




Capítulo 3
Fidel acordou mais cedo do que o habitual naquela manhã, ele tinha casos pendentes para resolver. Como ele iria dar conta de tudo? Seu telefone já havia começado a tocar, aumentando sua tensão, pois ele teria que ver seu superior naquela manhã. Mary fez questão de que Fidel saísse com uma lancheira cheia. Ela sabia muito bem como ser uma esposa dedicada, sempre apoiava o marido. Ultimamente, Fidel parecia não ter tempo para a família, pois o excesso de trabalho o mantinha afastado. Às vezes, ele passava a noite de plantão, enquanto em outros dias voltava tarde da noite, como no dia anterior.
Mary acenou da porta enquanto Fidel ligava o carro. Ela estava perdida em pensamentos, se perguntando quando veria o marido novamente. Eles quase não tinham momentos românticos juntos; se ela pudesse controlar o tempo, mudaria o destino dele, mas agora não tinha outra opção a não ser aceitar o destino deles.
Mary havia esquecido que Julie nunca acordava sozinha. Já eram nove e meia e Julie ainda estava dormindo. Mary sorriu e foi em direção ao quarto de Julie.
VINTE ANOS DEPOIS
"Rápido!!" Julie chamou Ben, que parecia estar andando devagar enquanto observava o ambiente. Ela não tinha planos de perder tempo, já que haviam chegado ilegalmente. "Será que deveríamos mesmo estar fazendo isso?" ele questionou após muitas observações. Mas Julie não parecia se importar com a pergunta dele; ela tinha esperança de que o prédio guardasse segredos a serem descobertos, pois não tinha rachaduras ou cores desbotadas, e os rumores diziam que o edifício abandonado estava de pé há mil anos. Ela fez questão de capturar tudo por onde passavam, pois a casa era enorme, cheia de muitos quartos e entradas. Ela acreditava que, se sua descoberta despertasse interesse, ela receberia uma promoção e, eventualmente, seus salários seriam aumentados, sabendo bem que ganhava pouco. Esta era sua chance.
Ben continuava se perguntando por que Julie achava aquela casa tão fascinante, quando parecia uma casa mal-assombrada. "Como você tem certeza de que não há criaturas selvagens vivendo aqui?" ele perguntou finalmente, após muitas alucinações. Além disso, eles haviam voado ilegalmente para chegar lá, e o prédio estava situado no meio de uma floresta. "Não seja criança", Julie disse a Ben. Ela frequentemente se perguntava por que Ben havia escolhido ser jornalista quando havia muitas outras ocupações que certamente se encaixariam melhor em sua personalidade. Ela prosseguiu o mais rápido possível, como se estivesse procurando algo em particular. Ben não pôde deixar de segui-la. Se ele soubesse que a missão proposta por Julie acabaria sendo assim, teria mentido dizendo que estava doente. "Certifique-se de pegar coisas para mostrar como evidência", Julie ordenou. "Será que ela nunca pode ser educada?" Ben sorriu enquanto murmurava em obediência.
Os dois jornalistas pararam quando suas atenções foram capturadas por um enorme objeto redondo coberto com um linho. Julie foi rápida em remover o linho. "Uau", foi o espanto dos dois jornalistas ao verem aquela enorme porta parecida com um motor. Julie tirou fotos dela e então ambos tentaram abrir a porta. A porta parecia não dar sinal de abertura. Julie ficou irritada, culpando Ben por não ser homem o suficiente para abrir a porta. Ela bateu a mão na porta e saiu. Ben notou raios de luz vindo da porta imediatamente após Julie sair. Ele correu atrás dela, não querendo observar mais. "Não faça barulho", Julie ordenou quando ele chegou. Seus olhos pareciam estar em alerta, movendo-se de um lado para o outro. Ben sentiu perigo. "O que aconteceu?" ele perguntou em sussurros. "Houve um som vindo desse ângulo. Acho que alguém está aqui." Nesse momento, eles ouviram passos se aproximando por trás. Os passos pareciam mais de alguém fugindo. Julie imediatamente começou a perseguir. Ben correu atrás dela, depois de se convencer de que ela estava correndo louca atrás de um fantasma. Ela parou de correr, tendo perdido a perseguição. Ela estava determinada a pegar esse ser, se realmente fosse um ser. Pois, de fato, ele poderia saber algo sobre a casa. "Saia, eu sei que você está escondido em algum lugar", Julie gritou irritada depois de olhar ao redor. Seus olhos captaram uma figura sombria que estava atrás de uma cortina. Ela estendeu a mão para a cortina e a puxou para baixo. Ben fechou os olhos ao ver o que estava diante deles, pois o homem parecia estar nu e peludo, seus pelos eram mais parecidos com pelos de animais. Julie olhou com os olhos arregalados; era a primeira vez que via um homem nu. Ben continuou olhando para a região da virilha dele, se perguntando se ele era um homem ou um animal, pois nunca tinha visto algo assim antes. A atenção de Julie se voltou para Ben, e ela foi forçada a perguntar se ele era gay. Ben se defendeu dizendo que olhou porque era a primeira vez que via algo assim. O ser que estava na frente deles olhou para Julie com espanto. "Hmm", Ben suspirou, quebrando o silêncio que durou muito tempo. "Você vai interrogá-lo ou continuar olhando?" Ben reclamou, parecendo cansado da admiração deles. "Quem é você?" Julie finalmente perguntou, observando o ser que continuava a olhar para ela. Ele parecia não entender a língua dela, ela pensou. "Oh, meu Deus!" Julie exclamou alto quando o ser saiu correndo.
"Uau!! Que personalidade masculina," elogiou o Dr. Peter enquanto fazia a barba do ser que os jornalistas encontraram. O ser não resistiu nem lutou, embora tivessem tido dificuldades para trazê-lo para a cidade. Ele realmente deu muito trabalho no caminho. "Você acha que ele pode ter ficado naquele prédio?" Julie perguntou a Peter, parecendo preocupada. "Bem, pela aparência, ele parece ter uns trinta anos," Peter presumiu com confiança. "Você acha que ele pode falar?" Julie perguntou ao médico para ter certeza de que não havia cometido um erro ao trazê-lo. "Não tenho certeza sobre isso, mas suas cordas vocais estão em boas condições."
O médico finalmente terminou de fazer a barba do estranho, e ele agora parecia mais humano do que antes. Julie admirou seus olhos, que eram azulados; ele tinha um cabelo bem longo e músculos grossos, seu corpo estava coberto de veias. "Por favor, pode vesti-lo agora?" Ben propôs, sentindo-se envergonhado de olhar para ele. Ele acreditava que Julie era uma garota má, pois ela não parecia incomodada ao ver um homem nu. "Espero que este homem seja a notícia que a imprensa está procurando," pensou Julie.
"Então, como devemos chamá-lo?" Ben perguntou. "Meu nome é Lucian," o estranho falou. Sua voz era bem profunda. Muito precisa. Ele podia falar o tempo todo e ficou calado. Pelo menos ele falou a tempo. Agora os planos de Julie estavam se concretizando; ela tinha uma notícia para publicar e uma promoção para conquistar.