




Capítulo 1: Um casamento inesperado
A noite está tranquila, uma leve brisa soprando pela terra, levantando cascalho solto e grama avermelhada. As histórias têm chegado diariamente. O número de mortos e a quantidade de soldados inimigos cruzando a fronteira só aumentam excessivamente.
É nisso que Eliana pensa enquanto está sentada em sua varanda, observando os fiapos de nuvens se movendo sobre a lua da colheita. O brilho intenso ilumina o céu e pinta o castelo escuro de seu pai de marrom.
A pequena torre onde ficam seus aposentos está chamuscada nas paredes externas. O palácio desgastado é cercado por um deserto que se estende por milhas fora da pequena vila em sua base. Eliana se lembra de quando era verdejante e abundante. Quando ela passava o dia colhendo frutas com sua mãe. Agora a grama está em tufos, os arbustos queimados ou secos. A maioria das árvores foi derrubada e os campos que os agricultores antes aravam agora estão inférteis.
"Princesa Eliana, você realmente deveria entrar."
Ela se vira, seu cabelo ondulado e dourado escorregando do ombro e balançando nas costas. Ela sorri suavemente para sua velha criada.
"Selma, está uma noite agradável hoje. Não tenho conseguido aproveitar uma noite assim há muito tempo." Ela se move em direção a Selma, seu vestido azul claro balançando ao redor dela. "Esta guerra tirou tanto de nós, não só de nós, mas de todo o país."
A criada suaviza seu olhar escuro, abaixando os ombros. "Minha Senhora, você está segura dentro dessas paredes."
Uma batida forte ecoa pelo quarto e Selma se apressa para atender. Um jovem robusto, vestido com armadura, mal cabe na moldura da porta.
"Minha Senhora, o rei solicita sua presença."
"Obrigada," um pequeno sorriso cruza seus lábios.
O soldado faz uma reverência e desaparece nas sombras do corredor.
Eliana encontra seu pai em seu escritório. É onde ele passa a maior parte do dia. Seus ombros estão caídos e sua outrora perfeita cabeleira escura agora está grisalha.
Esta guerra tirará a linhagem de Eliana se eles não encontrarem uma maneira de combater o Rei Krite e seus filhos.
"Pai," ela anuncia enquanto se move para o lado dele.
O Rei Daniel Georgian levanta os olhos do pergaminho espalhado à sua frente. Consistem em mapas e antigos planos de batalha gravados no material amassado. Há dois soldados, generais de alta patente, que estão ao lado de seu pai. Eles fazem uma reverência antes de sair silenciosamente.
Ele estica as costas, gemendo, "Tenho notícias importantes para te contar."
Normalmente, Eliana é convidada para o planejamento das batalhas. Sendo a confidente mais respeitada do Rei, ela tem a oportunidade de opinar em quase todos os assuntos. "O que é, pai?"
"Esta guerra tirou muito de mim. Krite já destruiu metade do nosso país." A voz de seu pai é áspera e rouca. Esta carnificina dura há anos. Desde que sua mãe faleceu.
Eliana coloca a mão gentilmente no braço do Rei. "Drein é forte. Vamos superar isso, pai, eu sei."
"O país de Climont, que Krite governa, pode ser menor, mas seus soldados são treinados desde jovens, especificamente para a guerra. Não há espaço para fraqueza. Se eu permitir que esta guerra continue por muito mais tempo, todos os nossos cidadãos ficarão sem lar ou serão massacrados." Suas mãos estão firmes contra a mesa, sua testa franzida.
Eliana pondera por um momento. "O que devemos fazer?"
O Rei se endireita e cruza os braços grandes. Ele se recusa a olhar nos olhos da filha enquanto fala. "O Príncipe Drake, o terceiro filho do Rei Krite, ofereceu uma solução. Ainda não foi mencionada a Krite. É uma chance de superar este genocídio."
A tensão cresce no estômago de Eliana. Ela sabe que isso não será bom. "O que é?"
Seu pai quase sussurra, "Um casamento arranjado."
Com o coração nos pés, Eliana cambaleia enquanto sua mente fica turva. "Pai, o que você fez?" Um arrepio de pavor sobe por sua espinha.
Agora ele olha para a princesa, seus olhos firmes. "Com suas mãos atadas em matrimônio, o Príncipe Drake honrará o acordo e cessará todos os ataques a Drein. Ele ajudará nosso país a se reconstruir."
Eliana quer rir. Gritar. Agarrar o Rei pelos ombros e sacudi-lo. Como ele pôde fazer tal acordo? Especialmente sem consultá-la. Ele nunca fez algo assim antes. "Pai, você realmente acredita que o Príncipe Drake nos ajudará a reconstruir? Ele provavelmente só desejará tomar o controle, e eu, como sua esposa, você será forçado a se submeter." Eliana cerra os dentes enquanto olha para o chão. Ela morde as palavras; o que ela deve fazer? Ela não pode desafiar ordens. No final, seu pai tem a última palavra.
Sua mãe forçou seu pai a prometer nunca casá-la com um estranho. Ela queria amor verdadeiro para Eliana. Que ela fosse feliz. Era seu único desejo, pelo menos o único que ela conseguiu fazer antes de ser assassinada.
"Sem a ajuda dele, morreremos. A maioria do nosso povo já fugiu, perdendo a fé em nosso poder," ele diz suavemente. Seu cabelo escuro está desgrenhado e sua palidez acinzentada. "Nossa felicidade não importa aos olhos do reino."
"Nós mesmos perdemos a fé em nossas habilidades. Não temos a força para continuar como temos feito."
"Eliana, por favor, apenas me escute. Desta vez." Seu pai estende a mão para ela, mas ela se afasta, cruzando os braços ao redor do corpo para se proteger.
Ela suspira, não mencionando que sempre o escuta e faz o que ele pede. "Se você realmente acredita que é o melhor para o nosso reino, eu me comprometo a isso." Ela esconde os punhos nas dobras do vestido. Ela pressiona as unhas nas palmas das mãos, tanto que a dor seca seus olhos.
"Obrigado, minha querida." A expressão do Rei relaxa, e ele se apoia na mesa. "Drake tem me pressionado por uma resposta, então estou feliz que você a tenha dado. Enviaremos a mensagem imediatamente e explicaremos que você chegará o mais rápido possível."
Eliana fecha os olhos e luta contra as lágrimas que borbulham. Ela tenta dar a ele um sorriso reconfortante, mas não sabe se conseguiu.
Ele coloca suavemente as mãos nos ombros dela, "Você sabe que eu te amo, certo?"
"Claro, pai, e eu também te amo." As lágrimas brilham em seus olhos, mas ela milagrosamente consegue evitar que transbordem.
Um dos generais de antes entra apressado, sua armadura ecoando no pequeno escritório, "Meu Senhor, temos notícias de Pyrion."
Limpando a garganta, Eliana se recompõe, "Vou me retirar."
O Rei apenas reconhece ligeiramente seu comentário enquanto se volta para seu soldado para o relatório.
Eliana está atordoada. Ela vai se casar. Com um estranho. Com seu inimigo.
Ela uma vez se deliciou com a ideia de que teria uma escolha. De ser livre para amar. É comum para todas as classes sociais que os pais escolham o parceiro de seus filhos. Era único que sua mãe tivesse decidido contra isso. Por quê, Eliana nunca saberá, mas isso a fazia feliz.
Agora nada disso importa. Ela vai se casar com Drake. O próprio diabo. Ela vai sobreviver a isso?
Pressionando os lábios, a Princesa rapidamente enxuga uma lágrima solitária de sua bochecha. Seja o que for que a espera, ela desempenhará seu papel pelo futuro do reino. Pelo seu povo. Se este é seu destino, então que assim seja.