A Besta do Fardo
Oliver
Eu nem estava pensando duas vezes antes de atender ligações hoje. Já tinha enviado meus três melhores batedores para verificar a área ao redor da antiga casa da garota. Tinha um analista investigando o que podia sobre a família de caçadores com a qual ela estava envolvida e fiz chamadas para matilhas em um raio de 800 quilômetros perguntando sobre atividades de caçadores.
Até agora, o consenso era que os caçadores estavam quietos recentemente, quase preocupantemente. Havia apenas algumas facções principais de caçadores em todo o país. Eles tendiam a trabalhar juntos, formando seu próprio tipo de matilha. Normalmente, era um bico para eles enquanto mantinham vidas normais. Anos atrás, tentaram fazer barulho sobre as coisas que assustavam os humanos à noite, mas foram rapidamente descartados como mentalmente instáveis. Isso nos serviu bem, resultando em um grande número de nossas ameaças sendo trancadas e consideradas insanas. De uma maneira indireta, também garantiu a ideia de que éramos apenas o enredo do próximo pior romance de fantasia e nada mais.
Se não fosse por alguns poucos de nossa espécie, eu tinha que pensar que nem haveria caçadores. Nós éramos um povo pacífico que cuidava do bem de todos, não apenas dos nossos. Também tínhamos os meios e a estrutura para lidar com nossas próprias maçãs podres.
A garota era importante, mas a matilha era a prioridade. Eu tinha que fazer tudo o que podia para evitar que uma ameaça chegasse à nossa porta, mesmo que essa garota chegasse. Uma vez que ela aparecesse, ela seria da matilha. Adair não permitiria outra coisa. Ela faria parte da matilha que eu precisava proteger.
Ela faria parte da matilha que eu precisava proteger dela.
O telefone tocando estava se tornando um som irritante, então eu o peguei a contragosto só para fazer o barulho parar.
“O quê?” Eu resmunguei. As ligações estavam ficando exaustivas.
“Ollie, eu preciso de ajuda.” Sua voz estava frenética. Isso não era normal - mesmo quando ele estava em apuros. Ele também nunca pedia ajuda diretamente. “Ela sumiu! Ela simplesmente sumiu! Estávamos a apenas umas 3 horas de distância, mas ela sumiu.”
“O que você quer dizer com 'ela sumiu'?” Eu exigi. “Eu te disse para não tirar os olhos dela!”
“Paramos para abastecer em Pierre, ela entrou para ir ao banheiro e deve ter fugido. Desculpa, cara, eu só -”
“Siga-a,” eu disse. “Ela não vai se transformar, e se o fizer, você provavelmente terá mais facilidade em lidar com o lobo dela.”
“Sim, ok,” ele gaguejou.
“Estou a caminho.”
Adair queria correr, mas um carro seria mais rápido. Eles estavam a apenas três horas de distância, e era um pouco antes das 11. Ele poderia sair para desempenhar seu papel assim que chegássemos lá. Se tudo corresse bem, poderíamos estar de volta aqui esta noite. Eu não estava preocupado em encontrá-la. Apenas em encontrá-la primeiro.
Saí a passos largos para a garagem e entrei no meu Land Cruiser. Sentei e pensei por um momento antes de sair. Perseguir uma desordeira fraca sem conexões com a matilha a centenas de quilômetros de distância não era algo que um Alfa deveria estar fazendo. Era algo que um guerreiro ou batedor poderia facilmente assumir, especialmente com Trevor já lá. Na verdade, a única razão pela qual Trevor precisava de ajuda era porque parecia que sua conexão emocional com essa garota estava nublando seu julgamento e função. Na verdade, até mesmo um dos filhotes recém-transformados que tinha um ano ou mais de treinamento básico provavelmente poderia lidar com isso muito bem. Adair não se importava, no entanto, e nos pressionava.
Me incomodava um pouco o quão ferozmente protetor Adair era com essa garota. Mas, por outro lado, o instinto protetor era algo que vinha naturalmente para um Alfa.
Eu vasculhei os membros da matilha, verificando se Rose ainda estava ao alcance. Ela estava animada por receber uma missão tão grande e tinha saído para arrumar as malas e partir quase imediatamente. Eu disse a ela que queria que voltasse em uma semana. Isso deveria ser tempo suficiente para garantir que meu irmão não deixasse nenhum rastro da bagunça, ver como as coisas foram gerenciadas e monitorar se outros caçadores apareciam para bisbilhotar.
Apenas vagamente, senti que ela ainda estava perto da matilha. 'Rose,' eu alcancei. O vínculo mental era uma coisa mágica, e algo que eu constantemente me perguntava como os humanos viviam sem. Provavelmente por isso que celulares e mensagens de texto se tornaram uma necessidade para a vida cotidiana, enquanto para nós, eram apenas um incômodo e uma coisa extra para carregar.
'Sim, Alfa?'
Ser chamado de Alfa era algo que eu jurava que nunca me acostumaria. Eu preferia muito mais ser chamado de 'Oliver', e a maioria dos membros da matilha com quem eu interagia regularmente usava isso em vez.
'Vou precisar que você pare em Pierre por um tempo antes de seguir em frente. Podemos precisar de mais um par de mãos. Você pode enviar os outros à frente.'
'Sim, Alfa.'
A falta de perguntas, no entanto, era algo com o qual eu estava muito satisfeito. Mesmo que não precisássemos dela para ajudar a trazer a garota de volta, outra mulher por perto provavelmente seria mais reconfortante do que ser emboscada por um grupo de homens.
Peguei meu telefone enquanto saía da longa entrada, nossa pequena cidade passando enquanto eu discava. Era uma segunda-feira, então as coisas estavam quietas. As pessoas aqui ainda trabalhavam, os filhotes estavam na escola, os guerreiros de carreira estavam treinando.
Trevor não atendeu. A recepção neste estado sempre foi miserável. Outro motivo para ser grato pelo vínculo mental. Tentei alcançar Rose, mas ela estava longe o suficiente para que eu não conseguisse me comunicar com ela também. Eu só tinha que esperar que eles tivessem a garota segura quando eu chegasse lá, ou que eu recebesse uma ligação no caminho dizendo que poderia voltar.
“Droga,” murmurei para mim mesmo. Graças a Deus pelos limites de velocidade de 130 km/h, pelo menos. Eu aceleraria, de qualquer maneira. Era um bom momento para ver quantos quilômetros por litro esse velho carro conseguia fazer.