




Capítulo 4: Mundos colidem
A floresta está mais ativa hoje.
Jasper olha para cima através dos buracos nas copas das árvores e vê os pássaros voando alto, movendo-se para o norte.
“É estranho que todos estejam deixando seus ninhos tão cedo no dia. Nunca vi tantos de uma vez,” ele pensa consigo mesmo.
“Filho,” Conrad Darcy começa.
Jasper luta contra a vontade de revirar os olhos. Ele trinca os dentes e se prepara para o que seu pai vai dizer.
“Eu sei que sua mãe já falou com você. Não há debate sobre o assunto. Você vai para Viptan e encontrará seu par lá. Você deve se unir a outro Xefol. Não há outra maneira.”
Jasper olha para seu pai corpulento, que carrega a carcaça de um grande cervo que acabaram de abater. Será adicionada ao ensopado que está fervendo na cabana.
“Papai, é tão importante que eu encontre um par agora, e que ele seja do nosso clã?”
“Sim. Há muita mistura de raças. Você precisa manter nossa linhagem pura.”
“Eu tinha a impressão de que seu par já estava predeterminado. Como vou escolher o meu?”
“Querido, ele está certo.” Beatrice suspira suavemente enquanto os conduz ao prado que abriga sua cabana.
“Eu nem quero—”
Os três param de repente, um rugido alto ecoando entre as árvores.
“O que foi isso?” Beatrice ofega, olhando para a floresta.
Conrad aperta o aperto na carcaça e olha ao redor da paisagem. Ele levanta o nariz suavemente, “Cheira a urso. Eles parecem estar perto. Entrem e mantenham a porta fechada. Não sabemos o que esses ursos querem.”
Jasper conduz sua mãe para dentro e tranca a porta atrás dele. Quando se vira, percebe que há um leve cheiro de mel no ar.
“Isso é estranho. Não temos mel na cabana há semanas,” ele pensa. Ele balança a cabeça e dá mais alguns passos para dentro do cômodo.
“Meu Deus, o que poderia ser?” Beatrice puxa seu colar grosso. É feito de corda densa e termina com uma pedra esculpida na forma de uma pata.
“Não é nada que não possamos lidar.” Jasper a tranquiliza enquanto joga sua bolsa no chão ao lado da cadeira na mesa. “Normalmente temos Pivurlion aleatórios que passam por aqui. É normal. Tenho certeza de que são apenas viajantes.”
Sua mãe balança a cabeça enquanto mexe o ensopado. “Estou feliz que não sejam os Vojik. Aqueles cães fedem. Nunca conseguiríamos tirar o cheiro da casa novamente.”
Jasper ri da mãe enquanto caminha até seu quarto. “Tenho certeza de que vai ficar tudo bem.”
Quando ele abre a porta do quarto, o forte cheiro de mel toma seus sentidos e faz sua visão embaçar. Ele fixa os olhos em uma figura estranha que está enrolada em sua cama. Respirando lentamente para conter um suspiro frio que morde seus pulmões, Jasper absorve a visão da estranha mulher. Ela tem cabelos dourados emaranhados que grudam em suas bochechas pálidas e um vestido sujo de terra espalhado ao seu redor.
Dominado pela visão gentil dela e pelo cheiro que impregna seu nariz, a visão de Jasper fica branca por um breve momento, uma palavra se estampando em sua mente.
Par.
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Eliana abre os olhos lentamente, a sonolência ainda a segurando firmemente. Depois de um momento, ela clareia a visão e percebe que está olhando para um par de olhos densos e cremosos. Há manchas de tons esmeralda no olhar que causam um revirar no estômago de Eliana.
Seu coração imediatamente salta para a garganta antes que ela possa registrar qualquer outra característica do estranho. Seus próprios olhos se arregalam, e ela se afasta, pressionando-se contra a parede. Ela é incapaz de olhar para qualquer outro lugar, exceto para o garoto, não, homem, à sua frente. Ele tem um queixo quadrado, os dentes cerrados enquanto a encara. Seu cabelo negro cai ao redor dos olhos, sombreando seu rosto. Eliana não consegue evitar acariciar visualmente seu semblante enquanto o cheiro de lavanda a intoxica.
É difícil para ela clarear a mente e se concentrar em suas emoções. O medo que tensiona seus músculos se mistura com a necessidade de tocar o estranho. De passar a mão pelo cabelo dele. A coceira para agir faz seus dedos se contraírem e aquece seu pescoço.
“O que há de errado comigo? Ele é um estranho. Ele pode ser um inimigo.” Ela se repreende mentalmente.
O medo agora supera qualquer outra emoção enquanto Eliana olha ao redor do espaço, tentando encontrar uma saída.
“Por que você está no meu quarto?”
O coração de Eliana falha uma batida quando o estranho fala, o terror acelerando seu pulso. Há uma emoção subjacente, no entanto. O som de sua voz rouca envia um arrepio silencioso por seus braços e pescoço, fazendo seus pelos se arrepiarem. Ela trinca os dentes para impedir o suave suspiro que tenta escapar.
Ela se força a engolir todas as emoções e limpar a garganta. “Eu—Eu. . .” Eliana não consegue terminar a frase, sua paranoia tomando conta de sua mente.
O homem se afasta de Eliana, mas não se afasta da cama. Seus braços estão cruzados, suas mãos apertando fortemente seus bíceps tonificados. Seu aperto é tão forte que Eliana poderia jurar que ele estava prestes a romper a pele. Sua sobrancelha grossa está franzida, seu olhar tempestuoso.
“O que eu faço,” ela se pergunta internamente. Os sentidos de Eliana ainda estão inundados com lavanda e as memórias de sua mãe. A vontade de se aproximar do dono da cama supera seu medo do que acontecerá com ela.
“Jasper, ela já acordou?” uma voz feminina chama do outro cômodo.
Eliana pula e tenta se afastar ainda mais do homem, mas ao se aproximar da beirada da cama, ela escorrega, se enroscando no cobertor, e cai em direção ao chão frio.
Ela não bate completamente, no entanto. Um par de braços fortes a guia gentilmente. A textura áspera das mãos do homem causa arrepios ao longo de seus braços e costas, um suspiro audível saindo de seu corpo. Eliana fecha a boca enquanto encara mais uma vez os olhos do homem. As bordas de sua visão estão embaçadas enquanto o calor floresce em suas bochechas e pescoço.
O estranho não fala, ele apenas observa Eliana cuidadosamente. Quando ela tenta abrir a boca para falar, a mulher de antes a interrompe.
“Jasper, eu perguntei se ela estava acordada.”
A mulher agora entra no quarto. Ela é bem mais alta que Eliana, seu longo cabelo castanho preso em um coque. Ela está limpando as mãos em um pano velho e manchado. Quando faz contato visual com Eliana, ela sorri e joga o pano no ombro.
O olhar de Eliana é atraído para o pingente pendurado no pescoço da mulher. É uma pata. É mais grossa do que a de um lobo. O medo agora domina o corpo de Eliana, e ela tenta empurrar o estranho enquanto um suspiro angustiado escapa de seu corpo. “Vocês são ursos metamorfos!”