




7
Os corredores do palácio estavam agitados com a atividade enquanto o sol começava a nascer ao longe. No quarto da princesa lycan, Alexia, uma equipe de empregadas habilidosas trabalhava diligentemente para preparar a princesa para o café da manhã.
Com mãos gentis, elas guiaram Alexia para um luxuoso vestido de veludo roxo profundo, adornado com intrincados bordados dourados. O vestido brilhava na luz tênue da manhã, destacando o calor em seus olhos âmbar.
Em seguida, elas trabalharam em seu cabelo, trançando-o em uma delicada coroa de fios castanhos brilhantes que caíam pelas suas costas. Quanto mais Alexia olhava seu reflexo no espelho, mais ela sorria, sem dúvida impressionada pela transformação que havia ocorrido.
Apenas cinco anos atrás, ela era uma simples ômega, considerada inútil e indigna pela alcateia. Mas agora, ela era a princesa dos Lycans, uma mulher de poder e graça.
Ela tocou levemente sua bochecha, como se temesse que o menor movimento pudesse quebrar o feitiço que a transformara nessa nova pessoa.
Um sorriso agridoce surgiu no canto de sua boca enquanto ela se olhava no espelho. Quem diria que ela poderia ser tão bonita?
Quando as empregadas se afastaram para avaliar seu trabalho, trocaram acenos de cabeça satisfeitos, contentes com a aparência de Alexia.
Uma das empregadas falou, sua voz suave e respeitosa, "Sua Alteza, você está pronta para se juntar aos seus pais no café da manhã."
Sim, aqui estava ela. Agora tratada com total respeito e cuidada como um ovo que nunca deve cair.
Alexia se afastou do espelho e permitiu que as empregadas colocassem em seus pés um par de delicados chinelos de seda prateada. Com passos medidos, ela seguiu as empregadas para fora de seu quarto e pelos corredores do edifício.
Quando Alexia fez uma reverência ao chegar ao salão de jantar, os olhos de seus pais se encheram de orgulho só de vê-la.
Quando Alexia se sentou à mesa, os olhos do rei e da rainha lycan seguiram cada um de seus movimentos. Eles haviam sentido falta da filha por tanto tempo, e encontrá-la cinco anos atrás foi nada menos que um milagre.
"Estamos tão orgulhosos de você, de vê-la crescer e se tornar uma lycan tão forte e bonita, depois de tudo que temíamos ter perdido você..." A voz do rei lycan foi a primeira a ser ouvida.
Enquanto isso, a rainha estendeu a mão e segurou a mão da filha, apertando-a gentilmente. "Achávamos que nunca mais a veríamos. Quando a vi cinco anos atrás, não poderia estar mais feliz."
A rainha continuou, sua voz embargada de emoção, "Quando a encontramos cinco anos atrás, foi como se uma parte de nossos corações tivesse sido devolvida a nós. Não podíamos acreditar que nossa princesa perdida havia voltado para nós."
"Ficamos exultantes. Sabíamos que os deuses lycan nos haviam abençoado." O rei acrescentou, um grande sorriso se formando em seus lábios.
"E agora," a rainha continuou, sua voz ficando mais forte e ainda mais emocionada. "Estamos orgulhosos de chamá-la de nossa princesa mais uma vez. O futuro do nosso reino agora é brilhante com você ao nosso lado."
Como se o pensamento de que haviam perdido a filha muitos anos atrás não fosse doloroso o suficiente, ela não podia ter filhos. Embora seu marido não soubesse, ela sempre viveu com grande medo do futuro do trono.
Quando encontrou Alexia na floresta, foi quase inacreditável. Ela só pôde reconhecê-la pelo cheiro. Seu rosto e tudo mais haviam mudado, como era de se esperar, já que Alexia era apenas uma criança quando a perdeu.
A rainha lycan se arrependia e também se odiava por não estar lá para ver o crescimento da filha.
Alexia olhou para seus pais, suas mãos começando a suar enquanto afastava as memórias do passado de sua mente, "Eu também senti falta de vocês, Mãe e Pai."
Não era mentira. Um dia no bordel não passava sem que ela se perguntasse como seria ter pais. Alguém para cuidar e zelar por ela. Ela sempre cuidou de si mesma.
"Sempre sonhei em ter pais, em sentir o calor e a segurança de uma família. Mesmo quando estava sozinha, mantive esse sonho."
Ela fez uma pausa, seus olhos se enchendo de lágrimas não derramadas. "Nunca pensei que esse sonho se tornaria realidade, mas agora se tornou. Vocês me fizeram sentir amada e desejada, e sou muito grata por isso."
"Também somos gratos. Gratos por tê-la de volta em nossas vidas e gratos por podermos compartilhar esta refeição com você."
Com isso, a rainha e o rei começaram a comer, mas seus olhos nunca deixaram o rosto da filha.
Alexia deu sua primeira mordida, saboreando a comida enquanto apreciava a companhia de seus pais. Mesmo tendo passado cinco anos com eles agora, ainda parecia surreal.
Quando a refeição chegou ao fim, a rainha e o rei lycan se levantaram de seus assentos, suas expressões ficando sérias de repente. "Precisamos ir a uma reunião, minha querida. Nos veremos em breve." Ele deu um beijo gentil na bochecha da filha.
Ela se despediu e observou enquanto eles saíam do salão de jantar. Depois de algum tempo, sentiu uma energia inquieta percorrendo suas veias, um desejo pelo ar livre e liberdade, por algum motivo, ao mesmo tempo.
Silenciosamente, ela saiu do palácio, tomando cuidado para não chamar atenção.
Enquanto vagava pelos jardins do palácio, seus pensamentos se voltaram para as maneiras como sua vida havia mudado desde seu retorno.
Embora fosse grata pelo amor e aceitação de seus pais, não conseguia se livrar da sensação de que algo estava errado na alcateia.
"O rei lycan trata seus súditos com justiça e bondade," ela refletiu consigo mesma. "E ainda assim, há sussurros de descontentamento no ar. Por quê?"
"Não existe alcateia tão pacífica sem um pouco de problema surgindo em algum lugar," ela pensou.
Ela se lembrou dos sussurros que ouvira nos corredores, conversas abafadas sobre as tensões entre os vários clãs lycan. Internamente, ela sabia que algo estava errado em algum lugar, mas não conseguia discernir o que era.
Ansiosa para descobrir a origem desses sussurros, Alexia se moveu silenciosamente pelos jardins, seus passos silenciosos na grama macia. Logo encontrou um grupo de membros da alcateia lycan, reunidos em uma área isolada.
Suas vozes eram baixas, mas sua audição aguçada permitiu que ela escutasse a conversa.
"O rei não pode durar para sempre," disse um dos lycans, certificando-se de que sua voz fosse o mais baixa possível. "E quando ele morrer, uma mulher assumirá o trono. É inédito uma mulher governar o reino!"
Outro lycan interveio, seus olhos se estreitando com desconfiança. "Sim, e o que a impedirá de fazer mudanças que beneficiem seu próprio clã em detrimento dos outros? O rei pode ser justo e imparcial, mas podemos dizer o mesmo de sua filha?"
"Ela nem é uma verdadeira lycan. Como podemos confiar em uma mulher que nunca se transformou?" O primeiro lycan acrescentou, achando a situação divertida.
O grupo murmurou em concordância, seus rostos escurecendo com raiva e desconfiança.
Apesar de tentar se controlar, ela não pôde evitar e cerrou os punhos, sentindo o calor de uma queimação em seu peito.
Como podiam dizer palavras tão depreciativas?
Alexia rapidamente se afastou do grupo. Sabia que ouvir aquelas palavras odiosas só alimentaria sua raiva, então voltou para o palácio, seus passos rápidos.
Eles chegaram a uma conclusão inacreditável sem nem mesmo conhecê-la.
Não é difícil ver que, mais cedo ou mais tarde, eles estarão contra ela na alcateia. Homens governam melhor... claro, essa é a suposição de todos.
Quando chegou aos aposentos de seus pais, o rei e a rainha já estavam de volta e a esperando.
"Está tudo bem, minha querida?" Sua mãe perguntou, com a testa franzida de preocupação. Pareciam ter chegado não muito tempo atrás.
Antes que Alexia pudesse responder, seu pai interveio, "Sei que isso pode pegá-la de surpresa, mas amanhã de manhã cedo, precisamos partir para a Alcateia da Lua Fria." Ele soltou a bomba, como se não fosse nada.
Alexia congelou, seus olhos se arregalando de surpresa e choque. "A Alcateia da Lua Fria?" ela repetiu, sua mente correndo para processar essa notícia inesperada. "Mas... mas por quê? Por que estamos indo para lá, e por que tão de repente?"
Seu pai suspirou, sua expressão não apenas grave, mas séria.
"Uma situação surgiu que precisamos resolver seriamente. E então, podemos passar algumas semanas lá, então você deve nos acompanhar. Ouça, precisamos ir lá para avaliar a situação e, se necessário, intervir." Ele explicou.
"Sei que é inesperado, mas precisamos ir." Reforçou sua mãe.
As palavras de seus pais soaram como uma música estrangeira em seus ouvidos. A menção da Alcateia da Lua Fria enviou um calafrio por suas veias, lembrando-a da dor e do sofrimento que havia suportado lá.
Foi onde seu primeiro companheiro a rejeitou, onde perdeu sua gravidez e onde foi expulsa como uma ômega e exilada pela mãe de seu segundo companheiro.
As memórias inundaram sua mente, e uma nuvem escura de vergonha e tristeza a envolveu. Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos.
"Não," ela sussurrou, sua voz mal audível. "Eu... eu não posso voltar lá."