




Capítulo 1 Viagem de ônibus: semelhança e reflexões
Depois de devorar o jantar na casa dos pais, Ellie Baker pegou o ônibus para casa por volta das 20h. O ônibus estava praticamente vazio, com a maioria dos assentos livres. Ela foi até o assento duplo perto da porta de trás e se jogou na janela.
Era verão, então ainda estava claro, mas os postes de luz já estavam acesos, e as placas de néon das lojas piscavam e zumbiam como se tivessem tomado café demais.
Ellie olhava pela janela, sua mente fervilhando com toda a conversa do Sr. e da Sra. Baker. Além disso, ela não conseguia parar de pensar que o filho da sua prima Fiona faria um mês em apenas dois dias.
Fiona tinha se casado há apenas um ano, e agora tinha um bebê de um mês. Enquanto isso, Ellie estava casada há seis anos e ainda não tinha filhos. Ela continuava dizendo a todos que ela e George não tinham problemas fisiológicos, que George estava apenas atolado de trabalho e sempre viajando a negócios. Eles decidiram esperar mais alguns anos até que o trabalho dele se acalmasse antes de mergulharem na paternidade.
No começo, as famílias aceitaram e não fizeram alarde, mas com o passar dos anos, ela não conseguia identificar quando aconteceu, todos começaram a ficar "preocupados" com ela, o que a deixava cada vez mais ansiosa.
Ellie estava imersa em seus pensamentos quando de repente sentiu alguém se sentar ao seu lado. Instintivamente, ela virou a cabeça e ficou totalmente surpresa com o que viu.
Era um jovem, provavelmente no início dos vinte anos, vestindo uma camisa simples de manga curta azul clara.
Ele tinha um rosto ridiculamente bonito, com traços tão perfeitos que faziam qualquer um olhar duas vezes. No linguajar de hoje, ele era definitivamente "gato" ou "atraente".
Mas o que realmente deixou Ellie perplexa não foi apenas a boa aparência dele. Foi o fato de que o lado do rosto dele parecia estranhamente semelhante ao de seu marido, George Stone. Até mesmo o jeito gentil e refinado era idêntico.
Sua mente não pôde deixar de voltar à primeira vez que conheceu George. Era como se todas as células do seu corpo fossem transportadas de volta àquela tarde no parque, seis anos atrás, quando o diretor apresentou George a ela. Era uma sensação estranha, quase surreal...
O rapaz deve ter sentido Ellie olhando, porque ele virou a cabeça e deu um sorriso meio sem jeito, mas educado.
"Uh... Esse assento está ocupado?" ele perguntou, com uma voz calorosa e meio brincalhona.
A pergunta dele trouxe Ellie de volta à realidade. Ela se recompôs, sentindo suas bochechas esquentarem.
"Não, está livre," ela respondeu suavemente, balançando a cabeça.
"Ah, achei que alguém estava aqui," ele disse, com um leve sorriso nos lábios.
Ellie não sabia como responder, então apenas mordeu o lábio de forma desajeitada e voltou a olhar pela janela.
Mas no reflexo da janela, ela podia ver que o rapaz ainda estava olhando para ela. Ela podia até sentir o olhar dele, o que a deixava super desconfortável.
Ela franziu a testa e instintivamente se aproximou mais da janela, quase pressionando o ombro contra ela. Levantou a mão direita para segurar o braço esquerdo, cruzando levemente o peito em um movimento defensivo.
Essa postura fez com que o olhar do rapaz seguisse seu cabelo preto, passasse pelas orelhas e descesse até a pele clara do pescoço que aparecia na gola da camisa. Ele piscou e finalmente desviou o olhar.
As orelhas dela ficaram vermelhas de vergonha.
Embora o rapaz tivesse desviado o olhar no reflexo da janela, Ellie ainda se sentia inquieta por algum motivo. Ela não conseguia deixar de prestar atenção nele, mesmo que ele não estivesse mais olhando para ela.
Depois do que pareceu uma eternidade e mais três paradas, ela finalmente chegou ao seu destino. Soltou um suspiro de alívio quando o ônibus parou e rapidamente se levantou.
O rapaz foi educado; sabendo que ela ia descer, ele não apenas se virou para o lado. Em vez disso, ele se levantou e se afastou para dar passagem a ela, exibindo um sorriso.
Ellie mordeu o lábio novamente, conseguindo forçar um sorriso que mal se qualificava como tal em resposta à gentileza dele.
Com uma mão segurando a alça da bolsa no ombro, ela abaixou a cabeça e saiu do assento.
Ao passar pelo rapaz, ela notou que ele era alto, quase da mesma altura que seu marido, George.
Ela apertou levemente os lábios, desceu rapidamente do ônibus e, sem parar por um momento, dirigiu-se para sua área residencial. Ela não diminuiu o passo até ouvir o ônibus se afastando.
Finalmente, ela se virou para olhar para trás, mas o ônibus já tinha sumido.