




CAPÍTULO 5
A DE SARAH
Ver Williams e Berky juntos no jardim foi como um soco no estômago. O calor no olhar dele, o brilho de conexão—será que tudo era uma mentira? Senti-me uma tola por ter acreditado que havia algo mais entre nós. Meu coração doía ao perceber que sua atenção poderia ter sido uma fachada.
Depois desse encontro, notei uma mudança em Williams. Ele se aproximava de mim enquanto eu trabalhava, um sorriso esperançoso nos lábios. Mas minha resposta estava desprovida do calor habitual. Saí abruptamente com Emma, deixando-o ali, perplexo. Sua presença despertava uma mistura de emoções dentro de mim—raiva, mágoa, confusão.
Caminhando em direção ao meu escritório, avistei Sarah à distância. Um sorriso surgiu em meus lábios; sua presença sempre era uma surpresa agradável. Ao me aproximar, fui recebida com um tom distante, seus olhos desprovidos do brilho habitual. A confusão nublou meus pensamentos—o que havia mudado?
Semanas se passaram, e o comportamento distante de Sarah continuava. Muitas vezes tentei conversar com ela, mas suas respostas careciam do envolvimento de sempre. Cada interação me deixava com uma crescente inquietação, uma sensação de desconexão que eu não conseguia decifrar. Será que eu havia interpretado mal seus sinais o tempo todo?
Meus pensamentos fervilhavam incessantemente. O peso da situação me pressionava, fazendo-me sentir menor a cada dia que passava. O estresse se manifestou fisicamente, e me vi no hospital, fazendo exames. As palavras do médico foram um golpe—eu estava no estágio final de um tumor cerebral. A devastação me inundou, e a raiva surgiu dentro de mim.
No meu quarto, lágrimas escorriam pelo meu rosto. O Grand Palazzo, meu refúgio, parecia uma piada cruel. A culpa recaiu sobre William, seu papel na minha dedicação agora uma fonte de amargura. Se não fosse por sua influência, talvez eu tivesse vivido de forma diferente. Eu sabia que era uma culpa estúpida, mas precisava culpar alguém.
Enquanto estava na minha casa de férias, fiquei surpresa quando o noticiário da TV destacou a proposta do Hotel James, que surpreendentemente espelhava a minha. A coincidência do timing era impossível de ignorar. Essa realização me arrepiou—poderia haver um espião no meu círculo? Minha mente correu enquanto eu analisava o possível vazamento de informações que poderia comprometer minha vantagem na indústria.
Minha vida desmoronou, o diagnóstico uma reviravolta cruel. Raiva, frustração e uma sensação de tempo escorrendo me envolveram. Ansiava por momentos que perdi, por sonhos não realizados. Tomei as rédeas, abraçando o tempo que me restava, determinada a viver nos meus termos e a parar de agradar as pessoas.
Uma ida de carro para comprar cebolas—a absurdidade disso me fez sorrir. Lembrei-me da aversão de William ao cheiro. Era uma pequena rebeldia, uma declaração da minha nova atitude desafiadora.
A noite estava quieta, e minha casa serena. Ou assim pensei, até que barulhos me tiraram dos meus pensamentos. A sala de estar estava fracamente iluminada, e lá estava ela—Sarah, quase irreconhecível com seu boné. Confusão misturou-se com alarme enquanto ela avançava em minha direção, segurando um martelo de forma ameaçadora.
O tempo parecia desacelerar enquanto o martelo pairava no ar. Mas em vez de golpear, ela jogou um envelope em mim. Sua demissão, e um pacote de cebolas. Sua partida foi tão abrupta quanto sua chegada. Corri atrás dela, mas ela já havia saído com seu carro.
Sua confusão era evidente, mas não havia volta. O envelope continha minha demissão, uma declaração silenciosa da minha autonomia. Lágrimas embaçaram minha visão enquanto eu saía, meu coração pesado com emoções que eu não conseguia expressar.
Chamei por ela, o telefone pressionado contra meu ouvido, mas sua voz era uma enxurrada de acusações e xingamentos. Meus pensamentos estavam confusos, a gravidade da situação afundando em mim. Desatenta à estrada, não percebi um carro vindo em alta velocidade até me encontrar no chão, perdendo a consciência.
Não ouvi mais a voz do Sr. Williams. Agora ouvia uma respiração ofegante, o medo me dominou. Virei meu carro de volta e fui na direção da casa dele. Meu carro parou bruscamente em frente à casa dele. O pavor se instalou no meu peito quando o vi no chão, imóvel. O pânico me consumiu; o homem com quem eu estava zangada estava ali, indefeso. Chamei por ajuda, minha voz trêmula.
A consciência oscilava enquanto eu lutava para me levantar. O mundo ao meu redor era um borrão de luzes e vozes. O rosto de Sarah pairava, seus olhos arregalados de preocupação. Meu coração disparou—o que havia acontecido?
Meu coração disparava, minhas emoções eram uma tempestade tumultuada. O medo lutava contra a raiva enquanto eu seguia a ambulância até o hospital. A culpa por ter desejado mal a ele me corroía.
Minha consciência voltou em fragmentos. Máquinas apitando e paredes estéreis me saudaram. O rosto de Sarah entrou em foco, sua expressão uma mistura de preocupação e alívio. A confusão nublava meus pensamentos—como eu havia acabado ali? Por que vi James na cena enquanto perdia a consciência? Esse acidente foi armado?