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Prólogo - 2

Desta vez, Stefano se superou, sete anos depois e ele ainda consegue encontrar uma maneira de mexer com minha psique, mesmo eu tendo aprendido todos os seus truques para me desestabilizar. As marcas espalhadas pelo corpo mostram como fui incapaz de manter o teatro. Ouvi o som da porta se abrindo, esperando que ele aparecesse, soltei um grito silencioso quando vi meu irmão mais velho.

Seus olhos escuros pareciam estar cheios de ódio ao ver meu estado e sentir pena. O cabelo bagunçado e a barba sempre bem cuidada completavam o rosto familiar, eu podia ver a culpa em seus olhos.

— Beatrice! – Ele sussurrou – Aquele filho da puta vai morrer! Por que você não disse nada?

'O que você poderia dizer, irmão?' Stefano é meu marido, filho de Don Sartori. Não é como se ele fosse punido por usar sua mulher.

— Cazzo! Você é a porra da esposa dele! - Ele exasperou, abaixando a voz logo em seguida e olhando para a porta.

Mesmo que as regras da família fossem claras sobre respeito, fidelidade e não machucar esposas, Stefano não era qualquer um, sob sua pele havia um verdadeiro demônio. O que uma simples mulher poderia alegar para que todo um conselho formado por homens não visse meu estado como simples educação?

Não duvido que outras mulheres na organização passem pelo mesmo ou pior, resultado de um comando que só valoriza sua própria casa, o Don parece não perceber que alimenta seus próprios lobos, deturpando todos os nossos valores sicilianos.

Sem ter um motivo para argumentar, abaixei o lábio inferior para que ele visse minha marca como propriedade de Stefano Sartori, seus olhos se arregalaram.

“Vou matá-lo.” Giacomo parecia pronto para correr, agarrei seu braço com toda a força que restava após dias sem comer.

  • Como você me encontrou? “Temia que meu marido voltasse e o encontrasse ali.

“Aparentemente, não sei o que você fez, e não vou perguntar, mas parece que você conquistou a lealdade de um dos soldados do seu marido.

— Frank? – Perguntei.

“Sim, ele veio ao meu apartamento para dizer que você estava desaparecida há cinco dias, só que Stefano na verdade estava te mantendo trancada.

“Descobri que estava grávida, ele me bateu e me usou até eu perder outro bebê. - Solucei e os braços do meu irmão sustentaram meu corpo fraco.

"Você não pode matá-lo, seria uma guerra, Giacomo, ele está fora há três dias, deve voltar a qualquer momento agora..."

A fúria subindo em ondas com o relato, a verdade é humilhante e é tudo minha culpa por não ser uma boa esposa.

“Que se dane, vou fazer esse filho da puta pagar, não posso me perdoar por não ter te tirado disso antes.

Todo esse tempo mantive a farsa do casamento perfeito, da esposa perfeita a uma boneca, tentei perdoar meu irmão mais velho, afinal, ele só cumpria seu papel dentro da organização.

Desde a morte do nosso pai, ele se tornou tudo para mim, cuidando de todos nós e fazendo tudo o que pode para nos manter juntos.

Soltei os braços do meu irmão, andando pelo quarto pensando em uma maneira de todos nós sairmos vivos, ideias fervilhando na minha mente nervosa, cheia de sussurros horríveis e um desejo avassalador de vingança.

— Hunter! - Exclamei - Fale com Hunter, ele conhece vários traficantes, arranje um que possa derrubar Stefano e um que pareça uma boa noite de Cinderela.

As conexões do meu marido com certos contatos seriam apenas um brinde, as ideias ganhando vida e os pensamentos macabros tomando conta do corpo, de poder ter vingança contra ele e os responsáveis pelos pesadelos horrendos. Cada um que destruiu uma parte da menina sonhadora, cada um que causou um aborto, tirando a oportunidade de uma vida existir.

A maneira grotesca como ele perturbou e matou cada parte boa da minha alma, suas formas de tentar me convencer de como seu amor era forte e depois suas mãos fechadas ao redor do meu pescoço. Deve ser tudo minha culpa, por desejar um dia sem uma surra ou sonhar com um toque de amor, eu estava presa em sonhos ingênuos esperando que Stefano se tornasse outra pessoa, desistindo de toda autoestima para viver por ele, esperando ansiosamente que após a dor viesse o toque quente e afetuoso.

Olhei para meu irmão sabendo que tudo estava prestes a mudar.

Ele livraria o mundo de Stefano e, como presente, colocaria ele no poder da família.

'O que você quer que Beatrice faça?' – A voz baixa e séria expressando curiosidade.

  • Primeiro, a morte dele pertence a mim - Meu irmão mais velho balançou a cabeça em descrença - Você acabou de dizer que não se perdoaria, esta é sua oportunidade, irmão. – Sem nenhum escrúpulo, aproveitei sua dor pela minha ruína.

Por mais que eu tentasse, nunca conseguiria perdoar verdadeiramente Giacomo por me entregar tão jovem a esse demônio, se ele tirasse a oportunidade de matar Stefano, essa dor nunca iria embora.

Nossos olhares se travaram em um confronto silencioso, seus olhos percorrendo as mordidas nos meus braços e todas as marcas visíveis através do pequeno pijama sujo. Aproveitei sua inspeção minuciosa para soltar a bomba.

— Vamos matá-lo e fingir minha morte para a família, deixaremos os rastros para que acreditem que foram os sicilianos, Don Sartori caçará os culpados cegos de ódio — Vi seu silêncio como um incentivo para continuar — Os Sartori desaparecerão do mapa, Giacomo, e você, o mais velho da família Costello, assumirá a cadeira.

Minha única razão para lutar por uma vida será colocar minhas mãos em cada um deles e fazê-los implorar por uma morte rápida, quando tudo o que conseguirão será o pequeno monstro ensinado, domado e criado pelo próprio Diabo.

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