




Capítulo 5 Envolto em braços fortes
Hayden enrolou o estetoscópio e o colocou no bolso do jaleco. "Eu diria que você queria ficar na casa dela."
"Pensando em trocar seu diploma de médico por um emprego em tabloide? Você parece muito interessado na minha vida pessoal."
"Vamos lá, as histórias que você me conta poderiam encher um jornal!"
"Vai se ferrar!"
Damian, irritado, acidentalmente puxou o ferimento e fez uma careta de dor.
Vendo o desconforto do amigo, Hayden parou de provocá-lo. "Ela está no andar de baixo, quarto 406. Você não vai checar como ela está?"
"Por que eu me importaria com alguém que não significa nada para mim?"
"Se ela não significa nada para você, por que os heroísmos? É tão difícil admitir que você se importa?"
Damian trocou de roupa, pensando em onde poderia fumar um cigarro. "Quem disse algo sobre se importar? Eu não sou como você."
Hayden riu. "Aparentemente, nós dois estamos sem saber quem foi internado ontem à noite."
Damian lançou um olhar fulminante para ele.
Hayden olhou para os nós dos dedos machucados do amigo. "Desde quando você dá socos?"
"Você está aqui por algum motivo? Se não, cai fora."
O telefone de Hayden tocou, salvando-o de mais tensão. "Dr. Sackler, a condição do paciente no 4º andar é crítica!"
A ligação foi alta o suficiente para Damian ouvir cada palavra.
4º andar? Quarto 406?
No momento seguinte, Damian estava fora da cama, pronto para correr.
Após a ligação, Hayden segurou seu braço. "Onde você pensa que vai?"
"Me solta," disse Damian, com urgência nos olhos.
"Saindo sem os sapatos ou trocar de roupa?"
Damian o empurrou. "Você é um para falar, brincando de médico aqui enquanto alguém pode estar morrendo."
A situação do paciente era realmente urgente, e Hayden também disse ao interlocutor como lidar com isso a tempo, enquanto Damian, aparentemente, estava muito ocupado pensando no "paciente do 4º andar" e não ouviu.
Hayden provocou, "Achei que você precisava de um cigarro?"
Damian lançou um olhar em sua direção.
Percebendo que já tinha provocado o suficiente, Hayden riu. "Vai lá então, você já fez sua parte, ou é mais do que isso?"
Damian hesitou, então disse, "Eu não quero ir."
Damian saiu, seu rosto uma máscara de determinação. No elevador, ele parou, sentindo um peso no peito, e se virou em direção às escadas. Ele procurou seus cigarros, mas não encontrou nenhum; estava usando as roupas de Hayden.
O cheiro de desinfetante era forte.
De repente, Damian se deu conta. Hayden parecia despreocupado, o que significava que Ashley não estava em perigo.
Ele se repreendeu por ter entrado em pânico. O resgate do incêndio de ontem parecia inútil agora.
Mas a memória dela em seus braços mexeu com algo dentro dele.
"De qualquer forma," pensou, "eu fiz uma boa ação."
Frustrado com sua indecisão, ele desceu as escadas apressadamente, xingando baixinho.
Ele entrou no quarto 406, assustando Ashley.
Seus olhos se encontraram, a tensão no ar.
Ashley, confusa, se perguntou se estava alucinando.
Damian tinha corrido do seu próprio andar, seu rosto uma mistura de cores.
Ashley se sentou, com a testa machucada, as mãos enfaixadas.
Ele se lembrou de carregá-la, o pior ferimento estava nas costas dela.
A memória do corpo desprotegido dela em seus braços o assombrava.
Ashley piscou, ainda sem acreditar.
Damian visitando ela no hospital? Improvável.
Ela perguntou, "O que houve, Sr. Hearst?"
Os lábios de Damian se contraíram. Todo esse esforço para receber indiferença?
"A audiência é na próxima semana. Esteja pronta. Não me atrapalhe," ele disse friamente.
Então, era só sobre o caso.
Ashley, com as esperanças destruídas, retrucou, "Vou revisar os arquivos e fazer o meu melhor no seu caso, mas não prometo nada."
Damian respondeu, "Estou pagando por uma vitória, não por uma tentativa."
A frustração de Ashley cresceu. "Então resolva você mesmo."
O punho de Damian se apertou. "Parece que você recebeu três milhões de dólares."
A empatia passageira de Ashley desapareceu. "Vou trabalhar no caso."
A voz de Damian era fria. "Lembre-se dos termos do contrato."
Ashley considerou seu próximo movimento após o caso. Talvez ela causasse um pouco de problema para ele.
"Ashley..."
Hannah entrou, sentindo a tensão.
Ashley fez um gesto para que ela deixasse os arquivos e fosse buscar comida a seu pedido.
Hannah, percebendo a situação, saiu rapidamente.
Damian notou o arquivo do caso, "Me entregue."
"Você não tem uma cópia no seu departamento jurídico?" Ashley perguntou.
Damian pegou os arquivos e os jogou de lado.
Ashley protestou, "Eu preciso disso para o tribunal!"
Damian retrucou, "Seu intelecto não é suficiente?"
"Você está sugerindo que eu minta no tribunal?"
O sarcasmo de Damian era claro. "Isso também exigiria algum intelecto."
Ashley percebeu a verdadeira natureza dele. "Mais alguma coisa? Se não, por favor, vá embora."
Damian fez uma pausa, então disse, "Parece que você ganhou alguma coragem nos últimos anos?"
Ashley respondeu, "Você não é o que melhor conhece minha coragem?"
"Onde você esteve todo esse tempo?" perguntou Damian.
Ela olhou para o soro, "Em algum lugar longe de você."
A enfermeira entrou, com a medicação na mão, "Hora dos seus remédios."
Vendo Damian, a enfermeira ficou deslumbrada, "Ele é seu namorado?"
Ashley começou a explicar, mas a enfermeira, empolgada, pediu a Damian para carregá-la para que pudesse aplicar a medicação nas costas dela.
Ashley tentou se levantar, mas falhou.
Damian observou, então disse, "Precisa de ajuda?"
A enfermeira o encorajou a ajudar.
De repente, Ashley estava nos braços dele, o cheiro familiar dele a dominando.
O corpo de Ashley congelou, e ela claramente ouviu seu coração acelerar.
O ferimento ainda não tinha começado a cicatrizar; uma fina camada de sangue cobria a superfície, com marcas de sangue visíveis por baixo.
As sobrancelhas de Damian se franziram.
"Ai!" Os dedos de Ashley agarraram o lençol enquanto ela arfava de dor.
Instintivamente, o aperto de Damian se intensificou ao som que ela fez, e uma pontada de compaixão surgiu nele, "Seja gentil," ele murmurou.
A enfermeira rapidamente se desculpou, "Desculpe, aguente firme. Vou ser mais gentil. Senhor, por que você não sopra? Pode aliviar um pouco a dor."
Sem conseguir ver o rosto de Damian, Ashley podia imaginar seu desagrado, "Está tudo bem, eu aguento. Continue."
A postura de Damian permaneceu inalterada, sua palma contra o tecido do avental hospitalar, sentindo o braço esguio da mulher por baixo. O delicado cheiro do xampu dela pairava, entrelaçando-se com o cabelo que parecia envolver um nervo invisível dele.
O pomo de Adão dele subiu e desceu de forma incomum.