




Regra #7: Quando o papai milionário gostoso entra na pista de patinação
Charlie
O humor ansioso e excitado com o qual acordei esta manhã me acompanha o dia todo, e nem mesmo um tempo com o chuveirinho conseguiu suprimir a sensação que aquele sonho me causou. No trabalho, a coisa toda se repete na minha mente, me deixando aérea e um pouco irritada.
Estou repondo uma caixa de patins novos quando uma voz profunda e estranhamente familiar do outro lado do balcão me faz parar, e eu realmente me pergunto se meu cérebro privado de sono acabou de conjurar o som.
"Onze e meio, por favor."
Eu me inclino para trás e olho para o cliente que fez o pedido e quase grito quando reconheço o homem alto, de cabelos escuros, parado no carpete colorido, com a mão apoiada no balcão alto e envernizado. Tentando me esconder atrás da parede, rezo silenciosamente para que ele não tenha me visto. O que ele está fazendo aqui?
"Olá, Charlotte," ele diz, e meus olhos se arregalam.
Nervosamente, empurro os patins para a prateleira, sem nem verificar se os coloquei no lugar certo, e reúno minha confiança esfarelada para cumprimentá-lo.
"Oi," eu gaguejo, antes de olhar ao redor para ver se alguém está por perto. É quarta-feira, e acabamos de abrir há quinze minutos. Com exceção de algumas crianças que estudam em casa e alguns frequentadores regulares, não haverá clientes de verdade aqui até à noite.
"Por favor, me chame de Charlie."
"Eu estava brincando sobre os patins," ele acrescenta com um leve sorriso no rosto. "Não vou patinar."
Uma risada forçada e desajeitada escapa do meu peito enquanto me aproximo do balcão. Lá se vai qualquer esperança de tentar agir naturalmente.
Ver o rosto dele desperta memórias do meu sonho e de como eu estava agarrando o pau dele como uma ninfomaníaca. Cubro minhas bochechas, esperando esconder meu rubor.
"Como você me encontrou?" eu pergunto.
Ele levanta o celular, mostrando uma foto minha em um grupo de patinadores, dançando no chão com uma roupa colorida durante nosso evento Neon Nights. "Instagram."
"Ah." Isso poderia ser mais constrangedor?
Ele deve estar aqui porque percebeu o erro ao escrever aquele cheque que me deu ontem e veio cobrar. Eu já o depositei e fiz um pagamento extra no meu empréstimo estudantil, então isso está prestes a ser uma conversa constrangedora.
"Olha..." eu digo cuidadosamente.
"Você tem um momento para conversar?" ele pergunta, me interrompendo.
"Claro," eu gaguejo.
Virando-me, procuro Shelley, a dona da pista e uma velha amiga da minha mãe, mas ela deve estar no escritório ou lá fora fumando um cigarro. Em vez de sair para o intervalo, faço um gesto em direção a uma das antigas cabines de plástico contra a parede. Ele acena com a cabeça e se senta, e é difícil não rir da cena.
O pai do Beau é enorme, maior do que eu notei ontem. Ele deve ter um metro e noventa e três, com ombros largos e um corpo robusto. Como um... pai musculoso. Se é que isso existe.
Ele também parece ridículo na cabine porque deve ser um bilionário que nunca pisou em uma pista de patinação ou se sentou em uma cabine em toda a sua vida. Tenho certeza de que, se ele leva mulheres para encontros, é em um iate ou para Montenegro, não para uma pista de patinação barata para comer pizza e beber cerveja. Isso é muito mais a minha realidade, o que está bem. Quero dizer... encontros em Montenegro não seriam terríveis, mas é só um pouco fora da minha liga.
"O que posso fazer por você?" eu pergunto enquanto me sento na cadeira oposta a ele.
Ele abre a boca e depois a fecha, e me dou conta de que ele está prestes a trazer algo que pode ser um pouco desconfortável, e já estou temendo que seja sobre o que aconteceu ontem. Especialmente depois de olhar tudo no site dele.
Eu rapidamente o salvo do desconforto. "Se for sobre ontem, está tudo bem. Você não precisa dizer nada. Está tudo bem."
"Não é sobre ontem," ele responde. "Pelo menos, não exatamente." "Sobre o Beau então?"
A atenção dele se aguça e parece que nossa conversa toma um rumo diferente no momento em que seu filho é mencionado. "Você falou com ele?"
Meus ombros caem e eu aperto os lábios. "Sr. Grant, eu já disse. Nós terminamos. Eu não vou mais falar com o Beau..."
Parece uma linha dura de entregar, mas acho que ele precisa entender que o Beau está fora da minha vida para sempre. Eu não posso mais ser uma tábua de salvação para o filho dele.
Algo nele se desinfla, e sua testa se franze enquanto ele se inclina para trás no assento. Então ele simplesmente diz, como arrancar um Band-Aid. "Srta. Underwood, eu gostaria de lhe oferecer um emprego."
Por um segundo, fico animada. Um emprego? Um emprego de verdade, remunerado, de adulto. Algo que eu realmente gostaria de colocar em um currículo. Nada mais de cachorros-quentes ou spray antibacteriano para sapatos!