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Dois

Um sorriso surgiu no rosto de Camilla quando ela viu o que havia na sacola. Havia frutas que durariam uma semana e frango cozido com arroz. Também havia algumas bebidas, que ela rapidamente escondeu debaixo da cama, sendo cuidadosa o suficiente para que sua madrasta não as visse. Não é como se ela entrasse para inspecionar de vez em quando, mas ela faz isso de vez em quando quando vai procurar suas joias roubadas, que magicamente desaparecem na casa toda sexta-feira à noite. Suas próprias filhas tinham o hábito de roubar suas joias caras e vendê-las em troca de muito dinheiro, do qual só Deus sabe no que gastavam, porque, pelo que ela sabe, elas sempre recebiam milhares de dólares, mas nunca era suficiente para elas.

Na maioria das vezes, ela apanhava porque elas escondiam algumas em suas roupas e a acusavam de vender o resto. Ela se sentou de volta na cama, cruzou as pernas e se deliciou com a refeição suntuosa à sua frente. Ela estava faminta há dois dias, e o prato foi limpo em um segundo.

"Camilla!" Uma voz aguda e irritada subiu do andar de baixo, tirando-a de seus pensamentos. Usando um lenço, ela limpou a boca para parecer alguém que não tinha comido nada, calçou seus sapatos gastos e desceu correndo. Encontrou Larissa e Lakisha sentadas no sofá com as pernas cruzadas, mexendo nos celulares caros que ganharam no ano passado quando completaram dezoito anos. "Onde está nosso café da manhã?" Lakisha, que tinha cabelos escuros em comparação com Larissa, perguntou, e seus lábios se curvaram em desgosto.

"Na cozinha. Droga!" Ela queria gritar com ela, mas fechou a boca, engolindo suas palavras, e foi para a cozinha sem responder. Serviu-lhes pão e suco de laranja, depois se desculpou para voltar para o andar de cima. "Você ainda não terminou," Larissa a puxou de volta, jogando seu cabelo branco sobre os ombros. "Me entregue o suco!" Ela exigiu. Por mais que não quisesse e quisesse ignorá-la, não tinha escolha. Cuidadosamente, pegou o copo meio cheio de suco da mesa e entregou a ela. A sorte não estava do seu lado porque o copo escorregou das mãos de Larissa e caiu no chão, fazendo com que alguns cacos cortassem seus pés quando ela tentou pular para longe.

"O que você fez, sua imbecil?" Ela gritou, atraindo a atenção de todos no palácio. Karina desceu correndo quando sua filha gritou, soltando um choro exagerado. Ela agarrou Karina pelo pescoço, dando-lhe tapas e socos por todo o corpo. Seu pai desceu, e ela olhou para ele com piedade nos olhos, esperando que ele a salvasse das surras. "Só uma vez, pai." Ela implorou, mas ele nunca veio em seu socorro. Como um tronco, ela fechou os olhos e deixou que os três a espancassem do jeito que quisessem. Mesmo que ela lutasse, nunca venceria porque eles eram mais fortes do que ela. Eles comiam alimentos nutritivos, enquanto ela passava fome por semanas. Ela só comia uma ou duas vezes por semana se Ash conseguisse roubar alguma comida para ela. Mesmo que fosse bem alimentada, ainda não conseguiria porque eles tinham lobos, ao contrário dela.

"São só algumas horas." "Apenas algumas horas, e então estarei fora daqui para sempre!" Ela sussurrou para si mesma, virando-se para olhar o relógio de prata na parede, mas seu rosto foi agarrado com força, uma chuva de tapas caindo sobre ela. Mas ela já tinha visto a hora, e contou mesmo sentindo que estava perdendo a consciência. Eram dez horas, então restavam apenas quatorze horas até a meia-noite, quando seus pesadelos terminariam. "Só quatorze horas, Mil." Aguente só mais um pouco. "Você esperou por este dia por dezessete anos difíceis, mas não mais." Mesmo quando estrelas rápidas piscavam em seu olhar turvo como se cantassem para ela enquanto a escuridão a envolvia, ela desmaiou com um sorriso no rosto. "Só quatorze horas!" Sua mente subconsciente sussurrou para ela.


Camilla acordou às onze da noite. Ela lutou para se sentar na cama, esfregando os olhos inchados. Ela não se lembrava de ter chorado, mas tinha certeza de que o fez enquanto dormia. Um pequeno bilhete chamou sua atenção, e ela rapidamente o pegou, desdobrando-o e se perguntando de quem era. "Depois que você desmaiou, seu pai ordenou que você fosse jogada na cova dos lobos porque todos presumiram que você estava morta." Você sangrou muito, mas eu não podia acreditar. No momento em que te jogaram lá, subornei o guardião da cova, e ele me permitiu te levar. Você não estava morta, Mil; você tinha desmaiado. Você sabe que minha mãe é uma bruxa, certo? Bem, ela te tratou. Você tinha um pulso fraco, e ela até duvidou se conseguiria te salvar, mas ela conseguiu apenas devido à sua forte vontade. Sinto muito por não poder tomar metade das suas surras, e tenho que assistir enquanto fazem isso com você. Também sinto muito por não poder estar com você quando acordar. Mas não se preocupe. Seu lobo virá hoje, então não pense em mais nada. Quando ela vier, corra! para longe daqui e nunca volte, "Com amor, Ash!"

A carta foi lida. Por mais que Camilla quisesse sair e agradecer a Ash, ela simplesmente não podia. Se Karina e seu pai pensavam que ela estava morta, então era melhor permanecer ali até fugir. O relógio ticava, e ela esperava. Seu coração batia descontroladamente, e ela podia sentir-se suando. Seu olho esquerdo tremia, fazendo-a praguejar baixinho. Da última vez que seu olho esquerdo tremeu, ela nunca mais viu sua mãe. E quando o olho tremeu novamente, seu pai a negou diante do mundo, dizendo que ela era apenas uma serva e não sua filha.

"O que vai acontecer hoje?" "Céus, que não seja o que estou pensando," ela juntou as mãos para uma breve oração. O relógio marcou meia-noite, e ela fechou os olhos, esperando que o calor consumisse seu corpo. Ash havia dito que seu corpo queimaria, o calor a consumiria, e seus ossos começariam a quebrar. Ela esperou pela queimação; nada veio; esperou pelo calor; nada; esperou pelo estalo dos ossos; nada; esperou pelo desejo de correr; nada! "Ah, não!" Ela gritou, cobrindo o rosto com as mãos. "Isso não pode estar acontecendo." "Isso não vai acontecer comigo." Ela pulou da cama e começou a andar de um lado para o outro em seu quarto escuro, iluminado apenas pela lua.

Era lua cheia, e ela podia ouvir os lobos uivando ao longe. Por que o dela não estava vindo? Aquela teria sido a chance perfeita para escapar, pois ela poderia se camuflar na multidão e correr até chegar à casa de sua mãe, mas seu lobo não estava lá, o que significava que ela não poderia sair. Ela desejava que Ash estivesse lá com ela. Mesmo que ele não pudesse ajudar de nenhuma maneira a trazer seu lobo, ele poderia abraçá-la e enxugar suas lágrimas. Mas ele não estava. O relógio ticava: meia-noite, uma, duas, três, até que eram quatro da manhã, hora de suas tarefas diárias. Ela podia ouvir os passos de Karina se aproximando de seu quarto, e ela esperou por ela.

A porta foi chutada, a cabeça ruiva de Karina apareceu primeiro para espiar como se não tivesse certeza se ela estava lá, e então um "Eu sabia!" veio. Ela não esperou que Karina lhe dissesse o que fazer; passou por ela, pegou seu esfregão e subiu para trabalhar. Talvez esse fosse seu destino. Ela nunca teria um lobo, mas seria uma escrava na casa de seu pai. Depois de terminar, desceu correndo para preparar o café da manhã e depois voltou para seu quarto. Antes que pudesse sair, seu pai a chamou de volta, e seu coração disparou, pensando que ele finalmente iria aceitá-la como filha. "Seu lobo veio?" Ele perguntou.

"Então ele sabe meu aniversário," ela lamentou internamente, depois se virou para encará-lo. "Não." Suas sobrancelhas se franziram, uma expressão profunda de desaprovação consumindo seu rosto como um fogo selvagem consumindo um galho seco, e então ele disse, virando-se para Karina, "Eu te disse." Ela não tem meu sangue, nem uma gota. Agora acredito no que você disse, querida. Mary mentiu para mim; essa não é minha filha! Ele cuspiu, olhando para ela com dureza.

"Mesmo que ela fosse seu sangue, ela nunca poderia ter um lobo." "Mary era humana, não era?" Larrisa riu, descendo as escadas com Lakisha logo atrás. Mary era a mãe de Camilla.

"Humana?" Ela perguntou. "Se ela é humana, por que você a enviou em uma missão?" "Só lobos participam de tais missões, certo?" Ela perguntou, incrédula.

"Missão? Você está louca? Sua mãe foi banida, vadia!" Lakisha riu.

"Banida? Mas por quê? Minha mãe não era uma traidora!" Ela chorou, mas eles apenas riram dela.

"Sua mãe foi banida, querida, por desobedecer ao alfa," Larrisa riu, dando tapinhas nas costas do pai. "Quando os homens do seu pai te viram, sua mãe teve a chance de te matar, mas ela recusou, então a única coisa que eles puderam fazer foi bani-la." E oh! A notícia é que ela mal conseguiu sobreviver. "Ela foi morta por ladrões famintos lá fora," Karina riu, seus olhos brilhando com pura maldade.

Sua mãe era humana; ela foi banida e morta! Ela nunca teria um lobo! Ela não aguentava mais. Já tinha ouvido o suficiente! Ela tinha suportado muito por um dia. Ela tapou os ouvidos e gritou. Ela abriu os olhos e olhou para seu pai, que tinha um choque estampado no rosto. Camilla tomou uma decisão. Embora não fosse um lobo e fosse uma humana que mal sobreviveria lá fora, ela teria que fazer isso. Olhando para as portas, ela correu em direção a elas, as empurrou bem abertas e correu!

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