Capítulo 2
"Você se lembra daquela vez que a gente entrou escondido na biblioteca do seu pai porque nossa bola ficou presa lá?" Jessie começou a rir e Taylor a acompanhou.
"Meu pai ficou tão bravo com a gente. Ele nos proibiu de brincar com aquela bola. Ele nos proibiu de fazer qualquer coisa que envolvesse meninos e disse que deveríamos nos comportar como damas."
"Sabe o que mais me fez rir? Foi quando ele trouxe uma professora para nos ensinar a nos comportar como damas." Jessie começou a rir novamente.
"Lilly estragou o vestido da professora e meu pai ficou tão bravo com minha irmã por causa disso."
"Ele desistiu. Estava cansado de tentar nos fazer comportar como damas." Jessie suspirou. "Aquele foi um tempo muito bom. Eu queria que pudéssemos voltar para quando as coisas eram fáceis para nós e podíamos ter o que quiséssemos." Ela balançou a garrafa e, quando nada saiu, a colocou na mesa. "Esse champanhe era bom."
"Sim. Vai ter uma festa em Las Vegas e eu vou ser responsável pelas bebidas lá. Esta amostra será apresentada. Quero que você esteja lá. Este é meu primeiro grande evento, Jess."
Jessie suspirou.
"Eu conheço esse olhar," disse Taylor.
"Que olhar?" perguntou Jessie.
"Você está desistindo. Não acredito que isso está acontecendo. Achei que tínhamos conversado sobre fazer ele entender que você é uma mulher que quer realizar seus sonhos. O que é isso agora, Jessie?"
"Calma. Me escuta. Eu não estou desistindo. É numa sexta-feira, certo?"
Taylor revirou os olhos. "Obviamente."
"Eu também vou ter um evento nesse dia. Foi por isso que fiz aquela cara. E além disso, esse não é seu primeiro grande evento. Todo evento sempre foi seu primeiro grande evento toda vez que você me diz que tem um evento."
"Mas agora é sério. É meu primeiro evento realmente grande e você tem que vir para mostrar seu apoio. Eu preciso de você, amiga."
Jessie suspirou. "Tudo bem." Ela assentiu. "Vou ver o que posso fazer nesse dia."
"Você é a melhor das melhores das melhores." Taylor se aproximou dela enquanto continuava a beijar as bochechas de Jessie. "Eu sabia que sempre poderia contar com você para fazer isso por mim."
O celular dela apitou quando voltou à posição normal. Ela o pegou e olhou para Jessie. "Ops. É a gerência. Desculpa, querida. Tenho que ir. Acho que não vou poder ficar aqui por mais tempo." Ela pulou do banquinho e Jessie fez o mesmo. Taylor segurou sua mão. "Boa sorte no seu encontro hoje à noite. Eu sei que você consegue. Você sempre foi o tipo de mulher que consegue o que quer e isso é o que você quer. Não quero que você tenha nenhum arrependimento e eu te apoio em qualquer decisão que você tomar. Não se esqueça de que você é uma mulher elegante e linda também." Taylor levantou a mão de Jessie e a fez girar. "Um vestido vermelho curto ficaria ótimo em você hoje à noite. Divirta-se e não se esqueça de me contar tudo em detalhes. Tchau." As duas fizeram seu aperto de mão secreto que quase levou um minuto antes de Jessie ver Taylor na porta.
Taylor beijou suas bochechas mais uma vez antes de sair de casa.
Jessie balançou a cabeça enquanto voltava para a cozinha. Ela não conseguia parar de sorrir. Sua amiga era boba e nunca mudaria.
Vestido vermelho, hein? Ela limpou as taças de vinho vazias e guardou a garrafa. Foi um presente de sua amiga e também memórias que sua amiga fez com ela. Jogar fora seria um desperdício.
Quando Jessie terminou na cozinha, ela foi para o quarto. Quando o casamento acabasse, ela e Mark se mudariam para um lugar maior onde criariam seus filhos juntos. Nunca em seus sonhos mais loucos ela pensou que conseguiria as coisas que sempre quis. Um homem que a ama e quer construir uma família com ela. Ela não conseguia parar de sorrir enquanto abria seu armário.
Ela pegou o vestido vermelho que comprou para seu evento de sexta-feira daqui a duas semanas e olhou no espelho para ver se combinava com o clima e combinava. Ela colocou o vestido na cama e verificou qual penteado combinaria com o vestido. Rabo de cavalo ou solto. Ela parecia mais jovem com rabo de cavalo, então optou por ele.
Jessie procurou por saltos agulha que combinassem. Usou brincos e correntes prateadas que tinham o mesmo design.
Depois de sair do banho, ela se secou e se vestiu. Sempre foi uma mulher perfeita. A mulher que nunca foi quem ela realmente era, mas outra pessoa que só tinha seu rosto, corpo e nome, mas não seu coração. Forçou um sorriso no rosto novamente. Era tudo o que ela queria; estar com ele e a vida que ele lhe proporcionava. O conforto que ele oferecia.
Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e usou sua identidade como sempre fazia. Olhos esfumados quando terminou de aplicar a sombra. Batom vermelho era uma forma de confiança para ela. Jessie calçou seus saltos vermelhos e se levantou para olhar sua imagem no espelho de corpo inteiro.
Perfeição era tudo o que ela via. Nenhuma falha era mostrada e, mesmo que alguém se aproximasse dela, pensariam que ela tinha tudo sob controle, o que era uma mentira.
A noite era dela e ela teria que garantir que conseguiria o que queria.
Jessie Walker chegou ao restaurante Marcellus por volta das 20h. Foi recebida pelo garçom que a levou ao assento que havia reservado. Jessie era o tipo de mulher que adorava vistas e coisas bonitas. Ela escolheu uma mesa perto da janela no último andar. Era lindo observar as ruas à noite, conforme lera na resenha sobre o restaurante.
Ela não conseguia parar de sorrir. Imaginando diferentes tipos de cenários em sua cabeça sobre como Mark reagiria quando ela lhe dissesse o que queria. Ela esperava que ele a aceitasse como ela era e concordasse em apoiar seus sonhos também. "Nunca tenha medo de perder um homem." essas palavras de Taylor continuavam ecoando em sua cabeça.
Ela se sentia sufocada. E se Mark mudasse de ideia sobre se casar com ela se ela dissesse aquelas palavras? Ela não podia recuar agora. Ela tinha que ser sua própria mulher, assim como Taylor era. Abriu sua bolsa e pegou seu batom vermelho. Tirou um pequeno espelho e o abriu para reaplicar o batom. Pressionou os lábios juntos lentamente enquanto olhava no espelho para verificar se estava perfeito. Depois colocou o elegante kit de volta na bolsa.
Jessie se ajustou na cadeira e se apresentou educadamente ao ver Mark caminhando em sua direção. Ela forçou um sorriso que mostrava todos os seus dentes brancos.
"Desculpe pelo atraso. Fiquei preso no trabalho." Mark se sentou.
"Está tudo bem," disse Jessie. Ainda sorrindo.
Mark notou que ela estava diferente dos outros dias. "É um vestido novo? Nunca te vi usar esse antes."
Jessie assentiu lentamente. "Era para minha apresentação na sexta-feira."
"Você está linda esta noite. Não... Não me entenda mal. Você sempre foi linda, mas esta noite, você está perfeita." Exatamente a palavra que Jessie esperava que ele dissesse e ele disse.
"Obrigada, querido. Devo fazer o pedido para você?" Jessie olhou para o cardápio à sua frente.
Mark pegou seu cardápio e olhou para os pratos exibidos ali.
Jessie observou enquanto ele passava a mão sobre eles. Ela não podia estragar o jantar. Era para ser um dia feliz para os dois. Ela teria que fazer a pergunta quando terminassem de comer. O que ela aprendeu sobre ser perfeita é permanecer perfeita e isso incluía comer. Nada de falar enquanto come. Essa era uma das regras de "A PERFEITA". Comer elegantemente para que as pessoas notem a maneira como você faz as coisas. Andar elegantemente sem se curvar para que pessoas importantes se aproximem de você e, por último, nunca mostrar suas falhas. Sempre mantê-las escondidas porque é onde elas pertencem quando você é perfeita!
Mark acenou para o garçom que estava a dois metros atrás deles. "Vou querer isso e isso." Ele apontou.
"É só isso?" O garçom perguntou e ele assentiu. Jessie fez seu pedido também e observou o garçom se afastar deles. Mark ajustou sua gravata e sentou-se elegantemente na cadeira. Ele usou os olhos para procurar ao redor da sala. "Você escolheu um lugar agradável," ele disse.
"Vi na resenha que este é o melhor lugar para sentar. Sei que você não gosta de altura. Por isso escolhi esta cadeira. Perto da janela. Não é perfeito?" ela perguntou, mostrando os dentes novamente. Mark assentiu.