




3_Jóias cobiçadas
Amie se forçou a permanecer imóvel, suas mãos formando punhos cerrados enquanto segurava o impulso desesperado de lutar. Ela queria lutar contra ele e se libertar, mas um olhar para ele era suficiente para dizer que ela só acabaria parecendo patética e fraca em sua tentativa de se libertar.
A melhor coisa a fazer era fingir que não estava completamente apavorada.
Erguendo o queixo, ela engoliu em seco e olhou nos olhos dele. Eles eram cinza-escuros com manchas prateadas perto do centro, escurecidos por sua intensidade inabalável.
Thoran parou. Sua diversão derreteu enquanto olhava para a pequena mulher delicada. Ela o encarava com ousadia e ele sabia que ela estava fingindo. Sua capacidade de permanecer tão composta em sua presença era impressionante, no entanto. Ela despertou seu interesse, o que por si só já era impressionante.
"Qual é o seu nome, boneca?"
Ela bufou baixinho. "Nunya."
Ele franziu a testa com o nome estranho. "Nunya?"
"None ya business!!"
A carranca de Thoran se intensificou e, levantando a mão, ele arrancou a adaga da mão dela. A lâmina afiada foi segurada diante do rosto dela e Amethyst se enrijeceu novamente.
"Qual..." ele murmurou sombriamente. "É o seu nome?"
Os olhos dela se concentraram na faca desta vez, sua coragem diminuindo. "Amethyst."
Sua resposta quieta dissipou a irritação dele e ele levantou uma sobrancelha calmamente.
"Amethyst. Uma joia."
Ela manteve o olhar na lâmina, sentindo sua miséria piorar. Novamente, tudo isso estava acontecendo porque ele achava que ela era fraca.
"Joias são minha coisa favorita de pegar." A lâmina dele roçou sua bochecha.
Os olhos dela se ergueram então, encontrando o olhar dele. "Você quer dizer roubar? Como o bárbaro desprezível que você é?"
Ele estreitou os olhos para ela, mas então bufou. Para sua surpresa, ele soltou os pulsos dela e deu um passo para trás, deixando-a abaixar os braços.
"Vou te dizer uma coisa, boneca. Você tem o nome da minha joia favorita, então vou deixar você em paz." Ele olhou ao redor. "Vou até deixar você ficar com o castelo." Essa pirralha não valia sua energia.
Desviando o olhar com um bufar incrédulo, ela balançou a cabeça. "Por que, muito obrigada, senhor. Como alguém tão gentil como você pode existir?" Que idiota totalmente insuportável!
Um fino raio de irritação brilhou em seus olhos tempestuosos. "Vou embora agora, mas você me irritou muito no pouco tempo que nos conhecemos. Então, nunca deixe que eu te encontre de novo."
Os olhos dela, geralmente calmos como um lago tranquilo, estavam quentes de raiva agora. Claro, porque ela deixaria ele escapar depois de humilhá-la de várias maneiras em dez minutos. Grande chance.
"Eu decido isso," ela murmurou.
Ele inclinou a cabeça. Novamente, ela estava falando com ele com o tom afetado de uma princesa mimada. Thoran decidiu que já tinha tido o suficiente. Pegando sua outra faca da cômoda, ele se virou para sair.
Ele nem sentiu ela se mover, mas no instante seguinte, algo afiado roçou contra a parte de trás de sua mão.
Parando, ele lentamente levantou a mão e olhou para o corte.
Era um corte fino e longo, ficando vermelho com sangue, mas sem pingar.
Com a tranquilidade de quem não temia ninguém, ele olhou para ela. Ela levantou o dedo com o qual o havia cortado, sua unha vermelha. Franzindo a testa, ela inalou o cheiro do sangue dele.
Thoran a observou incrédulo. "Você acabou de me marcar? Ou seus desejos de Vampira falaram mais alto?"
"Eu não provaria seu sangue nem se você implorasse." Ela abaixou a mão, dando-lhe uma expressão tensa que escondia seu medo. "Agora eu conheço seu cheiro. Vou te encontrar onde quer que você vá e vou te fazer pagar por hoje."
Os olhos dele se estreitaram, uma indiferença sarcástica curvando seus lábios. "Ah, é? Você promete?"
"Sim," ela disse firmemente. "Isso é o ápice. Eu me recuso a ser menosprezada por um criminoso. Eu sou forte e vou provar isso para todos, começando por você. Então, esteja preparado. Quando eu te encontrar, vou te fazer se arrepender."
O rosto dele estava relaxado com uma mistura de descrença e confusão. Ele se moveu e ela se encolheu, afastando-se.
Ele não se aproximou mais e Amethyst rapidamente recuperou sua coragem.
"Se eu te vir de novo," ele disse calmamente. "Vou levar mais do que apenas seu castelo."
Erguendo o queixo, Amie engoliu em seco o mais casualmente que pôde. "Suas ameaças são ineficazes." Ela acenou com a cabeça em direção à porta. "Agora, por favor, vá embora. Tenho compromissos e já estou atrasada."
Os olhos escuros dele a encararam por mais um momento de fraqueza nas juntas e então, como se de repente tivesse perdido todo o interesse nela, o criminoso se virou e marchou para fora.
Assim que ele saiu, Amie desabou contra a parede, toda a pretensão de bravura desaparecendo. Um suspiro escapou de sua boca, seus olhos se arregalando. Ela conseguiu! Ela o assustou! Hurra!
"Rei de Gadon..." Ela soltou um suspiro trêmulo, descansando uma mão contra a joia em seu peito. Graças a Deus ele não tentou arrancar seu colar, ela teria desmaiado no local.
O som de cascos chegou até ela e Amethyst foi até a janela, olhando para fora.
Um homem e uma mulher cavalgavam em direção ao seu castelo, uma grande carruagem dourada e preta seguindo atrás de seus cavalos. Suspirando, Amie assentiu gravemente.
Claro. Era óbvio que pessoas enviadas por um rei se pareceriam assim. O que a fez pensar que algum gigante com a aparência mais criminosa já conhecida pelo homem era o enviado para ela? Ela tinha sido tola e, por isso, quase se machucou.
Ela apertou os lábios com força. Humilhante era um eufemismo. Isso era algo que ela levaria para o túmulo; suas irmãs mais velhas nunca a deixariam esquecer esse momento de estupidez.
Isso não significava que ela deixaria o assunto de lado, no entanto. Pelo contrário. Ela olhou de volta para a porta vazia e depois para o sangue dele em sua unha.
Aquele Bárbaro se arrependeria do dia em que pisou em seu castelo.
"Ergam a Jolly Roger!!" Um par de membros magros agitava-se descontroladamente no ar. "Teeerra à vista!!"
"Cale a boca, seu inseto de pernas finas!" alguém cuspiu.
Uma das maiores tendas do acampamento se abriu, um rosto barbudo aparecendo. Olhando para o mastro no centro do acampamento, o homem suspirou. "Harald! O que você está fazendo subindo em mastros como algum primata não evoluído?!"
O garoto no topo do mastro olhou para baixo com um sorriso largo. "Silêncio, seu cão sarnento. O orgulho de um pirata está em seu— aauk!"
O mastro balançou e, com um estalo, caiu no chão.
"Pronto, agora ele está quieto." Um homem baixo e musculoso se endireitou, segurando o machado com o qual havia cortado o mastro. "Você é um Bárbaro, seu tolo. Não um pirata."
"Bjorn," disse o homem na tenda com um suspiro cansado.
O homem baixo se virou para ele com um sorriso manchado de dentes. "Ele estava acordando todo o acampamento."
Um dedo trêmulo se ergueu debaixo da bandeira pirata. "Eu terei minha vingança. Enquanto os mares se estenderem—"
Uma bunda gorda pousou sobre ele e Harald arfou, agarrando a pessoa que acabara de sentar sobre ele. "Oh! S-saia daqui!"
"Agora," falou o monte acima dele. "Diga que você é um Bárbaro e que todos os piratas são uma droga. Jure lealdade à tribo ou será esmagado até a morte!"
Outro suspiro saiu da tenda. Alguns dias, Ivar se perguntava por que Steel o deixava sozinho com um bando de crianças e esperava que ele ainda tivesse sua sanidade intacta no final do dia.
"Frank," Ivar murmurou. "Saia de cima do Harald."
"Não!" recusou o homem grande, colocando mais de seu peso sobre o rapaz magro embaixo dele. "Não até ele aceitar completamente ser um Bárbaro e rejeitar sua obsessão por piratas."
"Você vai ficar nisso o dia todo," disse Bjorn, se afastando com vários dos outros homens.
"Maldito seja, seu pote de gosma derretida!" Harald cuspiu apertado, seus pulmões queimando por ar.
Com um suspiro, Ivar estava prestes a abandonar a situação quando olhou para a floresta ao redor deles e avistou alguém.
Ele saiu apressado da tenda. "Ei! Steel está aqui!"
Seu líder entrou no acampamento, olhando ao redor para os homens que se reuniram para cumprimentá-lo.
"E então?" Ivar disse, correndo em direção a Thoran.
"Pare com isso." Thoran bateu no braço carnudo de Frank enquanto passava pelo mastro caído. "Ele vai morrer."
Com um grunhido, Frank cedeu e finalmente saiu de cima do garoto esmagado no chão.
"Eu vou te matar... um dia desses," Harald gemeu fracamente, tentando reviver a metade de seu corpo que havia perdido toda a sensação.
"Steel." Do meio dos membros reunidos da tribo, um homem apareceu, se aproximando de Thoran.
"Gunnar. Por que você está de pé? Você precisa ser curado antes de partirmos."
"Não importa," disse o outro homem, acenando com a mão. "Eu não sou uma donzela para precisar dormir por causa de uma facada. Mais importante, o que estamos fazendo?"
Thoran parou diante de Ivar e Gunnar, olhando ao redor para eles e para a tribo.
Finalmente, ele falou. "Estamos arrumando."
As sobrancelhas espessas de Ivar se ergueram. "Estamos?! Vamos mover a prata?"
"Sim."
"Steel." Gunnar parecia descontente. "São dez mil peças de prata. Como vamos mover isso e nosso acampamento sem arriscar nenhum de nossos homens? Gorden não vai parar por nada para recuperar sua prata, especialmente depois que você incendiou o grande castelo dele."
Com o maxilar cerrado, Thoran olhou para ele. "Arriscar? Você acha que ficar aqui como pombas esperando não é um risco? Vamos nos mover, Gunn. Sem discussões. Se Gorden quiser sua prata de volta, ele pode vir aqui pessoalmente e pegá-la." Ele olhou sombriamente para os outros. "Preparem-se! Em dois dias, começamos a desmontar o acampamento."
"Oooh!" Mancando, Harald correu ansiosamente para a frente. "Para onde vamos desta vez, Thoran? Vamos para um lugar bonito com muitas garotas como da última vez?"
Um tapa pousou na parte de trás de sua cabeça e o garoto gritou.
"Ei!" ele gritou, virando-se para encarar Bjorn.
Bjorn cruzou calmamente seus braços musculosos. "Cuidado com a forma como você se dirige ao nosso líder, garoto."
"Você pode chupar meu dedão do pé," sugeriu Harald.
Thoran olhou para eles. "Silêncio."
Harald endireitou as costas, ficando em posição de sentido. "Sim, Capitão."
Estendendo a mão, Thoran deu um tapinha no ombro do garoto. "Vamos ficar em um bom lugar, Harald."
Ofegando com olhos azuis arregalados, Harald abriu o maior sorriso já visto pelo homem.
"Seu moleque," murmurou Bjorn. "Seus olhos só brilham ao pensar em garotas, não é?"
"A língua dele está pendurada," acrescentou Frank.
"Você quer dizer como a sua fica quando vê carne assada?" perguntou Harald educadamente.
"É isso!!" gritou Frank. "Você está prestes a ficar tão achatado quanto a parte de trás da cabeça do Bjorn!"
Piscando, Bjorn observou Harald correr pelo acampamento para escapar de seu destino de ser achatado. Ele queria se perguntar por que a parte de trás de sua cabeça tinha que ser mencionada na questão, mas não podia. Ele tinha coisas mais importantes para pensar. Como o que Thoran estava planejando.
Os Bárbaros não tinham apenas suas vidas para se preocupar. O ouro, a prata e todas as joias, nada disso importaria se perdessem suas vidas. Nada pelo que estavam lutando se tornaria realidade, tudo se transformaria em fumaça e cinzas.
Bjorn suspirou, olhando para a tenda fechada. Ele só podia esperar que Thoran entendesse isso.
Thoran entendia. Ele sabia que estava apressando as coisas por causa de como aquela mulher afetada o irritava, mas ainda estava tomando a decisão certa. Ainda assim, ela estava em sua mente. Por que ele a deixou viver? Ele até deixou o castelo para ela. Isso não era típico dele.
"Você tem certeza disso?" Gunnar perguntou.
Thoran assentiu e distraidamente passou a mão pelo cabelo. "Ivar."
"Sim, Steel."
"Preciso que descubra algo para mim. Há um castelo. Fica perto de Gadon, mas não exatamente no reino. Descubra quem é o dono."
Ele se jogou em uma cadeira, olhando sombriamente para o espaço enquanto levantava a mão para estudar o corte que ela havia deixado nele.
Que pirralha interessante. Ele não podia deixar de se perguntar quando a veria novamente...