




Dois The Vow
Lucille sentiu como se tivesse levado um soco entre os olhos. "A vida dele?"
"A vida dele," confirmou Mia, com o lábio inferior tremendo. Seus olhos castanhos estavam duros, mas brilhavam com lágrimas. "Eu quero que ele desapareça."
"Bem, isso é meio...," Lucille parou, encontrando o olhar de Agnes. Por um momento, elas apertaram os lábios e ficaram em silêncio, mas não demorou muito para que começassem a rir. O riso delas encheu toda a sala de estar, até o lustre pendurado no teto branco. "Desculpe, querida. É que... a vida dele? Sério?"
O rosto de Christie se contorceu de indignação e confusão. "Você disse que tudo é possível!"
"Sim, mas eu não posso simplesmente aparecer na empresa e cortar o pescoço do homem." Lucille bufou. "Vocês estão delirando? Eu nem sei o que ele fez com sua neta."
Ela lançou um olhar incisivo para Mia, que só conseguiu manter o contato visual por cerca de dois segundos antes de abaixar a cabeça. Suas mãos apertaram-se no colo, os nós dos dedos brancos. Quando falou novamente, sua voz tremia, mas mais de raiva entorpecida do que de medo. "Você não conhece minha dor. Você não sabe como me sinto, então é fácil para você rir."
As palavras eram apenas gotas de insultos venenosos escorrendo pela cabeça de Lucille.
"Sério?" Sua voz era gelada como gelo. Ela se levantou, e a temperatura na sala subiu a um nível desconfortavelmente quente. "Tente, Mia. Tente."
"Er, por que você não nos conta o que aconteceu?" Agnes interveio, empurrando Lucille de volta para sua cadeira vermelha. "Você deve entender, estamos mais do que dispostas a sujar as mãos, mas temos que ter certeza de que é merecido. Como a Srta. Lucille disse, não podemos simplesmente aparecer lá e machucar o cara—"
"Mas você fez isso com meu marido!" Christie interrompeu estridentemente. "Você foi ao escritório dele e o pegou!"
Lucille quebrou um biscoito ao meio, mas ele acabou se desintegrando em suas mãos. "Depois de semanas de planejamento. Eu não fiz isso no momento em que você me contou. Se eu seguisse seu plano idiota e seus instintos ainda mais idiotas, você estaria presa. Ou morta."
A velha mulher murchou. "Desculpe."
"Deveria mesmo." Ela se virou para Mia. "E você—se quer sair desta suíte intacta, não me desrespeite novamente."
Mais uma vez, ela se levantou de seu assento, jogando as migalhas de biscoito no chão, onde elas espontaneamente pegaram fogo branco. Como isso era uma ocorrência regular, Agnes pegou casualmente o extintor de incêndio escondido ao lado do sofá de couro e apagou o fogo calmamente.
"E então?" Lucille arqueou uma sobrancelha. "Fale, Mia."
A jovem abriu a boca, hesitou e começou a chorar. Christie envolveu um braço em torno de seus ombros trêmulos, sussurrando palavras reconfortantes. Lucille e Agnes esperaram em silêncio, e depois de alguns momentos, Mia começou a falar.
"Eu fui contratada como estagiária," disse ela, enxugando as bochechas. "Eu estava no primeiro ano da faculdade. Não o conheci até três meses de trabalho, fazendo recados e entregando memorandos no escritório. Ele era gentil e amável. Os outros funcionários não ligavam muito para mim, mas ele sim. Eles achavam que eu era uma adição estúpida e desnecessária para a empresa, mas ele me incentivava a ser melhor. Ele me ajudava. Passava tempo conversando comigo, me incluindo em projetos que de outra forma teriam passado por cima de mim."
Lucille olhou para seu relógio Cartier. "E?"
"Eu fiquei encantada," continuou Mia. A última palavra saiu de seus lábios como um sussurro, como se estivesse envergonhada. "Eu era jovem. Não sabia de nada. Me apaixonei perdidamente por ele. Naquela época, eu estava pronta para dar tudo a ele se ele pedisse, e eu dei. Mesmo que ele não pedisse. Eu dei tudo, e por um tempo tudo foi ótimo. Então, em uma reunião do escritório, eu o vi beijando a nova estagiária. Fui deixada de lado, e depois fui demitida. Meu pai basicamente me deserdou quando descobriu, e se recusou a pagar minha faculdade. Não consegui encontrar emprego em lugar nenhum, e minha vida é simplesmente sem sentido. Eu sei que é minha culpa, mas ele... Ele foi meu primeiro. Eu disse a ele que ele era."
O silêncio na sala era quase tangível. Mia o quebrou ao começar a soluçar, se aninhando perto de sua avó e apertando o peito. Parecia que o simples ato de recontar os eventos havia reaberto as feridas.
Lucille entendeu. Talvez até demais. Ela podia sentir seu próprio coração reagindo, batendo em um ritmo selvagem e dolorido.
"Então ele se aproveitou da sua juventude," disse Agnes, coçando o lado da cabeça. "Quantos anos você tem mesmo?"
"Dezenove."
"E isso aconteceu quando?"
"No ano passado. Eu tinha dezoito. Tentei falar com um advogado, mas me disseram que eu não posso—"
"Levá-lo ao tribunal," completou Lucille com desgosto. "E se ele é tão importante quanto você o descreveu, você não terá chance. Ele vai se proteger em tempo recorde. Além disso, dado que você foi demitida, ele pode simplesmente dizer que você está inventando histórias para se vingar dele. Mas ele vai se arrepender, porque nós vamos nos vingar dele."
Mia olhou esperançosa. "Você vai acabar com ele?"
"Calma aí, tigresa," ela respondeu secamente. "Cade Linden é um desperdício de espaço, sim, mas a morte é uma consequência muito grande. Nós damos justiça. Não distribuímos punições como o Papai Noel na véspera de Natal. O melhor que podemos fazer é destruir a vida dele como ele destruiu a sua, fazer ele perder tudo. Seu emprego, suas pessoas, seu poder. Então ele não terá ninguém para culpar além de si mesmo."
"Sim, é isso." Christie assentiu fervorosamente e se virou para Mia. "Não se preocupe em vê-lo novamente. Depois disso, vamos nos mudar e começar de novo. Você vai começar de novo."
"Isso mesmo." Lucille estendeu a mão. "Se você está pronta para aceitar essa oferta, vamos selar com um aperto de mão."
Por dez segundos inteiros, nenhuma delas falou. Mia olhava para Christie com uma expressão de dúvida, enquanto a velha mulher assentia, incentivando-a a concordar. Eventualmente, Mia levantou a mão, lançou um olhar para Agnes e apertou a palma de Lucille.
Imediatamente, uma luz vermelha encheu a sala.
A fonte era suas mãos unidas, o pequeno espaço entre suas palmas. Um brilho vermelho feroz emanava dali com a potência de mil lâmpadas. Em contraste com a cor, no entanto, a temperatura na sala de estar despencou. De repente, um vento frio soprou, envolvendo-as em uma atmosfera gelada que as imobilizou. Sons estranhos começaram a surgir, uma orquestra de zumbidos, cânticos e uma melodia lenta e assombrosa que gelava os ossos das convidadas.
"Eu trarei a você a queda do homem que trouxe sua destruição," recitou Lucille. Os zumbidos ao redor delas se transformaram em uivos, como se a estivessem aplaudindo. "E você deve partir depois que tivermos cumprido nosso objetivo. Você deve ir longe e viver muito."
Surpresa com os eventos sobrenaturais que estavam acontecendo, Mia tentou se afastar, mas Lucille a segurou no lugar. Ela não conseguia soltar suas mãos das da bruxa; o vínculo estava trancado.
A cacofonia de vozes estranhas atingiu seu ápice, e antes que percebessem, a luz havia se dissipado. Os sons desapareceram. Tudo o que restava eram as quatro mulheres.
Mas estava longe de terminar.
Agnes saiu e desapareceu no corredor por um segundo, depois voltou com uma pequena caixa dourada na mão. Ela levou isso até Lucille, que se sentou de volta em sua cadeira e gesticulou para que se sentassem novamente.
"Acho que agora você sabe que um serviço desses não vem de graça," disse ela a Mia e Christie enquanto limpava a mesa de vidro entre elas. "Fizemos o juramento, e agora é hora de eu cobrar minha taxa."
Mia alcançou sua bolsa e puxou sua carteira, mas Agnes a impediu. "Nós não cobramos dinheiro. A menos que seja para serviços judiciais."
Christie parecia assustada. "Está tudo bem se eu pagar em vez dela?"
"Não." Os lábios vermelhos de Lucille se curvaram. "Você é muito velha para isso, Christie. Deixe sua neta arcar com o custo."
"Mas qual é o custo?" Mia perguntou.
Nesse momento, Agnes abriu o pequeno baú sobre a mesa. Dentro havia uma adaga dourada de um só gume com um rubi incrustado no cabo. Tanto o cabo quanto a lâmina triangular estavam esculpidos com inscrições que Mia não conseguia reconhecer.
No entanto, essa não era a única coisa dentro do baú. Havia também um pequeno recipiente de vidro com uma borda dourada. Parecia quase um cálice, exceto que tinha uma tampa removível.
Agnes levantou a tampa agora, colocando-a sobre a mesa ao lado do cálice.
"Bem, então." Lucille estalou os dedos, e instantaneamente a sala pareceu ter se contraído. Mia e Christie ainda estavam sentadas à sua frente, mas o espaço entre elas havia diminuído consideravelmente. "Mia, me dê a mão que você usou para fazer o juramento."
Mia estendeu sua mão pálida e trêmula para Lucille, que a segurou pelo pulso com uma força surpreendente. Ou talvez Mia estivesse apenas muito fraca. A visão da lâmina a intimidava. Talvez ela já tivesse percebido o que estava prestes a acontecer.
Como se para provar isso, Lucille levantou a adaga e lentamente cortou uma linha vertical ao longo do antebraço de Mia.
Mia arfou de dor. O corte não era profundo, mas a nitidez da faca provocou um fluxo saudável de sangue. Ele subiu de sua pele como um rio transbordante. Antes que o espesso líquido carmesim pudesse pingar na mesa, Lucille inclinou o braço dela e direcionou o fluxo para dentro do cálice.
Ping, ping, ping. O sangue continuou a fluir até encher cerca de três quartos do recipiente.
Uma vez que atingiu um nível satisfatório, Lucille soltou Mia e recolocou a tampa do cálice. Então, ela passou o dedo ao longo do corte no braço dela, deixando instantaneamente uma cicatriz fresca em seu lugar.
"Pronto," ela finalizou com um sorriso enquanto Agnes colocava tudo de volta na caixa. "Eu tirei dois anos da sua vida."
O queixo de Mia tremeu. "Dois anos?"
"Sim," disse Lucille despreocupadamente. "Eu tirei cinco anos da sua avó e ela ainda está viva e ativa, então você não precisa se preocupar. A propósito, para que isso funcione, terei que entrar em contato com você de vez em quando. Você aprendeu muito sobre a Parachute Publishing."
Agnes pigarreou. "É Paradigm Publishing."
"Eu não sou boa em lembrar nomes chatos." Lucille dispensou o comentário com um gesto. "Prefiro parachute. Muito mais emocionante. Me faz pensar em amarrar o Sr. Linden em um paraquedas que não abre." Ela fez uma pausa pensativa. "Ele pratica esportes radicais?"
Mia balançou a cabeça. "Ele só gosta de ir à academia."
Lucille estremeceu. "Ugh, ele poderia ser mais tedioso?"
"Se ele gosta de adolescentes, ele poderia ser muito mais tedioso," disse Agnes. Então ela se virou para Mia, desculpando-se. "Sem ofensa."
"Não se ofenda porque é verdade," disse Lucille despreocupadamente. "De qualquer forma, como eu estava dizendo, essa missão exigirá sua presença regular. Você estaria disposta a isso?"
"Claro," respondeu Mia. "Eu farei qualquer coisa que você pedir."
"Bom." Ela pegou o baú e o colocou nas mãos de Agnes, que imediatamente se retirou ao recebê-lo. Então, sorrindo, ela se inclinou e deu um tapinha na bochecha de Mia. "Não se preocupe, querida. Nós vamos pegá-lo. Infiltrar o escritório dele pode ser a parte complicada, mas eu acho que—"
"Não será complicado," Mia interveio. Seus olhos estavam iluminados com uma malícia sombria, uma espécie de fome. "Ouvi dizer que eles estão expandindo."
"Expandindo? Estão tentando atividades menos chatas desta vez?"
"Não, mas estão contratando." Mia estava na beira do assento. "Ele está procurando um executivo de marketing e um editor."
O coração de Lucille saltou de excitação. Deus, era incrível estar de volta à astúcia, travessuras e boas e velhas traquinagens.
"É mesmo?" Lucille se recostou na cadeira. "Bem, acho que ele não precisará procurar mais."