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CAPÍTULO 3

"Onde diabos estão minhas roupas de trabalho? Elas já deveriam ter sido lavadas, passadas e penduradas no meu guarda-roupa. Você sabe disso," Thomas gritou para Aurora, sua raiva palpável enquanto ele se aproximava dela. Antes que ela pudesse explicar que já havia feito o que ele exigia, ele desferiu um tapa forte em seu rosto.

Aurora caiu no chão com a força do golpe, segurando a bochecha esquerda ardente com a mão. Ela já podia sentir os sinais de calor e formigamento, avisando-a do hematoma que inevitavelmente se formaria.

"Eu j-já fiz, Tio T-Thomas. Está n-no sofá do s-seu quarto," ela gaguejou, tentando segurar as lágrimas.

"Você está me chamando de mentiroso?" ele sibilou, inclinando-se e invadindo seu espaço pessoal. Seu hálito cheirava a café forte, fazendo-a estremecer. Aurora olhou para cima do chão, ainda com a mão pressionada na bochecha latejante, e viu o rosto dele contorcido de raiva. Uma sobrancelha levantada e os braços cruzados mostravam sua descrença de que ela o questionaria.

"N-não, Tio T-Thomas, eu vou p-procurar p-para você a-agora, desculpe, senhor," ela murmurou enquanto tentava se levantar, o rosto contorcido de dor.

"Você sabe o quão crucial essa reunião é, certo? Você entende a importância de William Knight? Ele está vindo para minha casa, e o que quer que ele queira, é monumental. Eu nem estou pronto! Você quer sabotar isso me fazendo chegar atrasado!" ele sibilou, sua frustração e ansiedade transparecendo nas palavras.

"N-não...e-eu..."

Em um acesso de raiva, ele chutou suas pernas, e ela não teve tempo de reagir. Antes que pudesse piscar, sua testa colidiu com a parede oposta, deixando-a com uma dor de cabeça latejante e um hematoma ainda pior. Felizmente, foi do outro lado do rosto, poupando sua bochecha esquerda de um golpe duplo.

"N-não, Tio T-Thomas, e-eu..."

"Nunca me questione novamente, ou você vai receber mais do que um tapa na cara," ele rosnou, suas ameaças deixando um efeito gelado no ambiente. Sem dizer mais nada, ele se virou e caminhou rapidamente em direção à escada. No entanto, ele parou para lançar um último olhar ameaçador para Aurora.

"Se eu não estiver preparado antes de William chegar, e isso refletir mal na minha hospitalidade e pontualidade, é melhor você encontrar um lugar para se esconder, porque as consequências não serão boas." Com esse aviso ominoso, ele subiu as escadas correndo, deixando Aurora para contemplar o medo iminente de seu retorno.

Aurora correu para o quarto de Thomas, e as roupas passadas estavam exatamente onde ela as havia deixado. Com as mãos trêmulas, ela pegou o terno e correu de volta para o escritório. Ela bateu antes de entrar.

"T-tio T-Thomas, seu t-terno," ela gaguejou, segurando-o.

Ele arrancou o terno das mãos dela e a examinou. "Pelo amor de Deus, cubra esse hematoma. Não queremos que William perceba nada errado, certo?"

Aurora assentiu, seus olhos cheios de apreensão.

"Palavras! Quero palavras."

"N-não, T-tio T-Thomas. Vou c-cobrir agora," ela respondeu e rapidamente se retirou para a cozinha. Suas mãos tremiam enquanto abria uma pequena caixa com seus pertences e pegava uma base antiga que Margo lhe dera para emergências. Ela aplicou cuidadosamente a base sobre o hematoma, fazendo uma careta enquanto a dor irradiava cada vez que tocava sua bochecha. Enxugando as lágrimas, sabia que não tinha tempo para se lamentar. Tinha um convidado para preparar.


O coração de William batia forte no peito enquanto ele estava do lado de fora da casa grandiosa de Thomas, as memórias do passado voltando com intensidade. Fazia dez longos anos desde a última vez que ele vira Aurora, sua amiga de infância que havia deixado este mundo tão abruptamente. Hoje, ele finalmente a reencontraria.

Quando a porta se abriu, os olhos de William se fixaram em Aurora, que estava na entrada com uma mistura de surpresa e incerteza. Aurora possuía uma beleza deslumbrante que parecia quase de outro mundo. Seus traços eram exquisitos, com longos cabelos sedosos caindo em ondas douradas pelas costas. Sua pele impecável e pálida acrescentava ao seu encanto cativante, e seus olhos, de um azul profundo e expressivo, continham uma sabedoria além de seus anos. Ela era pequena e delicada, exalando uma aura de inocência e graça.

Enquanto William a olhava, não pôde deixar de se lembrar da beleza de sua mãe. Ele via o potencial de um par perfeito entre Aurora e seu filho, Xavier. Ambos tinham uma elegância e charme semelhantes que se complementariam maravilhosamente.

No entanto, o calor em seus olhos estava ausente, pareciam guardados e distantes. Seu comportamento era tímido e reservado. Era claro que o tempo havia deixado suas marcas nela, mas ela ainda possuía uma beleza delicada que tocava o coração de William.

"Aurora," William sussurrou, sua voz mal audível, cheia de uma mistura de saudade e arrependimento. "Parece uma eternidade desde a última vez que nos vimos."

Os lábios de Aurora se contraíram em um sorriso hesitante, sua voz tingida com um toque de confusão.

"Eu-eu s-sinto muito, senhor. Eu n-não o reconheci," ela respondeu timidamente, seus olhos baixos.

O coração de William amoleceu com a resposta dela. Ele entendeu que sua ausência havia criado um vazio em sua memória, e estava determinado a preencher essa lacuna.

"Sou seu Tio William," ele a lembrou gentilmente, sua voz carregando um toque de calor. "Eu era o melhor amigo do seu pai, Marco. Compartilhamos inúmeras memórias juntos."

O reconhecimento brilhou nos olhos de Aurora, acompanhado por um delicado rubor que adornou suas bochechas. "T-tio W-William. P-por favor, me perdoe por não me lembrar," ela gaguejou, sua voz tremendo com a preocupação de tê-lo desapontado.

William estendeu a mão e gentilmente segurou a dela, seu toque reconfortante e tranquilizador. "Não há nada a perdoar, minha querida," ele a tranquilizou, sua voz carregada de sinceridade. "O tempo tem uma maneira de pregar peças em nossas memórias. O que importa agora é que temos esta oportunidade de nos reconectar."

Os olhos de Aurora brilharam com uma mistura de alívio e gratidão enquanto ela assentia lentamente.

Naquele momento, William fez uma promessa silenciosa a si mesmo de ser uma presença na vida de Aurora, de preencher o vazio que sua ausência havia criado. Ele compensaria o tempo perdido e se tornaria o tio que ela merecia. Após alguns momentos de silêncio, William quebrou o gelo gentilmente, "Você não vai me convidar para entrar?"

"O-oh, d-desculpe. Por favor, e-entre," Aurora gaguejou, atrapalhada pelo pedido repentino. Eles entraram em uma sala de estar aconchegante, e William se sentou, batendo no lugar ao lado dele, convidando Aurora a se juntar a ele. Ela hesitou por um momento, olhando ao redor nervosamente.

"O que há de errado? Venha, sente-se comigo," William a tranquilizou. Aurora conseguiu esboçar um pequeno sorriso e assentiu, finalmente se sentando ao lado dele. Sua ansiedade começou a diminuir enquanto ela se acomodava na atmosfera confortável.

"Estas são para você," William disse gentilmente, apresentando o buquê de flores. "Seu pai sempre me dizia o quanto você amava flores." Os olhos de Aurora se arregalaram de surpresa enquanto ela olhava para o lindo buquê. "M-Muito obrigada, S-Sr. Knight," ela respondeu, um sorriso genuíno se espalhando pelo rosto.

"Sr. Knight, você não acha que isso é um pouco formal? Você costumava me chamar de Tio Wilum porque não conseguia dizer William," ele riu, relembrando o apelido que ela tinha para ele. O som das risadas dela era como uma doce melodia que enchia a sala, lançando uma leveza no ar. Era como se, por um breve momento, o peso de sua culpa pelos anos passados tivesse sido levantado, e a inocência e a alegria de suas memórias compartilhadas ressurgissem.

Os olhos de William brilharam de alegria enquanto ele observava a risada de Aurora. Ele não pôde deixar de se sentir cativado pelo som encantador, que trouxe de volta uma enxurrada de momentos preciosos do tempo que passaram juntos.

"Ah, Aurora," ele disse, um sorriso brincando em seus lábios. "É bom ouvir sua risada novamente. Traz de volta tantas lembranças queridas." A risada de Aurora diminuiu, e ela olhou para William com um calor. Sua voz tinha um toque de vulnerabilidade, como se temesse que essa visita inesperada pudesse ser passageira, assim como as memórias do passado deles.

"T-tanto t-tempo. P-por que v-você não me visitou?" ela gaguejou, suas palavras carregadas com uma mistura de saudade e vulnerabilidade.

A expressão de William se tornou séria enquanto ele estendia a mão para segurar as mãos de Aurora gentilmente.

"Minha querida Aurora, eu sei que estive ausente da sua vida por tempo demais. Mas, por favor, acredite em mim quando digo que você sempre esteve presente em meus pensamentos."

Os olhos de Aurora procuravam sinceridade nas palavras dele. Ela queria acreditar nele, confiar que ele realmente se importava com ela, mesmo em sua ausência.

"Eu vim aqui hoje porque acredito que você merece uma vida melhor, Aurora," William continuou, sua voz cheia de determinação. "Tenho uma proposta, uma que acredito que não só trará felicidade para você, mas também garantirá um futuro brilhante para ambas as nossas famílias."

Antes que ele pudesse compartilhar sua decisão sobre a aliança com Aurora, um som abrupto cortou o ar, fazendo William parar no meio da frase. Thomas, com uma expressão presunçosa, olhou entre os dois, seus olhos cheios de uma mistura de superioridade e desdém. O coração de Aurora deu um salto enquanto ela se levantava rapidamente, suas palmas ficando suadas ao ver o olhar desaprovador de seu tio.

"Ah, William, quando você chegou?" Thomas disse com um toque de malícia, suas palavras pingando de insinceridade. Ele voltou sua atenção para Aurora, seu tom carregado de condescendência. "E por que, minha querida, você não me informou da chegada do nosso convidado?"

A voz de Aurora ficou presa na garganta enquanto ela tentava encontrar uma explicação, mas Thomas levantou a mão de forma desdenhosa, interrompendo-a antes que ela pudesse falar.

"T-Tio..."

"Não importa agora," ele disse secamente. "Vá buscar um chá, Aurora. William e eu temos assuntos a discutir."

O coração de Aurora afundou com o tom desdenhoso, mas ela assentiu silenciosamente, seus olhos baixos, e rapidamente saiu da sala para preparar o chá. O peso da desaprovação de Thomas pairava no ar, e ela não podia deixar de se perguntar o que a aguardava ao retornar.

O olhar de William seguiu a figura de Aurora se afastando, um lampejo de preocupação cruzando seu rosto. Ele conhecia bem as intenções de Thomas e entendia os desafios que estavam por vir. No entanto, sua determinação em forjar essa aliança permanecia inabalável, e ele se preparou para a difícil negociação que o aguardava.

Com um suspiro profundo, William voltou sua atenção para Thomas, seus olhos encontrando o olhar penetrante de seu velho conhecido. Era hora de enfrentar a tarefa assustadora de convencer Thomas de que a união entre Xavier e Aurora era o único caminho a seguir, apesar de sua ganância e desejo por ganhos pessoais.

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