




5. O FUNERAL.
Havia flores ao redor dela, pétalas coloridas caindo ao longo do corredor gramado. Seus dedos roçavam as bordas de seu vestido lavanda enquanto ela fixava os olhos à frente. Ele estava lá, sem blazer, como de costume. Preto, mas de alguma forma ainda muito diferente.
O andar de Damien era firme, constante enquanto ela segurava o microfone. Seus olhos encontraram os dele instantaneamente, e ele não se mexeu. Nenhum dos dois se mexeu, em vez disso, ele parou, o caixão aberto para os céus atrás dele. Foi então que Agatha segurou as mãos de sua sobrinha, atraindo sua atenção, e Liv se virou para ela, nervosa.
Seus olhos estavam inertes, fechados.
Os céus acima deles tinham se tornado carmesim e eles estavam na linha de frente da multidão que tinha vindo para o funeral de Hank. E enquanto Omar e Alli trocavam olhares furtivos, Damien não tirava os olhos de Liv. Talvez fosse algo sobre o vestido que ela usava, ela estava diferente do usual saia e camisa. Ela estava atraente, e ele não tinha vergonha de olhar para ela. “Meu pai era—“ Ele fechou os olhos, finalmente continuando.
“Alguém me disse que ele poderia ter sido a alma mais doce que você já conheceu, e há alguma verdade nisso” Ele zombou e Liv imediatamente se virou para ele, mas ele desviou o olhar. “Olivia” Agatha chamou seu nome suavemente. “Isso me lembra tanto do funeral do seu pai—“ Ela continuou e seus ombros caíram, percebendo que não se lembrava de nada disso. Talvez seu próprio mecanismo de defesa.
“Não houve um funeral funeral”
“O quê?” Veio uma resposta sutil com uma arqueada de sobrancelhas. “É—“ Agatha gaguejou. “Há mais do que você sabe” Sua voz estava fraca enquanto segurava as mãos de Liv. “Acho que é hora de você saber toda a verdade sobre o que aconteceu naquela noite”
Seus olhos se fecharam, voltando para onde paramos—
—onde ela podia se lembrar.
UMA SEMANA ANTES
O documento caiu na mesa com um baque enquanto Liv tremia, fechando os olhos. Ela olhou por cima, cuidadosa com a tensão que infiltrava o ar. “O que é is—“
“É um maldito NDA, Odessa” Ele levantou a voz, mãos nos quadris enquanto caminhava em direção às janelas. “Olivia” Ela murmurou sob sua respiração e ele se virou para ela, soltando um riso sarcástico. “Você acha que isso é uma piada, Ophelia” Ela revirou os olhos.
“Ophelia? Vamos lá”
“Aparentemente, eu não achava que precisávamos de um NDA, mas aqui estamos. Depois que você saiu por aí tagarelando para o único maldito repórter que você deveria—“
“Você disse que eu deveria fazer companhia a ela” Olivia interrompeu. “Sim, claro, não oferecer opiniões não solicitadas a um maldito repórter. O que aconteceu com malditos concursos de quem pisca primeiro ou algo assim” Ele estava furioso e tenso, e você podia ver isso em seus olhos. E ela apenas soltou um suspiro de seus lábios, pegando a caneta à sua frente.
“Como posso ter certeza de que isso não é algum arranjo de casamento?” Ela deixou o sarcasmo tomar conta, e ela foi a única que soltou uma risada enquanto Damien apenas olhava desapontado. “Você se supera sendo burra, não é?” Ele perguntou e ela olhou para ele ferozmente. “Não ouse”
“Você não achou que eu vi você com a língua na garganta dessa mesma mulher. Então por que você não a convenceu a não expor sua sujeira ao público se você era tão íntimo” Ele a olhou. “Não que seja da sua conta, mas Amelia não mistura trabalho e pessoal” Liv zombou.
“Bem, claramente eu acredito nisso” Ela comentou, fazendo um som de framboesa. “Eu não preciso disso agora, Ola. Apenas assine os malditos papéis” Ele levantou a voz. “E nunca mais olhe para mim de novo”
“Deus, não.” Olivia soltou. “Eu nunca poderia, não que seja muito lisonjeiro” Ela assinou seu nome no espaço aberto e então olhou para ver o sorriso sarcástico dele. “Você nunca descobriria” Ele pegou o documento de volta em suas mãos e ela soltou uma risada suave. “Estou bem, garoto bilionário” Ela sussurrou e seus olhos a perfuraram por trás.
Ela se virou, mas só quando estava na porta. "Para constar, eu sinto muito. Não pelas coisas que eu disse. Mas pela sua amante para quem eu disse isso." Ela passou a mão pelo cabelo e Damien rangeu os dentes. "Você tem mais uma chance, e depois está demitida." Seu rosto ficou sério e ela engoliu em seco, sabendo que, apesar de todas as piadas e sarcasmos—
—ela não podia perder esse emprego. "Você não faria isso." Ela desafiou, e ele pressionou os dedos contra a mesa. Ele engoliu em seco enquanto eles trocavam olhares à distância.
"Tente-me." Ele murmurou, quase inaudível. E Liv franziu o nariz antes de fechar a porta atrás de si. Ela suspirou quando saiu. Ambos suspiraram, porque ele rasgou o jornal que estava bem à sua frente, espalhando os pedaços no chão em fúria. "Droga." Ele pressionou os dedos contra a cabeça e Olivia ouviu seus gemidos do outro lado da porta.
Ela se afastou, sentindo uma pontada de culpa no coração. Ela adoraria chamar isso de empate, mas nem ela conseguia se livrar desse sentimento.
De repente, sentiu um braço puxá-la para trás. "Ei." Era Alli.
"Você viu isso?" Ele levantou os papéis e Liv engasgou, arrancando-os das mãos dele. "Você pode guardar isso?" Ela sussurrou entre os dentes enquanto jogava no lixo.
"O quê?" Alli estava confuso enquanto ela o arrastava para a cafeteria. "É literalmente minha culpa." Ela sussurrou enquanto abria a porta. "É meu nome lá porque minha burrice foi tagarelar para um repórter idiota." Ela olhou nos olhos dele, percebendo que ele estava distraído olhando para algo atrás dela.
Ela acenou antes de se virar.
Só para ver um milhão de outros papéis espalhados na mesa, e olhos penetrando sua alma. Olhos decepcionados. E seus braços caíram assim que Alli deu um passo à frente. "Isso explica isso." Ele apontou para eles, impassível, e ela olhou para ele.
"É como o ensino médio de novo, Olivia." Ele sorriu, levantando o polegar sarcasticamente. "Ótimo, Olivia." Ele acrescentou enquanto ela avançava, pegando o máximo de artigos que podia em seus braços e olhou para Donald, apontando um dedo na cara dele.
"Não ouse me dar esse olhar, Donald. Ou eu conto sobre você e a Marcia." Ela olhou para a mulher tremendo no canto e então parou, olhando de volta para Alli, que revirou os olhos.
"Que vergonha." Ela exclamou, e a quantidade de vergonha alheia que inundou Alli foi tão esmagadora, mas tudo se acalmou no momento em que seus olhos caíram naquele rosto familiar—era o homem do dia anterior, devorando um sanduíche enquanto acenava ingenuamente com a palma da mão esquerda.
Alli engoliu em seco, levantando a mão relutantemente para acenar também, meio sorriso se formando em seus lábios. Então ele foi trazido de volta à realidade por Olivia, que o chamou.
"Vamos." Ela estava alheia ao que estava à sua frente enquanto abria a porta. E eles estavam de volta ao corredor enquanto ela enchia a lixeira. Ela suspirou quando terminou. "Agora, onde diabos vamos almoçar?" Ele perguntou.
Ela enfiou as mãos nos bolsos. "Eu conheço um lugar." Ela sorriu.
"Vamos lá, nosso cubículo?" Alli atingiu um novo nível de decepção enquanto Liv se sentava em sua mesa. "Isso não é mais o ensino médio, Alli. Não precisamos comer com os garotos populares. Eu nem tenho almoço." Ela deu de ombros.
E ele caiu na cadeira. "Exceto que nunca sentamos com os garotos populares. E agora, depois de meses começando a nos estabelecer. Você vai lá e estraga tudo." Ele revirou os olhos. "Vamos, eu disse que foi um erro. Eu deveria me desculpar com você também?" Alli franziu o nariz. "Esses não são estudantes. São nossos colegas de trabalho." Ele murmurou. "E ser amigo deles é a única maneira de esse trabalho ser mais agradável. Mais fácil de suportar." Ele acrescentou e, por algum motivo, um sorriso começou a se formar no rosto dela. "O que foi—"
“Alli.” Ela arrastou.
“Você está preocupado só porque não pode ficar perto da sua paixão do escritório?” Ela riu, dando um leve soco no estômago dele, e ele ficou corado. “O quê, não!” Ele exclamou. E Liv não conseguiu controlar a risada. “Espero que não seja a Marcia. Ou a Martha ou qualquer uma das M’s.” Ela segurou o peito.
E o coração de Alli afundou no peito, percebendo a única coisa que ele não conseguia confessar à sua melhor amiga—que não era uma mulher. Em vez disso, ele apenas zombou. “Realmente não é.” Ele revirou os olhos pela enésima vez e Liv segurou seus ombros.
“Tem certeza?”
“Sim, tenho certeza.” Ele olhou para ela. E ela saltou de pé. “Certo, me conte tudo sobre ela, e eu vou tentar adivinhar.” Ele a olhou, tentando ao máximo não sorrir. “Como no ensino fundamental agora?” Ele perguntou e ela riu, segurando-o.
“Vamos lá, só havia um garoto.” Ela disse, e ele zombou. “O garoto do acampamento de verão.” No momento em que ele disse isso, o sorriso desapareceu dos lábios dela. “Você ainda se lembra dele?” Ele acrescentou e ela suspirou. “Claro que lembro.”
Isso era verdade, ocasionalmente no ensino médio, ela ainda pensava nele, esperando que as coisas pudessem ter sido diferentes e criando diferentes cenários em sua cabeça onde tudo dava certo.
Onde eles davam certo.
“Alex.” Alli disse e ela instintivamente olhou para a porta de Damien e depois de volta para ele. “Podemos, uhm—“ Ela segurou o queixo. “Podemos não falar com Alex?” Ela perguntou, tão diferente da pessoa que era um minuto atrás. Alli assentiu respeitosamente. “Então, o que você quer fazer?” Ele perguntou.
“Apenas—“ Ela olhou para o teto e para o corredor vazio ao lado deles. “Apenas ficar aqui em silêncio.” Ela percebeu que ainda segurava as mãos dele e Alli apenas deu de ombros. “Ok.”
E o silêncio realmente caiu entre eles, mas apenas por um tempo antes que ele falasse. “Você deveria falar com o Sr. Archer, no entanto. O jornal—“
“Alli.” Ela apertou as mãos dele. “Só estou dizendo, se fosse eu, eu teria te demitido naquele instante.” Ele riu e ela o cutucou. “Vamos, silêncio.” Ele finalmente se calou, colocando o queixo contra a cabeça dela e ela se aconchegou nele enquanto pensava no que ele havia dito por último. E ela sabia o que tinha que fazer.
Mas agora, ela só queria ficar aqui.
A fumaça subia no ar, com ele parado na beira das grades. No momento em que ela empurrou a porta que levava ao telhado, uma rajada de vento encheu seu rosto.
Tanto que ela deu um passo para trás. Ele foi a primeira pessoa que ela avistou, mas seus olhos estavam fechados sobre os prédios quase altos. Seus dois dedos seguravam a ponta do cigarro antes que ela limpasse a garganta. Damien jogou a cabeça sobre os ombros, imediatamente conectando os olhos com os dela. Liv ficou ali, com um romance sem capa nas mãos e o vento levantando sua saia.
“Eu queria te ver.” Ela gritou para que ele pudesse ouvir, e Damien se apoiou no metal, focando toda a sua atenção na mulher à sua frente. O cigarro caiu de seus lábios e ele imediatamente o esmagou com o calcanhar de seus sapatos xadrez.
“Você está exausto.”
“Eu posso ver. Nos seus olhos, e na sua frustração. E eu não te culpo, Sr. Archer. Nem todo mundo nasce CEO como seu pai.” Ela acrescentou e ele zombou, se aproximando dela. “Por que sinto sarcasmo em algum lugar dessa frase?” Ele perguntou.
Damien estava a poucos centímetros dela, e Liv encheu os pulmões de ar. Ela não ousou olhar nos olhos dele enquanto ele a encarava. Havia tensão no ar entre eles, tanto que ela deu um passo para trás, colocando um braço contra ele. O forte perfume dele fez cócegas em seu nariz enquanto ela ria. “Ah, tem sim—“ Ela respondeu.
"Mas eu falo sério. Eu tiraria um peso dos seus ombros." Ela se virou, deixando os olhos dele a seguirem. "Eu não pedi para você fazer isso," Damien respondeu. "Eu cuidaria da maioria dos preparativos do funeral daqui em diante. Dessa forma, não só terminaremos mais cedo, mas você também terá tempo para si mesmo—E antes," ela apontou um dedo para ele, "antes de você me dar uma resposta egoísta, mas previsivelmente nojenta, isso não é sobre você, Sr. Archer," ela continuou.
"Isso é sobre trabalhar com minha equipe e reconquistar a confiança."
"E a minha?" Sua voz falhou. "Eventualmente," ela completou, engolindo em seco, tentando não fazer muito porque, por mais que tentasse, estava com raiva dele.
"Por que você me odeia tanto?" Sua voz perfurou seus ouvidos enquanto ela caminhava em direção à porta. Ela parou, virando-se para encará-lo. E então Liv deu de ombros. "Não se iluda—" ela sussurrou. "Eu nem te conheço." Ele assentiu, colocando as mãos no bolso do terno. "O que você disser, Ophelia," ele provocou, chamando-a pelo nome errado de propósito. E Liv revirou os olhos, como fez no momento em que estava sentada lá.
UMA SEMANA DEPOIS
"Estamos reunidos hoje para celebrar a vida e o legado do magnata dos negócios, o pioneiro da tecnologia, Hank Sebastian Archer. Tive a oportunidade de trabalhar para e com esse homem, e honestamente, as palavras falham se você tentar descrevê-lo em o quê—" Liv olhou para o relógio de pulso e depois para Damien.
Ele estava parado, braços cruzados, com sobrancelhas inexpressivas. "Tudo o que posso dizer é que ele era uma boa pessoa, ele ainda é," ela acrescentou, nervosamente segurando o microfone enquanto enfrentava a multidão e Damien subia ao palco. Ele alcançou suas mãos que seguravam a barra do vestido preto. "E tenho certeza de que seu filho pode testemunhar isso," ela lutou com os olhos enquanto ele se colocava bem na frente dela. "Já chega," ele gritou.
E ela deu um sorriso para ele antes de passar por seus ombros. "De nada," ela sussurrou em seu ouvido enquanto descia do palco—sob os olhares atentos da multidão, e Damien mordeu o maxilar, arrependido.
"O que foi isso?" A voz calma de Agatha caiu em seus ouvidos enquanto ela piscava para Alli à distância. "Não é nada, mãe. Esse é meu—" ela olhou à sua frente. "Esse é Damien. Sr. Archer. Ele é meu novo chefe," Olivia continuou e sua tia murmurou.
"Eu não sabia que você tinha um novo chefe."
"Um muito bonito também," ela levantou os dedos e Liv soltou uma risada suave. "Mãe, por favor. O caráter dele não é tão atraente quanto a aparência," ela revirou os olhos. "Típica Olivia, difícil de satisfazer Olivia."
Ela descansou os ombros contra Agatha. "Vamos, Agatha, o amor não está entre minhas cinco primeiras prioridades agora," ela sussurrou, fazendo um gesto de trancar os lábios. "Mas isso é uma história para outro dia," ela acrescentou.
E aquela voz familiar no palco chamou sua atenção com o silêncio entre elas. Não demorou muito para Agatha falar novamente. "Isso me lembra tanto do funeral do seu pai—" ela continuou e os ombros de Olivia caíram, percebendo que não se lembrava de nada disso. Talvez seu próprio mecanismo de defesa fosse esquecer completamente. Seguir em frente completamente do seu trauma, da perda.
"Não houve um funeral funeral."
"O quê?" Veio uma resposta sutil com uma arqueada de sobrancelhas. "É—" Agatha gaguejou. "É complicado. Há mais do que você sabe," sua voz estava fraca enquanto segurava as mãos de Liv.
"Acho que é hora de você saber toda a verdade sobre o que aconteceu naquela noite. Porque Gerald—" Agatha olhou para sua sobrinha. "Seu pai não sofreu nenhum acidente, Olivia," ela engasgou, inclinando a cabeça um pouco para entender a notícia. "Ele foi assassinado," Agatha acrescentou.
"Seu pai foi assassinado."
Continua...