Regra #2: Não fazer beicinho.
Por que ela está me olhando assim? A sósia da Bettie Page com franja preta reta e curvas bastante atraentes está ajoelhada no chão ao lado da minha mesa, e ela está... fazendo beicinho. Seus lábios vermelhos como rubi estão franzidos, e ela está apenas me olhando enquanto eu tomo meu café. Tudo o que ela não deveria estar fazendo.
Isso é um pedido de atenção, o que faz sentido, considerando que minha atenção é exatamente o que a trouxe aqui em primeiro lugar. Estou literalmente pagando para ela ganhar um carinho na cabeça ou um pouco de afirmação—ganhar sendo a palavra-chave. Até agora, essa garota não fez nada além de me patronizar com todas essas malditas encenações, e estou a dois segundos de jogá-la porta afora. Literalmente.
Se você quer minha atenção, tem que merecê-la primeiro. Comporte-se. Faça o que eu digo. Caso contrário, fique em silêncio. Isso não é eu sendo um babaca, é literalmente a cena que estamos interpretando, mas essa garota não está jogando pelas regras. Ela sabia exatamente no que estava se metendo quando aceitou esse trabalho.
"Olhe para o chão," eu ordeno sem olhar para ela.
Há um suspiro descontente que escapa de seus lábios antes que ela abaixe o olhar para o chão. Espero que ela não esteja interessada em ser uma pirralha, porque isso definitivamente não é o meu estilo, e estava bem claro na aplicação.
As próximas três horas do turno dela são praticamente insuportáveis, mas sou um cavalheiro, então deixo ela ficar. Ela me traz o almoço, descansa seus seios opulentos nas minhas coxas quando eu coloco os pés para cima durante uma chamada de conferência entediante, e até ganha uma boa carícia na bochecha quando consegue ficar completamente em silêncio enquanto escrevo um e-mail.
Mas ela está ficando inquieta, e eu posso perceber. Pelo canto do olho, vejo ela fazendo beicinho de novo, e olho para baixo para vê-la revirar os olhos. É isso. Estendo a mão, agarro seu queixo e a viro para me encarar. Seus olhos se arregalam—ela está nervosa.
"Você acabou de revirar os olhos para mim?" pergunto entre dentes cerrados.
"Não, Senhor," ela murmura, e eu percebo um toque de excitação escondido sob o tremor delicado em sua voz. Sim, ela é definitivamente uma pirralha.
Se punição fosse a minha praia, ela já teria ganhado uma a essa altura, mas até eu sei que punição é exatamente o que ela quer. Então, em vez de colocá-la sobre meu colo ou fazer ela chupar meu pau por seu desrespeito flagrante, eu digo, "Levante-se. Pegue suas coisas. Tenha um bom dia."
"Mas—" "Adeus, Rita."
Virando-me para o computador, eu a ignoro completamente.
Com um bufar, ela se afasta, calça os sapatos, pega o casaco e bate a porta ao sair.
No momento em que ela se vai, eu disco o número do Garrett.
"Deixe-me adivinhar. Você não gostou dela," ele diz como saudação. "Ela só ficava fazendo beicinho. Os homens realmente gostam de garotas que fazem tanto beicinho?"
Garrett ri do outro lado da linha. "Nós não gostamos do que a maioria dos homens gosta, lembra? Isso torna meu trabalho difícil, claro, mas estou apenas tentando encontrar a garota certa para você, Emerson."
"Peça desculpas à Rita por mim e nunca mais a mande de volta para minha casa."
"Pode deixar."
A linha fica silenciosa por um momento enquanto eu olho os e-mails da Maggie sobre a nova atualização do aplicativo dos desenvolvedores.
"Isso não é verdade, sabe," murmuro enquanto rolo pelas mensagens dela. Posso ouvir o ruído branco ao fundo, o que significa que Garrett está no carro.
"O que não é verdade?" ele responde após um momento.
"Quando você disse que não gostamos do que a maioria dos homens gosta. Acho que nossos gostos estão muito alinhados com a maioria. Somos únicos porque não temos medo de persegui-los."
"Não temos medo de persegui-los de uma maneira saudável."
"Exatamente."
"Vou mandar uma nova garota para você amanhã," ele diz após um momento.
"Não se preocupe."
Ele solta um suspiro exasperado. "Tem certeza? Você parece estressado. Temos a inauguração do clube na próxima semana, investidores para agradar e o estado respirando em nossos pescoços."
É verdade—estou estressado. Além de tudo que Garrett mencionou, meu filho não retorna minhas ligações há quatro meses. Mas a ideia de conhecer uma nova submissa fazendo beicinho só me estressa ainda mais.
"Acho que você nem sabe o que quer," ele diz distraidamente, e eu olho para meu telefone no viva-voz. "Eu achava que sabia. Essas garotas querem elogios, mas não querem merecê-los."
"Atenção negativa ainda é atenção," ele responde. "E você sabe que eu não gosto de pirralhas."
"Eu sei, Emerson. Mas você vai ter que dar uma chance para alguém te impressionar antes de mandá-las embora. Deixe-me mandar outra amanhã. Há muitas garotas dispostas a fazer o que você quiser."
"Talvez na próxima semana. Mantenha a aplicação aberta."
"Pode deixar."
Depois de desligar com Garrett, eu vasculho a pilha de cartas na minha mesa. É principalmente lixo, mas há um envelope escrito à mão que chama minha atenção. Ao abri-lo, encontro um cheque. É de dois mil dólares de um nome que não reconheço. Na parte de memorando do cheque diz: Depósito de Segurança para o Apartamento 623.
Demoro um minuto para perceber que este é o endereço do Beau. Ou pelo menos era. Eu não tinha ideia de que ele tinha se mudado, muito menos que o depósito de segurança foi enviado de volta para mim. Ele não se mudou com aquela namorada dele?
Aquela que ele nunca me deixou conhecer porque tinha vergonha de mim, penso sombriamente.
Isso pode ser bom. Se ele precisar do dinheiro de volta, terá que vir até mim para pegá-lo. Pegando meu telefone, digito uma mensagem rápida, tentando não soar tão desesperado quanto me sinto.
Seu senhorio me enviou seu depósito de segurança. Vou guardá-lo para você. Venha quando precisar.
Naturalmente, não há resposta. A tela inteira de mensagens são todas enviadas sem respostas. Tenho confirmação da mãe dele de que ele está pelo menos vivo e indo bem, então consigo dormir à noite. Só queria que ele falasse comigo de novo. Pena que a decepção parece ser o tema da minha semana.