




Capítulo 5
O trabalho parecia um borrão para Erin no dia seguinte, porque ela passou o dia inteiro ansiosa pelo momento em que Devon lhe apresentaria a chamada pedra dos sonhos com seus supostos poderes de viagem no tempo.
Qualquer pessoa normal teria ignorado as histórias malucas de Devon sobre uma pedra poderosa com poderes sobrenaturais, mas sendo a pessoa curiosa que era, Erin não podia resistir à oportunidade de explorar uma nova aventura, mesmo que fosse inacreditável. Além disso, havia a questão de Devon afirmar ser seu par, mesmo sendo um completo estranho e eles nunca terem se encontrado antes. Era assim que deveria ser? Seu par não deveria ser alguém que ela já conhecia? Eles não deveriam se apaixonar automaticamente ou algo assim?
Com esse último pensamento, Erin se encolheu um pouco. Ela sempre achou a coisa toda de se apaixonar um pouco assustadora porque era uma mulher independente, e a ideia de ter alguém em sua vida de quem não pudesse viver sem a deixava nervosa. Foi por isso que ela estava satisfeita com seu relacionamento com Mike – eles gostavam muito um do outro, mas quando finalmente chegou a hora de se separarem, ela não se sentiu emocionalmente devastada ou de coração partido. Estar solteira novamente após um relacionamento de longo prazo parecia estranho no início, mas agora ela havia se acostumado com seu novo status. Imagine como teria sido difícil continuar com sua vida se ela estivesse apaixonada por seu ex. Ela teria ficado miserável por meses antes de finalmente se recuperar o suficiente para encarar a realidade. Ela teria suspirado por Mike e chorado enquanto olhava fotos antigas dos dois juntos. Ela teria lutado para seguir em frente com sua vida após meses de luto pela perda de seu amante. Quem queria viver isso? Certamente não ela.
Mas, por outro lado, ela não era completamente avessa à possibilidade de se apaixonar pelo cara certo. Ela só não queria ter que lutar batalhas primeiro para conseguir esse amor, como seu primo, Ryan, fez antes de finalmente 'conquistar' sua bela esposa africana, Farrah. Nem queria passar pela tortura de navegar por obstáculos da vida real antes de ser recompensada com o amor, como aconteceu entre seu irmão, Eric, e sua esposa, Aubrey. Erin queria um amor simples e direto, não aquele que vinha com muita dor e bagagem emocional. Ela queria um amor que fosse mútuo desde o início; sem jogos, sem drama, sem testes angustiantes para provar sua autenticidade – apenas um amor simples e fácil. Era pedir demais?
"Ei, você! É hora de sair," disse Farida alegremente ao entrar no escritório dos fundos onde Erin estava catalogando novas peças de arte que foram entregues à galeria mais cedo naquele dia.
"Já são 17h?" Erin perguntou e olhou para o relógio de pulso.
"Dez minutos depois das 17h, na verdade," respondeu Farida. "Acho que você deveria deixar o resto da catalogação para amanhã."
"Claro," disse Erin e se levantou. "Você sabe se o Devon ainda está no escritório dele?"
"Sim. Ele sempre é o último a sair. Você quer vê-lo?"
Erin não sabia o que Farida pensaria se ela revelasse que tinha interesse na misteriosa pedra dos sonhos e que Devon ainda iria lhe dar um resumo dos termos e condições de uso da pedra. Que risível!
"Ah, sim. Eu queria fazer algumas perguntas a ele sobre aquela pintura pendente dele," Erin mentiu.
"A Fantasia do Lobisomem?"
"Sim, essa mesma."
"Não tenho certeza se você vai conseguir algo útil dele sobre isso," disse Farida pessimista. "Por algum motivo, ele nunca é muito aberto com informações quando se trata dessa pintura em particular. Eu literalmente tive que arrancar os poucos detalhes que consegui sobre ela. Ele é incomumente reservado sobre a pintura e não consigo entender por quê. Sei que os artistas tendem a ser apegados às suas obras, mas há algo curioso sobre o quão protetor Devon é com essa."
Curioso mesmo, pensou Erin. "Por que ele não a levou para casa, então?"
Farida deu de ombros. "Não tenho ideia, querida. Bem, estou indo. Até amanhã."
"Tchau," Erin despediu-se de sua supervisora, e então guardou seu laptop e cadernos na bolsa, pronta para encerrar o dia. Ela abriu a gaveta da mesa e pegou a pequena bolsa contendo a pedra dos sonhos. Não pesava muito, mas ao mesmo tempo parecia pesada. Era difícil de explicar, mas ela podia dizer agora que havia mais nessa pedra do que aparentava.