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Tomando seu lugar

Nina sentiu seu corpo ficar tenso enquanto olhava para a porta e via a figura alta que havia entrado. Ela pensava que tinha seu plano todo montado. Mas no momento em que olhou para aqueles olhos verdes penetrantes, aquele cabelo castanho na altura dos ombros e aqueles ombros largos, soube que estava perdida.

Ela tinha um plano, tudo estava resolvido. Ela entraria, derrubaria ele, pegaria seu tio e sairia. Era simples assim, mas agora, enquanto encarava os olhos frios do homem que estava diante dela, se pegou pensando em tudo.

Ela tentou reorganizar seus pensamentos enquanto o cheiro de chuva e folhas de outono preenchia seu nariz. Ela sabia, sem sombra de dúvida, que aquele homem era seu companheiro, e ainda assim, a ideia a irritava mais a cada momento que passava.

A deusa da lua tinha uma maneira engraçada de trabalhar. Ela havia escolhido emparelhá-la com o homem que ela mais odiava. Aquele que havia arruinado sua vida e virado sua existência de cabeça para baixo. Ela não deveria amar esse homem. Ela deveria matá-lo. Sentiu um sorriso surgir em seu rosto enquanto apertava os punhos e sentia suas garras cravarem na palma da mão. Ainda não era tarde para isso. Seu plano não havia caído por terra completamente.

Ela foi tirada de seus pensamentos quando ouviu a voz aveludada dele falar. "Qual o significado disso?" Ele perguntou, e ela viu os guardas abaixarem a cabeça.

"Ela afirma ser a rainha dos renegados e deseja ter uma audiência com você." Eles disseram, e ela viu o homem murmurar. Ele passou os olhos pelas roupas dela. Uma calça de couro grossa e uma blusa sem mangas.

Ela observou enquanto os olhos dele subiam lentamente antes de pararem nos olhos dela. Esse seria o momento em que qualquer outro homem teria cedido e se submetido, mas ela não era uma loba comum. Ela era uma rainha por direito próprio e, em todos os sentidos da palavra, era igual a esse homem.

"Deixem-nos." Ele finalmente falou, e suas palavras ecoaram pela sala. Ela viu quando finalmente a soltaram antes de ouvir os passos se afastando e o som da porta sendo fechada com força atrás dela.

Ela observou seus movimentos cuidadosamente enquanto ele se dirigia ao trono posicionado no fundo da sala e parava diante do trono antes de se sentar.

Ela não gostava da maneira como ele a olhava ou do tipo de autoridade que ele mantinha em sua posição. "Bem, você pediu uma audiência e agora a tem. Então, que tal me dizer por que está aqui, renegada?" Ele cuspiu. Ela viu os olhos dele brilharem e notou uma leve cicatriz que atravessava seu olho esquerdo. Ela deu um pequeno passo em direção a ele com um sorriso no rosto.

"Vim buscar meu tio." Ela disse a ele, e viu quando ele a olhou com uma sobrancelha levantada. "E quem seria ele? Seria o homem que tentou invadir e me matar enquanto eu dormia?" Ele sibilou. Ela deu de ombros para ele.

"Pode ser, mas não vejo por que ele não faria isso, afinal, você mereceu." Ela disse com uma voz sibilante e observou enquanto ele soltava uma risada grossa antes de colocar a mão sob o queixo e olhá-la com interesse.

"Divirta-me. Por que você pensa assim?" Ele desafiou. "Bem, foram você e seus homens que mataram metade da minha matilha, e já estava na hora de retribuirmos o favor," ela disse com um sorriso. Ela viu o rosto dele se fechar antes que ele soltasse um rosnado e lançasse um olhar profundo para ela.

"Então essa é a verdadeira razão pela qual você está aqui. Você está aqui por vingança." Ele cuspiu. Ele estava tenso, mas ela sabia que não podia atacá-lo enquanto seus homens estavam do lado de fora da porta. Ela precisava saber onde seu tio estava primeiro e depois teria que resgatá-lo. Ela olhou para ele cautelosamente enquanto o via se levantar lentamente da cadeira.

"Bem, se é vingança que você busca, então vá em frente, companheira. Mate-me." Ele sibilou enquanto se levantava. Ela podia ver um brilho colorido de diversão nos olhos dele. Ele olhou para ela de forma desafiadora, como se não confiasse que ela fosse capaz de fazer isso.

Ela odiava ser subestimada e sabia que a maneira como ele a olhava e o brilho nos olhos dele era uma forma de mostrar que ele era um rei, mas ele havia esquecido que ela era uma rainha por direito próprio. Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa depreciativa ou permitir que as palavras escapassem de sua boca, ela soltou um rosnado alto e o empurrou para trás com toda a força.

Ele não esperava por isso e caiu para trás enquanto ela estendia a mão à sua frente, suas garras causando-lhe uma queda ao chão. Ela podia sentir sua loba ameaçando emergir e vir à superfície enquanto lutava para contê-la.

Ela olhou para o homem que havia tirado sua felicidade e a transformado nesse monstro sedento de sangue e o odiava por isso. Odiava ter que ser assim para finalmente parar a dor. Ela olhou para o pescoço dele, onde a veia jugular pulsava, e tudo o que precisava fazer era passar suas garras por ali e tudo acabaria.

Mas ela hesitou. Não sabia por quê, mas pelo sorriso que notou surgir no rosto dele, estava claro que era exatamente o que ele esperava dela. "Viu? Eu sabia que você não conseguiria." Ele disse enquanto deslizava debaixo dela e se levantava.

"Agora, que tal falar sobre algo mais realizável ou posso mandar meus guardas escoltarem você para fora das minhas terras," ele rosnou para ela. Ela sabia que ele havia dito isso em um tom mortal e sentiu um arrepio de medo percorrer seu corpo, mas seu ódio por ele era muito mais forte do que qualquer outra coisa.

"Quero que você libere meu tio." Ela anunciou, e suas palavras ecoaram pela sala. Ela observou enquanto ele parecia pensar por um momento antes de um pequeno sorriso aparecer em seu rosto.

"Eu vou, mas apenas com uma condição." Ele anunciou, e ela o encarou com uma sobrancelha levantada.

"Você deve tomar o lugar dele."

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