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Você deve estar morto

Os olhos de Lilith se abriram lentamente, e ela franziu a testa em desconforto, sentindo imediatamente uma dor surda no centro da testa. Com dedos delicados, ela massageou suavemente o local dolorido, juntando as memórias do que havia acontecido anteriormente.

Envolta por um cobertor aveludado e macio, com o ambiente banhado em um tom rico de bordô, ela percebeu que estava longe do conforto de sua própria casa. Ao se levantar cautelosamente do colchão, que parecia tão macio quanto uma cama de penas, seus dedos pressionaram firmemente os lençóis de seda lisa, refletindo os tons profundos de bordô que dominavam o quarto.

Uma pergunta pairava em sua mente: Poderia isso ser um palácio?

Intrigada pela opulência ao seu redor, Lilith não pôde deixar de concluir que este quarto só poderia pertencer a um palácio. Ela se lembrou de Karin mencionando sua intenção de trazê-la para cá.

Ela alcançou as cortinas, elegantemente drapeadas ao redor da cama com dossel, e as empurrou suavemente para revelar a vista além.

Descendo da cama, ela continuou a explorar o quarto, seu olhar percorrendo os móveis luxuosos. Uma chaise longue de estilo vintage ocupava um lugar próximo ao pé da cama. À sua direita, havia uma cômoda imponente, enquanto à esquerda, uma área de estar aconchegante a chamava.

A sala de estar exibia uma coleção de móveis de madeira de mogno requintados, cuja elegância atemporal chamava a atenção. Um conjunto de sofás de cor marrom rica, completo com uma chaise longue, dominava a área de estar. Acima da mesa de centro, um magnífico lustre dourado pendia em toda a sua grandiosidade, lançando um brilho quente por todo o espaço.

A curiosidade de Lilith a levou até a lareira ornamentada, onde descansava uma variedade de objetos. Seu olhar fixou-se em uma bola de cristal, que havia mudado de um tom azulado anterior para um brilho quase etéreo esbranquiçado quando ela a pegou. Ela hesitou por um momento antes de colocá-la de volta no lugar onde a encontrou.

No entanto, sua atenção rapidamente se voltou para um relógio antigo montado na parede, e para sua descrença, ele indicava que um dia inteiro havia se passado.

"O quê?" ela exclamou, percebendo que havia dormido por um dia inteiro.

Nesse momento, uma voz suave quebrou o silêncio, dirigindo-se a ela com uma saudação cortês.

"Senhorita Lilith, bom dia."

Assustada, ela se virou para encarar uma jovem da sua idade, ou talvez até mais jovem, que estava diante dela.

"Bom dia," Lilith cumprimentou de volta, sua curiosidade aguçada. "Foi o Karin que me trouxe aqui?" ela perguntou, ao que a jovem, agora apresentada como Zoey, assentiu em confirmação.

"Senhorita Lilith, eu sou Zoey," ela se apresentou com uma reverência graciosa, suas mãos repousando sobre o ventre. "A partir de hoje, estarei ao seu serviço. Por favor, aceite-me ao seu serviço."

Lilith ficou surpresa com a oferta, sua testa franzida em confusão. "Ao meu serviço?" ela questionou, claramente perplexa. "Eu não posso aceitar isso," ela declarou firmemente. Zoey se endireitou, seu olhar firme enquanto encontrava os olhos de Lilith.

"Eu vou embora depois de encontrar Apollyon," Lilith anunciou para ela. Zoey ficou surpresa ao descobrir que a senhora que deveria servir mencionou o nome do Rei de Azuria.

"Você sabe onde ele está?" Lilith perguntou, levantando ligeiramente a sobrancelha.

"Receio, Senhorita Lilith, que eu não saiba," Zoey respondeu em tom humilde. "Sua Majestade verá a Senhorita Lilith mais tarde. Ela deve se arrumar. Por favor, siga-me, Senhorita Lilith," Zoey informou, enquanto o sangue de Lilith já fervia de raiva.

"Eu quero ver Apollyon agora," disse Lilith e deu um passo à frente para encontrar a porta. Zoey a seguiu e pediu para ela não ser teimosa, pois isso poderia ser fatal para suas vidas.

"De fato, ele é fatal para a vida de todos. Por isso ele deve morrer," Lilith afirmou e encontrou a porta. Ela segurou as maçanetas quando Zoey a interrompeu.

"Senhorita Lilith, Sua Majestade vai me matar se você sair deste quarto." Lilith parou e se virou para olhar. Ela encontrou Zoey de joelhos, tremendo de medo.

Lilith recuou e decidiu não sair por causa de Zoey. "Tudo bem. Eu não vou sair," Lilith respondeu. Zoey agradeceu e se levantou.

"Senhorita Lilith, você deve se arrumar. Sua Majestade certamente virá aqui depois de terminar o trabalho," Zoey sugeriu. Lilith concordou. Já que não podia sair, ela deveria se limpar.

Depois de se refrescar e tomar um banho de água quente em uma banheira magnífica com perfumes agradáveis misturados na água, Lilith se sentiu bem e leve. Ela estava vestida com um vestido azul royal com mangas longas e esvoaçantes, que se ajustava perfeitamente ao seu corpo. Apesar de sua recusa, Lilith teve que usá-lo, pois a vida de Zoey estava em jogo.

Sentada no banquinho de veludo em frente à penteadeira, Zoey escovava o cabelo de Lilith. "Senhorita Lilith tem cabelos lisos e sedosos," Zoey a elogiou. Conforme as instruções, ela ajudou Lilith a se arrumar dessa maneira.

"Senhorita Lilith, você fez essa tatuagem de flor no pescoço?" Zoey perguntou, divertida. Lilith se olhou no espelho e balançou a cabeça.

"Então, de nascimento?" Zoey questionou.

"Não. Ela apareceu há dez anos," Lilith respondeu.

"Oh. É estranho, mas bonito," Zoey respondeu e quase borrifou perfume nela quando Lilith a interrompeu.

"Eu não gosto do cheiro desse perfume," Lilith afirmou e pediu para ela não usá-lo. Zoey murmurou e colocou o frasco de perfume na penteadeira.

Zoey deixou o cabelo de Lilith solto, como Apollyon havia pedido, mas Lilith começou a fazer um coque.

"Senhorita Lilith, Sua Majestade quer ver seu cabelo solto," Zoey informou. Lilith percebeu que Apollyon estava controlando-a e isso a irritou ainda mais. Como ele ousava decidir o que ela podia fazer com seu cabelo?

"Eu não gosto do meu cabelo solto," Lilith disse.

"Oh. Então, deixe-me ajudar, Senhorita Lilith," Zoey respondeu e deixou Lilith abaixar as mãos. Zoey fez um belo coque no cabelo de Lilith. Ela usou presilhas para mantê-lo intacto. Dois cachos pendiam nas têmporas de Lilith. Ela se lembrou de que era seu aniversário. A última vez que Lilith se arrumou assim foi quando completou 9 anos. Agora, ela só podia apreciar essas belas memórias.

"Senhorita Lilith, vou trazer o café da manhã para você," Zoey informou e se afastou com uma reverência. Ela se virou e saiu do quarto.

Lilith finalmente teve a oportunidade de sair e encontrar Apollyon. Ela se levantou do banquinho e procurou uma faca para sua segurança. Verificando a gaveta perto da lareira, ela encontrou um punhal e saiu do quarto.

"Apollyon, você está morto hoje," Lilith disse ao chegar no corredor. Ela parou no lugar porque percebeu que o palácio era tão grande que seria quase impossível encontrá-lo. E se ela perguntasse a alguém por ali, provavelmente a levariam de volta ao quarto.

Ela decidiu esperar por ele no quarto. Além disso, se fosse relatado que ela estava desaparecida, quem sabe Apollyon poderia punir Zoey por isso? Ela não queria que ninguém morresse no seu aniversário, exceto Apollyon. Ela voltou para o quarto e entrou.

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