




Capítulo dois
A Mansão dos Montgomery
"Rápido, a princesa vai chegar a qualquer momento!" Leonardo Montgomery gritou para os empregados. O mordomo-chefe, Diego, que estava na casa dos Montgomery há mais de meio século, sorriu e olhou para seu empregador e amigo, a quem ele carinhosamente chama de 'Papi'. Ele sabia o quanto Papi amava sua pequena princesa. O mundo dele girava em torno dela.
"Papi, relaxa, está tudo sob controle. Mesmo que não tenhamos visto a Senhorita Scarlet por cinco anos, ela não poderia ter mudado tanto a ponto de começar a gostar de fanfarras. Essa não é a nossa garota." Ouvindo a voz do amigo, Leonardo relaxou e suspirou. "Eu só quero dar o meu melhor para ela e tentar mostrar o quanto eu a amo." Ele suspirou cansado. "Papi, você sabe que a Senhorita Scarlet te adora." Diego confortou seu amigo. "Eu sei. Só me preocupo com ela." "Não se preocupe, tudo vai ficar bem." Diego sabia que seu amigo estava falando de mais do que apenas a recepção de boas-vindas. Ele estava preocupado sobre como dar a notícia do noivado entre Scarlet e o herdeiro dos Rossi, algo que precisava ser feito para evitar circunstâncias desagradáveis.
"A Senhorita Scarlet chegou. Todo mundo, rápido, coloquem tudo em ordem!" Nana, a governanta sênior, gritou da cozinha. Scarlet, ao chegar à porta da mansão, viu um espetáculo que deslumbrava os olhos. Toda a Mansão dos Montgomery parecia um festival, com balões e flores de todas as cores. Ao avistar Scarlet, todos os empregados gritaram em coro: "Bem-vinda, Senhorita Scarlet!" Scarlet ficou emocionada. Ela correu e abraçou todos. Essas pessoas não eram apenas empregados; eram família. Ela sentiu muita falta deles.
Leonardo abraçou Scarlet apertado. "Papi, Papi, senti tanto a sua falta." Scarlet chorou emocionada enquanto abraçava seu pai. Afastando-se dela, Leonardo segurou Scarlet à distância. "Deixe-me ver minha garotinha. Por que você está tão magrinha?" Ele exclamou. "Você não tem comido nada?" Ele continuou a bombardeá-la com perguntas. Scarlet riu de alegria. Isso era o que ela sentia falta. Esse pai carinhoso, a quem ela amava de todo o coração. "Eu tenho comido, Papi, mas por mais que eu coma, não parece que eu ganho peso. O que eu devo fazer? Acho que puxei à minha mãe." Ao mencionar sua falecida mãe, o rosto de Leonardo Montgomery ficou triste. Sua amada Estelle, que morreu ao dar à luz Mario, o único filho deles, quando Scarlet tinha apenas cinco anos.
"Isso deve ser verdade." Leonardo respondeu com um pequeno sorriso.
"Papi, você está monopolizando a princesa; o príncipe não pode abraçar sua única irmã?" Uma voz interrompeu o momento entre pai e filha. Leonardo e Scarlet se afastaram, culpados. "Meu Deus, Mario, como você cresceu!" Scarlet exclamou, abraçando seu irmão que não era mais tão pequeno. "Senti sua falta. Como você está?" Ela disse animada. "Bem-vinda, mana; também senti sua falta, mas você está me estrangulando!" Mario protestou. Scarlet soltou o pescoço de Mario e deu um tapinha brincalhão em seu queixo. "Você se tornou um homem em apenas cinco anos, Mario. O que o Papi te deu para comer?" Scarlet perguntou ao irmão de forma brincalhona. "Sim, agora sou um homem, então nada de puxar meu cabelo." Mario riu com alegria.
"Se vocês terminaram a brincadeira, vamos para a mesa; a comida está esfriando, ou vocês querem que a Nana fique brava com a gente?" Leonardo perguntou atrás dos irmãos, que ainda estavam entretidos um com o outro. Scarlet e Mario se olharam, e a mesma expressão de entendimento apareceu em seus rostos.
"Não!" eles exclamaram em uníssono. Rapidamente entrelaçaram as mãos com o pai e entraram na mansão.
O jantar naquela noite na Mansão Montgomery foi uma ocasião barulhenta. Os empregados, que estavam sem muito o que fazer há algum tempo, estavam tão felizes por poderem mostrar suas habilidades.
Nana, esposa de Diego e babá de Scarlet, que também servia como governanta geral, estava muito feliz em ver sua menina de volta e não poupou esforços para agradar e alimentar sua querida menina, de quem sentia tanta falta.
Como ela sobreviveu cinco anos sem Scarlet foi nada menos que um milagre, apenas Mario conseguia consolá-la quando Scarlet teimosamente foi embora. Ela voltou todos os seus instintos maternos para cuidar do pequeno Mario, que cresceu muito rápido e não precisava mais dela.
"Scarlet vai voltar logo, Nana. Você tem que ser forte e esperar ela voltar para casa," seu marido, Diego, continuava dizendo quando ela ansiava tanto ver sua menina e chorava até dormir.
Agora, olhando para ela, toda crescida à mesa de jantar, dava-lhe tanta alegria.
"Por favor, junte-se a nós, Nana. O que você está fazendo aí em pé?" Scarlet, que estava prestes a começar a comer, notou Nana apenas parada e dirigindo os empregados que os serviam.
"Não, Princesa, coma sua comida. Eu só quero ficar aqui e te observar," Nana respondeu com um sorriso em seu rosto rechonchudo. "Não, eu insisto, Nana. Eu não vou conseguir comer sem você ao meu lado. Você sabe que senti sua falta."
Scarlet insistiu, colocando os talheres de lado e se levantando para buscar Nana. "Não, não, querida, eu vou sentar. Não se levante." Nana se moveu para o lado do marido e se sentou, pegando seus talheres, e a conversa na mesa retomou como se nunca tivesse sido interrompida.
Leonardo observava toda a brincadeira na mesa, e seu coração ficou tão cheio que seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas.
Seus filhos estavam todos crescidos, e Estelle perdeu tudo isso, ele desejava que ela pudesse vê-los.
Diego, sentado perto de seu mestre, rapidamente percebeu suas emoções e tocou a mão de Leonardo sob a mesa, um toque reconfortante, dizendo-lhe que ele não estava sozinho.
Leonardo rapidamente recolheu suas emoções dispersas e sorriu para seus filhos. Feliz por poder ver esse dia, mesmo que Estelle não pudesse.
Eles jantaram até a noite, e todos relaxaram na sala de estar, com Scarlet contando a todos histórias de sua jornada em terras estrangeiras. Até os empregados se reuniram para ouvir as travessuras de Scarlet. Ah, eles sentiram falta de sua linda princesa com um coração de ouro. A mansão nunca mais foi a mesma desde que ela partiu. Todos estavam felizes que ela estava de volta, e com seu retorno, luz e risos preencheram a mansão sombria mais uma vez.