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Prólogo

Eles tinham enviado um sinal. Seu marido estava morto, e eles estavam vindo atrás dela. Ela sabia disso, e tinha apenas um pouco de tempo antes que a localizassem e a matassem também. Não havia tempo para lamentar a morte do marido. Ela teria toda a vida para fazer isso, se sobrevivesse. Agora, seu foco era tirar a si mesma e sua filhinha daqui e levá-las para um lugar seguro. Precisavam ir para um lugar bem longe, onde não as encontrariam até que ela conseguisse ajuda.

Ela correu para o escritório para pegar uma caneta e um papel. O mais rápido possível, rabiscou uma nota:

Quem quer que encontre esta carta, este foi meu último desejo antes de morrer: que você garanta a segurança da minha filha e que ela viva. Tenha um coração bondoso e realize o último desejo de uma mãe moribunda e indefesa. Leve-a para a tia dela no endereço abaixo:

6th Avenue, New Jersey.

A última coisa que ela queria era que sua filha crescesse em um orfanato. Dobrou cuidadosamente o papel e saiu correndo do escritório. Sua filha estava em um canto da sala de estar. Estava no chão, brincando com seus blocos de montar. Era inocente e pequena. Não tinha ideia do que estava acontecendo, do que provavelmente aconteceria. Ela se aproximou da filha e se ajoelhou para ficar na altura dela.

"Filha, precisamos ir," disse, afastando os blocos de montar e estendendo a mão para a filha. Abraçou-a, apertando-a com força, porque sabia que provavelmente seria a última vez que seguraria sua filha.

"Para onde, mamãe?" A vozinha doce e delicada de sua filha de três anos foi o suficiente para fazê-la perder o controle. Ela estava segurando as lágrimas, mas agora elas vieram com força, seus ombros tremendo incontrolavelmente.

"Mamãe, por que você está chorando?"

Soltando a filha, ela enxugou as lágrimas com as costas da mão direita. Não deveria deixá-la vê-la assim. Não queria assustá-la. Sua filha merecia a paz de espírito que toda criança pequena tem.

Segurando os dois ombros dela, olhou nos olhos da filha. "Você sabe que a mamãe te ama, né?"

"Eu sei, mamãe. Eu também te amo, mamãe."

"Eu nunca te deixaria intencionalmente, filha. Eu nunca faria isso. Preciso que você entenda." Ela era uma criança pequena, e para ela, a palavra intencionalmente devia ser ambígua, mas não havia tempo para explicar. Ela só precisava dizer essas palavras para ela. Ela cresceria e entenderia.

Como se percebesse a gravidade da situação, sua filha, geralmente curiosa, não se preocupou em perguntar o significado da palavra intencionalmente. Ela ficou muito grata por isso.

"Mamãe, onde está o papai? Ele vai com a gente?"

Lágrimas não derramadas ameaçavam cair. Não havia tempo para se emocionar. Ali estava uma mãe que precisava ser forte para sua filha.

"Ele vai nos encontrar lá." Ela mentiu. Sem esperar a resposta da filha, continuou,

"Pegue isso, querida." Ela colocou a nota dobrada em um pequeno bolso do vestido da filha. "Sempre que eu não estiver por perto, sempre que você não puder me ver, entregue isso a alguém. Qualquer pessoa, menos um policial, ok? Você fará isso por mim, filha?"

"Sim, mamãe." Respondeu a filha, balançando a cabeça.

"Você conhece o uniforme de um policial, né?" Ela perguntou.

"Sim, mamãe."

"Nunca entregue isso a alguém com aquele uniforme, ok, filha?"

"Sim, mamãe."

"Você é uma menina corajosa. Corajosa como sua mamãe." Ela disse, beijando a filha nas duas bochechas. "Vamos. Precisamos ir."

Ela se levantou e pegou a filha, carregando-a de lado na cintura. Rapidamente, correu até a porta da frente e a abriu. O som de carros estacionando em frente à casa a parou. Ela escutou. Passos seguiram o som, marchando em direção a elas, pesados e rápidos.

No fundo, ela sabia que era tarde demais, mas não ia desistir facilmente. Ia lutar até seu último suspiro. Correu para a cozinha para usar a porta dos fundos, pegando uma faca no caminho. Abriu uma gaveta perto da porta e tirou um molho de chaves.

Colocando a filha no chão, tentou encontrar a chave certa, suas mãos tremendo. Um estrondo na porta da frente a fez pular e sua filha apertou as mãos ao redor de suas pernas. Mais dois estrondos e a porta da frente caiu.

"Encontrem-nas!" foram as palavras cruéis e frias que chegaram aos seus ouvidos. A voz era profunda e feroz. Um indício do que seria o destino delas se essa pessoa as pegasse. Sem desistir, continuou tentando as chaves. Não era uma porta usada com frequência, então ela mal sabia qual era a chave certa.

Os passos estavam se aproximando, e suas mãos estavam ficando suadas. Ela estava à beira de um ataque de pânico. Se não sobrevivesse, sua filha tinha que sobreviver.

"Assim que eu abrir a porta, filha. Você corre, corre e não olha para trás." Ela sussurrou para a filha, ainda tentando as chaves enquanto falava.

A porta fez um clique.

Ela encontrou a chave. Sorrindo com lágrimas escorrendo pelo rosto, olhou para a filha, sabendo que era a última vez que a veria.

"Não se mova!" Era a mesma voz profunda e fria. Respirando fundo, ela abriu a porta o mais rápido que pôde.

"Corre, filha! Corre!" Ela gritou com todas as suas forças. Essas foram suas últimas palavras antes de uma bala atravessar sua cabeça.

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