




Capítulo 1
QUANDO O RUÍDO BRANCO COMEÇOU, estávamos no Jardim, arrancando ervas daninhas.
Eu sempre reagia mal a isso. Não importava se eu estava do lado de fora, comendo no Refeitório, ou trancada na minha cabana. Quando começava, os tons estridentes explodiam como uma bomba entre meus ouvidos. Outras garotas em Thurmond conseguiam se levantar depois de alguns minutos, sacudindo a náusea e a desorientação como a grama solta que grudava nos uniformes do acampamento. Mas eu? Horas se passavam antes que eu conseguisse me recompor.
Desta vez não deveria ser diferente.
Mas foi.
Eu não vi o que aconteceu para provocar a punição. Estávamos trabalhando tão perto da cerca elétrica do acampamento que eu podia sentir o cheiro do ar queimado e a voltagem vibrando nos meus dentes. Talvez alguém tenha se atrevido a sair dos limites do Jardim. Ou talvez, sonhando alto, alguém tenha realizado todas as nossas fantasias e jogado uma pedra na cabeça do soldado mais próximo das Forças Especiais Psi. Isso teria valido a pena.
A única coisa que eu sabia com certeza era que os alto-falantes emitiram dois sinais de alerta: um curto, um longo. A pele do meu pescoço arrepiou enquanto eu me inclinava para frente na terra úmida, mãos pressionadas firmemente contra os ouvidos, ombros tensos para aguentar o impacto.
O som que saiu dos alto-falantes não era realmente ruído branco. Não era aquele zumbido estranho que o ar às vezes assume quando você está sentado sozinho em silêncio, ou o leve zumbido de um monitor de computador. Para o governo dos Estados Unidos e seu Departamento de Juventude Psi, era o filho do amor de um alarme de carro e uma broca de dentista, aumentado o suficiente para fazer seus ouvidos sangrarem.
Literalmente.
O som rasgou os alto-falantes e destruiu cada nervo do meu corpo. Forçou seu caminho além das minhas mãos, rugindo sobre os gritos de cem adolescentes esquisitos, e se instalou no centro do meu cérebro, onde eu não podia alcançar e arrancá-lo.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Tentei enfiar meu rosto no chão—tudo o que eu podia sentir na boca era sangue e terra. Uma garota caiu para frente ao meu lado, a boca aberta em um grito que eu não conseguia ouvir. Todo o resto ficou fora de foco.
Meu corpo tremia no ritmo das explosões de estática, se encolhendo como um pedaço de papel velho e amarelado. As mãos de alguém estavam sacudindo meus ombros; ouvi alguém dizer meu nome—Ruby—mas eu estava longe demais para responder. Longe, longe, longe, afundando até não restar nada, como se a terra tivesse me engolido em uma única, profunda respiração. Então, escuridão.
E silêncio.