




Uma conversa sob as estrelas
Bree não tinha a intenção de seguir Trent para fora - pelo menos não exatamente. Ela o viu sair, mas não percebeu que ele tinha ido tomar um ar fresco no mesmo lugar que ela até estar quase na metade do caminho para fora. Seria estranho se afastar dele. Parecia estranho ir em direção a ele também, no entanto. Mas seus pés já estavam indo naquela direção antes que ela tivesse a chance de pará-los.
A noite estava fria, o que era esperado nas montanhas em dezembro; ela desejou ter pensado em pegar seu casaco. Não estava nevando, mas o vento levantava cristais de gelo do chão. As estrelas cintilando no céu estavam espetaculares. Era exatamente isso que ela procurava quando saiu. Paz, silêncio, beleza e um homem maravilhoso. Ela só esperava que, de alguma forma, Jason acabasse sendo isso. Quanto mais ela o conhecia, mais achava que isso não era provável.
"Oi," disse Trent, olhando para ela e depois de volta para a paisagem. "Já teve o suficiente de sinuca por uma noite?"
"Já tive o suficiente de relembrar por um tempo, acho." Ela podia sentir os efeitos do álcool. Tinha bebido um pouco rápido demais com o estômago vazio. Esperava que isso não os levasse a um ponto sem retorno. "Como você tem estado?"
"Bem." Ele deu de ombros. "Tentando focar na escola o máximo que posso."
"Por isso sem namorada no momento?" Ela sorriu para ele, esperando que parecesse uma provocação e não uma pergunta, embora ela realmente quisesse saber. Parecia que toda vez que ela estava solteira, ele estava namorando, e vice-versa.
"Não no momento," ele respondeu. "Jason parece ser um... cara."
Bree riu, cutucando-o gentilmente no braço. "Ele é um cara."
"Desculpe - não consegui me forçar a dizer nada melhor. 'Ótimo' simplesmente não ia funcionar nessa frase."
Dando de ombros, ela disse, "Você só precisa conhecê-lo. Ele realmente tem algumas qualidades ótimas."
"Como o quê?"
Ele parecia realmente querer saber. "Bem, ele é muito bom em matemática - assim como você. Ele pode acabar sendo um contador."
"Legal. Talvez eu possa trabalhar com ele algum dia, e ele pode me ajudar a ver melhor todas essas qualidades cativantes de que você fala."
Ela balançou a cabeça. "Ele faz trabalho voluntário na cozinha comunitária."
"Quando é necessário para uma nota."
"Oh, ele te contou essa história?" Ela se virou para olhá-lo, apoiando um cotovelo no corrimão da varanda.
"Contou. Se você quer saber, foi o cara que foi buscar seu violão que você deveria ter trazido para a cabana, não aquele cara." Ele apontou com o polegar por cima do ombro.
"Caramba. Acho que ele realmente te irritou, hein?" Bree se virou de volta para olhar as montanhas novamente.
Trent soltou um suspiro alto. "Desculpa. É que... ele disse algumas coisas que não foram legais."
Agora, ela estava interessada. "Como o quê?"
"Tipo... ele espera que você... você sabe..." Seus olhos estavam arregalados, mas ele não disse mais nada.
Bree estava perdida. "O quê? Perder minha capacidade de falar?"
Isso o fez rir. "Não. Ele só disse que você não... que ele espera que você... que a cama era muito grande, tá?"
"Oh. Oooh." Agora era Bree que estava sem palavras. Levou alguns segundos para perguntar, "Ele disse isso?"
"Sim. Ele disse muitas coisas."
Bree não sabia se deveria ficar envergonhada ou com raiva. A ideia de Jason lá na mesa de sinuca com seus amigos, e os namorados de suas amigas, falando sobre a vida pessoal deles, a deixou furiosa.
"Bree, você está bem? Seu rosto está ficando vermelho, e você está respirando pesado."
"Não, estou bem. Estou ótima." Ela pressionou uma mão na testa.
A mão de Trent estava em seu ombro. "Ei, desculpa. Provavelmente eu não deveria ter dito nada. É que... me deixou com raiva ouvir ele falar de você assim. Você não é um prêmio que ele pode ganhar, sabe?"
Ela se virou para olhá-lo novamente e percebeu que ele realmente estava bravo, que foi o comentário de Jason que fez Trent sair do jogo de sinuca e vir para cá. "Obrigada, Trent. Você sempre foi um cavalheiro. Eu aprecio isso."
Ele balançou a cabeça. "Nem sempre. Mas... se ele colocar um dedo indesejado em você, eu juro por Deus, você grita, e eu arrombo a porta se precisar."
Bree sentiu suas bochechas corarem por um motivo completamente diferente agora. "Obrigada, T."
Ele riu. "Deus, faz tanto tempo que alguém me chamou assim."
"O quê? Sério?" Ela se pegou rindo também.
"Sim. Isso é totalmente uma coisa da Bree."
"T e B para sempre - certo? Não era isso que costumávamos dizer? O que todo mundo costumava dizer?"
Ele assentiu, com as mãos enfiadas profundamente nos bolsos de seu casaco preto. "Sim, era isso que costumávamos dizer."
Novamente, ela ficou sem palavras por um segundo. Mas Bree não pôde deixar de perguntar, "Deus, Trent, o que aconteceu com a gente?"
"Não sei, Bree. Senti sua falta."
"Também senti sua falta."
O silêncio se instalou ao redor deles, e ela não pôde deixar de se inclinar e colocar a cabeça no ombro dele. Ele cheirava tão bem - como a floresta em um dia fresco. Ele colocou o braço ao redor dos ombros dela, e por um momento, ela considerou perguntar sobre aquela noite, no estacionamento, tantos anos atrás. Ele teria a beijado se Hank não tivesse aparecido? Se ele a tivesse beijado, isso teria significado algo? Eles teriam sido um casal? Ainda seriam?
Ela não teve a chance, porém. A porta se abriu atrás deles. Desta vez não era Hank. Era Jason. E ele parecia furioso.