu pai continuasse.
"Xavier," William respondeu, sua voz assumindo um tom mais sério. "Aurora não é minha namorada. Ela é a filha de Marco, meu falecido melhor amigo. Recentemente, reconectei-me com ela, e acredito que ela pode ter um impacto significativo na sua vida."
Xavier se acomodou no sofá e se recostou, seu comportamento brincalhão dando lugar à curiosidade. "Um impacto significativo na minha vida?" ele perguntou, apontando para si mesmo.
"Sim, Xavier. Na sua vida."
Xavier respondeu com um toque de sarcasmo na voz. "Ah, por favor, diga-me, o que há de tão excepcional em Aurora? Que qualidades extraordinárias ela possui que supostamente terão essa grande importância na minha vida tão agitada?"
Indiferente ao sarcasmo do filho, William continuou, determinado a deixar seu ponto claro, sua expressão sincera.
"Aurora possui uma combinação rara de qualidades. Ela tem uma doçura genuína, inocência e bondade que são difíceis de encontrar neste mundo. Acredito que a presença dela pode influenciá-lo positivamente, ajudá-lo a se tornar mais centrado e comprometido."
A sobrancelha de Xavier se arqueou zombeteiramente enquanto ele considerava a proposta do pai.
"Ah, então você acha que ela pode magicamente domar a fera indomada dentro de mim, né? Ela é algum tipo de sedutora irresistível? Ah, espera! Ela é sexy?" ele perguntou, um toque de humor zombeteiro em suas palavras.
"Xavier, chega de teatrinhos. Eu peço que você encare isso com seriedade," William declarou firmemente, sua voz tingida com um toque de exasperação. "Isso vai além de meras aparências. Trata-se de descobrir uma pessoa que pode realmente complementá-lo e trazer à tona a melhor versão de você mesmo."
"A melhor versão de mim mesmo. O que há de errado com a versão atual?" Ele perguntou com irritação na voz.
"Xavier..."
A voz de Xavier ficou ligeiramente amarga enquanto ele interrompia,
"Oh, como eu poderia esquecer? Você está sempre preocupado com meus sentimentos, não é, pai? Agora estou morrendo de vontade de saber, que versão de mim mesmo sou agora? O 'Badboy'? Mas, ei, essa é a coisa mais legal sobre mim, certo? Você quer que eu abandone essa imagem e me torne um 'bom menino'. E deixe-me adivinhar, essa garota, Aurora, é a que vai magicamente me transformar em um príncipe encantado? Um exemplo de grandeza? Bem, estou intrigado, pai. Por favor, continue."
Ele enfatizou as últimas palavras com um toque de sarcasmo zombeteiro.
A expressão de William endureceu, sua paciência se esgotando.
"Chega de sarcasmo, Xavier," ele disse severamente. "Isso não é sobre alguma transformação de conto de fadas. É sobre crescimento, maturidade e fazer escolhas responsáveis. Eu entendo sua resistência, mas peço que considere o quadro maior. Aurora representa uma oportunidade para você construir uma conexão significativa e descobrir um lado diferente de si mesmo. Não descarte isso tão levianamente."
"Quem diabos é essa Aurora, afinal, e por que estamos discutindo sobre ela?" Xavier perguntou exasperado.
"Como eu disse, ela é a filha do meu falecido melhor amigo, e..." William pausou por um momento, tentando encontrar as palavras certas para explicar.
"E o quê, pai?"
"Quando Marco estava no leito de morte, suas últimas palavras para mim foram sobre Aurora se tornar minha responsabilidade e eu cuidar dela. Eu havia negligenciado essa promessa até recentemente." Xavier se recostou, com um brilho de travessura nos olhos.
"Ah, então é isso que você quis dizer com 'uma conexão significativa', hein? Bem, pai, já que você tem carregado esse peso desde que a mamãe faleceu, talvez seja hora de uma intervenção romântica. Que tal eu ser o cupido e marcar um encontro para você com essa Aurora? Quem sabe, faíscas podem voar, o amor pode florescer, e antes que você perceba, sinos de casamento podem tocar! É a solução perfeita: você cumpre sua promessa, e eu tenho o prazer de vê-lo se contorcer. Confie em mim, é uma situação ganha-ganha, não acha?" Ele exibiu um sorriso malicioso, uma mistura deliciosa de ousadia e desafio em suas palavras.
O olhar de William perfurou Xavier, inflexível e resoluto.
"Sabe, é bastante engraçado que você tenha mencionado sinos de casamento, Xavier. Porque é exatamente por isso que estou aqui hoje. Há um propósito por trás da minha visita, e ele gira em torno da ideia de você se casar com Aurora Johnson, um casamento arranjado," ele declarou firmemente, sua voz não deixando espaço para discussão.
Xavier ficou imóvel, momentaneamente atordoado, e então uma risada escapou de seus lábios.
"Espere, só um segundo. Você acabou de dizer que arranjou um casamento para mim?" William simplesmente assentiu.
Os olhos de Xavier se arregalaram de incredulidade, sua dor de cabeça momentaneamente esquecida.