




A menos que eu queira que isso aconteça
"Senhorita Lilith não deveria ter feito isso," disse Zoey enquanto pegava os vestidos danificados do chão. "Se Sua Majestade descobrir, ele vai punir severamente a Senhorita Lilith." Ela parecia preocupada com Lilith.
"Por que os humanos concordaram em servir aos demônios? Eles destruíram nossas vidas. Devíamos nos unir para encontrar uma maneira de matá-los," Lilith cuspiu de raiva. Zoey ficou chocada ao ouvir suas palavras. Ela não conseguia entender por que Lilith falava tão fortemente contra os demônios.
"Senhorita Lilith, eles ainda são melhores do que o antigo rei e sua administração," respondeu Zoey. "O antigo rei, sua família e os administradores estavam interessados apenas em seus próprios ganhos, desconsiderando o bem-estar do povo do reino," Zoey explicou para Lilith.
"Talvez tenha trazido algum benefício para certas pessoas, mas o retorno deles trouxe desgraça para mim. Eu perdi meu pai," Lilith fez uma pausa, seus olhos se enchendo de lágrimas. Zoey olhou para Lilith e percebeu que sua raiva vinha da morte de seu pai, dez anos atrás, quando os demônios ressurgiram.
"Senhorita Lilith, por favor, não chore no seu aniversário," disse Zoey enquanto se levantava do chão. Ela colocou os vestidos em uma das extremidades da mesa central. "Se a Senhorita Lilith quiser, pode descansar. Sua Majestade estará disponível apenas à noite," sugeriu Zoey.
"Eu não quero dormir," disse Lilith. "Quero encontrar Apollyon. Esperei por este dia durante dez anos. Uma vez que eu o veja, estarei em paz." Ela pediu a Zoey se poderia arranjar uma adaga para ela.
"Perdão, Senhorita Lilith?" Zoey ficou perplexa com o pedido estranho.
"Por favor, Zoey. Você não entende o quanto isso é importante para mim. Os demônios foram selados por uma razão. Eles exploram os humanos e não têm compaixão por nós. Eu não direi a ninguém que você trouxe. Direi que é minha. Apenas traga para mim, Zoey. Serei eternamente grata," Lilith implorou, juntando as mãos.
Zoey se sentiu em conflito. Ela sentia simpatia por Lilith e entendia seu desespero para matar Apollyon, mas também sabia o quão poderoso ele era. Ela tinha ouvido histórias de como Apollyon havia massacrado centenas de pessoas da família real ao acordar. Seu poder era incompreensível, e não se via uma única gota de sangue em seu corpo.
"Senhorita Lilith, eu aconselho fortemente que fale com Sua Majestade primeiro. Ouvi dizer que seu temperamento é implacável. Sua Majestade não tolera quando alguém desafia suas ordens, e aqueles que ousam desafiá-lo são reduzidos a cinzas. No entanto, Sua Majestade tem mostrado paciência e leniência com a Senhorita Lilith. Por favor, não contemple machucar Sua Majestade durante seu primeiro encontro com ele," Zoey aconselhou Lilith, que lentamente abaixou as mãos. A própria Zoey estava aterrorizada de perder sua vida, pois todos prezam suas próprias vidas. Lilith entendeu suas preocupações e não insistiu mais.
"Ele matou meu pai," Lilith finalmente se abriu com Zoey. "Meu pai prometeu que voltaria logo e comeu frango assado comigo. Ainda me lembro do último toque da mão do meu pai na minha cabeça. Sinto falta do seu abraço caloroso, a última vez que o senti. Apollyon matou meu pai, Zoey, e eu preciso vingar sua morte," Lilith compartilhou, relembrando brevemente a morte de seu pai.
Zoey ficou em silêncio, incapaz de encontrar as palavras certas para dizer.
"Deve ser incrivelmente difícil para a Senhorita Lilith," disse Zoey, depois de um tempo, expressando sua simpatia.
"Ele o matou no dia antes do meu aniversário," disse Lilith, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela não deveria chorar neste dia.
Zoey caminhou até Lilith e sentou-se ao lado dela. Ela acariciou gentilmente o braço e as costas de Lilith, oferecendo conforto. Lilith envolveu o braço em torno de Zoey e chorou, segurando-a firmemente. "Eu sinto falta do meu pai o tempo todo. Não tenho mais nada na minha vida. Então, mesmo que eu morra, não vou me arrepender. Pelo menos, ficarei feliz por ter tentado matar Apollyon, e eu vou. Só eu sei quanta dor carrego," murmurou, chorando por um longo tempo.
À noite, Apollyon terminou seu trabalho e foi encontrar Lilith. Os servos abaixaram a cabeça enquanto ele passava. Ele empurrou as portas do quarto onde Lilith estava hospedada.
Zoey rapidamente saiu do quarto, curvando-se diante do Senhor dos Demônios sem olhar diretamente para ele. "Sua Majestade, a Senhorita Lilith adormeceu," informou ela.
"Saia," Apollyon a dispensou.
Ele olhou para a mesa central e notou os vestidos que havia escolhido para Lilith. Ele pegou o vestido de cor marrom, imaginando Lilith nele, mas estava muito danificado. Um sorriso se formou em seus lábios ao observar os cortes nos vestidos.
"Ela é mais feroz do que eu pensava," Apollyon murmurou, colocando o vestido de lado. Ele se virou e entrou no quarto para verificar Lilith.
Quando Apollyon se virou, um pulso avançou contra ele por trás, e ele rapidamente o agarrou.
"Isso não foi sábio, Lilith," a voz de Apollyon finalmente se revelou. Lilith imediatamente puxou a mão de volta, esperando que ele a encarasse.
"Por quê? Vai me matar por isso?" ela perguntou com uma risada.
"Você duvida disso?!" Apollyon respondeu, virando-se lentamente para encarar Lilith, o que a chocou completamente. O chão sob seus pés parecia desaparecer quando ela o reconheceu. Era o mesmo homem que estava dormindo na caverna naquele dia tempestuoso.
Não! Isso não podia estar acontecendo! Será que ela acordou Apollyon naquele dia? Suas sobrancelhas se franziram, e ela apertou o punho em torno da adaga. Ela olhou fixamente em seus olhos dourados, suas íris vermelhas brilhando intensamente. Eles eram hipnotizantes, atraindo-a inexplicavelmente.
Por um minuto, ela não piscou. Estava muito absorta naqueles olhos dourados. Eram como ímãs. A realização a atingiu, ela tinha a intenção de queimá-lo, mas ele permaneceu ileso. Por quê? O que aconteceu com a maldição que ela recebeu naquela noite?
Erguendo a mão, ainda segurando a adaga, Lilith se preparou para atacá-lo. Desta vez, ela não cometeria erros.
Apollyon deu passos silenciosos em direção a Lilith, que o olhava com raiva.
"Chegue mais perto, e eu vou te matar," Lilith avisou o Senhor dos Demônios. Ele continuou avançando até ficar perto dela, e a adaga perfurou metade do seu peito.
Lilith ficou boquiaberta ao vê-lo sem mostrar sinais de morrer. Aterrorizada, ela retirou a adaga.
Apollyon colocou a mão no pescoço dela, puxando-a para perto. Seu hálito atingiu os lábios carnudos e macios dela. "Seria mais sábio você se render a mim. Eu não sou um humano que pode ser morto por uma adaga tão pequena. Eu sou Apollyon, o Senhor dos Demônios."
Seus dedos deixaram marcas na pele suave dela, e suas costas bateram na mesa atrás dela.
"Eu prefiro morrer a me render a você," Lilith disse firmemente, contemplando esfaquear a si mesma com a adaga quando Apollyon agarrou seu pulso.
"Você não pode morrer a menos que eu deseje, Lilith," Apollyon afirmou. Sua voz era profunda, ressoando com autoridade. No momento seguinte, a adaga desapareceu da mão dela.
Lilith havia esquecido que os demônios também podiam usar magia. Ela olhou para Apollyon, seus olhos cheios de incerteza.
Apollyon sorriu para ela. Ele se inclinou, roçando seu dedo indicador no pescoço dela, perto da marca de flor. "Nos casaremos em dois dias. Prepare-se, Lilith," Apollyon sussurrou em seu ouvido.