




Capítulo 2
"Sinto que devo estar preparada para qualquer coisa e tudo a todo momento. Em algum ponto do caminho, você pensaria que eu teria percebido que não sou uma entidade toda-poderosa e, portanto, não posso ser tudo em todas as situações para todas as pessoas. Sou apenas uma fêmea Canis lupus adormecida. Não importa quantas vezes eu tente me lembrar disso, ainda fico irritada quando sou pega de surpresa." ~Jen
"Eles se foram!" Cyn gritou enquanto aparecia de repente na sala de guerra, diretamente ao lado da mesa onde Jacque e Jen estavam sentadas, tendo acabado de perceber que sua matilha havia sido traída pela Ordem.
As duas garotas se levantaram instantaneamente, suas cadeiras caindo no chão com a força do movimento.
"Quem se foi?" Jen perguntou, suas mãos já tremendo porque ela sabia o que Cyn diria. Chame de intuição materna ou apenas o entendimento de que ela havia aprendido a sempre esperar o pior quando alguém corria gritando coisas como 'eles se foram'.
"Os filhotes," a guerreira fae, que geralmente era tão calma e estoica, disse entre soluços.
Nissa, a alta fae que Peri havia deixado para ajudar a proteger o reduto, apareceu um segundo depois. "Alston," ela disse entre dentes cerrados.
Cyn assentiu. "Alston e Skender. Eles explodiram a porta do berçário, e Alston nos prendeu antes que pudéssemos usar nossas próprias armas ou magia. Então eles pegaram os filhotes e foram embora."
"Eu o senti," Nissa disse. "Mas não consegui alcançá-lo. Tentei me teletransportar para sua localização, mas era como se ele tivesse anulado meus poderes. A sensação evaporou, e eu consegui me mover novamente. Verifiquei as crianças primeiro e depois segui a magia de Cyn até aqui."
Jen sentiu a mão de Jacque em seu ombro e percebeu que as mãos de sua amiga haviam se transformado em garras e pelo. Jen fechou os olhos e respirou fundo várias vezes para se acalmar.
"Eles simplesmente... se foram," Cyn murmurou novamente, como se estivesse tentando se convencer de que havia algum tipo de engano.
"Disseram alguma coisa?" Jacque perguntou.
Outra guerreira fae, Talia, apareceu de repente ao lado de Cyn. "Você se teletransportou antes que eu pudesse te mostrar isso." Talia estendeu a mão para Cyn. Um pedaço de papel dobrado estava apertado dentro dela.
Jen o pegou antes que Cyn pudesse se mover e rapidamente o desdobrou. Ela leu três vezes, sua mente tentando freneticamente entender as palavras através da névoa de raiva e medo. "Ele diz que devemos ir para o Arizona e levar Sally se quisermos ver nossos filhos vivos e ilesos," ela leu, olhando para Jacque, que parecia tão calma quanto Jen se sentia.
Antes que alguém pudesse responder, Sally e Costin entraram correndo pela entrada da sala de guerra. Os olhos de Sally estavam arregalados, e Costin parecia pronto para esfolar alguém vivo.
"Onde estão nossos filhos?" Sally perguntou, suas palavras saindo entre arfadas. Ela deve ter corrido o caminho todo desde a sala de jogos. Curandeiras ciganas, por toda sua força interior, simplesmente não tinham a resistência física dos lobos. "Eles se foram, e eu pensei que Cyn concordou em nos avisar se eles fossem sair..." Ela percebeu que Cyn estava bem ao lado de Jen. "Por que você está aqui? Por que não está com Titus, Slate e Thia?" Ela rosnou enquanto olhava para a guerreira fae. "E por que diabos você está chorando!" Jen entendeu a confusão de Sally sobre a demonstração de emoção de Cyn. A fae raramente, se é que alguma vez, mostrava qualquer emoção.
Costin envolveu seus braços ao redor de sua companheira angustiada e a puxou para trás de onde Sally havia se aproximado do espaço pessoal de Cyn. "Responda a ela," Costin disse, sua voz mortal.
Jen foi quem falou. "Alston e Skender os levaram."
Sally soltou um suspiro desesperado. Ela olhou para Cyn e Nissa. "Por que nenhuma de vocês o impediu?" Seus olhos se fixaram na alta fae. "Você não deveria ser poderosa como ele? De que diabos você serve se não pode proteger as pessoas mais importantes desta maldita montanha?" Jen começou a falar, mas Sally virou a cabeça e lançou um olhar furioso para Jen. "Por que você está aí parada sem fazer nada, Jennifer?"
O rosnado que a loba de Jen emitiu estava além do seu controle humano. A besta não apreciava a insinuação de Sally — que Jen não estava preocupada com seus pequenos. Ela estava preocupada até a última fibra do seu ser. Mas ela precisava de um momento para processar a situação. Seu companheiro estava longe em um campo de batalha enfrentando um inimigo que estava avisado de seus planos e preparado para a luta. Agora, sua filha estava nas mãos desse mesmo inimigo.
"Me dê um maldito minuto para pensar!" Jen gritou. Jacque colocou uma mão, que havia voltado completamente à forma humana, em seu braço como se dissesse: "Sally não é o inimigo." Jen sabia disso, é claro, mas também sabia que sua amiga precisava dar um passo para trás e pensar antes de começar a acusá-la de não fazer nada.
"Ele disse para levar Sally para o Arizona," Jacque disse. "Decebel e Fane acabaram de nos mostrar o campo onde estão prestes a entrar em batalha."
"Nissa e eu podemos rastrear a magia de Alston," Cyn acrescentou. "Mas precisamos voltar para a sala e segui-la antes que desapareça." Cyn olhou para Talia. Suas lágrimas agora estavam secas, e ela parecia ter se recomposto. "Você precisa avisar a Alfa Alina sobre o que está acontecendo. Não temos tempo para contar a ela."
Talia assentiu.
Cyn estendeu os braços, assim como Nissa. Jen e Jacque colocaram uma mão em Cyn enquanto Sally e Costin cada um colocava uma mão em Nissa. Elas se teletransportaram e acabaram na sala de jogos. "Não soltem," Cyn disse, e então se teletransportaram novamente.
Jen considerou por um segundo que talvez devessem ter pensado melhor em suas ações antes de perseguir o alto fae maligno e o lobo traidor, mas descartou o pensamento assim que imaginou o rosto perfeito de Thia em sua mente. Se um único fio de cabelo de sua filha fosse machucado, Jen despedaçaria Alston membro por membro. Ela faria Skender assistir, para que ele soubesse exatamente o que aconteceria com ele.
Quando seus pés estavam novamente em solo firme, Jen abriu os olhos, que nem havia percebido que tinha fechado, e ofegou ao ver a batalha que se desenrolava ao seu redor.
"Você os vê?" Sally perguntou, sua voz cheia da urgência que Jen estava sentindo.
"Não," Jacque disse. "Espere, ali." Ela apontou para a direita, e Jen seguiu a direção. Alston e Skender estavam no meio da confusão, segurando as três crianças em seus braços. Alston segurava Thia, e Skender tinha Slate e Titus.
A loba de Jen avançou e rosnou. "Eu vou acabar com eles." Nissa estendeu o braço para tentar detê-la, mas Jen não estava disposta a aceitar.
"Entre na fila," Sally resmungou enquanto ela e Costin começavam a se aproximar do lobo traiçoeiro e do alto fae. Jen e Jacque começaram a correr. Jen não sabia onde Cyn ou Nissa tinham ido depois que ela passou por elas. Mas o que quer que as fae estivessem fazendo, Jen esperava que ajudasse.
Os segundos que levaram para alcançar os dois machos pareceram horas. Mas quando finalmente estavam a poucos metros de distância, Jen teve que lutar contra sua transformação. Sua loba queria liberdade. Precisava rasgar o homem que segurava sua filhinha e arrancar suas entranhas de seu estômago macio. Queria enrolá-las ao redor do pescoço dele e estrangulá-lo, assistindo a vida desaparecer de seus olhos miseráveis. O rosto de Thia estava vermelho, seus olhos inchados de tanto chorar e lágrimas rolavam por seu rosto. Assim que viu Jen, estendeu uma de suas mãozinhas gordinhas para ela. Jen estava decidida a eviscerar o desgraçado que segurava sua filha.
"Fico feliz em ver que você levou meu aviso a sério," Alston disse enquanto encontrava os olhos de loba de Jen.
"Me dê minha filhote," Jen disse. Sua voz não era sua. A loba estava no controle total, e a humana só podia assistir. Levou toda a força de vontade de Jen para permanecer em sua forma humana para poder continuar falando.
"Agora, agora," Alston murmurou. "Não vamos nos apressar. Há muito a discutir. Deixe-me apenas chamar a atenção de todos, e então podemos conversar como adultos razoáveis."
"Ah é?" Os olhos de Sally se arregalaram. "E onde você planejava encontrar esses adultos razoáveis para conversar? Porque eu não vejo nenhum aqui. Adultos razoáveis não usam hordas de vampiros para assassinar humanos inocentes. Adultos razoáveis não roubam crianças inocentes de seus pais. E esses pais definitivamente não permanecem razoáveis quando seus filhos estão nas garras de sobrenaturais psicóticos!" Sally estava gritando quando terminou, suas respirações eram arfadas irregulares. Parecia que ela estava se contendo fisicamente para não avançar sobre Skender para pegar Titus.
"Uau," Skender falou. "Ela com certeza não age como uma curandeira gentil."
Os olhos de Jen se fixaram no lobo macho. "Você não tem o direito de falar, lobo," a besta interior de Jen roncou. "Você é um traidor. Uma víbora no ninho de bebês inocentes, disposto a trair os seus. Você é o mais baixo dos baixos, e eu vou me banquetear com seus ossos antes que isso acabe. Tenha certeza disso. Não fale da nossa curandeira novamente."
"Você está realmente em posição de fazer ameaças, Jen?" O sorriso de escárnio no rosto de Skender só a enfureceu mais. "Não queremos machucar os filhotes, mas vamos, se nos forçar."
"Você já os machucou. Eles estão apavorados, seu imbecil. Por que você acha que sequestrá-los de sua casa, de suas famílias, não os machucaria?" Jacque perguntou. "Como você pôde fazer isso?" Sua voz estava cheia de descrença e horror enquanto ela o encarava. "Como você pôde trair sua matilha?"
"Porque a liderança da nossa matilha é inepta. Vasile está errado. Não deveríamos ter que nos esconder. Os sobrenaturais não deveriam ter medo dos humanos," Skender disse. Sua voz soava sem emoção, como se fosse um péssimo ator lendo um roteiro.
"Por mais estimulante que essa conversa seja," Alston interrompeu, "há coisas mais importantes para discutir. Um segundo." Ele levantou a mão livre, e Jen esperava que ele não deixasse sua filha cair.
A voz de Alston se amplificou enquanto ele falava na língua fae. Ela reconheceu porque Peri a usava muitas vezes nos feitiços que lançava. Trovões roncavam e nuvens se reuniam enquanto uma névoa envolvia o círculo do campo de batalha até formar uma parede entre eles e o resto do mundo.
"JENNIFER!" Ela ouviu a voz de Decebel em sua mente, mas não podia responder ou sequer tentar encontrá-lo no banho de sangue que acontecia ao seu redor. Tudo em que podia se concentrar era em Thia e garantir que Alston não machucasse sua menina.
A batalha continuava, e embora parecesse que já durava horas, Decebel sabia por experiência que uma luta nunca era tão longa quanto parecia. Ele estava avançando para ajudar Fane com dois fae que o atacavam quando de repente congelou ao sentir sua companheira. Ela estava ali. Ele podia senti-la através do vínculo tão fortemente que era como se ela estivesse ao seu lado. Decebel virou a cabeça freneticamente enquanto a procurava, torcendo desesperadamente para estar errado. Ele também percebeu que a sensação frenética dentro dele não era sua. Era de sua companheira.
"JENNIFER!" Ele gritou através do vínculo, mas ela não respondeu. De repente, o mundo simplesmente parou. Ele não conseguia se mover, e ao olhar ao redor, viu que ninguém mais conseguia também. Até mesmo seus inimigos estavam congelados em seus lugares.
Finalmente, ele a encontrou. Seu longo cabelo loiro estava preso em uma trança apertada. Ela estava rígida, com os ombros para trás e as mãos cerradas ao lado do corpo. Por que ela estava ali? Como ela estava ali? Não fazia sentido. Por que ela não havia dito que estava vindo? As perguntas corriam por sua mente enquanto ele continuava a lutar contra a magia que o prendia. Se isso fosse obra de Peri, ele iria mordê-la, e forte.
Sua companheira se virou lentamente, e um segundo depois seus olhares se encontraram. Ele a absorveu como um homem que estava sedento há décadas. Queria ir até ela, precisava ter certeza de que ela não era uma ilusão de sua imaginação. O medo que enchia os olhos de Jen fez seu estômago se contrair. Ele só a tinha visto tão assustada uma vez antes, e foi quando ela pensou que Thia iria morrer ao nascer.
"Por que diabos você está aqui?" ele perguntou, alcançando-a através do vínculo.
Ela não respondeu. Em vez disso, deu um passo para o lado. Obviamente, ela não estava presa pelo feitiço que estava funcionando sobre o campo de batalha. Ele olhou além do ombro dela e viu Alston, e em seus braços estava Thia, sua filha.
O lobo de Decebel avançou tão forte dentro dele que ele conseguiu se mover um pouco, mas foi só isso. A raiva rolava através dele como a tempestade crescente dos sprites enquanto ele olhava de volta para Jen e depois para sua filha novamente. Sua filha indefesa nos braços de um monstro. Alston acabara de cometer o maior erro de sua longa, longa vida. Ele havia libertado um demônio na forma de um lobo, e não importava quanto tempo levasse, Decebel eventualmente destruiria o alto fae por tocar sua preciosa filha e pelo medo que viu nos olhos de sua companheira.
A voz de Alston chamou a atenção de Decebel de sua filha, e ele olhou para o rosto do alto fae. O olhar presunçoso era suficiente para fazer Decebel querer mastigar o tutano dos ossos do homem.
"É hora de vocês recuarem e lamberem suas feridas." O olhar de Alston parecia percorrer o espaço, procurando por alguém. Seu sorriso se alargou como se estivesse feliz por não tê-los encontrado. "Afinal, sua amada heroína, Perizada, os abandonou. Ela estava aqui. Eu posso sentir sua magia, e ainda assim não a vejo agora. Diga-me," Alston disse, sua voz soando presunçosa, "quanto tempo ela durou antes de enfiar o rabo entre as pernas e fugir?" Ele jogou a cabeça para trás e riu.
Thia pulou, assustada com o som. Seu lábio inferior tremeu, e Decebel jurou que para cada lágrima que caísse de sua bochecha, ele cortaria Alston lentamente. Fatiando pedaço por pedaço, ele cortaria o alto fae até que ele fosse apenas um monte de pedaços do tamanho de mordidas para jogar aos seus primos, os lobos selvagens.
A risada de Alston morreu. "Tenho que admitir que estou bastante surpreso. Eu realmente esperava enfrentar a grande e poderosa Perizada aqui hoje. Ludcarab até trouxe seu bichinho de estimação." Ele apontou para o homem sentado no dragão que pairava no ar a cerca de doze metros atrás de Alston. "Estávamos esperando um confronto mais desafiador." Ele balançou a cabeça como se estivesse desapontado.
O olhar de Decebel percorreu o campo de batalha, porque ele não conseguia mover a maldita cabeça, apenas desviando o olhar de sua companheira e filha por um segundo para verificar o que Alston disse. Ele não viu Peri em lugar nenhum. Por que ela teria ido embora? Ou será que foi capturada? Não seria além das capacidades de Alston ter feito algo para enganá-los.
Ele tentou avançar novamente, mas não conseguiu se mover. Era um feitiço de contenção como o que Peri havia colocado neles no passado. Naquele momento, Decebel desprezou a magia dos fae.
O trovão ainda roncava, mas não era tão alto quanto quando a batalha estava em fúria. Os relâmpagos agora haviam desaparecido completamente, e tudo de repente parecia ainda mais perigoso do que quando seu inimigo estava atacando com a intenção de matar.
"A única coisa que vou lamber é o sangue dele do meu focinho," Fane rosnou ao lado de Decebel. Ele aparentemente não estava preocupado com a possibilidade de Perizada ter fugido, se é que isso realmente havia acontecido.
Decebel percebeu que o que quer que estivesse segurando-o deve ter afrouxado o suficiente para permitir que falassem, embora ainda não pudessem mover seus membros.
"O que você quer com os filhotes, Alston?" Vasile perguntou.
"Os filhotes não servem a outro propósito senão controlar vocês e suas fêmeas. Não há como vocês atacarem enquanto os tivermos." O alto fae sorriu, e o mal por trás disso enviou um calafrio pela espinha de Decebel. Este era um homem que faria qualquer coisa, mataria qualquer um, até mesmo uma criança indefesa, para conseguir o que queria.
"Eu sabia que você era um tolo," Vale, o guerreiro fae que se juntou a eles, falou. "Mas até isso me choca. Eles não terão misericórdia de você por colocar em perigo seus filhos. Você sabe o quão sagrados eles são para os Canis lupus."
"Ahh, Vale," Alston ronronou, ignorando suas palavras. "Estou chocado que seu pai tenha permitido que você saísse de farie. Mas não estou surpreso que ele não esteja aqui. Nenhum dos altos fae, exceto Nissa e Perizada, tem o que é preciso para ser um guerreiro. Eles são covardes. Talvez ainda haja esperança para você."
"Você fala de covardia, e ainda assim escolheu o caminho fraco. É muito mais fácil seguir o caminho largo do mal do que permanecer no caminho estreito da justiça. Você pode ter vencido esta batalha," Vasile disse, "mas a guerra está longe de terminar. Não vamos simplesmente desaparecer e nos esconder só porque você nos diz para fazer isso."
"Vocês farão exatamente o que eu mandar ou as crianças morrem," Alston rosnou. Seu rosto ficou vermelho com as palavras do alfa. Aparentemente, ele não gostava de ouvir a verdade.
Jen rosnou para o homem que segurava sua filha. A bebê estava respirando silenciosamente enquanto lágrimas caíam por suas bochechas. Ela estendeu sua mãozinha para Jen. Sua companheira parecia pronta para arrancar a garganta de Alston. Decebel sentiu seu lobo alcançando-a através do vínculo. Ele não queria que ela fizesse algo que a machucasse ou machucasse sua filhote. Sua companheira os ignorou. Ele não estava surpreso.
"Vamos nos reagrupar," Vasile disse. Houve um murmúrio de rosnados e xingamentos dos guerreiros ao redor deles.
"Vasile," Tyler, o alfa da matilha do Missouri, rosnou, sua desaprovação clara em seus olhos brilhantes.
"Não recuamos," Jeff Stone, o alfa de Coldspring, disse entre dentes cerrados.
Eles não queriam recuar. Assim como Decebel, queriam sangue. Precisavam tirar as crianças das mãos do inimigo em segurança. A tensão era palpável, e Decebel sabia que, se Alston não os estivesse segurando, um deles teria se movido para fazer algo. E teria sido uma decisão tola. Vasile não estava recuando porque estava com medo ou porque achava que Alston e sua Ordem eram superiores. Ele estava recuando porque nada valia a perda dos filhotes. Vasile manteve sua atenção em Alston. "Mas não pense por um minuto que estamos admitindo derrota."
"O que quer que vocês precisem dizer a si mesmos para se sentirem melhor. Não tenho dúvidas de que nos encontraremos novamente, mas será com vocês de joelhos, oferecendo lealdade à Ordem."
"Se isso salvar a vida dos filhotes, então sim, eu faria," Vasile disse, sua voz tão calma que qualquer um que não o conhecesse não perceberia que ele estava em seu estado mais perigoso. "Embora você passe o resto de sua existência olhando por cima do ombro porque vivemos muito tempo, e eu sou um caçador paciente. Não se engane, Alston, ex-alto fae, eu vou caçá-lo até os confins da terra. Você nunca mais dormirá em paz."
"Sem ofensa, Alfa," Jen rosnou, "mas eu planejo ser a que vai arrancar suas entranhas e estrangulá-lo com elas. Você não precisará ir à caça."
Houve um murmúrio coletivo de rosnados de aprovação que se espalhou pelo campo.
"Sua bravura é admirável," Alston disse a ela. "Tola. Mas admirável."
Decebel não conseguia tirar os olhos de sua companheira enquanto Alston chamava alguns de seus guerreiros fae. Cada um deles colocou uma mão em seus prisioneiros e em Skender. Num piscar de olhos, eles desapareceram. Então, em outro piscar de olhos, o resto dos guerreiros da Ordem, exceto Ludcarab, desapareceram. O elfo olhou para eles com raiva, depois, sem uma palavra, virou seu draheim e voou em direção ao grande complexo.
Decebel cambaleou quando o feitiço de contenção desapareceu, e ele pôde se mover novamente. Ele começou a avançar, mas então parou enquanto girava a cabeça, seus olhos se movendo freneticamente. Ele sabia que não os veria — eles haviam ido embora — mas isso não o impediu de procurar. Fane estava fazendo a mesma coisa. Seus olhos azuis brilhavam intensamente com seu lobo. Decebel não tinha dúvidas de que seus próprios olhos estariam de um âmbar brilhante.
"Não há nada que você possa fazer, lobo," Vale disse enquanto se colocava na frente dele. "Precisamos fazer um plano. Você pode tentar arrombar a porta. Não vai funcionar, e você acabará se matando, o que mataria sua companheira e deixaria sua filhote sem pais. Pare e pense."
Vasile falou, seus olhos em Fane. "Isso vale para você também," ele disse ao filho. "Não podemos ser imprudentes. Se entrarmos sem fazer um plano, só vamos nos matar e matar nosso povo."
"Precisamos ir ao Refúgio e verificar nossa matilha," Vasile disse enquanto se virava para olhar os guerreiros esperando instruções. Os outros alfas, assim como Cypher, Thalion e Adira, estavam olhando para Vasile em busca de liderança. "Depois de verificarmos nossas respectivas matilhas e pessoas, nos encontraremos no reino dos sprites." Ele fez uma pausa e olhou para Andora.
A rainha sprite deu um passo à frente. "Isso será bom. Podemos usar o mesmo salão de antes. Ele comportará todos nós. Conseguimos manter nossas barreiras fortes o suficiente para que nenhum outro sobrenatural as tenha rompido por séculos."
"Alguém vai abordar o fato de que Peri nos deixou na mão?" Jeff perguntou.
"Ela estava ferida?" Dillon perguntou, sua voz carregada de emoção. Decebel às vezes esquecia que Jacque era filha dele. Claro, ele estava emocional. Sua companheira, Tanya, estava ao lado dele. Sangue manchava suas bochechas e pescoço, mas ela parecia ilesa. Sua mão estava entrelaçada na de seu companheiro, e ela se inclinava contra ele, oferecendo seu toque para confortá-lo. Decebel daria qualquer coisa para ter sua companheira se apoiando nele.
Nissa saiu da multidão. "Ferida ou não, Peri não teria saído a menos que fosse absolutamente necessário. Ela não abandona aqueles que precisam."
Vasile olhou para a alta fae. Seus olhos, que haviam sido ferozes momentos atrás, agora pareciam cansados. "Você pode rastreá-la?"
"Já tentei," Cyn falou. Ela parecia abalada. "Eu nem consigo senti-la."
"Isso significa que ela está morta?" Lilly perguntou.
"Não necessariamente," Nissa respondeu.
"Isso não é muito reconfortante," a rainha feiticeira disse com um tom mordaz. Cypher colocou sua grande mão no ombro dela.
"Calma, amor," ele disse gentilmente. "Nós vamos recuperá-los." Ele estava tranquilizando-a sobre Jacque e Slate. Lilly estava sofrendo tanto quanto ele e Dillon, e ela estava descontando seu medo em quem pudesse. Decebel podia se relacionar.
"Como alguns de vocês sabem," Vasile disse, "Peri tem lidado com outro inimigo. Ela está sobrecarregada, e o fato de ela ter conseguido estar aqui foi simplesmente por acaso. Não acho que ela teria saído no meio de uma batalha a menos que não tivesse outra escolha. Os curandeiros sob sua proteção devem ter precisado dela."
"Concordo com você," Cyn disse. "Conheço Perizada há muito tempo. Ela não teria saído sem uma boa razão."
Drake falou. "Estou jogando o advogado do diabo aqui. Mas pareceu conveniente que ela desapareceu pouco antes de Alston aparecer. Ele poderia tê-la prendido de alguma forma?"
"Por que diabos isso importa?" Fane de repente latiu. "Peri pode cuidar de si mesma, seja aqui, com a Ordem, ou com seus protegidos. Eles"—ele apontou para o complexo—"têm minha companheira e filho. Isso é o que importa."
"E minha filha e neto. Eles são quem precisamos focar." Chris Morgan deu um passo à frente. Decebel tinha completamente esquecido que o humano havia se juntado a eles. Seu foco havia mudado do modo de batalha para o modo de proteção no segundo em que viu sua companheira e filho.
"Continuaremos tentando rastrear Peri," Nissa disse gentilmente. "Seu filho e o pai da curandeira estão corretos. Vocês precisam pensar em como resgatar as fêmeas e seus jovens."
Ficou quieto por um momento antes de Cyn falar. "Os fae podem teletransportar todos para onde precisam ir, Vasile. Assim que estivermos prontos para nos encontrar no reino dos sprites, entre em contato conosco pelo celular, e voltaremos para buscá-los novamente."
Vasile assentiu. "Agradecemos pela ajuda." Ele olhou ao redor para cada um dos fae. "Todos vocês. De verdade." A sinceridade em sua voz era forte, e Decebel sabia que era uma das razões pelas quais ele era tão respeitado. Vasile detinha poder não apenas porque era forte, mas porque respeitava os outros, e eles, por sua vez, o respeitavam.
"Espere," Decebel disse rapidamente. "Desculpe, Vasile, mas não posso ir com você. Não vou deixar minha companheira e meu filho em um continente completamente separado."
"Decebel, não há nada que você possa fazer no momento," Vasile apontou.
"Se você se machucar ou for capturado, Jen vai fazer você construir centenas de casinhas de cachorro," Cyn avisou. "Não apenas duas."
Decebel balançou a cabeça, com a mandíbula cerrada. "Eu não me importo. Não vou embora. Eu construiria uma maldita casinha de cachorro para ela todos os dias da semana, se isso for o que ela precisa."
"Eu também vou ficar," Fane se juntou.
"Claro que vai," Vasile disse, parecendo resignado.
"Eles podem ficar conosco," Dillon ofereceu.
Dillon olhou para Vasile e depois para Decebel e Fane. "Vocês dois concordam em estar sob minha liderança?"
"Sim," Decebel e Fane disseram em uníssono.
Vasile soltou um suspiro cansado enquanto encontrava os olhos de Decebel e depois os de Fane. "Vou permitir que vocês fiquem porque entendo, mas estou ordenando que ambos vão para a matilha do Colorado. Vocês não podem ficar aqui. Acabarão fazendo algo impetuoso."
O lobo de Decebel queria atacar Vasile, mas o homem o impediu de fazê-lo. "Eu concordo com isso. Precisamos elaborar um plano. Não suporto a ideia de minha companheira e meu filhote nas mãos do inimigo."
Vasile deu um aceno firme e depois se virou para Fane. "Você vai ficar bem?"
Os olhos de Fane não pararam de brilhar com a presença de seu lobo. "Não vou fazer nada estúpido. Sei que é isso que você realmente está perguntando."
"Seu histórico não exatamente inspira confiança," Cyn apontou.
"Assumindo o papel de Peri de fazer comentários sarcásticos?" Fane rosnou para a fae.
"Apenas lembrando você de manter sua besta sob controle. Há muito em jogo para você ou Decebel enlouquecerem," Cyn respondeu calmamente.
Decebel encontrou os olhos da guerreira fae e deu um aceno firme. Ele concordava e lutaria contra a necessidade de seu lobo de ir atrás de sua companheira e filho.
"Chris," Vasile disse enquanto olhava para o pai de Sally, que estava olhando para o complexo como se pudesse se transportar para dentro dele. "Você vai voltar para o reino dos sprites para ficar com sua esposa, ou sente a necessidade de ficar perto e ir com a matilha de Dillon?"
Chris finalmente desviou o olhar do complexo e se virou para Vasile. "Imagino que Cindy já esteja ciente do que aconteceu," ele disse. Ele devia estar falando sobre as sprites videntes. Elas não interferiam, mas viam o futuro. "Mas eu preciso estar com ela. Sally tem seu companheiro com ela e é forte."
"Isso ela é." Vasile assentiu. "Muito bem. Nos veremos em breve."
Vasile deu um breve abraço em seu filho e depois colocou a mão no braço de Vale. O resto dos lobos da matilha de Vasile se moveram para Riven, Nissa, Cyn e os outros guerreiros fae que estenderam os braços.
"Guerreiros fae que não estão transportando os lobos de Vasile," Nissa disse, sua voz alta o suficiente para ser ouvida no campo de batalha, "por favor, trabalhem com os outros líderes para levar todos para onde precisam ir. Acho que seria sábio treinar enquanto esperam ouvir de Vasile." Ela se teletransportou, com os outros logo atrás.
Decebel se virou para olhar o grande edifício que Dylan disse ser a sede da Ordem da Garra Ardente. Ele procurou Jen através do vínculo. Estava fraco, mas ainda presente. "Você está bem?"
"Eu tenho Thia de volta, então não estou em uma matança. Eles nos trancaram em um quarto. Nos separaram."
"Seja o que for que você faça, fique viva," Decebel pediu. "Nossa filha precisa de nós."
"Eu sei. Não vou tentar ser uma heroína. Eu te amo."
Decebel fechou os olhos enquanto as palavras e emoções de sua companheira o inundavam. Ele odiava estar separado dela e de Thia. Seria o maior teste de seu autocontrole não ir atrás delas até que Vasile desse a ordem. "Eu te amo, querida. Vou vir buscar vocês duas. Muito em breve."