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Quem não conhece Damien Culhane?

Já era fim de tarde quando Céline voltou para casa. Ela estava tão grata por ter saído viva da toca que John agora chamava de lar. Aquele psicopata a assustava demais, mas ela se recusava a demonstrar, se recusava a lhe dar essa satisfação.

Ela se sentia bem por estar em casa. Estava na sala de estar com a TV ligada, embora não estivesse prestando atenção. A última coisa em sua mente era o que estava passando na TV. Estava tão distraída que nem sabia em qual canal estava. Seus pensamentos estavam em seu encontro com John e na conversa que tiveram.

Ela não fazia ideia de onde conseguir a quantia de dinheiro que John exigia. Mesmo que economizasse seu salário por um ano inteiro, ainda assim não conseguiria juntar tanto. A verdade é que Céline não tinha ideia de como conseguir esse dinheiro.

Ela tinha acabado de fazer um acordo com John para poder sair de lá inteira. Se Céline não tivesse feito esse acordo, John não hesitaria em matá-la. Ela também não podia aceitar dar seu corpo, pois não queria dormir com um psicopata como John. Ela era virgem, e não era assim que planejava perder sua virgindade.

Suspirando, deitou-se no sofá. Arrependeu-se de ter decidido ver John. Foi um plano estúpido que não pensou direito. Ela se jogou nisso na empolgação de finalmente ter conseguido bolar algo. Agora, estava presa.

Ela sabia que não podia ignorar John. Se o fizesse, ele viria atrás dela. Perguntava-se se deveria entregá-lo e acabar logo com isso. Era o que estava em sua mente quando saiu da casa de John, mas sabia que não podia. Não podia, não quando ele era sua última opção para finalmente vingar seus pais. Precisava pensar em algo, e logo. Muitos pensamentos passavam por sua mente enquanto adormecia.

O som da porta da frente se fechando acordou Céline. Ela se sentou no sofá e virou-se para ver quem era. Era sua tia. Não que estivesse esperando outra pessoa. Ela morava apenas com sua tia, Elizabeth. Já estava escuro. Olhou para o relógio de parede pendurado em um canto em frente à televisão. Eram 22:00. Devia ter dormido demais, perdendo a noção do tempo. Estava exausta após o encontro com John. Só de olhar para ele já era suficiente para sugar toda sua energia, sem falar em conversar com ele.

"Você não parecia muito confortável dormindo assim." Sua tia disse, caminhando até o sofá. Sentou-se ao lado dela. Estava segurando um monte de jornais e revistas, que devia ter comprado no caminho de volta do trabalho. Tinha o dedo indicador colocado entre as páginas de um dos jornais. Devia estar lendo no táxi a caminho de casa.

Sua tia nunca perdia o que estava acontecendo na cidade por causa do seu hábito de ler jornais e revistas. Estava sempre atualizada e nunca ignorava nenhuma informação importante. Foi assim que descobriu sobre John e o que ele andava fazendo ultimamente. Não que sua tia soubesse que o serial killer à solta era seu ex-namorado.

"Eu dormi. Como foi seu dia, tia?" Ela perguntou.

"Cansativo, mas estou viva, não estou?" Respondeu, sorrindo para ela. "E o seu?"

"Foi bom." Ela estava mentindo. Seu dia estava longe de ser bom. Mas esperava que sua tia não insistisse.

"O que você fez?" Ela sabia que sua tia queria continuar a conversa. Levantando-se do sofá e se espreguiçando, respondeu à tia, "Fui visitar um velho amigo."

Isso não era exatamente uma mentira. John podia ser considerado um velho amigo, embora fosse mais do que isso. Sua tia não precisava de todos esses detalhes. Podia imaginar a expressão em seu rosto se contasse que o velho amigo em questão era o serial killer procurado que andava matando mulheres grávidas.

"Ok." sua tia respondeu. Felizmente, não insistiu. Apenas abriu o jornal onde seu dedo estava marcado e continuou a ler.

Céline sentou-se novamente. Pegou o controle remoto ao seu lado, onde estava sentada, e desligou a TV.

"Ah, não precisa desligar se você estava assistindo." Sua tia falou, levantando os olhos do jornal para olhar para ela. "Eu estava prestes a ir para o meu quarto."

"Não precisa. Eu não estava assistindo. Pode ficar." Respondeu rapidamente antes que sua tia pudesse se levantar.

"Tudo bem. Se você diz."

"Claro." Ela respondeu. Sua tia voltou a ler o jornal enquanto Céline apenas sentava e a observava.

Céline observava as expressões de sua tia mudarem enquanto lia. Isso a fazia se perguntar sobre o que era a notícia dessa vez. Seria mais um caso recente de atividade do seu ex-psicopata? Ela não podia deixar de se perguntar.

Quando soube de tudo o que ele estava fazendo, isso simplesmente não caiu bem para ela. Não conseguia imaginar John, que uma vez foi seu namorado, como um serial killer à solta. Mas ela sabia, mesmo naquela época, que não podia negar. Os sinais estavam lá. Todos apontavam para ele. Ver John hoje, com a memória de seus desejos do passado voltando, ajudou a colocar as coisas em perspectiva. Agora ela não tinha dúvidas.

A visão dele era suficiente para convencê-la. Ele parecia um completo psicopata descontrolado que estava matando mulheres grávidas. Ela sentia simpatia por todas as mulheres grávidas da cidade. Devem estar morrendo de medo. A polícia aconselhou todas as mulheres grávidas a ficarem em casa ou correrem o risco de se tornarem a próxima vítima. Ela poderia chamar a polícia agora e acabar com isso, mas não queria por razões egoístas. Lidaria com a culpa depois.

"Céline, tem algo que você quer me contar?" sua tia a tirou de seus pensamentos.

"Não, por quê?"

"Você estava me encarando. Se há algo em sua mente que você quer falar, pode falar comigo."

"Não, nada. Só me perguntando o que a notícia está dizendo desta vez," Céline respondeu. "Alguma notícia sobre os assassinatos?"

"Aquele de um cara desconhecido matando mulheres grávidas?" Sua tia perguntou.

"Sim, esse mesmo."

"Não ouvi nada recentemente." Sua tia disse, suspirando e voltando toda sua atenção para ela.

"Parece que ele está ficando sem vítimas. Todas as mulheres grávidas estão se escondendo em suas casas."

"É a coisa mais inteligente a se fazer," Céline acrescentou. Ela estava feliz por nunca ter contado muito sobre John para sua tia quando namoravam. Se tivesse contado, sua tia teria sido capaz de reconhecer que era ele, porque era difícil não perceber.

"Eu só espero que o psicopata não comece a invadir casas." Ela podia ver sua tia tremer ligeiramente. Estava assustada com a ideia.

"Eu também espero," Céline simplesmente respondeu. Ela olhou para o jornal que sua tia mantinha no colo e falou imediatamente, querendo mudar de assunto. "Então, o que a notícia está dizendo?" Ela perguntou.

"As notícias hoje em dia parecem estar muito interessadas na vida pessoal das pessoas." Sua tia respondeu, irritada com o que quer que estivesse lendo.

"O que você quer dizer?" Céline perguntou, rindo.

"Bem, você conhece Damien Culhane?" Sua tia perguntou, voltando sua atenção para o jornal.

"Aquele cara rico com quem Olivia é obcecada?" Olivia era sua melhor amiga da faculdade. O vínculo que compartilhavam nunca se quebrou, e de alguma forma ainda estavam em contato. Ela conheceu Damien Culhane através de Olivia, que era obcecada por ele, provavelmente porque ele era rico ou por sua aparência. Ela não sabia qual dos dois em particular.

"Eu não sei com qual cara Olivia é obcecada, mas ele é rico. Um bilionário ou milionário, como quer que chamem." Sua tia disse, pegando uma revista do monte que segurava. Ela folheou as páginas, parou em uma página específica e a entregou para Céline.

"Aqui está ele." Sua tia disse. "Parece que as notícias também estão obcecadas por ele. Ele está em todos os jornais. Sua vida pessoal incluída."

"Ele é bonito." Céline suspirou, usando a mão para traçar a foto dele na revista. "Olivia tem essas revistas também. Ele estava na capa de algumas delas."

Sua tia riu disso.

"Eu só o vi algumas vezes nas revistas dela, nunca me interessei muito. Então, o que a notícia está dizendo?"

"Algo sobre a mãe dele estar procurando uma esposa para ele." Sua tia disse e estalou a língua.

"Os jovens de hoje estão tão focados em dinheiro que esquecem as necessidades da vida. Quero dizer, o homem nem consegue arranjar uma esposa para si mesmo."

Céline riu. "Ele provavelmente nem está interessado. Como a mídia soube disso?"

"Eu me pergunto. A imprensa está sempre ocupada se intrometendo na sua vida." Sua tia respondeu, suspirando e folheando as páginas do jornal. "Pobre mulher, ela quer ver seus netos."

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