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Capítulo 3: Uma decisão desesperada

Ariana

Um mês havia se passado desde aquela noite fatídica, quando meu mundo mudou e se despedaçou sob o peso de segredos e desejos. A memória de Lucas—o notório Alfa da Alcateia da Lua de Sangue—ainda pairava nos recônditos da minha mente, um lembrete constante das escolhas que fiz e do caminho que agora trilho.

Os dias se misturaram, cada um marcado por um sentimento de saudade e arrependimento que parecia se enrolar em mim como um torno. Eu seguia as rotinas da vida na alcateia, minhas ações eram uma dança cuidadosamente orquestrada para manter meus segredos escondidos. No entanto, apesar dos meus esforços, notícias de um noivado iminente conseguiram penetrar as paredes que eu havia construído ao meu redor.

Sussurros sobre o noivado entre Lucas e minha irmã Seraphina reverberavam pela Alcateia da Lua de Prata, enviando ondas de excitação e antecipação por todo o nosso território. A união entre nossa alcateia e a poderosa Alcateia da Lua de Sangue era vista como uma aliança triunfante, que prometia força e unidade contra qualquer ameaça que pudesse surgir.

A excitação no ar era palpável, mas meu coração permanecia pesado com uma emoção diferente—uma emoção que eu lutava para nomear. Era uma mistura de tristeza, ressentimento e uma sensação inabalável de perda. Saber que meu companheiro—meu suposto alma gêmea—agora estava prometido a outra era um golpe amargo de engolir.

Eu observava da periferia enquanto Seraphina se deleitava com a adoração da nossa alcateia, cada movimento dela era recebido com admiração e aprovação. A preferência do meu pai por ela era dolorosamente evidente, sua atenção e afeição um contraste gritante com a negligência à qual eu havia me acostumado.

Quando o noivado foi anunciado, uma onda de tristeza me invadiu, ameaçando me afogar em suas profundezas. Eu me sentia como uma estranha, uma espectadora na minha própria vida, enquanto o mundo celebrava uma união que parecia uma cruel reviravolta do destino. Eu estava perdida no mar de felicitações e votos de felicidade, meus próprios desejos e sentimentos enterrados sob camadas de obrigação e fingimento.

Mas nas profundezas do meu coração, uma resistência feroz ardia. A ideia de Seraphina tomar o companheiro que era legitimamente meu era insuportável. Eu me recusava a aceitar isso—ser relegada às sombras mais uma vez, permitir que minha felicidade fosse ditada pelos caprichos dos outros.

Foi essa determinação ardente que me levou a tomar uma decisão, uma decisão que mudaria o curso da minha vida. Eu não podia ficar parada e assistir enquanto o homem que eu acreditava ser destinado a mim entrava no centro das atenções, enquanto eu permanecia nas sombras, consumida pela minha própria dor.

Com cada passo determinado, eu me dirigia ao território da Alcateia da Lua de Sangue, a luz da lua me guiando pela floresta escura. A tensão no ar era palpável, um reflexo do turbilhão que fervia dentro de mim. Eu era movida por uma necessidade de reivindicar o que era legitimamente meu, de confrontar Lucas e dizer a ele que eu era sua companheira.

À medida que me aproximava da imponente entrada do território da Alcateia da Lua de Sangue, meu coração disparava com uma mistura inebriante de antecipação e nervosismo. Era isso—o momento que poderia mudar tudo. Endireitei os ombros e respirei fundo, minha determinação firme enquanto me preparava para enfrentar o homem que, sem querer, havia se tornado o centro do meu mundo.

Mas minha determinação foi curta. Antes que eu pudesse dar outro passo, uma figura emergiu das sombras—uma presença alta e imponente que bloqueou meu caminho. Era o beta de Lucas, um guerreiro leal e feroz que servia ao lado de Lucas.

Ele cruzou os braços sobre o peito, seu olhar inabalável enquanto me estudava com uma mistura de escrutínio e curiosidade. "Ariana," ele murmurou, sua voz tingida com um toque de cautela. "O que te traz aqui?"

Hesitei, meu coração batendo forte no peito enquanto encontrava seu olhar. "Preciso falar com Lucas," consegui dizer, minha voz não traindo a incerteza que fervilhava dentro de mim.

A testa do beta se franziu, sua expressão ilegível. "Sobre o quê?"

Respirei fundo, reunindo coragem para expressar meus pensamentos em voz alta. "Preciso dizer a ele que sou sua companheira."

Seus olhos se arregalaram de surpresa, um lampejo de compreensão cruzando suas feições. "Ah, entendo." Ele pareceu considerar minhas palavras por um momento antes de balançar a cabeça. "Receio que isso não seja possível."

Meu coração afundou, decepção se misturando com frustração. "Por que não?"

O olhar do beta suavizou, e ele deu um passo mais perto de mim. "Lucas está... ocupado no momento. Os preparativos para a união iminente estão exigindo sua atenção."

Cerrei os punhos, uma onda de determinação surgindo dentro de mim. "É importante," insisti, minha voz tingida de desespero. "Ele precisa saber."

Beta Marcus me observou por um longo momento, sua expressão pensativa. "Muito bem," ele finalmente disse, seu tom cedendo à minha persistência. "Vou transmitir sua mensagem a ele."

Um alívio me inundou, seguido por um renovado senso de determinação. "Obrigada," murmurei, minha gratidão genuína.

Ele assentiu uma vez antes de se virar, sua figura desaparecendo na escuridão. Fiquei ali por um momento, o peso das minhas palavras pairando no ar. Eu havia dado o primeiro passo, havia expressado meus desejos—agora, restava esperar e ver se o destino seria gentil o suficiente para me conceder uma chance no amor que eu tanto ansiava.

Enquanto me virava e fazia meu caminho de volta para casa, a luz da lua iluminando meu caminho, não pude deixar de me perguntar o que o futuro reservava. O caminho à frente era incerto, repleto de desafios e obstáculos, mas eu estava preparada para enfrentá-los todos em nome do amor e da esperança que havia sido acesa dentro de mim.

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