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Capítulo oito

O restaurante que Miguel escolheu era perfeito. Localizado em uma parte tranquila da cidade, não havia ruídos desnecessários. Claro que a primeira escolha de Miguel tinha sido o restaurante Dahlias, mas Nick jurou que não apareceria lá. Matt soube do que estava acontecendo e não conseguiu resistir a acompanhar.

Os três se sentaram em uma cabine no final da sala. Miguel já tinha ligado para a garota e ela disse que estava a caminho. Crystal. Esse era um nome bem interessante.

"Ah, e Nick... Tente não parecer intimidador. Você pode assustá-la," Miguel afirmou e Nick se virou para ele.

"Defina intimidador," ele perguntou e Miguel deu de ombros.

"Quero dizer, não pareça que está planejando pular em cima dela a qualquer momento," veio a resposta.

Nick decidiu deixar pra lá. Não seria tão ruim se ele realmente conseguisse assustá-la. Significaria que ele não teria que ficar ali fingindo estar interessado.

Matt se recostou no assento e colocou os pés na mesa, cruzando-os nos tornozelos.

"O que está demorando tanto? Tive que ligar dizendo que estava doente só para poder vir aqui," ele disse.

"Ela está a caminho. Agora coloque os pés no chão!" Miguel instruiu e quando Matt hesitou, ele empurrou os pés dele para o lado.

Uma garçonete então apareceu para anotar o pedido deles. Ela era alta, curvilínea e demorou seu tempo olhando de um para o outro. Os três primeiros botões do uniforme de garçonete estavam abertos, provavelmente recentemente.

"O que vão querer hoje?" ela perguntou, fazendo sua voz soar extremamente erótica.

"Depende, querida. Você está no cardápio?" Matt perguntou e a garota sorriu. Miguel soltou um suspiro e balançou a cabeça.

"Vou querer um copo de limonada de gengibre Spritzy," ele disse antes de pegar o telefone para escapar dos olhares da garota.

Matt zombou, "Seria tão difícil pedir chá ou café como uma pessoa normal?" ele perguntou antes de se virar de volta para a garota.

"Vocês têm isso aqui?" ela assentiu, o sorriso ainda intacto. Então ela se virou para Nick e levantou as sobrancelhas inquisitivamente.

"Café. Preto, sem açúcar," foi tudo o que ele disse antes de continuar olhando pela janela.

"E você?" a garota perguntou a Matt.

Ele levantou as mãos e entrelaçou os dedos atrás da cabeça, então fingiu estar pensando.

"Sabe, esse vestido fica muito bem em você," ele finalmente disse e a garota olhou para si mesma e agradeceu. Aquele sorriso provocante ainda no lugar.

"Mas aposto que ficaria melhor no chão do meu quarto," Matt completou sem nenhum indício de estar brincando.

Do outro lado, Miguel balançou a cabeça antes de dizer algo como "Pelo amor de Deus". Nick, por outro lado, apenas ouviu. Ele conhecia Matt há tempo suficiente para estar acostumado com ele. E embora nunca demonstrasse, sempre se divertia com tudo o que o cara fazia.

"Essa cantada já funcionou alguma vez?" a garota perguntou e Matt deu de ombros.

"Não saberia dizer. Nunca usei antes."

Uma pausa.

"Então me diga, querida, você tem um nome ou posso te chamar de minha?"

'Nossa' Miguel articulou com a boca.

"Casey," a garota disse.

"E você é?"

Matt sorriu, visivelmente a avaliando.

"Seu próximo namorado."

Miguel colocou o telefone de lado e se virou para eles.

"Se vocês dois terminaram, eu realmente gostaria da minha bebida agora," ele disse e a garota estava prestes a sair quando Matt segurou a mão dela.

"Não escute ele. Então, onde estávamos?"

"Na verdade, eu tenho que voltar ao trabalho, mas se você me der uma gorjeta depois, talvez eu te ligue... algum dia,"

O sorriso de Matt cresceu impossivelmente maior.

"Querida, eu não vou te dar só uma gorjeta, vou te dar tudo!"

A garota realmente riu antes de se afastar.

"Você pode ser a pior pessoa que eu já conheci," Miguel afirmou depois, parecendo um pouco horrorizado. Matt apenas riu, seguindo a garota com os olhos até ela desaparecer na cozinha.

"Se essa garota não aparecer nos próximos cinco minutos, eu vou embora," Nick disse. Ele geralmente era uma pessoa paciente. Seu trabalho exigia isso. Mas não havia como ele ficar ali, perdendo tempo esperando por alguém que ele nem conhecia.

"Vou ligar para ela. Talvez ela tenha se perdido," Miguel disse e estava prestes a pegar o telefone do paletó quando a porta se abriu.

"Ah, ali está ela," disse Miguel, levantando-se para que a garota pudesse vê-lo. Matt se virou e assobiou, mas Nick preferiu esperar até que ela chegasse onde estavam. E quando ela chegou, ele não olhou para cima. Porque ele sabia.

✳️❇️✳️❇️✳️

Nick podia sentir o cheiro dela, sentir sua presença. Exatamente como da última vez que se encontraram.

"Pessoal, esta é a Crystal. Crystal, conheça o Matt e o Nick," Miguel apresentou. Ao ouvir seu nome, Nick olhou para cima e os olhos de Crystal se arregalaram. Naquele momento, Nick percebeu duas coisas. A primeira era que ela parecia ainda mais bonita do que ele lembrava. E a segunda era que ele estava perdido.

"É você," ela disse, e os outros se viraram para Nick.

"Vocês dois se conhecem?" Miguel perguntou, e Crystal estava prestes a responder quando Nick o fez.

"Nos encontramos no restaurante Dahlias."

"Ah... sim, eu esbarrei nele," ela acrescentou antes de se sentar ao lado de Miguel.

Nick a observava. Intensamente, absorvendo tudo o que ela fazia. O cabelo dela estava solto. Bom. Do jeito que ele preferia. Algo dentro dele queria estender a mão e tocá-la. Ele podia sentir-se lentamente perdendo o controle e teve que cerrar os punhos para tentar mantê-lo. Ele pensou que tinha superado essa pequena obsessão, mas nunca esteve tão errado. Seu coração estava acelerado e ele podia sentir seu sangue esquentando nas veias.

Ela estava falando no momento, dizendo algo sobre Londres, mas ele estava muito ocupado traçando a curva do pescoço exposto dela para prestar atenção.

"O que aconteceu com a Casey?" Matt perguntou ao novo garçom. Uma senhora de meia-idade que não parecia gostar do trabalho.

"Ela tinha outras mesas para atender," disse ela com uma expressão entediada e, depois de colocar as bebidas na mesa, perguntou se havia mais alguma coisa que eles queriam.

"Posso, por favor, ter um copo de água? Está muito quente lá fora," Crystal disse, e a garçonete saiu imediatamente. Ela não parecia mimada, Nick pensou.

"Então, Crystal, há quanto tempo você conhece o 'Sr. Eu tenho boas maneiras e sei disso' aqui?" Matt perguntou, e Miguel fez uma careta para ele. Crystal riu, e se Nick já estava obcecado antes, agora ele estava completamente perdido. O som vibrava em suas células.

"Desde que tínhamos quatro anos."

"Uau, tanto tempo?" Ela assentiu e continuou explicando como começaram a ser amigos.

"E vocês dois decidiram ser advogados?"

Nick teve certeza de que viu o sorriso dela desaparecer por um segundo, mas logo voltou.

"Não. Ele sempre quis ser advogado, mas eu estava mais interessada em outra coisa,"

Matt parecia completamente encantado por ela.

"O quê?"

"Arte. Mas mudei de ideia logo depois," ela respondeu antes de se virar para Nick. Ele ficou imóvel.

"Você está muito quieto," ela disse, inclinando-se em direção à mesa. Nick tentou não olhar para o quão tentadores eram os lábios rosados e cheios dela.

"Isso é um problema?" ele esperava não soar tão perturbado quanto se sentia.

"Na verdade, não. Eu gosto de pessoas quietas... Acho elas muito interessantes."

"Bem, nunca fui chamado de interessante antes."

Ela sorriu. Ela fazia isso muito, ele percebeu. E a simples ação encheu sua cabeça com todos os tipos de imagens. Todas elas incluíam ela.

"Então, o que vocês fazem? Porque tenho certeza de que nenhum de vocês é advogado."

Ela estava perguntando para os dois, mas Nick não pôde deixar de sentir como se ela estivesse se referindo a ele.

"Eu trabalho como programador em uma empresa de tecnologia," Matt disse. Claro que esse era apenas seu trabalho diurno. Eles não precisavam saber o que ele fazia depois de ler a história de ninar para Brianna e colocá-la na cama.

"Uau. Sério? Isso parece tão incrível. Você deve ser tipo um gênio da computação, né?" Matt tentou minimizar como se não fosse grande coisa, provavelmente para parecer mais legal. E funcionou, vendo que toda a atenção de Crystal se voltou para ele.

"Na verdade, eu estava entre as pessoas que criaram o jogo 'Candy Crush'," ele mentiu, e Miguel franziu a testa, embora não dissesse nada.

Nick observou enquanto a fascinação de Crystal crescia. Ele observou enquanto o foco dela mudava completamente e uma urgência crescia dentro dele. Não era algo que ele pudesse explicar ou entender. Tudo o que ele sabia era que estava a segundos de socar Matt ou talvez esfaqueá-lo no pescoço com seu canivete. Por quê, ele não tinha ideia.

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