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Trevas

Ponto de vista do conde

Tudo estava perfeito, até que aquela maldita garota quase arruinou tudo com seu ridículo ataque cardíaco.

Eu atravessava os corredores da propriedade, minha raiva fervendo logo abaixo da superfície. Valerie. Só o nome já era suficiente para acender minha fúria. Ela tinha sido uma presença problemática desde que chegou, mas isso foi a gota d'água. Eu não permitiria que ela colocasse minha posição em risco.

Enquanto me aproximava dos aposentos dela, minha mente corria com pensamentos de como eu a repreenderia. Ela entenderia a gravidade de suas ações e pagaria por sua imprudência. Cheguei à porta dela e bati com força, esperando ouvir sua voz tímida me convidando a entrar. Mas não houve nada. Silêncio.

Franzi a testa e bati novamente, mais alto desta vez. Ainda sem resposta. A irritação cresceu dentro de mim. "Valerie!" eu gritei, minha paciência se esgotando. "Abra esta porta imediatamente!"

Quando ainda não houve resposta, não esperei mais. Empurrei a porta e entrei, pronto para liberar minha ira. Mas o quarto estava vazio. A cama estava arrumada, as cortinas fechadas e os pertences dela espalhados como se ela tivesse saído às pressas.

Um frio desconfortável se instalou no fundo do meu estômago. Onde ela poderia ter ido? Olhei ao redor do quarto, meus olhos se estreitando ao perceber os sinais de sua partida abrupta. Fiquei mais irritado enquanto estava no quarto. Eu a havia avisado várias vezes para não ousar sair dos aposentos à noite, e apenas dois dias depois descubro que ela realmente saiu.

Eu xinguei baixinho, uma mistura de raiva e preocupação me corroendo. Eu não podia deixar outra noiva desaparecer, a vila já pensava que eu era algum tipo de monstro e isso estava começando a afetar minha propriedade. Isso não era apenas um ato impulsivo. Aposto que ela planejou isso. Mas por quê? E mais importante, onde ela poderia pensar que poderia se esconder de mim?

Virei nos calcanhares e saí do quarto, minha mente correndo com perguntas. Eu precisava encontrá-la, trazê-la de volta e fazê-la entender as consequências de me desafiar. Enquanto me dirigia ao escritório, convoquei meu servo mais confiável, e a empregada que cuidava dela, chamada Julian.

"Julian," eu disse, minha voz fria e autoritária, "Valerie desapareceu. Preciso que você a encontre. Procure nos terrenos, questione os funcionários, faça o que for necessário. Mas traga-a de volta para mim."

Julian assentiu, sua expressão séria. "Sim, meu senhor. Começarei a busca imediatamente."

Quando ela saiu, afundei na cadeira atrás da minha mesa, minha mente a mil. O desaparecimento de Valerie não era apenas um inconveniente; era uma ameaça à minha imagem cuidadosamente construída. Se soubessem que uma mera garota me desafiou e escapou, isso minaria minha autoridade.

Servi-me um copo de conhaque, o líquido âmbar acalmando meus nervos desgastados. Eu precisava pensar. Valerie era mais do que apenas uma garota problemática; havia algo nela.

O pensamento me deu um calafrio. Se a Morte estivesse envolvida, isso era muito mais sério do que eu havia percebido. Mas, independentemente do motivo, Valerie seria encontrada. Ela seria trazida de volta e responderia por suas ações.

Enquanto eu olhava para o fogo, as chamas dançando na lareira, fiz um voto silencioso. Valerie não escaparia de seu destino. Ninguém desafiava o Conde e vivia para contar a história. E eu garantiria que ela aprendesse bem essa lição.

Ponto de vista de Valerie

Hades segurou minha mão, envolvendo seus dedos ao redor do meu pescoço. "Acho que é hora de você visitar sua nova casa."

Olhei para ele, exausta demais para lutar, mas meus olhos imploravam. Imploravam para que me deixasse viver minha vida miserável em paz, imploravam para que ele não me matasse...

Mas, acima de tudo, para que apenas me deixasse em paz. "Por favor, eu não posso morrer assim," implorei, mas nada saiu da minha boca, era como se minha boca tivesse sido selada.

Tentei mover minhas mãos para empurrá-lo, mas foi a mesma coisa. Mal consegui levantar um dedo.

Minha mente voltou ao meu pai.

Ele sentiria minha falta?

Ele lamentaria meu desaparecimento?

Ele seria indiferente a isso?

Enquanto meus olhos pesavam, senti a sensação paralisante me envolver, puxando-me para o abismo escuro, preparando-me para meu destino.

Era isso, assim mesmo, eu era adicionada como uma das noivas desaparecidas do conde. Nunca mais seria vista, assim como as outras.

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