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Uma mensagem

Dez Anos Depois:

Lilith estava diante do túmulo de seu pai, Oliver, com lágrimas se formando nos cantos dos olhos. Delicadamente, ela colocou um buquê de margaridas sobre o local de descanso.

"Papai, estou indo bem. Amanhã é meu aniversário de 20 anos. Sua filha percorreu uma longa jornada," ela sussurrou, tentando esboçar um sorriso mesmo com o olhar ainda enevoado. "A dor da sua ausência é uma companheira constante. Lamento profundamente não ter seguido seu conselho naquele dia fatídico. Se ao menos eu tivesse voltado para casa em vez de ceder à minha curiosidade com aquela flor, talvez essa calamidade pudesse ter sido evitada."

A insaciável curiosidade de Lilith inadvertidamente trouxe uma tempestade malévola para sua vida. Ela permaneceu mais alguns momentos, perdida em seus pensamentos, antes de se afastar relutantemente do cemitério, com o peso das emoções ainda pesado em seu coração.

Uma década atrás, não foi apenas seu pai que encontrou seu fim; muitos outros pereceram ao lado dele. Os demônios, trancados por milênios, conseguiram se libertar naquele dia infeliz.

Quando o sol se pôs no horizonte, toda a linhagem real foi implacavelmente exterminada sob o comando do Senhor dos Demônios. Nenhum dos que serviam à Família Real saiu ileso. Entre as vítimas estava seu pai, levado pelas mãos do malévolo Senhor dos Demônios.

Quando seu pai a advertiu contra olhar para a flor sinistra, seu significado lhe escapou. Ignorando o aviso e colhendo a flor, a desgraça rapidamente se enroscou em sua existência.

Uma marca enigmática se manifestou em seu pescoço, e aqueles que ousavam encontrar seu olhar terminavam em cinzas. Rotulada como uma feiticeira das trevas, ela se tornou alvo de desprezo, suportando o peso de maldições e tentativas incessantes contra sua vida.

Sua existência permaneceu envolta em uma maldição implacável, lançando uma sombra sobre todos os aspectos de sua vida.

No entanto, diante de probabilidades insuperáveis, ela se apegou à fagulha de esperança que persistia dentro dela. A resistência corria em suas veias, não se deixando abater pelas adversidades que continuavam a assaltá-la.

Ela nutria um desejo insaciável: acabar com o reinado de Apollyon, o malévolo Senhor dos Demônios responsável por sua aflição.

Abraçando a maldição que lhe havia caído, ela decidiu aproveitar seu poder. Sua determinação em reduzir Apollyon a cinzas alimentava cada um de seus passos.

Por uma década, ela perseguiu fervorosamente a oportunidade de invadir as muralhas fortemente guardadas do palácio. As medidas de segurança semelhantes a uma fortaleza representavam um desafio formidável, tornando a entrada uma façanha quase inatingível.

No topo da colina, Lilith chegou à sua humilde morada, uma cabana que ela mesma havia construído.

Desprendendo sua capa, ela a pendurou delicadamente em um cabide, revelando seu cabelo que estava preso em um coque no topo da cabeça.

Ao tirar os sapatos, um movimento chamou sua atenção. Levantando as pálpebras, ela se deparou com a visão de um jovem de seus vinte e poucos anos, uma presença enigmática diante dela.

Para sua surpresa, o estranho estava ileso; a intensidade de seu olhar sobre os olhos dele não tinha poder destrutivo. Intrigada, ela manteve o foco, mas nenhum mal lhe aconteceu.

"Senhorita Lilith, eu sou Karin," ele se apresentou, com um tom de formalidade na voz.

Do bolso, ele retirou um pequeno pergaminho, cuja importância era evidente. "Trago uma mensagem do Senhor Apollyon," ele continuou, estendendo o pergaminho em sua direção. "Por favor, sente-se e leia o conteúdo da missiva do meu Senhor," sugeriu Karin, com uma nota de deferência em suas palavras.

A revelação de que Apollyon havia enviado uma mensagem para ela deixou Lilith em estado de perplexidade. "Apollyon enviou uma mensagem para mim!?" ela ecoou, com pensamentos acelerados. No entanto, o ceticismo surgiu enquanto ela ponderava sobre o conhecimento dele de sua identidade e residência.

"Além disso, como você sabe meu nome e onde moro?" Seus olhos se estreitaram, a suspeita evidente enquanto ela se movia cautelosamente para a esquerda.

"Rastrear a Senhorita Lilith não foi uma tarefa difícil," Karin comentou, com um sorriso sutil nos lábios. "Por favor, aceite este pergaminho e leia as palavras que meu Honrado Senhor escreveu," ele instou educadamente, oferecendo o pergaminho a ela.

Quando a mão de Lilith deslizou para a gaveta à esquerda, ela retirou uma adaga com uma determinação silenciosa. Sua resolução pairava no ar, palpável.

Ela ansiava por confrontar Apollyon diretamente, tomar o controle dele e encontrá-lo em um confronto final e decisivo. Seu aperto na adaga se intensificou, um desafio em seus olhos, pronta para enfrentar o que estivesse por vir.

"Não tenho intenção de ouvir suas mensagens. Diga ao seu Senhor que se esconder como um covarde não vai salvá-lo," declarou Lilith, sua voz carregada de determinação.

Avançando em direção a Karin, ela sacou a adaga da bainha, lançando um ataque. A trajetória da lâmina resultou em um corte na mão de Karin, fazendo o pergaminho cair no chão. Sangue escorreu do ferimento, manchando o chão com gotas escuras.

Encontrando o olhar de Lilith, Karin soltou uma risada. "Senhorita Lilith, o Senhor Apollyon detém o domínio como Rei de Azuria, supervisionando inúmeras responsabilidades. Se ele perceber meu ferimento, temo que você possa enfrentar consequências por suas ações," afirmou Karin calmamente, sua confrontação sublinhada pelas complexidades da autoridade de Apollyon.

"Não tenho medo dele. Se ele é realmente corajoso, que me enfrente cara a cara," retrucou Lilith com uma determinação inabalável. "Remova esse pergaminho da minha vista e informe a Apollyon que seu acerto de contas está próximo," ela afirmou, mantendo sua posição diante do emissário do diabo. O sorriso de Karin permaneceu, suas ações rápidas ao pegar o pergaminho do chão. Sem dizer mais nada, ele saiu dos limites de sua pequena morada.

Enquanto Lilith guardava a adaga na bainha e a colocava na mesa redonda compacta, um momento de quietude a envolveu. Seu olhar se voltou para a porta, revelando a partida de Karin de seu santuário. O ar estava pesado com sua audaciosa proclamação, preparando o palco para um confronto que determinaria o destino de ambos os mundos.

A mente de Lilith girava com uma infinidade de perguntas, um turbilhão de pensamentos dentro dela. O enigma estava na decisão de Apollyon de entrar em contato com ela, apesar de sua morada isolada.

O mistério se aprofundava com o fato de que Karin, um homem, permanecia intocado pela consequência usual de encontrar seu olhar. O paradoxo desafiava a lógica de sua maldição; homens deveriam se transformar em cinzas em sua presença.

Poderia ser que sua maldição tivesse se dissipado? A possibilidade surgiu, misturando-se com a antecipação de enfrentar Apollyon, o próprio indivíduo que havia lançado a sombra de dor e perda sobre sua vida.

A perspectiva de vingança despertou dentro dela, uma fagulha de esperança de que, após anos de sofrimento, a justiça pudesse finalmente estar ao seu alcance.

Sobrecarregada pelo peso de suas mágoas, Lilith sucumbiu às suas emoções, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto ela caía no chão.

Palavras carregadas de tristeza saíam de seus lábios, lamentando o sofrimento injusto que havia atormentado sua existência. A perda de seu pai inocente e a destruição de sua vida pesavam sobre ela, deixando-a vulnerável e despedaçada.

"Perdoe-me, Senhorita Lilith, mas devo escoltá-la até o palácio," a voz de Karin interrompeu sua triste reflexão.

Ao som de sua voz, o olhar de Lilith se voltou rapidamente para Karin. Levantando-se rapidamente, ela enxugou as lágrimas, seu rosto uma mistura de vulnerabilidade crua e força determinada. A adaga brilhava em sua mão, sua postura pronta para qualquer desafio que estivesse por vir.

Em meio à tensão que pairava no ar, a risada de Karin ressoou, uma nota inquietante que anunciava sua aproximação. Suas palavras continham um aviso velado, transmitindo sua relutância em recorrer à força.

No entanto, antes que Lilith pudesse reagir, ele fechou a distância entre eles com um salto rápido. Sua mão encontrou a testa dela em um toque suave, e uma onda de escuridão rapidamente envolveu seus sentidos.

As pálpebras de Lilith se fecharam, sua consciência escapando enquanto seu corpo caía no chão. Karin permaneceu impassível, permitindo sua queda. "Isso é em resposta à sua adaga," suas palavras pairaram enquanto ele examinava sua mão ferida.

Karin agiu decisivamente, ajoelhando-se para pegar Lilith em seus braços. Sua forma leve repousava contra ele enquanto ele suportava seu peso.

Sem mais delongas, ele levou Lilith ao palácio onde o Senhor dos Demônios a aguardava.

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