




3. O CEO E SUA SECRETÁRIA.
Olivia percebeu o que era o amor crescendo com seus pais.
Sara e Gerald eram loucamente apaixonados um pelo outro. Desde os olhares que trocavam no banco da frente, até a maneira carinhosa como se abraçavam. Crescendo, Liv queria aquilo.
Queria alguém que lhe desse metade da atenção que seu pai dava à sua mãe. Ela queria aquele final feliz, até que não queria mais.
"Estou dizendo que caranguejos são extremamente superestimados."
"Frutos do mar, em geral," Sara revirou os olhos antes de olhar para o para-brisa embaçado à sua frente. A chuva batia contra o vidro, inaudível para ambos enquanto riam, enquanto Liv apenas observava do banco de trás. "O que é tão engraçado?" Liv era muito parecida com ela.
"Por que você não disse isso antes de nos casarmos?" Gerald murmurou, virando-se para olhar para sua esposa com as mãos ainda no volante. "Você está dizendo que algo tão trivial como minha opinião sobre frutos do mar teria nos impedido de nos casar, Sr. Sanders?" Sara se virou dramaticamente para ele e ele bufou.
No momento em que ele a olhou, parecia que tudo havia suspendido, o tempo e todas as suas entidades. "Nunca poderia" Gerald sussurrou. "Nada poderia mudar o que sinto por você."
Agora, Liv era a única pessoa que viu os faróis se aproximando à sua frente e apontou entorpecida enquanto Sara alcançava as mãos do marido. "Eu te amo" ela sussurrou. "Para sempre."
"Mãe."
"Para sempre" Gerald sussurrou antes de voltar a olhar para a estrada. Mas já era tarde demais. As luzes cegantes brilharam em seus olhos enquanto ele segurava o volante para desviar para a direita. Era tarde.
E ele viu toda a sua vida passar diante de seus olhos, porque para sempre não era mais para sempre. Especialmente para Liv, que viu ambos os pais morrerem naquela noite. E no momento em que o carro desceu a colina com ela no banco de trás, ela abriu os olhos.
Era um sonho.
Um dos pesadelos persistentes que ela tinha daquela noite. Ela se sentou na cama, esfregando as têmporas suadas com os dedos enquanto seus olhos se estreitavam para o relógio. Aquilo era um sonho—
—mas encontrar Damien Archer no dia anterior não era. Seu peito subia e descia ao simples pensamento dele enquanto ela colocava os pés no chão frio. Ela lembrava de cada palavra, cada toque, o som da respiração dele. O cheiro dele que era tão forte que era irritante. E ela o detestava com tudo o que tinha dentro de si por aquela única coisa que ele fez onze anos atrás.
Ele havia mudado, pelo menos por fora. Agora ele era o melhor homem aos olhos do público, Damien Archer, herdeiro das Corporações Archer. Poderoso, perfeito, mas ele nem sempre foi assim. Ele era um garoto, um garoto implacável, e aquele que despedaçou o coração de Liv. Tanto que era irreparável. Alex foi a primeira razão pela qual Liv nunca acreditou no amor e em finais felizes.
E depois daquele verão, ela nunca mais voltou ao Acampamento Kiwi. O que significava que ela não o tinha visto até o dia anterior, quando ele estava a poucos centímetros dela, segurando seu queixo para que ela o encarasse.
"Você era a secretária do meu pai" Sua voz ficou baixa em um sussurro rouco enquanto ele segurava seu queixo para que ela o encarasse. "Agora você é minha" Ele acrescentou e Liv tentou ao máximo se afastar dele, mas havia uma mesa bem atrás dela. "Sr. Archer—" Ela murmurou tremendo.
"Você pode me chamar de Alex."
Com isso, ele se afastou, falhando em reconhecer a garota bem diante dele como a menina de dez anos de quem ele havia se aproveitado anos atrás. "Tenho o resto do dia coberto com preparações para a mídia, mas adoraria me encontrar com você amanhã de manhã. Sete horas, em ponto."
Suas mãos alcançaram a maçaneta de metal. "Não se atrase. Ou você perderá seu emprego" Ele disse sarcasticamente antes de sair. E no momento em que a porta se fechou atrás dele, os ombros de Liv desabaram com um suspiro profundo. E ela se virou, amaldiçoando o dia em que nasceu baixinho, porque quais eram as chances?
Quais eram as malditas chances de ela encontrar Alex no futuro, e ele ser o mesmo arrogante de anos atrás. Exceto que agora, ele era o CEO para quem ela trabalhava.
Seus dedos tocaram o chão frio enquanto seus olhos caíam no relógio.
6:30AM
"Merda" Ela xingou, correndo para o banheiro. Ela tinha trinta minutos para se vestir e também para pegar o ônibus. E com o pensamento de que seu emprego estava em risco, Liv estava nervosa.
Ela pegou a escova de dentes, inclinando o queixo na pia. Ela não tinha muito, exceto uma carreira de moda fracassada. Mas, novamente, ela não desenhava há muito tempo porque realmente não havia muito tempo entre os trabalhos que realmente pagavam suas contas. Ela alisou o cabelo com os dedos e enxaguou o rosto com as palmas das mãos—agora, seu cabelo estava realmente um coque bagunçado.
Saindo de sua camisola de seda lavanda, Liv correu para o armário, escolhendo uma das mesmas saias desenhadas que ela tinha, mas uma camisa branca simples desta vez. Ela não era tão alta, talvez de altura média, e muitas vezes esses vestidos complementavam sua altura. Ela vestiu a roupa, descendo as escadas com o estômago roncando. Antes de sair pela porta da frente, ela lançou um último olhar para a geladeira, mas então balançou a cabeça.
"Merda"
O sol brilhava contra seus óculos enquanto ela caminhava entre os arbustos da varanda. Ela começou a correr em direção ao ponto de ônibus, com um olho no relógio de pulso para ver que já estava atrasada. "Ei" Ela gritou, tentando chegar a tempo. Ela acenou no ar, sinalizando para Hamilton, que parou, dando-lhe apenas alguns segundos para alcançá-lo. E no momento em que conseguiu, ela se apoiou na estrutura do ônibus, soltando um suspiro profundo.
"Liv" Ele olhou para ela enquanto ela levantava um dedo, tentando recuperar o fôlego. "Só um momento, Ham" Ela gaguejou. O dia nem tinha começado e ela já estava um caos. Uber era uma opção—
—mas, para ser honesta, eles realmente não pagavam tanto assim. Então, ônibus era a escolha. Ela subiu, sentando-se na frente e já temendo as primeiras palavras de Damien.
"Vinte e três minutos atrasada, Olivia"
Ele chamou seu nome com um sotaque inglês antigo, mas de alguma forma ainda firme. Ela jogou suas bolsas no pequeno cubículo que tinha antes de entrar no escritório dele. "Desculpe, o ônibus estava a—"
"Eu realmente não me importo, Olivia" Ele estava de costas para ela, despejando café em sua caneca, e ela parou, revirando os olhos. "Claro" Ela murmurou baixinho. "Tente de novo, e você pode acabar dirigindo o ônibus como seu próximo emprego" Ele indicou a porta antes que ela a fechasse, e antes que ele se sentasse em sua cadeira. Quase sem fazer contato visual, ele sorriu enquanto ela tropeçava na mesa dele com toda a papelada pendente. "O quê?"
"Você está horrível" Ele comentou friamente, recebendo um olhar feroz dela. "Eu sei" Ela se sentou em frente a ele, e desta vez, ele olhou para ela por um segundo antes de engolir em seco. Talvez aquela voz familiar o tenha atingido, mas ele afastou esses pensamentos. "Devemos começar com isso" Ele levantou os documentos em suas mãos e ela se inclinou para frente. "Sim, devemos"
"Enviei e-mails para nossas equipes afiliadas em todo o país, sobre sua posse como CEO interino e—" Olivia se inclinou para frente, abrindo os papéis em suas mãos, até que ele a interrompeu.
"Interino?" Ele repetiu.
Seus olhos caíram. "Já que você tem um negócio próprio?" Ela disse em um tom de pergunta, voltando os olhos dele para a prancheta. "Isso não é da sua conta." Ele respondeu friamente.
"Mas pretendo ficar aqui por um bom tempo" Liv engoliu em seco antes que ele se recostasse na cadeira. "Posso lidar com finanças e marketing afiliado, assim como os distribuidores. Mas não é por isso que chamei esta reunião" O frio girou em seu estômago enquanto ela permanecia inquieta na cadeira em frente a ele.
"O funeral do Hank. Quero tudo resolvido até a próxima semana e, como você é minha secretária pessoal, quero que você supervisione tudo—"
"Eu realmente não lido com assuntos pessoais, Sr. Arch— Alex." Aquele nome soava estranho em seus lábios enquanto ela olhava para ele. "Hank não me deixa," ela acrescentou e ele bufou. "Bem, você não trabalha mais para o Hank, trabalha?" Ele devolveu a pergunta para ela.
"Eu vou designar dias em que você terá que me acompanhar nas preparações, mas avisarei com antecedência de algumas horas." Ele se levantou da cadeira, olhando para o relógio de pulso como se tivesse outra reunião para atender. Liv se levantou rapidamente para acompanhar seu ritmo.
"Isso é tudo?"
Ele terminou seu café, segurando a xícara vazia nas mãos. Caminhando em direção a ela, ele parou para entregá-la. E ela olhou arrogantemente para o pires antes de pegá-lo. Liv nunca se sentiu tão insultada—ter um diploma universitário reduzido a pegar a xícara de café vazia de um homem. Essa não era a vida que ela havia imaginado para si mesma na faculdade, mas, enfim, ela empurrou esse pensamento para o fundo da mente. "E da próxima vez, faça um esforço em como você se apresenta para o trabalho."
Seus olhos se estreitaram para os botões desalinhados no peito dela e ela se virou desconfortavelmente. Ele saiu, deixando-a sozinha em seu grande escritório, onde ela tinha todo o espaço para xingar em voz alta. Jogando a xícara na mesa central, ela se aproximou do espelho escuro que pendia do teto. Ela não conseguiu dizer uma palavra enquanto desabotoava tudo—porque, no fundo, ela sabia que ele estava certo. E sabendo que ele havia derrotado qualquer autoestima que ela tinha naquela manhã, os lábios de Damien se transformaram em seu sorriso característico.
Ele sabia que ela o odiava, então não estava disposto a facilitar as coisas para ela também.
Foi então que seu telefone tocou no bolso. Ela o tirou, e ao ver que era Agatha, suspirou profundamente. Depois de um dia já longo e tumultuado, ela sempre podia contar com sua tia para fazê-la se sentir melhor.
"Olivia" A porta de repente se abriu e Damien ficou pendurado nas dobradiças, sem se importar que ela estava na frente do espelho dele. "Venha comigo" Ele insistiu, e Liv revirou os olhos. "Te ligo mais tarde, tia" Ela sussurrou no telefone antes que a voz dele ecoasse pelos corredores. "Agora!" Ele exclamou.
E Liv correu atrás dele, incerta de quanto tempo poderia suportar isso. Ela andava com seus sapatos de salto, segurando-se nas paredes por segurança—algo que Damien achava embaraçosamente hilário. Mas em nenhum mundo ele deixaria que ela o visse rir. Em vez disso, seus olhos desceram sobre ela no momento em que ele parou e ela congelou.
"Por aqui." Ele chutou a porta. "Tenho uma reunião—" E naquele momento, sua repugnância por ele atingiu um nível totalmente novo. E ela começou a questionar agora, o que ela havia visto nele em primeiro lugar. Ele era terrível, arrogante, convencido—
—e a verdade era que ela se sentia atraída por essas qualidades. Mas não por ele, nunca por ele. Nunca mais.
Continua...