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Capítulo 6: Uma sinfonia de chuva e lágrimas

Ariana

A chuva, implacável e impiedosa, parecia espelhar a tempestade que rugia dentro do meu coração. Eu estava na beira do território da Alcateia da Lua de Sangue, encharcada até os ossos, minha alma pesada com o peso da rejeição. A lembrança de sua risada fria reverberava na minha mente, um lembrete cruel do abismo que nos separava.

A cada gota de chuva que caía sobre mim, eu sentia uma onda de dor, cada uma um pequeno espinho que se somava à crescente tempestade de emoções dentro de mim. Eu havia buscado compreensão, clareza, até mesmo um vislumbre de compaixão, mas tudo o que recebi foi zombaria—zombaria que cortava minha determinação como uma lâmina.

Enquanto a chuva encharcava minhas roupas e esfriava minha pele, eu sentia um profundo senso de desespero se instalando sobre mim. O mundo ao meu redor parecia embaçado, minha visão turvada tanto pela chuva física quanto pelas lágrimas que começavam a escorrer livremente pelo meu rosto. Caí de joelhos, minhas mãos agarrando o chão molhado como se buscassem consolo na própria terra.

A dor no coração era quase insuportável, um peso esmagador que me deixava sem fôlego. Eu havia acreditado, esperançado, que ele poderia ver além das fronteiras que nos dividiam, que ele poderia reconhecer a conexão que compartilhávamos. Mas sua risada havia despedaçado essa esperança, deixando-me sentindo quebrada e descartada.

Fiquei ali, ajoelhada na chuva, até que o frio tivesse penetrado meus ossos e meu corpo estivesse dormente. Era como se a tempestade externa tivesse se fundido com a turbulência no meu coração, criando uma sinfonia de dor e desespero que ecoava por todo o meu ser.

Quando finalmente consegui me arrastar de volta para a segurança do território da Alcateia da Lua de Prata, eu era um desastre trêmulo e encharcado. A chuva havia lavado os restos da minha maquiagem, deixando meu rosto nu e vulnerável—um espelho das emoções cruas que fervilhavam dentro de mim.

No dia seguinte, as consequências da minha imprudência se manifestaram na forma de uma febre que ardia pelo meu corpo. Eu estava deitada na minha cama, tremendo e delirando, meus pensamentos um caos confuso. O mundo ao meu redor parecia embaçado e distorcido, a realidade se misturando com sonhos induzidos pela febre.

Nos meus momentos de clareza, eu vislumbrava minha amiga Estella—leal e inabalável—que sentava ao lado da minha cama, a preocupação estampada em suas feições. Sua presença trazia um breve senso de conforto, um lembrete de que eu não estava completamente sozinha nessa jornada tumultuada.

"Ei, você está acordada," sua voz era um bálsamo suave enquanto ela se inclinava sobre mim, sua mão afastando uma mecha de cabelo úmido da minha testa.

Consegui acenar com a cabeça, minha garganta seca e arranhada enquanto tentava falar. "Sim... quanto tempo...?"

"Você ficou fora por um dia," ela respondeu gentilmente, a preocupação evidente em seus olhos. "Como você está se sentindo?"

Eu me mexi na cama, fazendo uma careta enquanto meu corpo protestava com o movimento. "Fraca. Com frio."

Ela pegou um cobertor próximo, cobrindo-me com um toque suave. "Você vai superar isso. Apenas descanse e deixe seu corpo se curar."

Consegui esboçar um sorriso fraco, grata por sua presença e seu apoio inabalável. "Obrigada por estar aqui."

Ela sorriu de volta, seus olhos cheios de calor. "Claro, você é minha amiga. Sempre estarei aqui para você."

Quando minha febre finalmente cedeu, deixando-me fraca e exausta, ela permaneceu ao meu lado. Eu me agarrava a ela como se fosse minha tábua de salvação, o único âncora em um mundo que se tornara cada vez mais turbulento.

Foi no casulo de seu abraço que finalmente me permiti desmoronar, as comportas das minhas emoções se abrindo. As lágrimas fluíam livremente, meus soluços ecoando pelo quarto enquanto eu chorava a dor que vinha se acumulando dentro de mim.

"Fui abandonada pelo meu companheiro," soluçava, as palavras uma amarga admissão que deixava um gosto amargo na minha boca.

Estella me segurava mais forte, sua presença um bálsamo reconfortante contra as feridas que haviam sido infligidas no meu coração. Ela não oferecia palavras de conforto, nem promessas vazias, mas sua mera presença era suficiente—um lembrete de que eu era vista, ouvida e amada.

Alguns dias depois, eu estava ficando mais doente e pior, mas minha família estava se preparando para o casamento de Seraphina, e ninguém estava prestando atenção em mim.

Do meu quarto, eu podia ouvir a conversa animada da minha família enquanto se ocupavam com os preparativos. O iminente casamento da minha irmã gêmea Seraphina com o notório Alfa da Alcateia da Lua de Sangue, Lucas, era o assunto da Alcateia da Lua de Prata—uma ocasião alegre que havia lançado uma sombra sobre meu próprio coração.

As vozes dos meus pais ecoavam no ar, uma mistura harmoniosa de orgulho e excitação. "Ah, ele é um ótimo partido, não é? Nossa futura Luna encontrou um companheiro digno," minha mãe Marilyn dizia, seu tom carregado de admiração.

A risada robusta do meu pai Andrew ressoava em resposta. "De fato, minha querida. É uma união que certamente trará honra à nossa alcateia."

A voz de Seraphina se juntava, suas palavras tingidas com uma mistura de arrogância e antecipação. "Você pode acreditar, mãe? Eu, a guerreira da nossa alcateia, em breve estarei unida a um dos Alfas mais poderosos do mundo dos lobisomens."

As palavras pairavam no ar, um lembrete sutil do meu próprio lugar dentro da alcateia. Seraphina sempre foi o orgulho da nossa família, suas habilidades de guerreira e determinação inabalável lhe rendendo adoração e respeito. Em contraste, eu, a gêmea quieta e discreta, muitas vezes me sentia como uma sombra lançada em seu rastro formidável.

Enquanto a chuva continuava a cair lá fora, eu apertava os cobertores ao meu redor, uma mistura de tristeza e resignação se instalando sobre mim. A realidade da união iminente de Seraphina com Lucas era um doloroso lembrete dos meus próprios sonhos despedaçados.

Os passos da minha irmã se aproximaram, a porta do meu quarto rangendo ao se abrir enquanto ela entrava. "Olhe para você, ainda de cama," ela comentou, sua voz uma mistura de falsa simpatia e condescendência.

Eu esbocei um sorriso fraco, tentando mascarar a turbulência que fervilhava dentro de mim. "Apenas um pequeno contratempo. Logo estarei de pé novamente."

Ela soltou uma risada desdenhosa, seu olhar permanecendo sobre mim com uma mistura de superioridade e diversão. "Bem, é uma sorte que você não seja a noiva, não é? Não queremos que nada estrague a grande celebração."

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