




CAPÍTULO 7
As responsabilidades como rei interino não eram nada fáceis – porque, simplesmente, Christian Dragomir D’evreux não era um. Ele era um guerreiro e um conselheiro – não era um rei – não tinha nascido para ser um. E acima de tudo – desempenhar todas as funções de um rei o lembrava demais de seu amigo – seu irmão; Alexander – que era o rei por direito – e ele estava devastado pela perda de um irmão. Seu povo estava em desespero. Tanto por causa da maldição quanto pela perda de seu amado rei, cujo governo os havia feito prosperar tanto – Alex simplesmente havia tornado seu reino o mais forte de todos. E agora ele não podia dizer o mesmo sobre seu outrora poderoso povo. Seu amado Evreux estava lutando. A maldição não apenas aprisionou seus corpos ou sua felicidade, mas também impactou seu sustento. O comércio com outros reinos, bem como com o mundo humano, havia sido prejudicado porque as pessoas presas em suas formas bestiais não podiam realizar as tarefas que podiam em seus corpos humanos.
Esses eram os momentos em que ele mais sentia falta de sua companheira – seu toque reconfortante e seus conselhos sábios – que foi banida para o mundo humano depois do que Katherine havia feito. Ele ainda se lembrava do olhar torturado em seus olhos quando ela teve que partir. Ele viu a luz deixando seus olhos que sempre brilhavam tanto que sempre tiravam seu fôlego com apenas um olhar dela. Ele costumava ficar maravilhado com sua natureza vibrante. Agora ela parecia uma mulher morta andando. Ele não era um homem violento, mas naquele instante mil mortes excruciantes para Katherine Vidarr passaram por sua mente.
Muitos anos ele passou procurando por Katherine com seu povo tanto neste mundo quanto no dos humanos, mas ela simplesmente havia desaparecido da face da terra. Ele ainda tinha espiões em todos os lugares que foram ordenados a continuar procurando por ela. Ele devia isso ao seu amigo para libertar seu povo da maldição. Pessoas; que Alexander amou até seu último suspiro.
Embora ao longo dos anos muitos de seu povo tenham encontrado companheiros e conseguido se libertar de seu pesadelo, muitos outros ainda permaneciam. E a dor deles era suficiente para envelhecê-lo muito antes do tempo.
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“Cara, estou exausto depois de dar uma surra naqueles três covardes. Eu só quero cair no sol e dormir – mas não – seu velho não me deixa descansar por dois malditos segundos” Dimi resmungou sem parar enquanto voava com Valiance em direção à cripta dos curandeiros.
“Ei, para de reclamar, tá? Aqueles eram só garotos que você bateu. Está me dizendo que aqueles ‘garotos’ te sugaram até secar? Vamos, cara”. Valiance disse divertido.
“Cala a boca”. Dimi retrucou como esperado “Eu só não gosto de ir àquele lugar. Me dá um medo danado”. Um arrepio visível passou por seu corpo. “Aquelas malditas mulheres são tão assustadoras com seus olhos amarelos. Você nunca viu eles brilharem como os de um gato enquanto elas fazem suas magias? Eu tenho pena dos desgraçados que acabam com elas como companheiras. Juro que se minha companheira for uma delas, vou correr para as colinas e nunca mais volto. Vou ficar como dragão a vida toda, muito obrigado”.
Valiance estava rindo até não poder mais. Dimi tinha medo dos curandeiros desde que era criança. Ninguém sabia o motivo, porque ele nunca contou nada nem mesmo para Valiance. E isso dizia muito, porque Dimi não conseguia esconder nada de seu melhor amigo, mesmo que sua vida dependesse disso.
Eles pousaram perto da cripta e, naturalmente, Valiance tomou a dianteira. “Vai na frente, eu fico aqui” disse Dimi quase pulando de nervoso. Sua cauda balançava continuamente, indicando sua necessidade de correr o mais longe possível da cidade subterrânea.
“Dimi, cara, para de ser covarde. Vamos lá. Entramos e saímos rapidinho. Agora vem, não temos o dia todo”.
Assim que entraram nas criptas, uma névoa sobrenatural os envolveu, fazendo-os estremecer. Logo uma voz assustadora seguiu o frio. “Não tenham medo, jovens dragões. Isso vai limpar vocês das impurezas do mundo exterior. É necessário antes que possam entrar mais adiante”.
Dimi pulou com a voz repentina e sem corpo que, sem dúvida, pertencia a algum curandeiro de séculos atrás. Valiance mal conseguiu controlar a risada que ameaçava sair de seu peito ao ver a expressão assustada no rosto de seu melhor amigo. Mas ele não conseguiu controlar o tremor que tomou conta de seu corpo como resultado da risada reprimida.
“Saudações, curandeiro” disse Valiance respeitosamente “Viemos ver a garota humana que foi trazida aqui ontem pelo meu pai, Christian D’evreux”.
“Eu sei por que vocês vieram, jovem dragão. E sei o que está por vir. Andem com cuidado”. Valiance não demonstrou o alarme que sentiu com o aviso enigmático do velho curandeiro. Ela devia ser uma vidente se podia prever o futuro. “Sigam o caminho iluminado e ele os levará à estação dos curandeiros”. Dimi já estava se movendo em direção ao caminho indicado, sem dúvida tentando se afastar da voz o mais rápido possível. Desta vez, Valiance não se preocupou em esconder sua risada às custas de seu melhor amigo, ao que Dimi se virou e lhe lançou um olhar de reprovação – o que só o fez rir ainda mais.
“Covarde” Valiance não conseguiu deixar passar “Babaca” Dimi resmungou em resposta.
Na estação dos curandeiros, eles perguntaram pelo quarto e discutiram o caminho todo até lá, mas suas discussões cessaram assim que seus olhos encontraram a forma adormecida no catre.
“Caramba, ela é linda” Dimi, sendo Dimi, sussurrou. Mas Valiance ficou chocado em silêncio pela pura beleza que estava diante dele. Seu cabelo vermelho flamejante estava espalhado ao redor de seu rosto como um halo de chamas furiosas. Sua pele de porcelana era impecável – sem sardas que ele pudesse ver. E ele ficou surpreso com a necessidade súbita e feroz de ver seus olhos – de ver aquele rosto sorrindo.