




5
PONTO DE VISTA DE MAYRA
"Me conta, Vishal, por favor." Eu disse, mas ele praticamente me ignorou, pulou no sofá e começou a mexer no celular.
"Boneca Barbie, vai se arrumar. Não vou te contar nada." Ele mostrou a língua para mim.
Entrando no meu quarto, troquei de roupa e coloquei um vestido amarelo casual de verão. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e voltei para o Vishal.
Para minha surpresa, encontrei-o dormindo. Ri e comecei a fazer cócegas nele. Instantaneamente ele pulou e fez o mesmo comigo.
"V..Vis-hal..p-para..p-por favor." Eu gritei, mas em vez disso ele me empurrou no sofá e fez mais cócegas.
"Diga que eu sou o espécime mais quente vivo neste planeta." Ele piscou.
"Eu sou o espécime mais quente vivo neste planeta." Repeti suas palavras entre risadas.
"Ha-ha, muito engraçado." Ele disse sarcasticamente e me fez rir como uma louca.
"Estou atrapalhando alguma coisa?" A voz de alguém nos tirou da nossa luta de cócegas e rapidamente nos levantamos.
Um par de olhos escuros me encarava sem nenhuma emoção. Engoli em seco e fiz o meu melhor para evitá-los.
Rehan.
"Não, nada disso." Vishal riu.
"Estou esperando lá fora." Ele cerrou o maxilar e saiu.
Virei-me para Vishal. "Por que ele está aqui?"
"Boneca, você vai a um jantar com seu noivo." Ele sorriu maliciosamente.
Minha boca caiu aberta. O quê? Jantar com o Rehan?
O nervosismo começou a tomar conta dos meus sentidos. Como eu vou com ele? Quero dizer, estou nervosa e não é como se fosse a primeira vez que ficamos sozinhos, mas em um encontro?
Fechei os olhos e o rosto dele apareceu na minha mente. Sorri.
Tudo bem.
"Agora vai antes que ele decida mudar de ideia. Foram meus esforços intermináveis que o fizeram dizer sim para te levar para sair." Ele limpou dramaticamente o suor da testa.
Assenti, hesitante, e fui para fora.
Lá estava ele, dentro do carro. E como sempre, ele não mostrava nenhuma emoção. Ele manteve a porta do carro aberta e, sem perder tempo, entrei.
Com as mãos trêmulas, comecei a ajustar o cinto de segurança, mas depois de várias tentativas fracassadas, seus braços se aproximaram de mim, travando o cinto em segundos.
O perfume dele me fez pensar na noite passada.
Ele dirigia o carro com suas palmas ásperas. Seu aperto era bastante forte no volante.
O que está errado?
"Você está bravo comigo?" Não sei como essas palavras escaparam da minha boca e no segundo seguinte me arrependi.
"Desculpa." Eu me desculpei, mas ele nem olhou para mim.
Algo está definitivamente errado. Seu comportamento parece bastante estranho hoje. Até agora, ele não gritou nem me lançou seus olhares mortais como de costume.
Devo perguntar a ele?
Rapidamente abandonei a ideia de perguntar qualquer coisa e liguei o rádio. Sorrindo, fechei os olhos e encostei a cabeça no banco.
O dia em que nos conhecemos.
Congelada. Prendi a respiração.
Desde o começo.
Eu sabia que tinha encontrado um lar para meu coração bater rápido.
Cores e promessas.
Como ser corajosa
Como posso amar quando tenho medo de cair?
Mas vendo você sozinho.
Todas as minhas dúvidas de repente desaparecem de alguma forma.
Um passo mais perto.
Eu morri todos os dias esperando por você.
Querido, não tenha medo, eu te amei.
Por mil anos
Eu te amarei por mais mil.
Eu amo tanto essa música. Um nó suave se formou no meu estômago e cada palavra me fez sentir uma nova sensação se acendendo dentro de mim.
Já ouvi essa música antes, mas desta vez, as emoções pareciam reais. O rosto de Rehan veio à mente e Deus sabe por que meu sorriso ficou mais brilhante.
Estou perdendo a sanidade?
Mas então, ele desligou a música. Franzi a testa quando vi seus músculos faciais tensos.
Seu rosto não estava mais sem emoção, mas parecia que algo o incomodava e ele estava se esforçando para não deixar isso transparecer.
"Você está bem?"
Ele estalou. "Nunca mais coloque músicas assim na minha frente."
Suspirei.
Eu não vou, Rehan. Nunca farei coisas que te machuquem.
"Chegamos." Ele falou, me fazendo perceber que chegamos ao nosso destino.
Saí do carro atrás dele, apenas para descobrir que ele me trouxe a um dos melhores restaurantes.
Ele entrelaçou seus dedos nos meus e um calafrio percorreu minha espinha.
Definitivamente agora preciso de uma consulta com o psiquiatra.
Sorri ao perceber o impacto da companhia do Vishal, que também comecei a fazer piadas idiotas.
Entramos e eu tentei ao máximo ignorar os olhares fixos em nós.
"Bem-vindos, senhor, bem-vinda, senhora. Por favor, sentem-se." Uma bela garota veio até nós, indicando nossos lugares.
Agradeci a ela e nos sentamos à mesa. Olhei ao redor e percebi que todos estavam vestidos de forma muito elegante. Minhas bochechas coraram de vergonha ao perceber o vestido simples que eu estava usando.
"Você está perfeitamente vestida, pelo menos melhor do que as roupas reveladoras que você usa todos os dias." Ele disse, folheando o menu.
Sorri, sem saber como minha insegurança desapareceu.
"Eu não fazia ideia de que viria com você, caso contrário, teria me vestido de acordo."
"Eu disse que suas roupas estão perfeitas. Agora pare de olhar para os lados. Estou faminto, peça algo."
Assenti com um grande sorriso e fizemos nosso pedido, mas mais uma vez tudo ficou em um silêncio constrangedor entre nós.
"Me conte algo sobre você." Ele disse do nada, olhando para o relógio de pulso.
Mas antes que eu pudesse responder, sua expressão facial mudou, me fazendo calar a boca.
"O que diabos você estava fazendo com o Vishal no mesmo sofá?" Eu estremeci com seu tom áspero e fixei meus olhos na mesa, agora com medo dele de repente.
As mudanças de humor dele.
Por que ele tem que ser tão confuso?
"Me responda, droga." Ele gritou.
"Nós... estávamos fazendo cócegas um no outro." Gaguejei.
"Desculpa." Eu me desculpei, talvez isso o ajudasse a se acalmar.
Depois de morder meus lábios, olhei na direção dele e, para minha surpresa, ele também fez o mesmo.
"Você tem algum namorado?" Ele perguntou, enfatizando a palavra 'namorado' amargamente.
Sorri com a pergunta dele.
"Vamos supor que eu tivesse um namorado, você realmente acha que eu estaria aqui, com você?" Apontei para nossa mesa e ele apertou os lábios em uma linha fina.
"Você tem alguma namorada?" Perguntei a mesma coisa nervosamente, ao que ele soltou uma risada sem humor.
"Não. Eu não tenho."
"Por quê?" Levantei as sobrancelhas.
"Não é óbvio? Vou ter uma esposa e ter uma namorada seria um crime, não seria?"
"Ou então o Vishal te mataria." Eu disse.
E não sei como, mas por alguns minutos parecia que nos conhecíamos.
Talvez.
Depois das minhas palavras, ele riu. E pela primeira vez tive o prazer de admirar seu sorriso verdadeiro, revelando sua covinha fofa. Meu pulso acelerou ao experimentar o brilho nos olhos dele.
Este é definitivamente O ENCONTRO PARA LEMBRAR.
Mas logo, como se ele lembrasse de algo, aquele Rehan sombrio e arrogante estava de volta.
"Não ter uma namorada não significa que vou te aceitar como minha esposa." Ele deixou claro.
Lágrimas encheram meus olhos, mas não deixei que caíssem. Por que dói? Não é como se estivéssemos em um relacionamento ou algo assim. Mas então, por quê?
Depois comemos em silêncio e nem por um momento ousei olhar para ele. Soltei um suspiro profundo. Mas no final do dia estou feliz que ele riu hoje, e foi uma risada verdadeira.
Tudo tem um começo, certo? Talvez o sorriso dele fosse o começo de algo novo.