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Canção de Charlie

"GIDEON," disse Darwin, limpando a garganta e me trazendo de volta ao presente. "Tenho algo para discutir com você. Espero poder roubá-lo de sua esposa por um momento." Darwin olhou para mim.

Dei-lhe um sorriso forçado. "Claro. Isso não seria um problema, Darwin." Se ele soubesse o quanto eu queria que o diabo do filho dele estivesse fora da minha vista.

"Vou deixá-la aqui por um tempo, querida," Gideon disse para mim, alto o suficiente para seus pais ouvirem. Então ele abaixou a cabeça até seus lábios alcançarem meu ouvido.

"Comporte-se, Bianca," ele sussurrou em um tom ameaçador antes de plantar um beijo na minha bochecha.

Me forcei a sorrir enquanto via Gideon se afastar com seu pai. Finalmente consegui respirar agora que ele estava fora da minha vista.

"Vamos, Bianca," disse Amelia, tocando meu braço. "Vamos até a mesa do buffet. Você precisa comer primeiro. Tenho certeza de que meu neto já está com fome." Ela me deu um sorriso caloroso.

Virei-me para Amelia e retribuí seu sorriso. Neto? Sim... mesmo que este não seja de Gideon, este bebê ainda é neto dela.

A mesa do buffet estava cheia de diferentes culinárias continentais. De vários pratos de massas e saladas a salmão, bife, frutos do mar... Minha boca se encheu d'água ao ver um mousse de baunilha.

"Com licença, querida. Preciso atender esta ligação." Amelia disse, pegando o telefone de sua bolsa dourada. "Já volto."

Depois de pegar comida na mesa, me acomodei em uma mesa vazia. Sorri ao provar o mousse de baunilha à minha frente.

Consegui comer direito com Gideon longe de mim. Olhei ao redor e só vi alguns rostos familiares na multidão.

"Ei, você é a esposa do Tio Gideon, né?"

Uma criança veio até mim. Lembrei-me dela da festa que Amelia e eu fomos no mês passado. Ela é filha da prima de Gideon, Sofia.

Dei-lhe um sorriso caloroso. "Sim. Eu sou Bianca. Qual é o seu nome?"

A criança parecia ter uns cinco anos. Ela estava usando um vestido rosa. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo.

"Macy. M-A-C-Y." Ela apontou para a cadeira vaga ao meu lado. "Posso sentar aqui? Mamãe está ocupada conversando com algumas pessoas." Ela fez um biquinho.

"Claro."

"Obrigada. Você é bonita como a mamãe." Seus olhos se arregalaram quando olharam para meu corpo. "Espera. Você está grávida?"

Olhei para minha barriga.

"Sim, estou."

"O Tio Gideon é o pai?"

Meus lábios se entreabriram. Como ela... Balancei a cabeça mentalmente. Ela é só uma criança. É uma pergunta inofensiva.

"C-claro. Ele é o pai deste bebê." Eu disse, trazendo de volta meu sorriso. "Ele é meu marido."

Ela pegou o mousse de baunilha do meu prato e deu uma mordida. "Bem... mamãe disse que meu pai é um alienígena, então..." Ela deu de ombros.

Ah. Certo. Sofia não tem marido.

"Onde está o Tio Gideon?"

Limpei a garganta. "Ele está com seu avô."

"Ele deveria estar cuidando de você. Mamãe disse que é isso que os maridos fazem. Cuidam de suas esposas." Seus lábios fofos fizeram um biquinho.

Meus lábios se entreabriram por um segundo. Mas ainda consegui lhe dar um sorriso. "Ele está... cuidando de mim."

Desde que me casei com Gideon, me tornei uma mentirosa profissional.

Eu detestava o dia em que Gideon Henry entrou na minha vida. Desde aquele dia, tudo na minha vida desmoronou. O homem arruinou minha vida, e eu o odiava por isso.

Mas eu me odiava mais por ser tão impotente. Por ser fraca. Eu não conseguia nem me levantar contra ele. Desde que nos casamos, sinto que estou vivendo em um inferno criado por ele, Gideon, o próprio diabo.

Coloquei minha mão na pequena protuberância na minha barriga e tentei sentir o pequeno feijão crescendo dentro de mim.

Desculpe, bebê. Desculpe por te colocar nesta situação de merda. Mas não se preocupe, sua mamãe te ama, tá?

Este bebê dentro de mim... é a única coisa que me mantém viva agora. Ele é minha única luz neste inferno de casamento.

"Posso visitar sua casa e brincar com seu bebê depois que ela nascer?"

Minha cabeça se voltou para a menininha à minha frente.

Sorri. "Claro. Mas você ainda vai ter que esperar alguns meses." Observei com prazer enquanto ela devorava meu mousse de baunilha. "Quer mais disso?"

"Sim, por favor." Ela fez um biquinho. "Isso é tão bom," ela sorriu, lambendo os lábios.

Eu ri. Ela é realmente fofa. Eu esperava que meu filho crescesse como ela. "Fique aqui. Vou pegar mais para você."

Levantei-me do meu assento e deixei Macy. Estava a caminho da mesa do buffet quando ouvi Amelia atrás de mim.

"Bianca, querida. Estava te procurando. Venha, tenho alguém que quero que você conheça."

Virei-me para a senhora. O sangue no meu rosto secou quando vi o homem familiar ao lado dela.

Aqueles olhos castanhos amendoados, cabelo preto como carvão, lábios finos e vermelhos, e aquela marca de nascença no canto da têmpora.

Aquele rosto... só pertencia a um homem.

"Bianca, este é Charlie." Amelia sorriu para mim antes de seus olhos se voltarem para o homem vestindo um terno cinza. "Charlie, esta é a mulher de quem estou falando, Bianca, a esposa do seu irmão."

"C-charlie..." eu sussurrei, o sangue drenando do meu rosto.

Não acredito que ele está aqui. Depois de cinco meses, nos encontramos novamente. Todo o meu entorno girou quando seus olhos frios se fixaram nos meus. O ar foi sugado dos meus pulmões.

Charlie Song, o homem parado na minha frente agora... é meu ex-namorado, ex-noivo, e o verdadeiro pai do meu bebê.

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