




Capítulo 8
Cerca de 50 casas me encaram de volta. Tantas opções para escolher, lindas, espaçosas, privadas e a uma boa distância para não esbarrar com Keith e seu interesse amoroso.
Desde jovem, sempre desejei ter minha própria casa, como um sinal de independência. A experiência de ter seu próprio lugar com uma ótima vista, a ideia de possuir algo.
Acho que toda essa história com Keith surgiu bem quando eu comecei a economizar. Eu estava determinada que, após 6 meses, teria dinheiro suficiente para comprar uma casa e, a partir daí, abriria espaço para planos futuros.
Pode ser que tenham se passado 2 anos, mas não 2 anos atrasados onde eu não possa ainda focar no meu futuro, bem, planos diferentes agora, porque eu tinha planejado algo para Keith e eu, se desse certo, mas acho que as coisas não saíram como planejado.
Sentindo-me perdida sobre qual casa olhar, capturo as dez melhores que acho antes de sair do meu quarto, com meu laptop, para pedir ajuda.
"Ei Sarah, preciso da sua ajuda..." minha voz se perde e paro no meio do caminho, quase esbarrando no peito de Keith.
"Desculpa..." murmuro, tentando passar por ele para falar com Sarah, mas sou interrompida, sua mão no meu pulso.
Minha respiração falha e lentamente subo meus olhos da sua mão para seu rosto, que está sem expressão.
"O que você precisa?" Ele pergunta.
Uau, só ouvi ele me perguntar isso uma ou duas vezes no tempo que o conheço.
"Ah, não é nada sério... não se preocupe." Digo, tentando puxar minha mão de volta, mas ele aperta o aperto, ele me encara antes de soltar minha mão e pegar o laptop de mim, caminhando até o banquinho.
"Keith-" sua mão no ar me silencia enquanto ele olha as casas que selecionei.
Ele não demora muito antes de se virar para mim, fechando o laptop.
"Eu estava pensando que deveria começar a procurar casas, sabe... Rick disse -"
"Eu sei o que Rick disse, mas você parece esquecer que o período de um mês só começou hoje."
"Mas eu pensei -"
"Até que termine, nenhum de nós recebe nossa parte do acordo."
Suspiro, sentindo-me derrotada agora. Quero dizer, eu realmente esperava estar fora antes que a 'dama' dele viesse morar aqui.
"Ah..." minha voz se perde, sem saber mais o que dizer.
O silêncio nos envolve, enquanto ele dá uma última olhada nas fotos antes de se levantar e ir em direção à saída.
"Espera, Keith!" Eu o chamo.
Ele para e olha por cima do ombro para mim. "Eu ainda posso procurar apartamentos, certo, só até o mês acabar." Por favor, diga sim, por favor, diga sim...
"Tudo bem." Ele resmunga, saindo e me deixando com um sorriso triste.
Eu posso ter uma chance de focar no meu futuro, mas ainda me entristece que talvez não nos vejamos nunca mais, ou tão frequentemente quanto eu gostaria.
Puxando o laptop para mim, olho para as casas e começo do início.
Acho que tenho algumas buscas de apartamentos para fazer.
Consegui!
Não acredito que consegui, agora só preciso ir conferir o lugar. Já enviei um e-mail para o corretor de imóveis e marquei uma reunião para a tarde, logo após o almoço.
A excitação borbulhando dentro de mim é indescritível, até acordei cedo e um sorriso não sai do meu rosto.
Dando uma longa olhada em mim mesma no espelho de corpo inteiro, dou um aceno de aprovação ao vestido de verão azul rendado, finalizando o look com meu cabelo preso para trás, gloss labial e um delineador discreto, e sapatos fofos para combinar e, por último, a pulseira da minha mãe para dar sorte.
Suspiro de excitação e aprovação de como me sinto bonita agora.
Uma batida na porta me tira do meu pequeno mundo.
Deve ser a Maria...
Chegando à porta e abrindo-a, fico surpresa ao ver Keith, do outro lado. O que ele está fazendo aqui?
"Keith, oi" digo timidamente quando seus olhos me examinam.
Ele acena com a cabeça, ainda me olhando, antes de seus olhos encontrarem os meus e meu sorriso vacilar um pouco ao ver uma carranca em seu rosto.
"Onde você vai?" É a primeira coisa que ele diz, nem um oi ou bom dia.
"Ah, eu tenho uma reunião com um corretor de imóveis hoje," minha voz se perde, ao ver um olhar de confusão agora.
"Bem, eu pensei que seria melhor começar a procurar um lugar temporário antes de receber minha casa." Explico.
Sua expressão não muda nem um pouco.
"Por que você está se mudando, tecnicamente ainda estamos casados." Ele diz.
Suspiro, encosto meu lado na porta, meus olhos se fecham um pouco, minha empolgação querendo diminuir agora e o sentimento de perda começando a tomar conta.
"Minha razão para me mudar é por respeito, em relação ao seu relacionamento, e também para começar uma vida para mim..." quase mordo a língua ao dizer a última parte.
Parece que estou jogando a ajuda dele na cara agora e fazendo parecer que ele na minha vida foi um fardo.
"Akiandra..." Ele me chama e eu me preparo para ouvir o que ele tem a dizer, mas antes que ele possa falar qualquer coisa, seu telefone toca.
Ouço um suspiro quase imperceptível, antes que ele tire o telefone do bolso, vejo sua expressão suavizar para quem quer que esteja ligando e, assim, ele se desculpa e me deixa, sentindo como se um balde de água fria tivesse sido jogado em mim.
Meu sorriso desapareceu completamente agora, não há muito o que supor sobre quem acabou de ligar.
Não, não vou deixar isso estragar meu humor nem afetar meu dia.
Sacudindo qualquer pensamento cinza que eu tinha, um pequeno sorriso ilumina meu rosto ao pensar no dia que está por vir.
Descendo as escadas e indo para a cozinha, vejo Sarah colocando o café da manhã na mesa de jantar.
"Bom dia, Sarah." Digo animada, caminhando até ela e dando um beijo em sua bochecha antes de me sentar.
"Bom dia, alguém está feliz hoje." Ela aponta.
"Bem, essa garota aqui vai se encontrar com um corretor de imóveis."
"Corretor de imóveis - " ela para, seu sorriso vacilando e agora sinto um aperto no peito, percebendo que ela pode não me ver mais.
"Bem, espero que tudo corra bem." Ela diz, agora com um sorriso genuíno no rosto.
"Obrigada." Suspiro.
Antes que eu possa fazer qualquer outra coisa, meu telefone começa a tocar. Tirando-o da bolsa, vejo um número desconhecido, o que me faz franzir ligeiramente a testa.
"Alô..."
"Alô, é a Akiandra Thompson?" Uma voz masculina rouca diz.
Essa voz soa familiar de alguma forma.
"Ah, sim, quem é?" Pergunto cuidadosamente, preparando-me para desligar se for algum estranho doente.
"Ah, que bom, é o James." A pessoa suspira, pelo que posso perceber, de alívio.
"Eu -"
"James Simpson, seu único melhor colega de trabalho no Burger King..." Oh meu Deus, é o James.
"Oh meu Deus, isso é real?" Gasp, meus olhos se arregalando.
"Bem, será quando nos encontrarmos, por velhos tempos, nosso lugar?"
"Sim, sim... quando?"
"Agora é muito cedo?" Ele pergunta.
"Não, de jeito nenhum... estou a caminho." Digo, a empolgação me preenchendo novamente.
"Ok, te vejo então." Ele diz.
"Tchau." Desligo e um pequeno grito de alegria escapa dos meus lábios, com meus olhos fixos na tela.
"Oh meu Deus, preciso ir." Digo, meus olhos se arregalando ao perceber que estou atrasada.
Levanto-me rapidamente, empurrando a cadeira para trás. "O que está acontecendo... para onde você vai?"
Ah, esqueci da Sarah.
Olhando para ela, meu sorriso se alarga, quase machucando meu rosto. "Ah, vou encontrar um velho amigo."
"Oh?" Sua expressão muda para uma de curiosidade.
"Sim... tenho que ir. Te vejo mais tarde!" Grito por cima do ombro, correndo em direção à porta.
Saindo de casa, sou imediatamente avistada por Joe e ele corre para abrir a porta para mim.
Sorrio e aceno para ele, antes de entrar no carro.
Assim que ele entra e começa a dirigir para fora do terreno, inclino-me para frente entre os assentos e dou um beijo suave em sua bochecha, ganhando um sorriso instantâneo dele.
"Oi Joey..." Digo animada.
"O que eu te disse sobre me chamar de Joey?" Ele resmunga de forma brincalhona.
"Mas você adora meu apelido." Faço um biquinho para ele, fazendo-o suspirar.
Joe pode ser meu motorista, mas nos conhecíamos antes disso. Ele costumava ser meu vizinho antes de se mudar e fiquei bastante feliz e aliviada por ter alguém que conhecia por perto.
Joe é um cara tranquilo e bonito, tipo vizinho da porta ao lado, com cabelo castanho, olhos castanhos e covinhas matadoras. Ele é um cara centrado e tenho certeza de que, quem se casar com ele, será uma garota muito sortuda.
"Então, para onde vamos?"
"Para a velha cafeteria no centro, você sabe, o ponto de encontro dos nerds."
"Uau, faz tempo que não vou lá." Ele diz.
"Sim, eu também, mas hoje tenho um motivo."
"Ok, encontrando alguém?"
"Sim... um velho amigo." Com isso, ele acena com a cabeça e não diz mais nada, olhando para frente e se concentrando na estrada.
Faz tempo, honestamente, que me sinto tão empolgada e é uma sensação muito boa.