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Capítulo 3: A ascensão de Adrian Belfort

As primeiras memórias de Adrian Belfort eram um contraste marcante com o luxo e o poder que ele exercia na vida adulta. Nascido de uma mulher de classe média chamada Margaret Belfort, sua infância foi humilde, mas repleta de amor e calor. Tudo mudou quando sua mãe se casou com Gerard Miller, um viúvo rico que ainda lamentava a perda de sua primeira esposa. Esse casamento lançou Adrian e Margaret no mundo opulento, mas frio, da família Miller.

A primeira esposa de Gerard havia sido o coração da família. Sua morte deixou um vazio que Gerard tentou preencher ao se casar novamente, mas Margaret e Adrian nunca foram realmente aceitos. Para o resto da família Miller, eles eram intrusos, invasores manchando a pureza de seu alto status social. A mãe de Adrian, apesar de seus melhores esforços, era frequentemente deixada de lado, cada movimento seu sendo escrutinado e julgado por seus novos parentes.

Para o jovem Adrian, a mansão dos Miller era tanto um playground quanto um campo de batalha. Ele rapidamente aprendeu a navegar pelos olhares afiados e conversas sussurradas, encontrando consolo nos poucos momentos de gentileza mostrados por Gerard e, surpreendentemente, por seu novo meio-irmão, Richard. Apesar da desaprovação dos outros membros da família, Richard acolheu Adrian com uma calorosa surpresa. Eles eram meninos da mesma idade, e a exuberância natural de Richard encontrou um par na determinação silenciosa de Adrian.

Os dois eram inseparáveis, passando longos dias de verão explorando a vasta propriedade, construindo fortes e compartilhando sonhos. A riqueza e o privilégio de Richard contrastavam fortemente com a criação mais modesta de Adrian, mas em vez de causar uma ruptura, isso forjou um laço de admiração mútua. Adrian admirava o espírito despreocupado e a generosidade de Richard, enquanto Richard era fascinado pela resiliência e intelecto afiado de Adrian.

À medida que cresciam, seus caminhos divergiram de maneiras marcantes. A determinação de Adrian em superar seu baixo status social o levou a se destacar academicamente e, mais tarde, nos negócios. Ele descobriu uma paixão pelo design de joias, uma arte que combinava seu amor pela precisão e beleza. Através de puro trabalho árduo e uma determinação inabalável, Adrian construiu um império de joias do zero, seu nome se tornando sinônimo de luxo e elegância.

Enquanto isso, Richard, que havia herdado uma vasta fortuna, lutava para encontrar seu caminho. A segurança da riqueza tornou-se uma faca de dois gumes, permitindo seus vícios e decisões ruins. Jogos de azar e empreendimentos comerciais malfadados drenaram a fortuna dos Miller, e a vida de Richard se transformou em uma série de desastres financeiros. Apesar desses fracassos, seu relacionamento com Adrian permaneceu uma das poucas constantes em sua vida.

Adrian frequentemente estendia a mão, oferecendo conselhos e apoio, mas o orgulho de Richard o impedia de aceitar completamente a ajuda. Ainda assim, o vínculo entre eles perdurava. O sucesso de Adrian era um testemunho de sua determinação em superar o desprezo que ele e sua mãe haviam enfrentado, enquanto as lutas de Richard destacavam a natureza efêmera da riqueza sem direção ou propósito.

Ao longo dos anos, os irmãos mantiveram um profundo respeito um pelo outro. Adrian via em Richard o garoto que uma vez esteve ao seu lado contra o julgamento do mundo, enquanto Richard admirava a capacidade de Adrian de transformar adversidade em triunfo. O relacionamento deles era uma mistura de história compartilhada e dependência mútua, um testemunho da complexidade dos laços familiares.

Retornando da Europa, Adrian sabia que seu irmão Richard estava em uma situação difícil, vivendo do fundo fiduciário de sua falecida esposa. Os anos não foram gentis com Richard; o homem outrora vibrante e ambicioso agora parecia desgastado e cansado, resultado de erros financeiros e perdas pessoais. Adrian havia antecipado isso, e parte de seu retorno foi motivada pelo desejo de ajudar seu irmão, oferecer apoio e talvez uma saída do atoleiro em que ele se encontrava.

Mas o que realmente surpreendeu Adrian foi ver Clara, a filha de Richard, já adulta. Ela sempre fora uma menina bonita, com os traços delicados da mãe e uma graça silenciosa que a diferenciava. No entanto, ao vê-la agora, recém-completados dezoito anos, Adrian ficou surpreso com o quanto ela havia se tornado deslumbrante. A criança tímida que ele lembrava havia florescido em uma jovem de beleza impressionante, sua presença tanto cativante quanto inquietante em sua intensidade.

Quando Clara o cumprimentou naquela manhã, Adrian se viu momentaneamente sem palavras. Sua inocência ainda estava lá, refletida em seu sorriso caloroso e na maneira gentil como se movia, mas agora era acompanhada por uma maturidade e elegância que a tornavam ainda mais atraente. A realização foi inesperada e desconcertante, despertando emoções que ele não havia previsto.

O olhar de Adrian permaneceu em Clara um momento mais longo do que o necessário, seus pensamentos um turbilhão de admiração e surpresa. Ele não podia acreditar o quanto ela havia mudado, o quanto se tornara atraente. Era uma nova dimensão no mundo familiar dos Miller, uma para a qual Adrian não estava preparado.

Adrian se pegava pensando em Clara mais do que gostaria de admitir. Ele estava profundamente atraído por ela, um sentimento que crescia a cada interação. Havia uma inocência nela, uma pureza que tanto o atraía quanto o fazia hesitar. Ela ainda era a filha de Richard, uma garota que ele costumava chamar de sobrinha, ainda muito jovem e talvez inocente demais para a intensidade de seus desejos.

Mas, apesar dessas reservas, Adrian sabia uma coisa com certeza: ele a queria. E ele se fez um homem que sempre consegue o que quer.

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