




Capítulo 6
Divina não conseguia ignorar a sensação incômoda de que estava destinada a algo mais do que apenas ser uma estudante universitária. Isso a atormentava há algum tempo, crescendo cada vez mais persistente. Ela não conseguia se livrar dessa sensação, por mais que tentasse.
Para aumentar seu desconforto, havia o comportamento estranho de sua mãe - nervosa e furtiva. E então havia aquele sonho, assombrando-a como um espectro.
O celular de Divina vibrou, tirando-a de seus pensamentos. Era Melissa, insistente como sempre. Divina olhou para sua mãe, que estava ocupada com as compras. Ela sabia que era melhor não pressioná-la, pois sua mãe tinha um temperamento ruim.
Ela foi para a sala de estar e atendeu o telefone. "Oi!" A voz de Melissa era alta e urgente.
Divina se preparou para o que viria a seguir. Ela tinha certeza de uma coisa - segredos raramente permanecem enterrados por muito tempo, especialmente no mundo do qual ela suspeitava fazer parte.
"Oi, amiga," a voz de Melissa soou urgente. "Por que você não me ligou? Deixei zilhões de mensagens. Como está seu pai?"
"Ele não estava bem," respondeu Divina, pensando na maneira como ele havia gritado sobre os Lycans. "Foi estranho, para dizer o mínimo."
"Tomara que ele volte ao normal logo. Por favor, mande um abraço para ele," disse Melissa com sinceridade.
"Olha, amiga," disse Divina, agradecida. "Não sei como te agradecer. Você realmente me salvou."
Melissa riu, "Eu salvei?"
"Depois da festa," explicou Divina, rindo também. "Você ajudou a limpar tudo."
"Ah, eu não fiz muito," admitiu Melissa com um sorriso. "Não conseguia tirar os olhos de um certo traseiro."
Divina riu, mas sentiu uma pontada inesperada de ciúmes. Por que ela se importava se Melissa tinha se divertido? Talvez fosse porque Melissa não parecia ter o mesmo turbilhão interno que Divina estava enfrentando.
"De qualquer forma, o Sr. Steel ajudou também?" Divina perguntou, genuinamente curiosa.
"Ah, se ajudou," respondeu Melissa, sentindo um sorriso surgir em seus lábios. Ela se perguntava como poderia agradecê-lo adequadamente.
Divina precisava vê-lo pessoalmente e acabar com esses sonhos tolos. Ele não era dela, e nunca seria. Ela tinha que se lembrar disso e sufocar a tristeza que sentia ao pensar nisso.
Por que ela se sentia assim, afinal? Ela nem conhecia o cara. E além disso, uma olhada nele a convenceu de que ele era um completo idiota. Divina balançou a cabeça, cansada do drama. "Obrigada de novo, Melissa. A gente se fala depois." Com isso, ela encerrou a chamada.
No dia seguinte, ela decidiu se aventurar sozinha na floresta, buscando um refúgio nos braços da natureza e na sinfonia de seus habitantes. Lá, no chão da floresta, jaziam árvores caídas de um tempo passado, arrancadas durante as tempestades tempestuosas de estações passadas. Seguindo a trilha arborizada, ela se encontrou no santuário temporário de Melissa, um lugar que guardava muitas lembranças queridas de incontáveis férias de verão.
Aqueles dias de sua juventude estavam repletos de contos de príncipes e fadas madrinhas, sonhos de ser levada embora em um cavalo branco puro. Tudo isso parecia tão distante agora, uma garota ingênua e confiante perdida nas dificuldades da vida. O amor, a noção que um dia tinha prometido tanto, provou ser uma fantasia passageira; um conceito ilusório que seus próprios pais não conseguiram entender, presos em constantes discussões e brigas.
Qual era o sentido do amor, ela se perguntava, se estava destinado a falhar? E ainda assim, lá estava ela, se entregando à fantasia de um estranho desconhecido e distante, ansiando pela esperança e promessa do amor. Era hora de se recompor, ela se repreendeu, de recuperar a compostura e abandonar esses caprichos infantis.
Respirando profundamente o ar matinal da floresta, ela sentiu uma sensação imediata de rejuvenescimento. Algo mágico permeava o ar, uma doçura orgânica que preenchia seus sentidos. As árvores antigas e imponentes, as cavernas rochosas e as copas altas de folhagem trabalhavam em uníssono para criar um reino além da imaginação. Os cantos e trinados das criaturas da floresta enchiam sua mente com a essência da unidade da natureza, transportando-a para outro lugar e tempo.
Seu caminho estalava sob seus pés, os galhos frágeis e o musgo delicado eram os únicos sons enquanto ela avançava pela vegetação exuberante. A calma pacífica que a envolvia era ao mesmo tempo reconfortante e restauradora, um lugar onde predadores e presas começavam suas rotinas diárias de sobrevivência. A floresta pulsava com vida, e por um momento, ela sentiu como se também fizesse parte desse ritmo encorajador.
Cada som era distinto, uma sinfonia da natureza que a cercava. O farfalhar das folhas sob seus pés, o deslizar de uma cobra na vegetação. Divina não tinha medo como algumas das pessoas que conhecia. Para ela, a natureza era uma coisa de beleza, envolta em mistério e maravilha.
O rio brilhava diante dela, tentando-a com seu abraço refrescante. Ela riu, lembranças de nadar com Melissa dançando em sua mente. Elas se imaginavam sereias, perdidas em um mundo criado por elas mesmas.
A água fluía como o tempo, uma jornada interminável em direção ao seu destino. Divina se pegou ponderando sobre seu próprio futuro. Ser médica era realmente sua vocação? Ela tinha certeza quando começou a faculdade. Agora, a incerteza pesava em seu coração.
Havia mais na vida do que isso, ela tinha certeza. Mas o quê? O início do verão a deixou com mais perguntas do que respostas.
Ela tirou suas roupas, deleitando-se com a visão de sua figura tonificada e imponente. A academia tinha sido uma vantagem da faculdade, e ela se dedicou a manter a forma. A água fria acariciava sua pele, varrendo suas preocupações e dúvidas com sua correnteza.
Ela nadou voltas dentro do abraço da natureza, sentindo-se completa e viva. O sol batia em sua pele, e ela se entregou ao seu calor. O mundo ao seu redor estava silencioso, os únicos sons eram o suave murmúrio do riacho e o balançar dos galhos na brisa.
Mas de repente, um farfalhar vindo da floresta a alertou sobre a aproximação de um intruso. Ela estava nua e exposta, e o pânico a dominou. Não agora!