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Capítulo 3

A jornada de volta para casa foi um marasmo, um silêncio inquietante que combinava com o clima. Divina sentiu uma pontada na cabeça, mais aguda do que qualquer dor de cabeça, quando uma realização a atingiu como um tijolo. A festa. Melissa. A sala de estar, tudo inundou sua mente.

Álcool! Ela era uma morta-viva ambulante, e a fumaça dos maconheiros havia nublado sua mente. Em seu coração, ela rezava, apesar de sua falta de fé. Esperava que, em algum lugar, de alguma forma, houvesse um deus que a salvasse de quaisquer consequências potenciais de sua tolice.

Oh, por favor, Deus, por favor, faça com que a mamãe não perceba o estado da sala de estar. Ninguém poderia ignorar a bagunça de garrafas, copos e papéis espalhados, mas Divina se agarrava à esperança de que sua mãe não notasse e não perdesse a cabeça.

A mãe de Divina chegou em casa antes dela, mas foi o estado impecável da sala de estar que chamou a atenção de Divina. Ela piscou, incrédula, enquanto examinava a sala, impecável, sem nenhum sinal da festa selvagem. Melissa, claro. Divina sorriu, seu coração se enchendo de gratidão por sua leal melhor amiga.

Amy entrou apressada e começou a vasculhar a despensa e a geladeira, preparando uma refeição. Divina comeu com vontade antes de tomar um banho refrescante e tomar um analgésico. Ela caiu em um sono profundo em minutos, o caos da noite anterior se dissolvendo à distância.


Os nervos de Amy estavam à flor da pele, suas mãos tremiam enquanto verificava sua filha, certificando-se de que ela estava dormindo em segurança. Só então pegou o telefone com dedos trêmulos e discou o número familiar.

"Alô?" A voz do outro lado era calma e controlada, um contraste gritante com o estado abalado de Amy.

"Sou eu, Amy." Ela tentou estabilizar a voz, mas não conseguiu conter o tremor completamente.

"Ele está aqui!" As palavras saíram dela em um jorro, quase gritando ao telefone antes de se controlar.

"Quem está aí? O que está acontecendo, Amy?" A voz do outro lado era paciente, reconfortante.

"Ele foi amaldiçoado," disse Amy, o pânico crescendo em sua voz quase ao ponto de histeria. "Alguém deu ao seu pai a mordida de uma maldição de Lycan."

Houve um momento de silêncio atordoado. "Você tem certeza?"

"Eu sei o que vi," Amy retrucou, frustração e medo lutando dentro dela. "Você me prometeu que isso não aconteceria."

"Isso tem que ser obra de um Lycan," a voz disse suavemente.

"Eu confiei em você," Amy disse, sua voz se quebrando de emoção. "E agora veja o que aconteceu. Se eu soubesse, nunca teria deixado Divina ir para a Floresta de Macy."

"Vai ficar tudo bem," a voz prometeu, mas Amy não tinha certeza se acreditava nisso. "Vamos resolver isso."

"Calma, Amy, vamos resolver isso juntos," o homem disse calmamente.

"Juntos, precisamos manter Divina segura," Amy começou, sua voz tremendo de medo.

"Mas não há 'nós' sem minha filha," o receptor interrompeu, sua voz firme e inflexível.

O coração de Amy afundou. Ela sempre soubera que esse dia chegaria, mas esperava que pudesse proteger sua filha do mundo perigoso em que viviam.

"Nossa filha está segura, mas é hora de fazer a coisa certa," ele continuou, sua voz baixa e séria.

Amy tentou fingir ignorância, esperando que ele mudasse de ideia. A última coisa que ela queria era que sua filha fosse puxada para o mundo sombrio e perigoso que os cercava.

"Você sabe do que estou falando, Amy," ele respondeu, sua voz ficando impaciente. "Divina tem o poder de nos proteger a todos. Seu clã precisa dela agora mais do que nunca."

Amy recuou em horror. Como ele poderia sugerir tal coisa? "Nunca! Eu não posso permitir isso," ela cuspiu, sua voz subindo de raiva.

"Então você deve se manter firme até que eu possa chegar à raiz disso," ele disse, seu tom duro e inflexível.

"O que você está sugerindo, Aiden? Que eu coloque nossa filha em perigo por causa da sua incompetência?" Amy estava furiosa, sua raiva ameaçando transbordar.

"Por favor, apenas mantenha a calma," ele implorou.

Já fazia cinco anos desde que Aiden e Amy se separaram, e a questão da segurança de sua filha sempre foi um ponto de discórdia entre eles. Amy queria proteger Divina da vida perigosa de seu clã, enquanto Aiden acreditava que ela precisava saber quem era e de onde vinha.

Ao desligar o telefone, Amy sabia que precisava agir rápido. A questão do Lycan na cidade era perigosa, e ela precisava proteger sua filha a todo custo. Respirou fundo e decidiu voltar ao hospital para descobrir seu próximo passo.

O pensamento sobre o que Aiden havia pedido pairava em sua mente como uma maldição. Era uma tarefa impossível, que traria apenas destruição, e ele sabia disso tão bem quanto ela. Apesar das muitas dificuldades que enfrentaram antes, sua filha sempre foi mantida longe de qualquer perigo. Ela era jovem e inocente, merecedora de nada além de amor e proteção.

Amy tirou um momento para verificar sua pequena antes de sair. Seu coração doeu ao ver a menina se revirando, seus sonhos atormentados por terrores desconhecidos. Estava claro que ver seu avô tão descontrolado havia deixado uma marca mais profunda do que poderiam imaginar.

Mas Amy não ficaria parada vendo sua filha sofrer. Faria o que fosse necessário para mantê-la segura e inteira, mesmo que isso significasse ir contra a vontade de Aiden.


Os olhos de Divina se abriram de repente quando ela acordou com um sobressalto, seu corpo inteiro dormente de estar amarrada por sabe-se lá quanto tempo. Ela levantou a cabeça apenas o suficiente para encontrar o olhar frio e cinzento de um de seus captores. Ela não sabia como sabia que havia sido sequestrada, mas algo na energia sinistra do ambiente gritava isso para ela.

As criaturas à sua frente pareciam quase humanas, mas a pele delas tinha uma palidez mortal que a fazia pensar o contrário. Um colar pendia do pescoço de uma delas, um pingente brilhando na luz fraca. Divina tinha um pressentimento de que aquilo tinha algum tipo de significado, mas não conseguia identificar o que era.

O captor que a estava encarando sorriu para ela, um sorriso sinistro esticando seus lábios. Divina tentou esconder seu medo, encarando-o de volta com uma determinação gelada.

"Preciso de água," ela conseguiu dizer, sua garganta seca protestando.

Dez minutos se passaram sem resposta. A frustração começou a ferver dentro dela, e ela se viu gritando com eles com uma voz que a surpreendeu com seu poder.

"Vocês são surdos ou o quê? Eu preciso de água!" Suas palavras ecoaram nas paredes, reverberando ao seu redor em uma cacofonia bizarra.

O captor apenas zombou dela, o sorriso horrível em seu rosto enviando calafrios pela espinha de Divina.

"Eu não sou seu servo pessoal, humana," ele cuspiu cruelmente. A mente de Divina se rebelou contra a palavra 'humana', instigando-a a considerar o impossível: que essas criaturas talvez não fossem humanas.

Com um aceno casual da mão, ele jogou para ela um líquido de aparência repugnante. "Beba isso. Deve ser o suficiente para te encher."

Divina não pôde deixar de se perguntar o que essas criaturas queriam com ela. Se iam matá-la, por que se dar ao trabalho de sequestrá-la?

Um de seus captores se mexeu de seu sono, seus grunhidos e gemidos enchendo o ar. Ela voltou seu olhar para ele, tentando avaliar sua reação à situação atual.

Uma cicatriz irregular torcia-se do canto de seu olho esquerdo até a boca, um lembrete constante de batalhas travadas em terras distantes e sombrias. Despertado pelo som da troca de palavras, ele se levantou e perguntou se era sua vez de vigiar. Mas o grosseiro o repreendeu com uma língua afiada e um aceno de cabeça, deixando-o vagar para o mato próximo sob o pretexto de se aliviar.

Fingindo destemor, Divina se levantou de seu leito improvisado e se aproximou de seu captor, determinada a arrancar informações de seus lábios e semear sementes de caos entre as figuras sombrias e não identificadas que os cercavam.

"Com licença," ela começou timidamente, "então, vocês vão me matar ou... ou pior?"

Seus olhos a devoraram avidamente, insaciáveis, mas continham um toque de hesitação. Estava claro que eram meros peões em um jogo maior, trabalhando para a agenda distorcida de outra pessoa. Enquanto ele se mexia desconfortavelmente de um pé para o outro, Divina sentiu sua incerteza e soube que tinha uma oportunidade de ganhar vantagem.

Sem perder tempo, ela continuou, ansiosa para descobrir qualquer informação que pudesse ajudá-la a escapar dessa situação perigosa.

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