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Memórias de um quase beijo

Observando os caras jogarem sinuca, Bree se sentou ao lado de amigos que não via há muito tempo e tentou ao máximo ouvir o que eles estavam falando. Concentrar-se era difícil. Ela realmente não estava preparada para a presença de Trent, e o fato de ele estar ali servia como uma distração.

Jason deve ter notado sua mudança de comportamento. Ela já havia mencionado Trent para ele antes, porque ele surgiu quando ela estava contando algumas histórias sobre coisas que aconteceram com esse grupo específico de amigos enquanto estavam no ensino médio. Jason havia perguntado especificamente se Trent estaria lá, o que Bree achou estranho, até agora. Jason não era o mais esperto do grupo, mas ele tinha que ter adivinhado que havia mais em seu passado com Trent do que ela estava contando.

Havia mais do que Bree estava disposta a admitir, na maioria das vezes. A bebida em sua mão estava ajudando na introspecção, no entanto. Trent ainda parecia bem. No ensino médio, ela se pegava olhando para ele e tinha que desviar o olhar antes que ele percebesse. Eles eram amigos, afinal, nada mais.

Nora estava contando uma história, e todos riram. Bree entrou na conversa, tentando enganar todos para que pensassem que ela estava participando, mas sua mente havia voltado ao terceiro ano do ensino médio...

No estacionamento, Bree ainda podia ouvir a música tocando no ginásio. Ela se sentia tão estúpida, comprando um vestido novo e se arrumando toda – para quê? O idiota do Chris Smith não estava interessado nela. Ele só estava usando-a para fazer ciúmes na ex-namorada.

Bree tirou o celular do bolso e começou a discar o número da mãe. Ela não tinha ido ao baile dirigindo, então não tinha como voltar para casa. Ela poderia parecer uma criança pequena pedindo para os pais virem buscá-la, mas era melhor do que ir andando.

"Bree! Você está bem?"

Ela se virou e viu Trent correndo em sua direção, a flor que sua acompanhante havia prendido em sua lapela algumas horas atrás era um lembrete visível de que ele tinha ido ao baile com outra pessoa.

"Estou bem," ela disse, colocando o celular de volta no bolso da jaqueta. "Eu só... quero ir para casa." Não havia sentido em tentar esconder as lágrimas dele. Trent a conhecia melhor do que ninguém.

"Eu vi o que aquele idiota estava fazendo, Bree. Sinto muito."

Ela limpou o nariz com as costas da mão, percebendo que ainda estava usando a flor. Ela a tirou e a jogou no estacionamento. "Por que os caras têm que agir assim?"

"Sinto muito," ele disse novamente, afastando uma mecha de cabelo loiro-morango do rosto dela. "Nem todos os caras são assim, você sabe."

Balançando a cabeça, ela cruzou e descruzou os braços, sem saber o que fazer. "Bem, parece que todos os que eu namoro são."

"É, vou te dar isso." Ele riu, colocando as mãos nos bolsos das calças sociais.

"Isso não é engraçado." Ela o empurrou de brincadeira, e como ele estava com as mãos nos bolsos, ele cambaleou um pouco para trás.

"Eu só estava brincando, Bree. Tentando te fazer rir."

"É, exceto que é verdade."

"Bree..."

"Deus, Trent. Eu sou uma perdedora."

"Você não é uma perdedora, Bree. Ele é o perdedor." Ele colocou as mãos nos braços dela, puxando-a para que ela olhasse para ele. "Qualquer um que não reconheça seu valor é um perdedor."

Ela olhou nos olhos dele por um momento, mas depois abaixou a cabeça. "Você só está dizendo isso porque é meu melhor amigo."

"Melhor amigo?" ele repetiu. "Uau. Fui promovido."

"Para com isso. Você sabe que é." Ele a puxou para mais perto, e Bree encostou a cabeça no ombro dele. Seus braços a envolveram, e ela respirou fundo, desejando ter uma maneira de dizer a ele que queria desesperadamente que ele fosse mais do que um amigo.

Mas ela não tinha ideia se ele sentia o mesmo, e não podia estragar tudo. O que faria sem ele em sua vida? Murchar e morrer? Se enterrar debaixo de uma pedra e ficar lá para sempre?

"Você deveria voltar lá para dentro, Bree." A voz de Trent era apenas um sussurro em seu ouvido. "Não dê a ele a satisfação de saber que te chateou."

"Você está brincando? E vê-lo dançar com aquela vadia a noite toda?"

"Deixe ele te ver dançar com um monte de caras gatos a noite toda. Tá, talvez não tão gatos--mas comigo, Isaac e Hank…."

Ela levantou os olhos para olhar para ele. Será que ele realmente achava que não era gato? Ele era o cara mais gato de Shelbyville. "E as suas acompanhantes?"

Ele balançou a cabeça. "Nossas acompanhantes sabem que somos amigos. Poxa, Missy e eu somos só amigos. Você sabe disso."

Era o que ele dizia, mas ela não sabia se Missy estava ciente disso. "Tem certeza? Eu ia ligar para minha mãe. Como vou voltar para casa quando isso acabar?"

"Oi--sou seu vizinho. Tenho certeza de que posso te levar para casa." Ele deslizou um dedo sob o queixo dela e gentilmente levantou seu rosto para que ela olhasse para ele. "Bree, Bree… está tudo bem. Você está bem. Você é mais do que bem. Você é incrível."

Bree respirou fundo. Algo estava acontecendo ali, e embora a deixasse nervosa e um pouco apavorada, também era muito bom. Uma energia preenchia o ar ao redor deles, e Bree se pegou olhando para os lábios dele por um segundo antes de perceber que eles estavam se aproximando dos dela.

Ele ia beijá-la! Trent Walker--seu vizinho, o cara mais gato da escola, melhor amigo--ia beijá-la. Bree fechou os olhos e se inclinou, pronta para aceitar o beijo e tudo o que isso significava para eles.

"Ei, Walker! Vai voltar ou vou ter que roubar sua garota?"

Trent deu um salto de uns dois metros para trás, e Bree abaixou a cabeça. Maldito Hank! Qual era o problema dele?

"Estou indo!" Trent gritou de volta. Ele deu alguns passos, passou a mão pelo cabelo loiro-areia, e então se virou para Bree. "Você, uh… está pronta?"

"Sim. Vamos." Como ela poderia não voltar agora? Ela respirou fundo e caminhou ao lado de Trent, de volta ao baile, fingindo que o que acabara de acontecer não tinha acontecido….

De volta à cabana, Bree percebeu que Nora estava dizendo seu nome. "Bree? Você está ouvindo?"

"Hã? Ah, sim. Estou ouvindo. Desculpa. Talvez eu tenha bebido demais."

"Não é sua primeira cerveja?" Christy perguntou.

"Fraca," Abby brincou.

Bree fez o melhor para se concentrar na conversa, mas seus olhos continuavam voltando para Trent. As coisas nunca mais foram as mesmas entre eles depois daquela noite no estacionamento, quando ele quase a beijou.

Ela desejava poder voltar no tempo e fazer acontecer. Se as coisas iam ficar estranhas, ela pelo menos veria aonde isso levaria. Em vez disso, aquela noite foi o começo do desmoronamento da amizade deles, e Deus, como ela sentia falta dele….

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