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PRÓLOGO

Seu fôlego estava pesado devido ao ar gelado das ruas do Colorado, seus pulmões ardiam a cada respiração profunda enquanto ela buscava desesperadamente por ar em sua fuga implacável. Ao longe, ela ouviu um assobio acompanhado de risadas cruéis e uma promessa de ódio.

"Você não pode escapar de nós. Vamos te caçar até o inferno, e você pagará por sua traição!" declarou um dos perseguidores.

"Malditos," Agatha sussurrou para si mesma, exausta. "Por que não me deixam em paz?"

Virando a esquina e entrando em um beco escuro, ela acreditou ter encontrado um refúgio temporário. No entanto, antes que pudesse recuperar o fôlego, passos pesados se aproximaram. Uma figura na escuridão surgiu na forma de um lobo, com presas à mostra, claramente anunciando perigo iminente.

"Por favor, me deixe em paz... Eu prometo que não vou revelar nada a ninguém!" — Agatha implorou à criatura diante dela.

"Oh, minha querida, não podemos deixar você escapar. Você carrega nossa vitória contra ele, e precisamos da prole!" rugiu o ser sobrenatural, lançando-lhe um olhar frio e arrepiante que a fez tremer.

"Isso não fazia parte do acordo," Agatha disse, cerrando os punhos firmemente. 'Não envolvia um inocente.' Ela gritou, "Vocês me usaram!"

"Usaram? Haha, não foi exatamente isso que você fez com ele? O que você acha que vai acontecer quando ele descobrir que você era uma infiltrada que o seduziu e deu à luz seu herdeiro como moeda de troca para outra alcateia, apenas para ganhar dinheiro e poder?" o tom do ser tornou-se ainda mais ameaçador, fazendo-o avançar em sua direção.

"Você não fará nada se não nos encontrar!" Agatha acariciou sua barriga, posicionando-se na defensiva, pronta para qualquer ataque. Nesse momento, um lobo de pelagem marrom quente atacou ferozmente, tentando morder e rasgar com suas garras afiadas. Agatha sibilou enquanto desviava habilmente, rapidamente tirando uma substância em pó do bolso e soprando-a no focinho de seu predador. O lobo, agora desorientado, espirrou.

"Maldita, o que é isso?" exclamou o inimigo enquanto sua visão ficava turva, fazendo-o cambalear de um lado para o outro.

"Um pequeno presente das bruxas. Volte para as sombras de onde veio e diga ao líder da Alcateia da Lua Sangrenta que você NUNCA mais colocará uma garra no meu filho!" Com isso, Agatha se virou para correr, mas não antes de ouvir suas ameaças finais.

"Vamos te encontrar. Vamos matar todos que você ama. Seu destino está selado, humana..."

Olhando por cima do ombro, Agatha pôde ver a seriedade de suas palavras antes que o Beta desabasse nas ruas frias e geladas.

Alguns meses atrás, minha irmã gêmea idêntica, que havia desaparecido, voltou sem maiores explicações. Ela nos fez usar um colar que cheirava a musgo. Sua justificativa era simples: uma proteção concedida pelas bruxas reclusas do Colorado, adquirida durante uma de suas viagens pelo mundo.

Notei um aumento em seu peso e inquietação. Ela parecia viver em um estado constante de alerta, como se algo invisível a estivesse seguindo.

"Está tudo bem?" perguntei enquanto a observava espalhar um pó roxo brilhante pela casa.

"Tenho algo para te contar!" ela exclamou, seus olhos arregalados encontrando os meus. Sua expressão mostrava exaustão, algo que eu havia notado desde seu retorno. Sua boca estava constantemente seca, sua pele pálida e fria. Nada disso combinava com a jovem de 23 anos que ela era.

"Você não parece bem. Deveria se deitar," me aproximei, mas parei abruptamente quando senti algo molhado nos meus pés. Uma poça de água cercava suas pernas, com traços de sangue escorrendo por sua pele.

"Não há tempo, eu... Aiiiiiiiii," ela gritou, fazendo-me correr para seu lado em choque.

"O que está acontecendo?" perguntei em desespero.

"Eu, eu, aiiiiii. Estou em trabalho de parto," sua explicação ecoou na minha cabeça. Grávida? Como isso poderia ser? Como eu não percebi?

"Grávida? Você deve estar delirando. Eu teria percebido."

"Perdoe-me, minha irmã. Você não teria percebido. Eu estava usando saliva de sapo nas suas bebidas para alterar sua visão e distorcer minha aparência..."

"Você fez O QUÊ? POR QUE FARIA ISSO?" cerrei os punhos, sentindo minha raiva crescer.

"Aiii, dói tanto... Por favor, por favor, Sophie, me ajude..." ela desmaiou.

"Maldita, AGATHA, por que você sempre atrai problemas?" eu xinguei antes de levá-la correndo para o hospital.

Os bipes da máquina ecoavam, trazendo de volta memórias aterrorizantes do passado, quando recebemos a ligação do hospital informando que algo havia atacado nosso pai. “Os bipes me lembram daquele dia terrível. Uma ligação do hospital… Nosso pai…” A polícia local alegou que a criatura responsável era sobrenatural, mas nunca houve provas; o caso foi encerrado como um “ataque de urso”. Após sua morte, nossa mãe caiu em depressão e eventualmente nos deixou.

Agatha sempre foi impulsiva, e suas ações irresponsáveis me forçaram a amadurecer prematuramente aos 18 anos e cuidar dela desde então. Desisti de muitas coisas por ela, mas sempre garanti que ela não faltasse nada. Mesmo quando ela desapareceu, continuei fiel à nossa conta secreta e continuei depositando dinheiro. Era para emergências, uma lição que aprendemos com nosso pai, que estranhamente vivia em um estado constante de alerta, assim como Agatha tem feito nos últimos meses.

“Onde estou?” Agatha acorda de seu desmaio, gemendo de dor. “Isso não pode ser um sonho… A dor é insuportável, algo está me rasgando!”

“Espere, vou chamar um médico!” Eu me apresso, mas ela agarra minha mão desesperadamente.

“NÃO!”

“O que você quer dizer, Agatha? Você está em trabalho de parto. Precisamos de um médico agora.” Com a testa franzida, aponto sua condição.

Ela se contorce e grita de dor. “Por favor, Sophie, me escute… Por favor, entenda… AAAA, dói tanto!”

“Podemos conversar depois. Apenas aguente firme!” Mas ela não solta minha mão.

“ME ESCUTE. Eu não sei como enfrentar isso sozinha…” Seu olhar é desesperado. “Mas você é tudo o que eu tenho agora.” Eu aceno em concordância enquanto acaricio sua mão, tentando acalmá-la.

“O pai desta criança… Ele não é comum, ele é extraordinário, algo que eu nunca vi antes. Eu fui tola… AAAAA!” Outra onda de dor a interrompe.

“Por favor, deixe-me chamar o médico. Vamos lidar com o idiota que te engravidou depois. Eu vou cuidar dele pessoalmente!” Eu sorrio compreensivamente.

“NÃO, ESCUTE. Eu mudei… Eu me tornei quase sobre-humana para protegê-lo. Além disso, preciso que você o proteja, que o esconda, porque haverá pessoas que irão procurá-lo. O mal irá persegui-lo.”

“Você está falando bobagens, Agatha. Você está delirando!” Eu protesto, mas estranhamente suas palavras parecem lúcidas dadas as circunstâncias.

“SOPHIE, eu cometi outro grande erro, é por isso que desapareci… Eu… Eu queria te retribuir por tudo que você fez por mim. Era dinheiro fácil… Eu só tinha que seduzi-lo e dormir com ele. Não parecia muito sacrifício…” Ela faz uma careta enquanto aperta minha mão, mostrando que outra contração a atinge. “Eu estava tentando descobrir a verdade sobre a morte do nosso pai.” - Ela pausa, respirando fundo - “Eu não tenho muito tempo…”

“A morte do nosso pai? O que isso tem a ver com tudo isso?” Eu coloco minhas dúvidas de lado, respiro fundo e olho para ela seriamente. “Pare de falar bobagens, Agatha. Você está em trabalho de parto, você não está morrendo!” Eu seguro suas mãos firmemente, com medo do olhar desesperado que ela me dá.

“Não importa o que aconteça aqui, você vai cuidar deste bebê, colocar meu colar nele e fugir. Você entende? Nunca pare de correr, por nada, não confie em ninguém…”

“Você me assusta, minha irmã…”

“Prometa-me que fará o que eu peço.” Sua respiração fica mais pesada e irregular. — “Por favor, Sophie… Sempre prometemos proteger uma à outra. Este bebê é uma parte de mim… Por favor, proteja-o como se fosse seu!”

Suas palavras me deixam atordoada enquanto ela desmaia. Os bipes da máquina e um alarme ecoam por todo o hospital:

“CÓDIGO AZUL, ALA NORTE, SALA 13.”

Enfermeiras e médicos correm para o quarto, me puxando para o lado enquanto eu permaneço congelada, assistindo em desespero.

“Ela está em parada cardíaca!” — Um médico grita, olhando para os outros.

“Cesárea de emergência!” — Eles correm com o carrinho médico, e eu os sigo em estado de medo.

“ESPEREM, NÃO A LEVEM… POR FAVOR, NÃO A TIREM DE MIM!”

Mas sou impedida de continuar enquanto uma das enfermeiras me segura no lugar.

Não demora muito para que um médico se aproxime de mim; palavras são desnecessárias diante da notícia que meu coração já sente. Parece que uma parte da minha alma está indo embora com a dela… Eu quase posso sentir seu último suspiro, ver sua última lágrima cair e ouvir seu sussurro suplicante: “PROTEJA-O!”

Eu respiro fundo, meus olhos fixos no médico à minha frente.

“Posso ver a criança? Quando posso tê-lo comigo?”

“Senhora, você acabou de receber uma notícia devastadora. Existem opções para a criança, se você quiser explorá-las.”

“Eu quero levá-lo agora!” — Eu me levanto abruptamente da cadeira que antes era um refúgio para minhas lágrimas e orações. — “Quando posso tê-lo?”

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