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DOIS DIAS DEPOIS
Alexia se mexeu na cama levemente. Era estranho como a cama parecia tão macia contra suas costas, diferente da cama de madeira do bordel com a qual ela estava tão acostumada. Assim que quis abrir os olhos, a claridade bateu em seu rosto de forma tão cruel que ela teve que fechá-los novamente.
A última coisa que Alexia se lembrava era de desmaiar nos braços do Alfa. Ou será que ele finalmente a viu pelo que ela realmente era e se livrou dela? Será que ela estava no céu agora?
De repente, ela abriu os olhos. Rostos desconhecidos cobriam sua visão e ela poderia estar enganada, mas cada um deles parecia atônito, como se tivessem acabado de ouvir algo... desagradável.
Eram cinco pessoas, todas em pé ao lado da cama onde ela estava. Uma certa mulher glamorosa foi a primeira a chamar sua atenção. Era seguro dizer que Alexia nunca tinha visto alguém tão bonita.
Ela exalava realeza.
Cabelos castanhos que tocavam seus ombros e olhos âmbar que pareciam exatamente uma réplica de um Alfa que enlouqueceu na noite anterior por causa dela. Seus olhos localizaram seus lábios; lábios vermelhos em uma linha dura, franzidos para os outros.
O que está acontecendo?
"Quero dizer, sim, eu entendo o fato de que ela estava grávida de um filho que não era do meu filho. Mas o que você quer dizer com 'como consequência do aborto espontâneo ela não pode mais...'" a voz irritada da mulher começou, tão exigente que Alexia teve medo de que seus ouvidos começassem a sangrar.
"Vamos, mãe. Acho que ela está acordada." Outra voz soou, fazendo a mulher de aparência real parar.
A ex-Luna Celeste franziu a testa para Alexia. Sua alegria não tinha limites quando seu filho a trouxe para casa apenas dois dias atrás, alegando que a moça era sua companheira.
Exatamente o que ela vinha rezando. Ela pensou que suas orações tinham sido atendidas, mas o que era essa reviravolta?
Se Greg não fosse o médico da matilha, ela teria mandado ele parar com as besteiras que estava falando.
"Ainda bem que você está." Alexia observou Luna Celeste se aproximar, confusa até o âmago.
Alexia podia sentir um conflito. Como se algo estivesse totalmente errado em algum lugar. As expressões em seus rostos, os pensamentos que rondavam sua cabeça... todos pareciam perturbadores.
E, em segundo lugar, por que ela está nua? O que aconteceu com suas roupas?
Pelo que ela sabia, o edredom sobre ela era a única coisa que cobria sua nudez, um bom motivo para ela segurá-lo firmemente contra o peito.
Ela queria falar, mas Luna Celeste a interrompeu.
"Estamos felizes que você finalmente acordou, mas eu gostaria que você provasse que nosso médico está errado. Ele está dizendo algumas coisas que eu não quero ouvir. Olha, está tudo bem você estar grávida, estamos bem com isso. Você teve um aborto espontâneo, o que nos machuca tanto quanto pode machucar você, mas por favor... diga-nos que você não é estéril."
Luna Celeste olhou para Alexia com desprezo. Seu rosto estava gelado de antecipação, dando arrepios nas pessoas presentes.
"Que aborto?" Alexia perguntou, obviamente perdida.
Talvez uma dessas pessoas à sua frente tenha tido um aborto. Por mais louco que pareça, eles não podem estar se referindo a ela.
Se fosse sobre o fluxo de sangue em seu vestido, o sangue realmente veio. Era seguro dizer que ela não estava alucinando nas mãos dos renegados.
Sobre isso, ela não discutiria com eles. Mas a notícia do aborto? Não, ela ainda tem seu filho intacto em seu ventre. Não houve aborto e, pelo amor de Deus, não há como ela ter ficado estéril da noite para o dia!
"Seu, mulher!" Luna Celeste disparou.
Alexia se sentiu instantaneamente petrificada. Como se sentisse seu desconforto, Jackson interveio, apesar de saber que ninguém jamais interrompe a Luna.
"Acho que você deveria deixá-la em paz, Celeste. Ela ainda é a companheira do Alfa, não deveria importar se ela é estéril ou não." Jackson afirmou maliciosamente.
"Oh, cunhado. Se você me permitir falar. Não é cedo demais para você mostrar suas verdadeiras cores? Então agora você não quer um herdeiro para meu filho, só para poder tomar o trono?" Luna Celeste retrucou.
Ela não estava tão surpresa com os comentários de Jackson. Ela sabia que ele era capaz de dizer coisas ainda piores, qualquer coisa por seu próprio egoísmo.
Luna Celeste sabia que deveria ter ouvido seu filho quando ele a informou das medidas que Jackson - irmão mais novo de seu marido, o ex-Alfa - estava tomando para garantir que ele nunca tivesse uma companheira, só para que não tivesse um herdeiro.
Doía-lhe que, apesar de toda a confiança que Jackson conquistou de seu marido, era evidente que ele estava realmente tramando uma grande traição.
"Eu não ousaria, Luna." Jackson respondeu, eliminando a atmosfera tensa. Ele estreitou os olhos furtivamente para seu filho mais velho, Adrian, que, com um revirar de olhos, saiu discretamente da porta onde estava escutando.
Prontamente, Alexia se levantou da cama, suas pernas tremendo enquanto lutava para conter as lágrimas.
"Eu perdi meu filho? Estou realmente estéril agora?" Ela se virou na direção do médico, desesperada por uma resposta. A verdade—antes que ela perca a sanidade.
Lágrimas embaçaram seus olhos quando o médico assentiu.
Seu coração se partiu, mas ela não deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto. Pela primeira vez, ela não consideraria as feridas em seu coração, mas sim seu apetite por vingança.
Esta é a casa da matilha. O Alfa Steele deve tê-la trazido aqui. Ela estava confusa sobre a identidade dessas pessoas, mas agora ela sabe.
A matilha da Lua Prateada era um lugar onde os membros da matilha viam seus governantes por acaso. Sempre foi o sonho de Alexia visitar a casa da matilha. Agora que finalmente se tornou realidade, ela não consegue alcançar o auge de seus sonhos.
Ela deveria ter sabido que suas orações nunca poderiam ser atendidas.
"Além disso, você está deixando esta matilha. Não há utilidade para meu filho ter uma companheira que nunca poderá dar à luz nem mesmo uma mosca, quanto mais uma criança."
Luna Celeste não se importava se ela chorasse e manchasse o chão com lágrimas. Por outro lado, Omegas? Não. Eles não são dignos de seu filho.
Alexia não hesitou. Ela se virou e saiu da casa da matilha. Enquanto isso, suas entranhas estavam se despedaçando, mas ela não deixou isso transparecer.
"Ei, mocinha!"
Seus passos vacilaram ao ouvir a voz da pessoa.
E quando levantou a cabeça em direção à entrada, foi recebida com a visão da Luna. Seus olhos não eram apenas hostis, mas desafiadores.
"De agora em diante, espero que você pense duas vezes antes de abrir as pernas para qualquer homem." A Luna cuspiu antes de se virar para entrar novamente na casa da matilha.
Alexia abaixou os olhos, sentindo o peso das palavras da Luna pressionando sobre ela.
Alexia se mexeu desconfortavelmente, mas não desabou. Ela jurou que nenhuma lágrima sairia de seus olhos.
Ela prometeu que um dia, vingaria-se daqueles que a prejudicaram, retribuindo-lhes dez vezes mais.
Determinada, estava prestes a sair quando notou um olhar queimando em sua direção de um lugar próximo. Pega, o olhar de Kade vacilou. Ele deu passos rápidos em direção a Alexia, que já havia se virado.
"Bom dia, Senhora Alexia." Beta Kade se curvou respeitosamente diante dela.
"Senhora?" A confusão tomou conta dela. Então, novamente, ela se perguntou o que significava aquela reverência.
"Alpha Steele mencionou você para mim. Eu—"
Ela o interrompeu, com genuína preocupação em sua voz. "Onde ele está?"
Ela notou que ele não estava presente lá atrás, mas estava muito sobrecarregada com a indecisão para perguntar sobre seu paradeiro. Será que ele estava ciente de que sua mãe a havia mandado embora?
"Ele saiu para outra matilha em uma viagem de negócios esta manhã." Kade limpou a garganta e forçou um sorriso para tranquilizá-la. "Eu o informei sobre a situação e ele gentilmente pede que você aguarde seu retorno."
Kade procurou seu telefone no bolso e o ofereceu a ela, mas ela balançou a cabeça.
"Não. Eu estou indo embora."
Já se passaram três dias. Três dias desde seu exílio da matilha, três dias desde que a notícia de sua esterilidade a privou da felicidade que poderia ter tido.
Três dias espiando enquanto os guerreiros treinavam na fronteira da matilha. Observando-os balançar suas espadas tão habilmente, ela percebeu que nunca tinha sido tão invejosa.
Com o nervosismo se infiltrando em seus ossos, Alexia não conseguiu detectar como eles eram capazes de executar tais habilidades.
Pela primeira vez, algo estava despertando seu interesse. Algo que ela não podia ter. Ela continua sendo uma omega fraca, não importa o quanto tente negar isso.
Um cheiro que não estava lá antes tomou conta do ambiente. Ela se virou, mas a pessoa já estava se aproximando.
Seus olhos se arregalaram quando ela se virou. O chefe dos guerreiros!
A voz rouca e masculina do homem ecoou. "O que você está fazendo aqui? Você é uma renegada?!"
O homem cuja presença poderia assustar um rato para fora de seu buraco desembainhou sua espada, balançando-a diretamente em direção ao pescoço dela.
"Não, eu não sou." Alexia cravou os pés no chão, ficando ali como uma boneca de madeira quando deveria ter corrido para salvar sua vida.
"Eu—eu quero treinar com vocês." Ela falou rapidamente.
O guerreiro ficou perplexo ao ver como a garota mudou rapidamente do medo para a alucinação. Sobre o que ela está falando? Ela realmente acha que manusear uma espada é brincadeira de criança, ou que o campo de batalha agora se tornou um playground?
"Eu sou George. Como você pode ver, sou o líder daqueles guerreiros que você vê ali." Aproximando-se de Alexia, que involuntariamente recuou, ele apontou para trás dele.
Vendo o quão assustada ela parecia, George sabia que não poderia estar mais certo.
"Trabalhei duro para treiná-los até este ponto e não gostaria que alguém... ou melhor, você, viesse do nada e fosse um fracasso para mim. Para nós."
Suas palavras tocaram profundamente o coração de Alexia, fazendo com que os pelos de sua pele se arrepiem com sua reprovação.
Ele se virou para sair, e Alexia se sentiu envergonhada ao olhar para frente e ver seus treinandos sussurrando entre si com pena.
Em vez de pegar sua vergonha, ela a deixou no chão para apodrecer e se tornou desavergonhada.
"Fui menosprezada o suficiente pelo mundo. Um verdadeiro guerreiro nunca despreza alguém que tem espírito para treinar. Você também vai me expulsar ou me dar uma chance?" Ela pausou, uma determinação firme em seus olhos.
Oh, droga! Ele ainda não parou de andar.
Ela falou demais. Duvida que possa fazer algo certo em sua vida.
No entanto, Alexia se recusou a desistir.
"Quero dizer, você nunca sabe o que o futuro reserva—"
George, apunhalado pela culpa, parou abruptamente quando ouviu suas palavras. "Dê a ela uma espada."
Alexia ficou sem palavras, surpresa com sua aceitação. Finalmente, ela estava cansada de ser um capacho e uma fraca. Ela não pediu por esta vida.
Ele estreitou os olhos para ela e, sem outra escolha, ela recebeu a espada. Com dedicação, Alexia espera reescrever seu destino.
Ela deixou um sorriso aquecer seu rosto, mas quando George sorriu maliciosamente, seu sorriso vacilou—pois ela sabia que estava encrencada.
"Lute comigo." Desafiou George.
George não pôde evitar o sorriso que se formava em seus lábios, seus olhos brilhavam com diversão ao olhar para a mulher inteligente e atraente diante dele. Ela não era uma tola comum - era uma rara combinação de inteligência.
Ele não podia ignorar o fato de que ela conseguiu mantê-lo alerta em apenas alguns minutos.
Alexia piscou rapidamente. Ela o encarou incrédula. O quê?