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Capítulo 2: Não é mais uma garotinha

Clara se dirigiu ao pátio, o local familiar onde ela e suas amigas sempre se encontravam antes das aulas. Os velhos bancos de pedra e os canteiros de flores em plena floração eram uma visão reconfortante, um pequeno santuário em meio ao caos da vida escolar. Ao se aproximar, viu suas amigas já reunidas: Jessica, Emma e Sophie, suas amigas mais próximas, talvez as únicas neste momento de sua vida. As dificuldades financeiras da família de Clara a tornavam uma excluída em Rosewood, onde a riqueza muitas vezes definia o status social. Jessica Richmond, atraída pela gentileza e inteligência de Clara, a acolheu apesar de sua reputação, formando um trio unido com Emma Dawson e Sophie Merced. As três garotas avistaram Clara se aproximando do seu ponto de encontro.

“Clara Marianne Bertrand Miller!” Jessica chamou, praticamente pulando de empolgação. “Quem era aquele cara alto e gato que te deixou aqui naquela Ferrari personalizada?”

Clara mal teve tempo de colocar sua bolsa no chão antes que a enxurrada de perguntas começasse.

“Meu Deus, Clara, conta tudo! Quem é ele?” Emma se juntou, seus olhos arregalados de curiosidade.

Clara levantou as mãos, tentando acalmá-las. “Era o Sr. Belfort! Adrian Belfort. Ele não é um sugar daddy, ele é só um amigo do meu pai. Bem, não exatamente um amigo. Ele é meio-irmão do meu pai.”

O efeito de suas palavras foi imediato. As garotas trocaram olhares chocados, sua excitação crescendo ainda mais.

“Adrian Belfort?” Emma repetiu, sua voz tingida de admiração. “O Adrian Belfort? Ele é super reservado e misterioso... Não conheço uma única pessoa que já tenha o encontrado! E ele sempre foi seu tio!?”

Jessica assentiu vigorosamente. “E ele é ainda mais gato pessoalmente! E ele estava lá só para te deixar na escola! Como isso é possível?”

Emma cruzou os braços, com uma expressão cética no rosto. “Clara... A mais tímida, quieta e inocente de todas nós conseguiu um bilionário gato só para ela? Inacreditável! Sempre são as quietinhas...”

Clara sentiu suas bochechas esquentarem sob o escrutínio delas. “Não é o que vocês estão pensando! Ele é família, tá bom? Ele é como um irmão para o meu pai, me conhece desde que eu era pequena.” As garotas riram sarcasticamente. Clara balançou a cabeça, o rubor se aprofundando enquanto ria nervosamente. “Não, sério, gente. Não é nada disso. Ele estava na minha casa esta manhã e ofereceu uma carona para a escola, ele só estava sendo gentil. Ele é praticamente um tio para mim.”

Sophie se inclinou, seus olhos brilhando de malícia. “Do jeito que ele estava te olhando lá atrás não parecia muito de tio, Clara.”

Jessica deu um sorriso maroto. “É, e você não é mais uma garotinha. Você tem dezoito anos!”

A mente de Clara corria, tentando encontrar as palavras certas para minimizar a situação. “Vocês estão loucas. O Sr. Belfort nunca olharia para mim desse jeito. Ele é só um amigo da família.”

Emma deu de ombros, um sorriso brincalhão nos lábios. “Se você diz. Mas eu não acho que somos nós as loucas aqui. Quero dizer, você tem um motorista. Por que ele ofereceria uma carona se não tivesse nenhuma intenção?”

“Vocês estão lendo demais nessa história,” Clara finalmente disse, forçando uma risada. “Ele só estava sendo educado e me ofereceu uma carona. Só isso.”

“Talvez,” Jessica disse, com um sorriso conhecedor nos lábios. “Mas se eu fosse você, uma carona para a escola não seria o único tipo de carona que eu tentaria conseguir dele…”

Clara balançou a cabeça novamente, tentando afastar o pensamento. “Vamos deixar isso pra lá, tá bom? Temos coisas mais importantes para falar. Como a prova de matemática de amanhã.”

As garotas gemeram em uníssono, e a conversa voltou às preocupações mundanas da vida escolar. O sinal tocou, indicando o início das aulas, e Clara suspirou de alívio. A conversa teria que ser interrompida. Enquanto juntavam suas coisas e se dirigiam para as salas de aula, Clara não conseguia afastar o nervosismo em seu estômago. Ela repassou a manhã em sua cabeça, desde o encontro inesperado até o olhar intenso nos olhos dele enquanto a segurava para evitar que caísse. Tudo parecia surreal. As palavras de suas amigas ecoavam em sua mente, misturando-se com a lembrança do olhar intenso de Adrian.

Adrian era rico, bonito e incrivelmente bem-sucedido. E também muito mais velho que ela, ele teria 39 anos agora, se ela lembrava corretamente. Ele circulava em ambientes cheios das mulheres mais bonitas e sofisticadas do mundo—supermodelos que eram muito mais glamorosas e mundanas do que ela jamais poderia sonhar em ser. Ela era apenas uma simples estudante, tímida e inocente como suas amigas gostavam de dizer, com pouca experiência além da vida protegida que sempre conheceu. Além disso, Adrian a conhecia desde que ela era criança, ele a viu crescer até se mudar permanentemente para a Europa quando ela tinha quatorze anos. Para ele, ela provavelmente ainda era aquela garotinha, doce e ingênua, praticamente sua sobrinha. Por que ele a veria de outra forma?

Parecia inconcebível que um homem como Adrian Belfort algum dia olhasse para ela com algo além de afeição amigável.

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