




Capítulo 3
Cassie
"Essa refeição foi surpreendentemente deliciosa," Cassie assinou a conta e guardou seu cartão de crédito. "Você também gostou?"
"O bife estava frio, a alface estava quente e o café estava fraco," Eva respondeu. "Você tem padrões baixos."
Cassie riu. "Isso explicaria por que ainda estou solteira."
"Você está solteira porque dorme com os caras muito rápido," Eva repreendeu.
"Tsk, tsk, tsk," ela fingiu ofensa. "Nada de envergonhar! Atualize-se!" Cassie riu enquanto pensava em todos os preservativos na sua bolsa e como mal podia esperar para usá-los.
"Além disso, todos esses caras foram errados para você."
"Ugh! Não de novo a conversa do lobo, dos pássaros e das abelhas!" Cassie tapou os ouvidos com os dedos — não que isso adiantasse muito, já que Eva dominava seu diálogo interno.
Se Eva sentiu a irritação de Cassie, ela ignorou como de costume. "A Deusa da Lua já tem alguém feito sob medida para você. Você vai encontrá-lo e, quando isso acontecer, você saberá que é ele pelo cheiro, pelos sentimentos que ele desperta em você — os dons do vínculo de companheiro."
"Pare!" Cassie deixou seu peso cair contra o banco de forma dramática.
A garçonete parou no meio do caminho enquanto começava a pegar a xícara de café vazia, "Desculpe, querida, pensei que você tinha dito que não queria mais café."
Cassie corou e sorriu para a garçonete. "Estou só me lembrando de que preciso cortar isso. Faz mal para minha pressão."
A garçonete deu um sorriso constrangido. "Então, posso—" ela fez um gesto em direção à xícara.
Cassie assentiu desconfortavelmente.
Assim que ficaram sozinhas novamente, Cassie se levantou. "Além disso, estou melhor sozinha. Você sabe como tenho medo de passar essa mutação estranha para as futuras gerações." Ela olhou ao redor do restaurante quase vazio. Cassie começou a caminhar em direção à saída quando notou o cheiro de hortelã-pimenta emanando da área do caixa.
Uma leve mudança de direção é necessária.
"Você tem que confiar em mim, Cassie. Você não é a única do seu tipo," Eva continuou.
Cassie deu um tapinha na barriga, "A única coisa que estou confiando em você é para queimar todas as calorias que consumi esta noite." Depois de pegar uma bala de hortelã embrulhada em plástico, ela se virou para a porta.
Quando se aproximou dela, quase colidiu com um homem encharcado em uma camiseta preta que moldava cada músculo de seu corpo.
Ela foi instantaneamente atingida por um cheiro inebriante que a fez querer fazer coisas travessas com aquele estranho. Ela sorriu distraidamente enquanto sentia conforto em sua presença. Embora ele estivesse a um centímetro de distância e claramente encharcado até os ossos, Cassie sentiu seu calor envolvê-la.
Ela aproximou o nariz dele e deu uma cheirada. "Mmmm," ela gemeu ao confirmar que ele era a fonte do cheiro intoxicante. Cassie olhou para intensos olhos azuis cobalto que pareciam penetrar cada molécula de seu corpo com uma carícia suave. "Seu perfume, é capim-limão e... chuva?" Mal a última palavra saiu de sua boca, Cassie ofegou e focou seus olhos arregalados nele. "Ah, merda," ela sussurrou.
Sentindo como se a Terra tivesse saído de seu eixo em alta velocidade, Cassie deu alguns passos trôpegos para trás. "Não, não, não," ela balançou a cabeça, lágrimas brotando em seus olhos. "Estou sonhando, isso não pode ser real, é tudo coisa da minha cabeça."
"Somos companheiros," ela ouviu a voz profunda e masculina dizer. Ela sentiu a respiração dele envolvê-la como um cobertor quente cobrindo seu corpo.
A batida em seus ouvidos começou leve, mas rapidamente aumentou e agora era tão alta e estrondosa quanto o trovão anterior. Sua visão começou a escurecer de fora para dentro. Ela estava entrando em choque. Sua força diminuiu e, incapaz de se sustentar pela própria vontade, sentiu a gravidade puxar seu corpo em direção ao chão, de cara.
A escuridão invadia sua visão cada vez mais, e ela sentia-se se aproximando do chão pegajoso e quadriculado.
Antes que a escuridão a tomasse completamente, ela sentiu um choque elétrico ressuscitar sua consciência. Mãos fortes a seguravam desajeitadamente pelos ombros.
"Senhorita, um copo de água com gelo, por favor," ela ouviu a mesma voz profunda gritar. Sem ter energia para manter os olhos abertos, Cassie sentiu-se sendo empurrada, puxada e arrastada contra o banco mais próximo. Ela tentou se ajustar no banco, mas não conseguiu.
Ela era um peso morto.
"Você está bem," a voz continuava falando suavemente em seu ouvido. "Você vai ficar bem," dizia ternamente. "Estou com você."
"Quem é você?" ela conseguiu perguntar.
"Meu nome é Braden Hunter."
Uma sensação de paz que ela nunca havia sentido a dominou assim que ouviu o nome dele. Ela não sabia como, mas sabia que pertencia ali, nos braços dele. Ele era seu lar.
Ela respirou fundo enquanto seu rosto estava contra o peito molhado e duro como uma rocha dele.
Companheiro.
A palavra se repetia em sua mente.
Companheiro.
"Companheiro?" Cassie questionou enquanto lentamente afastava seu rosto da camiseta molhada dele.
Ela olhou para cima e viu os olhos azuis cobalto dele olhando para os seus olhos verde-claros com uma expressão de preocupação.
Eles ficaram ali por um momento apenas se encarando.
O tempo parou.
Cassie queria rir, chorar e fugir ao mesmo tempo. Ela estava sobrecarregada com... o quê? Ela não conseguia reconhecer se eram perguntas, emoções ou tudo isso junto.
O tilintar de um copo de água sendo colocado diante dela quebrou o feitiço. A garçonete estava ao lado deles com o celular na mão. "Senhorita, você precisa de uma ambulância?"
Cassie balançou a cabeça. "Estou bem," disse rapidamente, querendo ficar sozinha com aquele homem novamente. Ela olhou de volta para Braden. "Você vai pedir alguma coisa?"
Ele balançou a cabeça.
Cassie olhou para a garçonete. "Obrigada por tudo."
A garçonete colocou o celular no bolso da frente do avental e se afastou.
"Você tem certeza de que não precisa de atendimento médico?" Braden perguntou.
Ela endireitou a postura lentamente. "O que eu preciso é que você responda às milhões de perguntas que estão passando pela minha cabeça."
Ele assentiu. "Você quer conversar aqui ou..." ele deixou as palavras no ar.
Ela deslizou lentamente para fora do banco em forma de U e se levantou com cuidado. "Estou hospedada aqui perto." Ela ajustou a alça da bolsa no ombro. "Você tem um carro aqui?" Ela olhou através das paredes de vidro do restaurante. Havia apenas três carros no estacionamento, e um deles era seu Jeep.
Ela sentiu ele se mover ao seu lado. "Está na estrada, em um posto de gasolina."
"Quebrou?" Ela perguntou, virando-se para ele. Seu fôlego parou ao notar pela primeira vez o quão perto da perfeição ele era. Um rosto que parecia ter sido esculpido pelo próprio Michelangelo. Cabelos tão negros quanto os pecados que ela queria cometer com ele ali mesmo, e braços musculosos que provavelmente poderiam facilmente carregá-la para o pôr do sol quando ela não estivesse praticamente sem vida.
Ele balançou a cabeça. "Eu estava abastecendo para uma longa viagem de volta para casa," ele explicou, "mas então senti você por perto."
Cassie olhou para os lábios grossos e beijáveis dele. Ela precisava deles - não, ela reconheceu que precisava de todo ele tanto que doía. "Eu tenho tantas perguntas," ela sussurrou suavemente.
Ele assentiu. "Eu também."