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CAPÍTULO 3

CHLOE DUARTE

Saio do elevador com o celular na mão e sem olhar para trás, não sei mais onde estou, estou perdida e atordoada.

Isso aconteceu mesmo?

Sei que é uma atitude infantil, mas até belisco meu braço para ver se tudo foi muito real, por um momento penso no que poderia ter acontecido se o elevador não voltasse a funcionar naquele momento, eu seria tão louca a ponto de transar com um estranho no elevador da empresa no meio da noite?

Viro-me e espero pelo elevador novamente, quando entro desta vez não há homem misterioso, apenas eu e minhas perguntas sem resposta, subo até meu andar e finalmente encontro minha bolsa em um canto.

Quando chego ao térreo, fecho os olhos e respiro fundo sentindo o ar fresco da noite acariciando meu rosto, pelo menos espero que meu rosto não esteja todo vermelho...

Caminho alguns metros vendo meus amigos encostados na parede do prédio, Sam está com os braços cruzados ao redor do corpo, enquanto Matt briga ou discute com alguém no telefone, quando os olhos azuis do meu amigo me encontram, vejo-o apressar-se para chamar outro táxi.

“Uau, você demorou! Estava se pegando com algum cara no elevador, ou o quê?”, Matt diz sorrindo depois de terminar a ligação.

Deus, que droga!

Matt e seu senso de humor exagerado, mas pelo menos desta vez ele acertou.

Esse homem misterioso parece ter saído de um livro de romance erótico, porque eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo ou com outra mulher no mundo, achava que uma situação dessas só existia em novelas e livros românticos, mas vejo que o impossível é muito capaz de se tornar completamente possível para qualquer um, ainda mais quando você menos espera.

Ainda olhando para meus amigos sem conseguir dizer uma palavra, vejo Sam descruzar os braços ainda me encarando.

“Vocês estão muito quietos, aconteceu alguma coisa? Viram um lobo mau, Chapeuzinho?”, Um pequeno sorriso aparece em sua boca me fazendo corar de vergonha.

Viro o rosto para não mostrar minha reação, já que não seria uma boa ideia contar aos meus amigos que vivi uma experiência louca e excitante com um estranho dentro do elevador enquanto eles esperavam pacientemente por mim do lado de fora.

“Vamos parar de falar, vamos nessa?”, Decido mudar de assunto imediatamente.

Nosso amigo coloca a mão no coração como se estivesse decepcionado com minha súbita mudança de assunto, faço uma careta e me afasto alguns passos para deixar claro que quero sair daqui logo.

“Ok, vamos! Vamos curtir uma festa como deve ser!”, para minha felicidade, ela entra na minha e esquece o assunto anterior.

Graças a Deus por isso...

Em poucos segundos, um novo táxi aparece, e uma risada escapa de mim quando nossa amiga entra no carro dando uma balançadinha nada sutil, Matt a segue com um sorriso no rosto, mas a dúvida me impede de fazer o mesmo que eles.

Uau! Não tive tempo nem oportunidade de ver o rosto do misterioso, mas e se for um colega de trabalho?

O coração acelera rapidamente me deixando totalmente em choque, observando minha expressão, Matt pergunta se estou bem, mas só consigo concordar com a cabeça e então entro no táxi.

Para minha felicidade e infelicidade, várias semanas se passaram desde o evento emocionante dentro do elevador e a festa de aniversário da empresa, os dias normais voltaram, e as equipes retornaram às suas atividades rapidamente.

E como sempre, estou na minha mesa de trabalho que faz divisa com a do Matt, estamos trabalhando em um projeto que Adam, nosso gerente, nos passou no início desta semana.

“Matt, eu te amo, mas às vezes é mais do que necessário ficar em silêncio enquanto sua colega está focada no trabalho.”, digo bufando ao ouvir seu canto ao meu lado.

“Eu sei disso, mas não consigo evitar, princesa!”

“Então, acelera aí, porque se você não terminar essa imagem antes do fim do nosso turno, eu juro que você vai se arrepender!”, ameaço em tom brincalhão.

“Hmmm, isso me parece muito interessante, você e eu sozinhos nessas salas escuras, a excitação causada pelo proibido, minha mente fértil tem algumas ideias em mente que...”

“Você deveria propor isso para a Camily, tenho certeza de que ela aceitaria imediatamente.”, digo me referindo à gerente de recursos humanos.

Uma mulher desprezível que começou a implicar comigo desde o primeiro dia, uma completa falsa que odeio com todas as minhas forças e que é muito aparente na paixão que sente por Adam, mas às vezes se contenta em dar em cima do Matt de uma maneira muito sutil.

Não culpo a vaca, já que meu amigo é lindo de morrer, uma vibe de bad-boy que deixa as mulheres loucas.

“Confie em mim, ela adoraria jogar aqueles peitos de silicone na sua cara!”, Zombo com um sorriso.

“Pode ser... mas... não. Tenho medo de sufocar.”

Uma risada descontrolada sai de mim, chamando e atraindo vários olhares de nossos outros colegas que devem pensar que somos loucos, mas Matt está certo, Camily é muito bem dotada. Parabéns ao cirurgião plástico dela.

“Nossa princesa, você é muito má comigo...”, ele diz colocando a mão no peito com uma expressão dramática no rosto moreno.

O rosto com uma expressão de dor que o faz rir antes de voltar a encarar seu computador ainda com um sorriso bobo na boca.

Essa é minha rotina trabalhando com Matt, a vantagem é que nunca fico para baixo, ele sempre encontra uma maneira de me animar com suas palhaçadas.

Ao meio-dia estamos cansados de ficar com os olhos grudados na tela dos nossos computadores, então encontramos Sam para almoçar em um dos nossos restaurantes italianos favoritos perto do trabalho.

“Uau, meu dia foi cheio! Estou acabada!”, Sam comenta com uma expressão cansada.

Samanta trabalha como secretária na recepção do prédio, às vezes me pergunto como ela consegue lidar com aquela multidão enorme que não para de desfilar pelo prédio diariamente.

“Mas pelo menos, você não tem um ser perturbador que tem que aguentar todo santo dia...”, digo olhando para Matt e ouvindo a risada de Sam.

“Cada um com seus problemas, mas o problema de vocês pelo menos é bonito!”, ela mastiga apontando com o garfo na direção de Matt que pisca agradecido.

“Você ainda pratica pole dance naquele estúdio?”, pergunto tomando um gole do meu suco natural.

“Sim, é meu refúgio! Nas aulas de pole dance eu esqueço que tenho que lidar com executivos estressados diariamente.”

O garçom nos interrompe para pegar nossos pratos e anotar nosso pedido de sobremesa.

“Você sabe, os rumores sobre a Camily estão ficando cada vez maiores.”, minha amiga diz revirando os olhos.

Pois é, Sam também odeia a vaca dos recursos humanos, então somos um time contra Camily Sparke.

Com um brilho nos olhos, me inclino em direção a Sam quando ouço o nome da vaca, quando se trata de falar mal daquela mulher, estou sempre disposta.

“Parece que o Adam está bem tenso, né?”, ela comenta.

Confesso que nunca entendi a relação entre esses dois, já vi Adam sendo gentil e outras vezes sendo frio e insensível com ela.

E para nossa infelicidade, quando Adam está sendo frio com ela, as consequências caem sobre nós, pois a vaca descarrega seu mau humor nos pobres funcionários da empresa.

“Semana passada eu os vi saindo do elevador apressados, Camily estava quase gritando com ele, e não posso te contar como os visitantes ficaram!”, ela conta.

“Odeio essa mulher, ela me provoca sem eu fazer nada.”, digo revirando os olhos.

“De qualquer forma, a paciência do Adam é impressionante!”, concordo com minha amiga.

Toda vez que ela insiste em testar minha paciência, tenho muita vontade de revidar na hora, mas me controlo porque a vaca tem muita influência e poderia usar isso para me demitir em segundos por tê-la insultado.

Quando o garçom volta com nossas sobremesas com toda dedicação e cuidado, fico pensativa.

“Sabe, nunca ouvi rumores sobre o Sr. Michel, é engraçado pra caramba...”

“Há algum tempo ouvi dizer que ele era gay, mas logo esses rumores desapareceram rapidamente.”, ela responde cortando um pedaço da torta.

“Pessoas que não têm o que fazer, talvez ele goste de manter a vida privada só para ele, ele é muito reservado, mas isso não dá o direito de espalharem coisas assim pela empresa.”, dou minha opinião sobre Jake.

“Hmm, está defendendo o Jake, Chloe? Ah, esqueci que foi ele quem te salvou antes de você acabar xingando o pobre do segurança no dia daquela comemoração...”, o comentário de Matt me faz revirar os olhos.

Claro, acho Jake muito atraente, já que nossas idades parecem ser bem próximas, além de ser charmoso, ele sabe como tratar bem uma mulher. Nas poucas vezes que conversamos, tive a sensação de que ele saiu de um livro de época, porque além de educado e gentil, seu jeito de falar lembra tempos antigos, o que intensifica seu charme para mim.

“Só estou comentando minha opinião sobre o assunto, Matt. Claro, Jake é muito bonito, mas é só isso, ele não é meu tipo...”, digo e as lembranças de algumas semanas atrás voltam rapidamente à minha memória.

“E qual é o seu tipo, princesa?”, Matt sorri inclinando-se para mim, pelo canto do olho percebo que a pergunta do nosso amigo também chamou a atenção de Sam.

Meu tipo de homem? O mesmo que o cara misterioso do elevador, mas não posso dizer isso assim.

“Não me importo muito com a aparência, mas sou atraída por homens intensos, com atitude e que gostam de uma aventura proibida, o tipo dominante, mas que sabe perfeitamente quando ser romântico, o tipo que te faz arrepiar com apenas alguns toques, o cara que te trata como a única mulher nos olhos dele, que te lembra constantemente que você é exclusivamente dele...”, me perco nas palavras percebendo que descrevi em detalhes o cara do elevador.

Suspiro e levanto a cabeça vendo que meus amigos ainda estão me olhando, pisco algumas vezes e começo a cortar o pedaço da minha torta de chocolate.

“Que descrição detalhada, hein?”, não respondo quando Sam diz.

“Eu me encaixo em todos esses requisitos, sinto muito, mas não posso ter um relacionamento sério, mas se você quiser tentar uma noite com seu amigo aqui, sabe onde me encontrar, princesa.”

Sinto meu rosto corar quando ele pisca o olho castanho para mim.

“Eu também gosto do Jack, ele tem uma cara de nerd com aqueles óculos, mas tenho certeza de que tem algo bom debaixo daquele terno caro. Sem contar que a função dele deve ter muita pressão, já que ele não larga o celular…”, concordo fechando os olhos e saboreando a cobertura de chocolate da minha torta.

“Mas você sabe o que dizem sobre homens que são muito educados e calorosos? Eles são muito bons na cama, e sabem como te enlouquecer, já tive algumas experiências que provam isso, quietos são os mais atrevidos”, e não para por aí:

“Conheci e saí com um técnico de TI há um tempo e fiquei surpresa com o desempenho do cara, achei que seria super romântico, mas o cara se transformou em outra pessoa na hora, até tapas na bunda eu levei!”, ela conta com os olhos brilhando ao lembrar da experiência que teve, uma crise de risos me atinge enquanto Matt tosse e cospe a água que estava bebendo.

À noite, quando finalmente chego ao meu apartamento, jogo minhas coisas na mesa de centro e caio no sofá, com os braços cruzados e as pernas esticadas.

“Meu Deus, que dia!”

Fecho os olhos por alguns segundos quando ouço um barulho muito característico...

É minha gata, Mia, que logo se junta a mim no sofá, com um sorriso a pego nos braços e a coloco sobre minhas pernas, acariciando seu pelo macio e branco como a neve enquanto seu ronronar preenche a sala.

Faço um último carinho na cabeça dela e logo ela pula das minhas pernas para deitar na sua cama no chão. Aproveito e pego meu notebook, como todas as noites escrevo alguns capítulos de uma história que estou criando, é uma das minhas paixões depois de cozinhar. Criei essa história algumas semanas atrás, quando vivi aquela experiência louca no elevador da empresa. É um romance onde a protagonista passa por algo semelhante.

Semelhante não, idêntico, minha experiência é a melhor maneira de dizer. Decidi escrever para pessoas que nunca conheci do que contar aos meus amigos a besteira que fiz, além de ter me envolvido com algum conhecido ou colega. Os fãs que ganho a cada dia me incentivam a continuar com os capítulos diários, ou seja, estou escrevendo sobre minha vida, mas mantenho nomes fictícios na história.

Enquanto abro e espero carregar os comentários do meu último post, deixo o computador no sofá e me levanto para preparar algo para comer.

Para minha total felicidade e alívio, minha geladeira está sempre cheia. Além de escrever, adoro cozinhar, sou cliente assídua do mercado e sempre compro de tudo.

Preparo uma massa com queijo e outros aperitivos rapidamente. Claro, Mia aparece aos meus pés para roubar alguns pedaços que caem no chão. Enquanto espero esfriar, encho a tigela dela com comida e troco a água novamente.

Deixo-a com sua comida, enquanto coloco a minha no prato e volto para a sala. Enquanto devoro minha refeição, leio os novos comentários com um sorriso orgulhoso no rosto. Criar uma conta e começar a escrever neste site foi uma das melhores coisas que já fiz. Como eu disse, às vezes me sinto sozinha nesta cidade e essas pessoas que me seguem diminuem um pouco essa solidão que sinto.

Fico feliz em saber que meu último capítulo publicado rendeu muitos comentários, pessoas me elogiando e outras querendo o próximo capítulo. Não perco tempo, termino o jantar e começo o capítulo de hoje.

Quando termino, uma hora e meia depois, posto o novo capítulo desejando que amanhã à noite tenha o dobro de votos e comentários do capítulo anterior.

Respondo a todos os comentários e fecho o notebook exausta, tomo um banho, coloco meu pijama favorito do Bob Esponja e escovo os dentes antes de dormir...

Esta manhã quase perdi a hora, estava tão cansada na noite anterior que acabei dormindo demais e não ouvi o celular despertando.

Desesperada, me arrumei a toda velocidade, sem tempo para elaborar um penteado mais adequado, tive que me contentar com um coque no cabelo. Odeio quando estou atrasada, e isso raramente acontece comigo.

Rodeada pela multidão, dou um aceno rápido para Sam na recepção que está tentando atender a todos, entro rapidamente no elevador e suspiro de alívio quando chego à minha mesa.

Mas esse alívio não dura muito porque dou de cara com Adam.

“Bom dia, Chloe!”

“Oi, Adam, tudo bem?”, Cumprimento informal, já que foi isso que ele pediu no meu primeiro dia de trabalho.

Ele acena abrindo um lindo sorriso, sei o que vem a seguir quando meu gerente abre esse sorriso, ele vai me dar um novo projeto para trabalhar.

“Você pode levar esta pasta para o Jack?”, ele pede gesticulando para uma pasta grossa em suas mãos.

“Não tenho tempo para brincar de secretária dele...”, ele acaba franzindo a testa.

Não sei o que acontece entre Adam e Jack.

“Ah, sim!”, gemo abrindo um sorriso.

Tento não franzir a testa ou arregalar os olhos quando Adam coloca a mão no meu braço e diz com os olhos verdes fixos em mim:

“Obrigado, sabia que podia contar com você, Chloe!”, ele pisca um olho me deixando atordoada.

“Mas onde fica o andar do Sr. Michel?”, pergunto ao receber a pasta.

“No último andar.”

“No andar do Sr. Colucci?”, pergunto com a voz falhando ao pensar em encontrar o chefe e fazer alguma besteira, como sempre faço em situações sérias.

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