Capítulo 5: por quê?
Era tão cedo pela manhã quando Alpha Conri acordou de seu sono, ele não sabia quando o sono tomou conta de sua consciência. Ele olhou pela janela do seu quarto, ainda estava escuro, mas o horário no seu celular marcava cinco da manhã. Antes de dormir, sua mente estava ocupada com pensamentos sobre Kyra durante toda a noite, como reconquistar seu amor e como resgatar ela e suas irmãs permanentemente. Ele devia estar realmente cansado para ter dormido com as roupas, ele odiava essa sensação, especialmente desde que parou de compartilhar a mesma cama com Kyra. Mas ela estava ali, não mais em uma cidade diferente, ele seria paciente, aos poucos ganhando sua confiança novamente. Ele se dizia um tolo, se culpava repetidamente, e até pensava que estava melhor quando ela não estava em sua vida, o tormento era demais, mas ele simplesmente não conseguia esquecê-la, não conseguia tirá-la da cabeça nem por um segundo, ela estava presente em tudo que ele fazia. Ele se odiava por ser tão fraco quando se tratava dela, mas estava acabado, não conseguia viver sem ela.
Ele olhou pela janela novamente para verificar, ele sabia qual era o quarto dela, queria apenas ver se as luzes do quarto dela ainda estavam acesas, mesmo sabendo que provavelmente não estariam, queria ter certeza de que ela tinha dormido pelo menos um pouco... Suas irmãs a teriam forçado, ele sabia disso com certeza.
Ele deu uma olhada satisfatória no prédio delas e no que fazia os arredores serem o que eram, parecia pacífico sem muita coisa acontecendo, as árvores também eram um toque agradável, não havia muitas árvores em sua alcateia como Kyra tinha em sua nova casa, e ele só esperava que as árvores lhe dessem tanta paz quanto ele estava sentindo agora.
Algo chamou sua atenção... Não algo, alguém... Uma figura, ele não conseguia identificar quem poderia ser, não conseguia vê-la claramente, a pessoa estava em uma sombra escura, quase impossível de distinguir na escuridão da manhã, e se não fosse por sua visão extraordinária, ele teria perdido a figura. A pessoa não parecia uma ameaça a princípio, mas quanto mais ele olhava, mais achava que deveria verificar. Não perderia nada apenas verificando, mas se não o fizesse, poderia perder muitas coisas, pensou consigo mesmo.
A pessoa estava olhando diretamente para o quarto de Kyra. Ele ficou imóvel, uma inquietação paralisando seu corpo e mente, segurando-o no lugar, ele estava imediatamente ciente de cada grilo, cada sapo e cada som da manhã. Pensar que alguém estava tentando olhar para dentro do quarto dela, enviou medo ao seu coração.
Conri saiu do seu quarto em direção à figura, tentando ser o mais silencioso possível, e ele era bom nisso, tinha aprendido a ser furtivo quando necessário. Ele precisava garantir que a pessoa não percebesse que também estava sendo observada.
Conri deslizou mais fundo na escuridão, aproximando-se do intruso, entrando nas sombras e ficando imóvel novamente, seus sentidos estavam aguçados. Ele não conseguiu ver a pessoa por um minuto inteiro, então esperou. Não ouviu nada, não viu nada. Finalmente, ele viu um vislumbre da sombra se movendo entre as árvores, mas as árvores o denunciaram. Ele correu em direção ao intruso, tentando cortar seu caminho sem que o intruso percebesse. Mas Conri era um homem grande, estava ficando difícil se esconder atrás das árvores, e o intruso era rápido, tentando se afastar dele, ele também devia ter percebido que não estava sozinho.
As luzes no quarto de Kyra se acenderam e chamaram sua atenção por um segundo, ela devia ter acordado cedo também, assim como ele, talvez ela também não tivesse tido um sono tranquilo. Ele desejava que fosse por causa dele.
A distração permitiu que o intruso se escondesse novamente, mas Conri ainda podia senti-lo. Ele ainda estava lá.
Ela abriu a janela, olhou para fora, ainda olhando para algo no céu, poderiam ser as estrelas que ainda estavam visíveis, ou algo completamente diferente que estava chamando sua atenção, e ele ficou feliz por isso, era melhor que ela não o visse ou ao intruso. Ela estava usando uma blusa de alças finas, ele não conseguia ver o que ela vestia abaixo, mas sabia que saber isso só o faria perder o foco.
Levou todo o autocontrole que ele tinha para não gritar um aviso para ela, e dizer que a manteria segura e que ela não precisaria se preocupar com nada agora que ele estava ali.
Ele viu o intruso, era um homem, estava muito perto dele, estava logo atrás de uma árvore, ele também tinha parado na abertura da janela para dar uma olhada nela.
Ele queria pular sobre ele sem preparação, quebrar seu pescoço. O homem olhou ligeiramente para o lado, e ele o reconheceu.
"Droga! Viktor," ele disse em voz baixa. Ele o conhecia, era um dos homens de Dante. Um dia, seu amigo.
Conri viu que ele ficou imóvel ao ouvir seu nome.
"Fique com as mãos aí e nem se mova, Viktor," Conri disse, aproximando-se para ter um melhor acesso.
Ele obedeceu, mas estava calmo, como se já o esperasse.
"O que diabos você está fazendo aqui? Por que você e os outros estão tão obcecados comigo? Esta batalha foi travada e eu venci, volte e reporte ao seu mestre, diga a ele para vir até mim, diga a ele para me enfrentar em vez de agir como um covarde."
"Conri, eu não fazia ideia de que você estava aqui, nós sempre nos encontramos nos lugares mais loucos. O que você está fazendo aqui? Longe da sua alcateia, onde você governa?" Viktor perguntou de volta, sem se mover, sem se preocupar em responder às suas perguntas.
"Você me seguiu até aqui?" Conri perguntou, olhando-o nos olhos agora, ele não acreditava em nada do que Viktor estava dizendo, não havia como ele não o ter seguido até ali. Os olhos de Viktor não mostravam nenhuma emoção, ele não conseguia lê-los, e isso o incomodava. Conri, Dante, Kiran, Viktor e um grupo deles cresceram juntos na alcateia, mas então eles cresceram, e títulos e poder começaram a afastá-los.
"Eu não estou aqui por sua causa, Conri, apenas siga seu caminho e eu seguirei o meu."
"Você está no meu caminho agora, você está nos meus assuntos, Kyra é meu assunto e eu acabei de ver você olhando para o quarto dela, espionando-a. Quero que você vá embora antes que eu cause algum dano ao seu corpo."
"Eu já te disse, eu não estou aqui por você." Ele começou a se mover para trás, lentamente, Conri o seguiu, sem perder o equilíbrio, concentrando-se em cada movimento e em cada respiração dele.
"Ele te mandou aqui?"
"Quem me mandou aqui?"
"Droga! Não tente se fazer de idiota, você sabe exatamente de quem estou falando, estou falando de Dante." Ele continuou quando percebeu que Viktor não ia responder suas perguntas. "Você mandou o Ômega aqui? Como você pôde ser tão estúpido a ponto de mandar um Ômega comum para matar uma Luna? Você falhou, mas tenho certeza de que já sabe disso." Havia algo nos olhos de Viktor quando ele disse essas palavras, mas desapareceram imediatamente como se nunca tivessem estado lá. Viktor era o melhor em esconder seus sentimentos entre eles, e ele podia rejeitar a intrusão de qualquer lobo, não importava o posto. Ele era um Beta, mas podia rejeitar até mesmo a intrusão de um Alpha, e era exatamente isso que ele estava fazendo.
"Eu não sei do que você está falando, mas você não precisa responder minha pergunta, eu já posso ver por que você está aqui, acho que os rumores eram verdadeiros, você não a esqueceu." Ele disse, apontando na direção da janela de Kyra. Conri olhou e ficou aliviado ao ver que ela não estava mais na janela.
"Eu me pergunto por quê, no entanto, ela quase fez você perder tanto sua vida quanto seu título, por que você ainda está obcecado por ela?" Viktor continuou.
"Eu estava destinado a estar em perigo de uma forma ou de outra, de qualquer maneira, com Dante sempre me perseguindo, era um sacrifício que eu faria repetidamente se significasse salvá-la novamente. Ah, você sabe como é, os perigos tendem a simplesmente aparecer."
"Sim, mas eu pensei que seu título lhe daria alguma liberdade e livre-arbítrio, mas acho que você ainda está olhando por cima do ombro," Viktor disse, tentando distrair Conri, mas Conri sabia disso e não estava prestes a ceder facilmente.
O dia estava ficando cada vez mais claro, a escuridão desaparecendo, então ele podia ver o rosto de Viktor claramente agora.
"Vire-se," ele ordenou com sua voz de Alpha, e Viktor foi compelido a obedecer.
"Vamos, Conri, você não vai falar com minhas costas, vai?"
Ele se moveu, e Conri quase foi tarde demais antes de ver a faca de prata que Viktor estava segurando, que passou por ele por pouco. Ele também se moveu, o mais rápido que pôde, afastando a faca de prata dele. Seu pé se lançou, batendo forte no lado de Viktor, forçando sua perna a ceder, fazendo-o cambalear.
Isso deu a Conri tempo suficiente para sacar a adaga de prata que sempre carregava consigo. Agora estavam frente a frente, um esperando o outro fazer o primeiro movimento.
"Eu posso simplesmente ir embora agora, posso voltar para a alcateia e podemos esquecer que tudo isso aconteceu," Viktor tentou.
"Eu não vou deixar você ir assim." A ideia de Viktor ameaçando Kyra com a faca de prata quase o enlouqueceu, e ele quase não conseguiu se controlar.
"Eu tenho que voltar para a alcateia em segurança para que sua companheira esteja segura. Se você me matar, ele enviará outra pessoa, confie em mim, eu não estou aqui para machucar sua garota, não importa o que a mensagem diga. Eu tenho que voltar ileso ou nós dois morremos aqui e agora."
"Então vamos morrer, aqui e agora."
Viktor balançou a cabeça. "Eu te conheço, você não é tão tolo assim, você não pode perder sua vida sem lutar, e eu sei que você tem ela para proteger. Há muitos lobos interessados nela, ela praticamente perdeu seu título na alcateia agora."
"Ela não perdeu nada enquanto estiver comigo, qualquer um que ousar tocar um fio de cabelo dela terá que enfrentar minha ira."
"Então me deixe ir, eu não quero machucar sua mulher, eu não quero ter que me preocupar com você pelo resto da minha vida, e eu entregarei sua mensagem de que ela deve ser deixada em paz."
Conri odiava a ideia de que mais pessoas estavam interessadas nela, mas ele também sabia que Viktor não mentiria, ele era muitas coisas, mas mentiroso não era uma delas.